Autor Tópico: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird  (Lida 581 vezes)

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Tarcísio

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Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Online: 24 de Outubro de 2007, 22:00:12 »
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Conforme relatório, deve haver ainda uma aceleração no desmatamento florestal e na disputa por terra e água

22 outubro 2007

SÃO PAULO - Além de resultar em um possível aumento na ordem de 1% no preço do diesel, a criação do biodiesel pode fazer com que alimentos fiquem mais caros. A previsão é do Banco Mundial (Bird) no Relatório sobre Desenvolvimento Mundial 2008 - Agricultura para o Desenvolvimento, que além desses pontos alerta para aceleração no desmatamento florestal e na disputa por terra e água.
"A quantidade de grãos exigida para abastecer o tanque de um carro utilitário pode alimentar uma pessoa por um ano. A competição entre comida e combustível é real", mostrou o documento. É importante lembrar que encher a despensa ficou mais caro neste ano. No âmbito do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o preço dos alimentos pesava 7,20% a mais até setembro, sendo que no mesmo período do ano passado havia deflação de 1%.

O programa

Para que a adição de 2% de biodiesel ao diesel - que se tornará obrigatória a partir de janeiro de 2008 - seja efetivada é necessário que sejam produzidos 840 milhões de litros no ano. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a capacidade instalada da indústria brasileira é o dobro, de 1,6 bilhão de litros. Os planos do governo visam a adiantar a proporção de 5% do biodiesel no diesel - que estava prevista para 2013 - já para 2010.
De acordo com a Agência Brasil, o programa de biocombustíveis é um dos carros-chefe do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que rebate, com freqüência, críticas em relação à possibilidade de agravamento da fome. Na avaliação do presidente, o que leva pessoas a deixar de comer, na verdade, é a falta de dinheiro para comprar alimentos.

Etanol

O Banco Mundial descreve o Brasil ainda como "o maior e mais eficiente" produtor mundial de etanol (álcool combustível) a partir de cana-de-açúcar, que é de baixo custo. Mas ressalva que outros países em desenvolvimento têm poucas chances de chegar ao mesmo patamar com a tecnologia atual, de acesso restrito.
De acordo com o relatório, dos cerca de 40 bilhões de litros produzidos em 2006, 42% vieram do Brasil, 46% dos Estados Unidos - que usam prioritariamente o milho - e 4% da União Européia. O Bird avalia que as técnicas atuais têm favorecido quem produz em grande escala, mas cita cooperativas brasileiras que conseguiram incluir pequenos agricultores no processo.

Além disso, de acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e as secretarias Estaduais de Meio Ambiente e de Agricultura e Abastecimento entregaram nesta segunda-feira (22) os primeiros Certificados de Conformidade Ambiental expedidos em nome de 79 unidades produtoras de açúcar e álcool que aderiram ao "Protocolo Agroambiental" - um dos 21 projetos ambientais estratégicos empreendidos sob gestão do Governo do Estado de São Paulo.

Fonte: http://dinheiro.br.msn.com/financaspessoais/noticia.aspx?cp-documentid=5613137

Offline Raphael

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Re: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Resposta #1 Online: 24 de Outubro de 2007, 23:31:45 »
Concordo plenamente com a estatística.

O mais incrível é que a grande maioria das pessoas pensam simplesmente na redução de poluentes e não prestam atenção no que realmente de ruim esta porra pode causar. Eu queria saber, se alguém aqui puder me responder, qual é o grau de instrução que uma pessoa precisa pra cortar cana-de-açucar?

É disso que estou falando, pra que investir em educação, se podemos enriquecer o país com venda de bio-conbustível, com a mão de obra barata, vinda dos caminhões de pau-de-arara?

Sem contar as áreas devastadas que teremos, para plantar estas malditas canas, pra simplesmente sustentar a bunda da alta-sociedade.

Pro Brasil, esta porra de biocombustível vai ser a pior coisa que este merdinha do Lula vai investir. Deve passar na cabeça dele agora:" porque que eu não privatizo a Amazônia. Pra que ter a Amazônia, se podemos matar tudo e plantar cana-de-açucar?"

