Autor Tópico: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões  (Lida 966 vezes)

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Narkus

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Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Online: 09 de Novembro de 2007, 23:45:42 »
Olá...

Alguns temas de física sempre me incomodaram pelo fato de eu nunca achar algum material que explique de forma clara como alguns dos fenômenos ocorrem. São sempre aquelas informações super vagas sobre o assunto.

- Como funciona a gravidade? (Não vale aquela ilustraçãozinha de universo euclidiano, pq akilo não convence, não explica p... nenhuma);
- O que há de especial na mecânica quântica (Não vale aquelas explicaçõezinhas baratas... Quero ilustrações decentes);
- Como assim 4º dimensão do espaço??? (Eu já vi a série cosmos, mas quais são as bases científicas para sugerir a existência de uma quarta dimensão espacial?)
- O que é a p**** da teoria das supercordas? (Não vale aquele vídeo tosco da BBC que não explica p**** nenhuma e só fica enrolando).

Alguém tem algum MATERIAL DE QUALIDADE que explique o que são estes conceitos?

Dispenso aqueles cálculos imensos... Eu quero a teoria explicada e ilustrada (se possível)!

Offline Südenbauer

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #1 Online: 10 de Novembro de 2007, 16:01:37 »
Consulte alguns exemplares da Sciam e dê uma olhada no que tem na Wikipédia aglófona.

Offline Herf

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #2 Online: 10 de Novembro de 2007, 17:23:56 »
Olá...

Alguns temas de física sempre me incomodaram pelo fato de eu nunca achar algum material que explique de forma clara como alguns dos fenômenos ocorrem. São sempre aquelas informações super vagas sobre o assunto.

- Como funciona a gravidade? (Não vale aquela ilustraçãozinha de universo euclidiano, pq akilo não convence, não explica p... nenhuma);
- O que há de especial na mecânica quântica (Não vale aquelas explicaçõezinhas baratas... Quero ilustrações decentes);
- Como assim 4º dimensão do espaço??? (Eu já vi a série cosmos, mas quais são as bases científicas para sugerir a existência de uma quarta dimensão espacial?)
- O que é a p**** da teoria das supercordas? (Não vale aquele vídeo tosco da BBC que não explica p**** nenhuma e só fica enrolando).

Alguém tem algum MATERIAL DE QUALIDADE que explique o que são estes conceitos?

Dispenso aqueles cálculos imensos... Eu quero a teoria explicada e ilustrada (se possível)!
Lembro de ter lido sobre tudo isso e um pouco mais em O Universo Elegante, do Brian Greene. Este livro despertou em mim o interesse por tais assuntos há um bom tempo atrás. Não sei se este tipo de livro está dentro do que você considera "de qualidade", hehe, mas você disse que dispensa cálculos, então talvez seja por aí.

Offline Dbohr

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #3 Online: 11 de Novembro de 2007, 07:10:00 »
Eu tenho uma notícia triste para você: a única maneira de entender direito todos esses assuntos é se eles forem explicados na sua língua de origem - a matemática. De outra forma, muita coisa necessariamente se perde na tradução.

O que não quer dizer que não seja possível tentar explicar. Vou ver o que arrumo.

Em tempo: sua formação é em quê?

Offline Laura Demarchi

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #4 Online: 11 de Novembro de 2007, 09:14:53 »
Citação de: Narkus
- Como funciona a gravidade? (Não vale aquela ilustraçãozinha de universo euclidiano, pq akilo não convence, não explica p... nenhuma);

Se alguem aqui soubesse ja teria ganho o nobel da fisica! :P

Infelizmente o que ha de melhor continua sendo aquela explicaçao da deformaçao que a concentraçao da materia provoca no espaço :vergonha:
Nao encontramos os gravitons...ainda...ou talvez nunca.....eu sou louca para descobrir algo a este respeito tambem porque considero a gravidade a fronteira final para entendermos de vez o que diabos faz o tudo ser algo e o nada nao existir! :stunned:.....brincadeirinha a parte, a gravidade e a chave de muitos misterios da quantica nos dias atuais...se nao estou enganada, um experimento ja provou que pelo menos a sua velocidade e a mesma a da luz...eu nao estou convencida ainda, mas nao sou capaz de refutar a experiencia, ja que  foi feita com o eclipse de uma estrela pelo planeta Jupiter e o que se previa caso a velocidade da gravidade fosse o mesmo da luz aconteceu....

beijos
Porque concluir é melhor que acreditar!