Idiota.....
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Offline Rodion

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Re: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Resposta #2 Online: 25 de Outubro de 2007, 11:05:13 »
historicamente, o preço de alimentos só cai. sobe por uns anos e volta a cair por umas décadas. e assim vai indo.
vai subir um pouco, vai voltar a cair. cair menos vertinosamente, mas vai.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Resposta #3 Online: 25 de Outubro de 2007, 11:45:12 »
O preço do açúcar é mais caro (ou encarece esporadicamente) no Brasil por causa do álcool da cana-de-açúcar?

Já via apontarem algumas falhas interessantes nas argumentações sobre a concorrência do combustível com a comida, ao menos num suposto caso em que isso já teria ocorrido (o caso do milho para as "tortillas" mexicanas). Essencialmente, o problema foi uma seca, que afetou a produção do tipo de milho usado para as tortillas, não houve uma diminuição na área de cultivo de um milho trocada pelo outro.

Não que nada do tipo possa ocorrer, de qualquer forma, ocorrem variações sozonais no cultivo de um monte de coisas, que alteram os preços, subindo muito de vez em quando, mas chegando ao absurdo de jogarem fora quando é produzido em excesso, de tão barato que fica no mercado.

Por outro lado, não acho que a substituição ao petróleo (que é algo que deve ocorrer independentemetne de qualquer suposição sobre aquecimento global, pelo simples fato de que o petróleo algum dia acaba, enquanto o consumo só sobe) será simplesmente uma "troca"; acho que deverá haver envolver mudanças mais drásticas no estilo de vida, como algum encarecimento do transporte particular/individual desse tipo, levando a alguma substituição por transporte coletivo.

Offline Rodion

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Re: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Resposta #4 Online: 25 de Outubro de 2007, 12:06:05 »
http://www.estado.com.br/editorias/2007/09/19/opi-1.93.29.20070919.3.1.xml

Inflação nos alimentos - dá para acreditar?


André Meloni Nassar

Cunhada em 2007, a expressão “agflation” refere-se ao aumento dos preços das commodities agrícolas observado a partir de 2006 e intensificado em 2007. O argumento central, defendido até por autoridades do governo brasileiro, diz que o aumento da demanda por alimentos e o uso cada vez maior de produtos agrícolas para a produção de biocombustíveis levarão a um aumento consistente nos preços. Assim, esse dois fatores teriam alterado uma regra que era aceita como irreversível: os preços dos produtos agrícolas tendem, historicamente, a apresentar quedas reais, ou seja, a subir menos que a inflação. Ganhos de produtividade na agricultura explicariam a capacidade do setor de continuar se expandindo mesmo que com quedas reais nos seus preços.

Afinal, o patamar de preços mudou? E a regra da queda real foi, finalmente, quebrada? As respostas são sim e não.

Não tenho dúvida de que houve uma mudança nos patamares de preços. As razões, no entanto, não são o crescimento da demanda, tampouco a competição alimentos-biocombustíveis. A razão central é o aumento dos custos, em especial dos fertilizantes, insumos mais sensíveis aos preços do petróleo e às cotações dos fretes internacionais.

De uma perspectiva mais ampla, os preços dos produtos agrícolas ainda crescem menos que a inflação. O índice de preços de alimentos calculado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostra que os preços nominais em dólares norte-americanos cresceram 19% de 1990 até 2006, enquanto o índice de preços no atacado dos EUA cresceu 42%. Encurtando o período para 1995 até 2006, a queda real é ainda mais intensa: 13% para os alimentos ante 32% para a inflação. A situação se inverte no período recente: de 2002 a 2006 os alimentos subiram 46% em relação a 26% de inflação, apresentando ganho real. Há alguma novidade nisso? Não.

Voltando alguns anos nos dados e procurando outros períodos de cinco anos, encontramos dois, entre 1985 e 2006. De 1985 a 1989, os preços dos alimentos tinham subido 51% ante 9% da inflação. Entre 1986 e 1992, a subida dos alimentos foi de 23% comparada aos mesmos 9% na inflação. Se em 20 anos encontramos dois períodos passados que replicam a situação corrente, é porque não estamos vivendo uma novidade. Aliada a essa repetição de comportamento, mais uma variável reforça o argumento de que a regra da queda real não foi quebrada: os preços dos alimentos variam sensivelmente mais que a inflação. Assim, o aumento real dos preços dos alimentos a que assistimos hoje será, mais cedo ou mais tarde, seguido por um processo de queda, que ajustará os preços a seus patamares normais. De 1985 até hoje, lembrando que 1985 já foi período de depressão de preços, observamos dois períodos de preços baixos - o último (1999 a 2003) teve duração de cinco anos, outro fato inédito.

Já que falei em patamar normal, volto ao argumento do início do texto. Os preços dos produtos agrícolas oscilam muito por conta do desequilíbrio constante entre oferta e demanda. Esse comportamento, já batizado de ciclotímico, complica o cálculo do patamar normal. Assumindo que o patamar normal é a média dos preços mensais de 2000 até hoje (julho de 2007), identificamos uma situação que nos chama a atenção: para uma amostra de sete commodities (soja em grão, farelo de soja, óleo de soja, milho, açúcar bruto, algodão e arroz), os preços atuais estão mais altos que o patamar normal, situando-se no limite superior da oscilação normal dos preços (em palavras mais técnicas, no limite da média mais um desvio padrão).

Essa constatação me leva a concluir que o patamar normal dos preços agrícolas está em processo de mudança. A variável central que comprova esse argumento é o preço dos fertilizantes. Usando o mesmo período-base dos preços das commodities, observamos que os preços dos fertilizantes, sobretudo os nitrogenados, estão em franca elevação desde 2002. No caso dos EUA, grande produtor agrícola, onde há farta oferta de dados, o preço da uréia pago pelo produtor subiu 137% de 2002 a 2007. Fertilizantes à base de fosfato e potássio também não ficam atrás, com incremento de 89% e 71% no mesmo período.

No Brasil, a tendência é semelhante: o índice de preços para fertilizantes medido pela FGV aponta crescimento de 90% de 2002 até hoje, muito parecido com o observado nos EUA. Veja que o aumento dos preços dos fertilizantes foi o dobro dos 46% de crescimento no índice de preços de alimentos. Não é preciso ir muito longe para inferir que o aumento no combustível seguiu tendência semelhante. No caso de um produtor de leite, gado de corte, frango e porco, embora os fertilizantes tendam a pesar menos na conta do custo, o crescimento do preço das rações faz o contraponto.

Dado que estamos assistindo a um aumento mundial nos custos, um ajuste no patamar normal certamente vai ocorrer. Embora a alta observada hoje, com algumas exceções, como açúcar e café, mantenha esse patamar escondido, um ajuste futuro nos preços vai mostrar que dificilmente os baixíssimos preços verificados no período de 1999 a 2003 voltarão a se repetir. Isso significa que a pior depressão de preços que possa ocorrer no futuro não será tão acentuada quanto a anterior, porque o custo marginal do melhor competidor é hoje sensivelmente mais alto.

Essa conclusão, no entanto, não pode ser interpretada como a redenção dos produtores contra os consumidores. Os alimentos continuarão a apresentar queda real no longo prazo e ganhos de produtividade continuarão a ser a chave para afastar o argumento de que alimento e biocombustível são competidores. Os elevados preços atuais já estão estimulando os países produtores a incrementar a oferta. A diferença é que, hoje, EUA e União Européia têm um papel menos relevante na produção, que vai sendo transferida paulatinamente para os países em desenvolvimento.


André Meloni Nassar é diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações
Internacionais (Icone). E-mail: amnassar@iconebrasil.org.br
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Offline Adriano

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Re: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Resposta #5 Online: 25 de Outubro de 2007, 13:23:23 »
O biodiesel tem um grande potencial para o crescimento econômico do país. É necessário agregar valor ao que é produzido e todos saem ganhando.

Mesmo o governo consegue mais recursos através de impostos (devido ao incremento do PIB) que pode melhorar os programas de transferência de renda.

As grandes plantações são na maioria mecanizadas. É muito mais produtivo.

Ser contra o país se desenvolver tecnologicamente, ainda mais num setor importante com o de energia é ser contra o crescimento do país. E o Brasil está sendo modelo de distribuição de renda que depende do crescimento econômico. A desigualdade social está diminuindo em um bom ritmo.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Tarcísio

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Re: Biodiesel também deixará alimentos mais caros, prevê Bird
« Resposta #6 Online: 25 de Outubro de 2007, 17:30:13 »
Pode-se falar em "rendimento máximo", quando se fala em produção agrícola?

 

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