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #5 Online: 11 de Novembro de 2007, 18:53:38 »
Eu tenho uma notícia triste para você: a única maneira de entender direito todos esses assuntos é se eles forem explicados na sua língua de origem - a matemática. De outra forma, muita coisa necessariamente se perde na tradução.

O que não quer dizer que não seja possível tentar explicar. Vou ver o que arrumo.

Em tempo: sua formação é em quê?

Nesse livro que eu li do físico Joseph Schwartz ("o momento criativo"), ele diz umas coisas um tanto ácidas sobre o estado atual da física (não só da física), e esse tipo de colocação. Ele diz que há algum tempo a física deixou de ter a preocupação em entender, e se preocupa mais em "explicar", no sentido de reproduzir/emular.

Cita Feynman, que diz coisas como que ele não conseguirá fezer ninguém entender nada, porque ele mesmo não entende. Também citou James Franck dizendo algo como que, "aquilo que não se coloca numa equação, não se tira da equação pela matemática pura", o que seria uma sugestão de que de certa forma algumas coisas são inadequadamente chamadas de previsões e comprovações, porque estariam implícitas nas equações desde o princípio.

Já fornecendo um tipo de ad hominem potencialmente "válido", ele, além de físico é psicanalista (curiosamente há algum tempo nesses fóruns houve uma física psicanalista, imaginava que essa combinação fosse bem mais improvável... não que dois casos sejam lá uma graaande amostra, de qualquer forma), e um tanto quanto esquerdista, mas meio camuflado ou enrustido :D






Eu pessoalmente não vejo tanto problema nisso de se conseguir reproduzir matematicamente, mas não se ter muito bem como expĺicar. A nossa mente foi moldada para compreender essas coisas da física clássica, e muito provavelmente as coisas mais macro e principalmente as mais micro não teriam análogos em física clássica, "média", facilmente assimiláveis, como se as micro partículas fossem meio como uns grãozinhos de areia.

Pode ser que as coisas não sejam parecidas com nada composto por partículas... um pouco como numa inversão do que ocorre com moléculas, que podem ter propriedades que não são diretamente inferíveis pelas partículas que as constituem, só "funcionam" como moléculas por suas características mais "macro".

O que por outro lado não significa que essas coisas "sejam" mesmo como são modeladas matematicamente, da mesma forma que se pode construir diferentes modelos para explicar o sistema solar e prever aproximadamente as mesmas coisas, ou modelos "errados" de genética de populações quanto a natureza dos genes, ou, acho que a melhor analogia possível são video-games, simulações da realidade... onde você pode voar num 747 que serve até para treinar pilotos para os aviões de verdade, mas o programa não faz realmente uma reprodução do avião em todas as peças do motor e da fuselagem, das moléculas do ar, do vento, calor e etc... apenas os efeitos superficiais são suficientemente parecidos.

Eu acho que esse é o melhor modo de "entender" a coisa toda, ao mesmo tempo, sem tem que entender nada, de certa forma :D

Narkus

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #6 Online: 12 de Novembro de 2007, 05:44:24 »
Eu acredito que não há limites para o espaço, seja ele microscópico ou macroscópico. Tudo leva a crer que um quark será formado por partículas ainda menores que serão formados por outras menores...

Qdo criança eu cogitava a idéia de haver outros universos dentro de um elétron, proton ou neutron ou mesmo o nosso universo ser apenas parte de um átomo em outra "dimensão" da matéria.

Pq se for pensar... Como seria a "matéria vazia"? partículas se atraem, mas pq? Início da matéria? do tempo?
É claro que são perguntas que provavelmente perdurarão por mto tempo (até acho q será pela eternidade).

Mas muitos assuntos têm se popularizado, a exemplo das supercordas, força gravitacional, big-bang (como se isso fosse realmente o comeco de tudo, que eu acho um absurdo... Alguma coisa existia antes do big-bang oras), e muito pouco explicado tbm.

Assistindo a série Cosmos deu pra sacar mta coisa, e acho que a ciência atual está carecendo de documentários dessa qualidade. Parece que as suposições de hj (quarta dimensao, gravidade etc.) são as mesmas de 20 anos atrás.

Offline Dbohr

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #7 Online: 12 de Novembro de 2007, 09:33:31 »
Eu acredito que não há limites para o espaço, seja ele microscópico ou macroscópico. Tudo leva a crer que um quark será formado por partículas ainda menores que serão formados por outras menores...

Na verdade, não podemos afirmar seguramente que quarks são formados por partículas ainda menores.

De fato, não conseguimos sequer isolar quarks, quanto mais quebrá-los. Não há indicação que eles não sejam fundamentais.

Citar
Qdo criança eu cogitava a idéia de haver outros universos dentro de um elétron, proton ou neutron ou mesmo o nosso universo ser apenas parte de um átomo em outra "dimensão" da matéria.

Eu também :cool:

Mas referências aos Micronautas à parte, também não tem como a gente verificar isso, nem nada que nos faça pensar que tal possa acontecer.

Citar
Pq se for pensar... Como seria a "matéria vazia"? partículas se atraem, mas pq? Início da matéria? do tempo?
É claro que são perguntas que provavelmente perdurarão por mto tempo (até acho q será pela eternidade).

Eu não sei. Ninguém sabe. Talvez nunca saibamos. A Física é descritiva, não explicativa :-)

O que é uma pena...


Citar
Mas muitos assuntos têm se popularizado, a exemplo das supercordas, força gravitacional, big-bang (como se isso fosse realmente o comeco de tudo, que eu acho um absurdo... Alguma coisa existia antes do big-bang oras), e muito pouco explicado tbm.


"Antes", como? Supondo que o próprio tempo teria começado com o BB, não tem sentido falar em "antes" :-)

Se isso é Zen demais para o seu gosto (e é para o meu também; afinal ainda não sabemos definir "tempo" direito), talvez encontre algum consolo no fato que até o vácuo contém alguma energia diferente de zero. Talvez uma flutuação quântica aleatória tenha ocorrido que deu o pontapé inicial no Universo.

O que, pensando bem, é tão enigmático quanto...

Citar
Assistindo a série Cosmos deu pra sacar mta coisa, e acho que a ciência atual está carecendo de documentários dessa qualidade. Parece que as suposições de hj (quarta dimensao, gravidade etc.) são as mesmas de 20 anos atrás.

Não, veio muita coisa nova. Só que é tão nova e tão complicada que a gente ainda não conseguiu traduzir direito para linguagem de gente. E aí é que entra o problema que mencionei acima - sem falar a linguagem comum, a Matemática, fica muito complicado discutir esses assuntos.

Eu mesmo não faço a menor idéia de como funcione o modelo das branas e das supercordas. Só sei que me parece desnecessariamente complicado, e por isso fere o meu senso estético. Agora, se algumas previsões desses modelos forem verificadas, paciência...

Uns cinco anos atrás eu implicava com a Mecânica Quântica. Hoje eu acho o maior barato. Vai ver, aprendo a gostar das branas também :-)

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #8 Online: 12 de Novembro de 2007, 19:10:25 »
Nesse livro do Schwartz, ele diz que a física não trouxe nada de novo mais ou menos desde 1920-50, se bem me lembro (o livro é do começo dos anos 90).




Sobre o tempo começar com uma "flutuação quântica no vácuo", eu acho que isso tem um erro implícito no fato de que, tanto quanto posso compreender, uma "flutuação" é um evento, e evento implica em tempo.

Acho que se o tempo teve um começo ele só pode ter começado "do nada", com a sua "explicação" vindo "depois", por mais insano que isso possa ser. Mas acho que é a única coisa ontologicamente consistente.

Aí no mínimo teria a coisa mais parecida com isso possível teria que ser algo como que... no meio da "nadidão", que não era nem tempo, nem vácuo, nem espaço.... ou.... tirando essa parte de "nadidão", que meio que também implica numa "espécie" de tempo, de certa forma (é até difícil descrever algo tão anti-natural (ou simplesmente singular) assim, como a inexistência do tempo, e o seu princípio absoluto)..... o universo começou insondávelmente com o surgimento do tempo, e de um espaço mínimo para haver o vácuo suficiente para ocorrer essa tal flutuação que deu no que deu. Mas o tempo e o espaço tiveram que "vir" antes.

Offline Dbohr

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #9 Online: 12 de Novembro de 2007, 19:52:53 »
Bom, talvez ele não tenha surgido, porém sempre existido... enquanto não conseguirmos definir tempo além de um simples parâmetro, esta questão vai continuar obscura.

Offline Nightstalker

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #10 Online: 12 de Novembro de 2007, 20:11:04 »
Você terá boas explicações para esses temas se estudá-los ou por conta própria ou em algum curso. As explicações nos livros de divulgação científica costumam ser bem reducionistas, para que o leitor "tenha uma noção do assunto". Mas se você quiser entender de verdade terá que se aprofundar.
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"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #11 Online: 12 de Novembro de 2007, 20:25:37 »
Nesse livro do Schwartz, ele diz que a física não trouxe nada de novo mais ou menos desde 1920-50, se bem me lembro (o livro é do começo dos anos 90).
Ele está equivocado. Foi nos anos 60 e 70, por exemplo, que se construiu uma teoria que unificou o eletromagnetismo e a força nuclear fraca. Também foi a partir dos anos 70 que se desenvolveu a teoria da Cromodinâmica Quântica, que descreve a força nuclear forte; o efeito Davies-Unruh, a (ainda não verificada) radiação de Hawking. Nos anos 80 e 90 também foram feitas descobertas importantes, como a detecção dos bosons W+, W- e Z0, e do fato de a expansão do Universo estar se acelerando.

Isso só o que me lembro agora na Física fundamental. Em outras áreas houve os avanços no estudo de sistema complexos, a descoberta do efeito Hall quântico, da supercondutividade a altas temperaturas (ainda não muito bem explicada), o desenvolvimento dos microscópios de tunelamento e de força atômica, a magnetoresistência gigante, o experimento de Aspect, os fullerenos e nanotubos de carbono, e muitos outros.




Sobre o tempo começar com uma "flutuação quântica no vácuo", eu acho que isso tem um erro implícito no fato de que, tanto quanto posso compreender, uma "flutuação" é um evento, e evento implica em tempo.

Aviso: Não sou dessa área. Falo apenas como leigo bem-informado.
Se não me engano, essa proposta do surgimento do Universo como uma flutuação do vácuo é consequência da tentativa de se desenvolver uma cosmologia quântica. Isso leva a uma descrição do Universo em termos de uma equação que não depende do tempo (equação de Wheeler-DeWitt). Nas palavras de Nossa Senhora da Wikipédia:
Citação de: Wikipédia
, the Wheeler-DeWitt equation is an equation that a wave function of the Universe should satisfy in a theory of quantum gravity. An example of such a wave function is the Hartle-Hawking state.

Simply speaking, the WDW equation says

    \hat{H} |\psi\rangle = 0

where \hat{H} is the total Hamiltonian constraint in quantized general relativity.

Although symbols \hat{H} and |\psi\rangle may appear familiar, their interpretation in Wheeler-deWitt equation is substantially different from non-relativistic quantum mechanics. |\psi\rangle is no longer a spatial wave function in traditional sense (i.e. a complex-valued function that is defined on a 3-dimensional spacelike surface and normalized to unity). Instead it is a functional of field configurations on all of spacetime. This wave function contains all information about geometry and matter content of the universe. \hat{H} is still an operator that acts on the Hilbert space of wave functions, but it is not the same Hilbert space as in the nonrelativistic case, and Hamiltonian no longer determines evolution of the system (so the Schrodinger equation \hat{H} |\psi\rangle = i \hbar \partial / \partial t |\psi\rangle no longer applies).

In fact, the principle of general covariance in general relativity implies that global evolution per se does not exist; t is just a label we assign to one of the coordinate axes. Thus, what we think about as time evolution of any physical system is just a gauge transformation, similar to that of QED induced by U(1) local gauge transformation \psi \rightarrow e^{i\theta(\vec{r} )} \psi (where \theta(\vec{r}) plays the role of local time). The role of Hamiltonian is simply to restrict the space of the "kinematic" states of the Universe to that of "physical" states - the ones that follow gauge orbits. For this reason we call it a "Hamiltonian constraint." Upon quantization, physical states become wave functions that lie in the kernel of the Hamiltonian operator.
grifo meu.
fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Wheeler-deWitt_equation

Acho que se o tempo teve um começo ele só pode ter começado "do nada", com a sua "explicação" vindo "depois", por mais insano que isso possa ser. Mas acho que é a única coisa ontologicamente consistente.

Aí no mínimo teria a coisa mais parecida com isso possível teria que ser algo como que... no meio da "nadidão", que não era nem tempo, nem vácuo, nem espaço.... ou.... tirando essa parte de "nadidão", que meio que também implica numa "espécie" de tempo, de certa forma (é até difícil descrever algo tão anti-natural (ou simplesmente singular) assim, como a inexistência do tempo, e o seu princípio absoluto)..... o universo começou insondávelmente com o surgimento do tempo, e de um espaço mínimo para haver o vácuo suficiente para ocorrer essa tal flutuação que deu no que deu. Mas o tempo e o espaço tiveram que "vir" antes.
Penso que fica mais fácil (!) imaginar isso se associarmos o tempo a uma coordenada espacial. Daí que o "começo do tempo" seria como o polo de uma esfera. Perguntar sobre um instante anterior a t=0 seria tão absurdo quanto perguntar sobre o que está ao norte do polo norte!

Nesse livro que eu li do físico Joseph Schwartz ("o momento criativo"), ele diz umas coisas um tanto ácidas sobre o estado atual da física (não só da física), e esse tipo de colocação. Ele diz que há algum tempo a física deixou de ter a preocupação em entender, e se preocupa mais em "explicar", no sentido de reproduzir/emular.

Cita Feynman, que diz coisas como que ele não conseguirá fezer ninguém entender nada, porque ele mesmo não entende. Também citou James Franck dizendo algo como que, "aquilo que não se coloca numa equação, não se tira da equação pela matemática pura", o que seria uma sugestão de que de certa forma algumas coisas são inadequadamente chamadas de previsões e comprovações, porque estariam implícitas nas equações desde o princípio.
O que o Schwartz quer? Que os cientistas fiquem procurando causas finais para os fenômenos? Além disso, a ciência só se preocupa (só pode se preocupar) com o que pode ser medido. O resto é metafísica. Concordo com a segunda crítica dele, no entanto. Só o fato de algo surgir em uma equação não o dá o status de fenômeno físico.
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Alan Watts

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #12 Online: 13 de Novembro de 2007, 02:01:29 »
A crítica dele é um pouco sobre uma serta "elitização matemática" (termos meus) da ciência, que ele coloca como tendo começado já com Newton e Galileu, que deram uma roupagem desnecessariamente matemática justamente para elitizar propositalmente, e ter um tipo de autoridade para competir com a igreja também. Mas acabou ocorrendo uma mistificação da ciência; de certa forma, para o homem comum, os cientistas são um outro tipo de clero, uns magos com jalecos. Aí a coisa foi se mantendo assim um tanto por inércia, meio distante de alguns ideais antigos, acho que iluministas, do homem comum não ser um ignorante nesses assuntos.

Mas ele também acha que deveriam tentar "entender" melhor, acho, em vez de apenas "reproduzir", de forma meio "abstrata". Ele mencionou o Ehrenfest e que teria falado em alguma reunião/bate-papo com outros físicos importantes, algo como "tudo bem, mas alguém realmente entende isso?", mas não em tom de brincadeira, era uma parte que incomodava bastante. Acho que cedo ou tarde tenho que ler o livro de novo. Ou algum outro texto dele onde coloque melhor a síntese das idéias sem estarem entrelaçadas com alguns exemplos históricos. :hein:



Offline Buckaroo Banzai

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #13 Online: 13 de Novembro de 2007, 02:15:58 »
 
Nesse livro do Schwartz, ele diz que a física não trouxe nada de novo mais ou menos desde 1920-50, se bem me lembro (o livro é do começo dos anos 90).
Ele está equivocado. Foi nos anos 60 e 70, por exemplo, que se construiu uma teoria que unificou o eletromagnetismo e a força nuclear fraca. Também foi a partir dos anos 70 que se desenvolveu a teoria da Cromodinâmica Quântica, que descreve a força nuclear forte; o efeito Davies-Unruh, a (ainda não verificada) radiação de Hawking. Nos anos 80 e 90 também foram feitas descobertas importantes, como a detecção dos bosons W+, W- e Z0, e do fato de a expansão do Universo estar se acelerando.

Eu posso ter me enganado quanto as datas, ou esse "nada de novo" deve se referir a algo um pouco mais "drástico".... ele mencinou bósons toda essa coisa de subpartículas...

Citar
Acho que se o tempo teve um começo ele só pode ter começado "do nada", com a sua "explicação" vindo "depois", por mais insano que isso possa ser. Mas acho que é a única coisa ontologicamente consistente.


Penso que fica mais fácil (!) imaginar isso se associarmos o tempo a uma coordenada espacial. Daí que o "começo do tempo" seria como o polo de uma esfera. Perguntar sobre um instante anterior a t=0 seria tão absurdo quanto perguntar sobre o que está ao norte do polo norte!
Isso... acho que podem haver duas analogias com isso da Terra... outra (bem, talvez seja outra, mas pode ser a mesma na verdade) é que de certa forma a explicação do "começo" da Terra (geograficamente/estruturalmente falando, não literalmente, a origem no tempo) tem mais a ver com o seu interior, com o que está abaixo do norte, do que com o espaço que vem "antes", sobre norte. Levando um pouco longe demais, mas de certa forma nem tanto, talvez da estrutura da Terra, do norte ao sul, pudessmos extrair "leis" com as quais pudéssemos prever uma "história" do norte ao sul... que a crosta gelada "causa" o solo abaixo, e esse as camadas até o magma, de volta ao "big crunch"... ou, ainda que não possamos fazer isso com a Terra em si, possivelmente é o que ocorre com o espaço...

... acho que já vi umas argumentações sobre isso... com um dos pontos sendo que as leis funcionam "independentemente" do tempo.... ou seja.... teoricamente se pode "prever" o passado pelo momento atual, se soubermos as variáveis meio como o demonio de Laplace.... o que talvez seja o que acho que Einstein (posso estar falando a maior besteira e atribuindo ao autor errado) disse sobre o tempo ser uma "ilusão"... 

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #14 Online: 13 de Novembro de 2007, 02:26:24 »
Citação de: Manhattan
Concordo com a segunda crítica dele, no entanto. Só o fato de algo surgir em uma equação não o dá o status de fenômeno físico.

É um alívio ouvir esse tipo de coisa.....


Falando nisso.... uma coisa mais ou menos relacionada, que eu não consigo "engolir" direito, é espaço curvo.

Eu no entanto compreendo que fenômenos físicos possam ser compreendidos meio "como se" o espaço fosse curvo. Meio como se a gravidade entortasse uma "superfície virtual".

Mas isso literalmente seria meio nonsense... a meu ver.... meio como... falar de uma curva no concreto, dentro de um bloco de concreto homogêneo. É inconcebível. A coisa mais próxima disso, que eu imagino, seria uma espécie de variação de "densidade" do espaço... como num bloco de concreto, que ficaria então heterogêneo, mas poderia ter "curvas" de densidade dentro de um bloco 3d...

Isso faz sentido, ou esse termo "densidade" tem que ser evitado a todo custo, porque é um tipo de heresia que remete ao éter e etc?

Sei lá... espaço curvo.... aqueles diagramas de funis... se fosse estendido esse tipo de literalidade para as coisas mais clássicas de gravidade, então a gravidade seria um tipo de "bambolê", ou de trilho :D


Mas por outro lado poderia ser que essa "curva" tem a ver com 4D (de alguma forma, sei lá), e assim... teria ver com o tempo e não com uma "forma" de uma "superfície" num sentido mais convencional? :hein:

Offline Dr. Manhattan

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #15 Online: 13 de Novembro de 2007, 19:12:32 »
A crítica dele é um pouco sobre uma serta "elitização matemática" (termos meus) da ciência, que ele coloca como tendo começado já com Newton e Galileu, que deram uma roupagem desnecessariamente matemática justamente para elitizar propositalmente, e ter um tipo de autoridade para competir com a igreja também.
:susto: Uau! Ele viajou de mala e cuia na maionese Hellmans. A matemática não surgiu para complicar, muito pelo contrário! A descrição matemática permite justamente expressar as relações entre as grandezas de forma concisa, além de ser ela mesma um instrumento de cálculo. Veja dessa forma: você pode escrever números usando algarismos romanos ou arábicos. A vantagem dos algarismos arábicos é que eles usam a notação posicional. Daí, é possível criar algoritmos para cálculo que usam a própria representação dos números para realizar operações entre eles. Quando os romanos queriam fazer alguma conta eles tinham que usar as suas pedrinhas. Da mesma forma, a representação matemática das relações físicas permite a realização de operações envolvendo essas relações (F = ma, a = v^2/R, portanto, F = mv^2/R). Isso é algo muito importante e que não costuma se enfatizar nas escolas.

Algo parecido ocorre na notação musical. A reclamação desse autor é tão ridícula quanto seria a de um amante da música no século XIX (antes de existirem aparelhos de som) que reclamasse dos músicos por escreverem usando uma linguagem tão complicada como a das partituras.


Mas acabou ocorrendo uma mistificação da ciência; de certa forma, para o homem comum, os cientistas são um outro tipo de clero, uns magos com jalecos. Aí a coisa foi se mantendo assim um tanto por inércia, meio distante de alguns ideais antigos, acho que iluministas, do homem comum não ser um ignorante nesses assuntos.

Mas ele também acha que deveriam tentar "entender" melhor, acho, em vez de apenas "reproduzir", de forma meio "abstrata". Ele mencionou o Ehrenfest e que teria falado em alguma reunião/bate-papo com outros físicos importantes, algo como "tudo bem, mas alguém realmente entende isso?", mas não em tom de brincadeira, era uma parte que incomodava bastante. Acho que cedo ou tarde tenho que ler o livro de novo. Ou algum outro texto dele onde coloque melhor a síntese das idéias sem estarem entrelaçadas com alguns exemplos históricos.

Como já foi dito antes aqui, o problema é que nosso entendimento é vinculado à nossa experiência, que é por sua vez ancorada no "mundo clássico". Não é à toa que até hoje se debate acerca da interpretação da mecânica quântica. Por outro lado, existem pessoas realmente que, mesmo sabendo lidar com a matemática das teorias, ainda não conseguem internalizar o conceito físico. Vejo muito isso em estudantes (e mesmo, vamos ser honestos, em alguns professores). Mas isso não é nem intencional, nem consequência da matemática, mas sim da própria estranheza da natureza (rimou) :).
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Alan Watts

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #16 Online: 13 de Novembro de 2007, 21:26:36 »
A crítica dele é um pouco sobre uma serta "elitização matemática" (termos meus) da ciência, que ele coloca como tendo começado já com Newton e Galileu, que deram uma roupagem desnecessariamente matemática justamente para elitizar propositalmente, e ter um tipo de autoridade para competir com a igreja também.
:susto: Uau! Ele viajou de mala e cuia na maionese Hellmans. A matemática não surgiu para complicar, muito pelo contrário!


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[...]
Early in the game, Galileo learned a secret. He knew his observations must not contradict Church doctrine. But math was different. It was tool of God. He could wield math with impunity.

In 1623 Galileo published his treatise, Il Saggitiore. He took pains to say people wouldn't be able to read it unless they mastered its mathematical language. He got away with that. He held the Church off for years by dressing physics in math.

Sixty years later, Newton published his Principia. It was a formidable exercise in math. He wrote it in the near wake of Cromwell's religious persecutions. English conservatives were still attacking the new empirical sciences when Newton said:

    To avoid being baited by little smatterers in mathematics, I designedly made the Principia abstract; but yet as to be understood by able mathematicians ...

A friendly theologian wrote Newton for help in reading the Principia. Newton gave a disarming answer:

    ... it's enough if you understand the Propositions with [a few of the easier] demonstrations.

You can, in other words, understand what he has to say perfectly well without the math. He's replaced one witchcraft with another.

So, Schwartz argues, physics took its modern form. Of course what began as protective cover eventually came to serve us. But we still know too many scientists who can't say what they've done without using math. Now they protect themselves, not from religious persecution, but from intellectual bullies. You hardly dare speak without mathematical erudition.

[...]

http://www.uh.edu/engines/epi760.htm


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A descrição matemática permite justamente expressar as relações entre as grandezas de forma concisa, além de ser ela mesma um instrumento de cálculo. Veja dessa forma: você pode escrever números usando algarismos romanos ou arábicos. A vantagem dos algarismos arábicos é que eles usam a notação posicional. Daí, é possível criar algoritmos para cálculo que usam a própria representação dos números para realizar operações entre eles. Quando os romanos queriam fazer alguma conta eles tinham que usar as suas pedrinhas. Da mesma forma, a representação matemática das relações físicas permite a realização de operações envolvendo essas relações (F = ma, a = v^2/R, portanto, F = mv^2/R). Isso é algo muito importante e que não costuma se enfatizar nas escolas.

Algo parecido ocorre na notação musical. A reclamação desse autor é tão ridícula quanto seria a de um amante da música no século XIX (antes de existirem aparelhos de som) que reclamasse dos músicos por escreverem usando uma linguagem tão complicada como a das partituras.

Ele não diz que deveria ser tudo "verbal" também, não considera que a matemática é inútil/burguesa ou sei lá o que...



Offline Dr. Manhattan

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Re: Materiais de QUALIDADE sobre algumas questões
« Resposta #17 Online: 13 de Novembro de 2007, 21:56:38 »
Hmm... Esse autor está sendo... como se diz em inglês, disingenuous. A citação
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Early in the game, Galileo learned a secret. He knew his observations must not contradict Church doctrine. But math was different. It was tool of God. He could wield math with impunity.

In 1623 Galileo published his treatise, Il Saggitiore. He took pains to say people wouldn't be able to read it unless they mastered its mathematical language. He got away with that. He held the Church off for years by dressing physics in math.
Primeiro: Galileo foi, de fato, perseguido pela Igreja. Por outro lado, duvido muito que ele achasse que a descrição matemática o fosse poupar de críticas, pois já naquela época não faltavam religiosos com conhecimentos matemáticos. Acho a explicação acima demasiado simplista. Além disso, o autor esquece de citar o Diálogo Acerca de Duas Novas Ciências que foi escrito numa linguagem simples e que satiriza as idéias dos seus oponentes na figura de Simplício (aliás, preciso terminar de ler esse livro :) ).

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Sixty years later, Newton published his Principia. It was a formidable exercise in math. He wrote it in the near wake of Cromwell's religious persecutions.

Novamente, o autor não está sendo muito honesto: os Principia foram escritos no período da Restauração (da monarquia, no caso). O rei Charles II não só era simpático aos filósofos naturais, como até financiou a Royal Society. Em todo esse período, os puritanos não tinham força política alguma. Isso só veio mudara com a Revolução Gloriosa que derrubou James II, que era católico. Após a revolução, William of Orange foi coroado, e sua esposa era pupila de ninguem menos que Willhem Leibniz!

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English conservatives were still attacking the new empirical sciences when Newton said:

    To avoid being baited by little smatterers in mathematics, I designedly made the Principia abstract; but yet as to be understood by able mathematicians ...

Vamos deixar uma coisa clara: Newton era uma pessoa difícil. Muito difícil. Ele detestava qualquer tipo de crítica (não é à toa que não se vê nenhum retrato de Robert Hooke na sede da Royal Society: Newton mandou destruir todos, por causa de uma briga antiga). Além disso Newton escreveu seus Principia usando uma linguagem geométrica, em vez de usar álgebra e o cálculo que ele mesmo havia inventado. O motivo foi para tornar o trabalho mais difícil de ser criticado, além de evitar usar uma ferramenta ainda nova como o cálculo. Newton já havia tido que enfrentar críticas (de outros filósofos naturais) após a publicação de Optics, e isso o deixou muito reticente. Tanto que foi preciso bastante insistência por parte de Halley para que ele viesse a publicar os Principia. Mesmo assim, os Principia ficaram extremamente populares na época, e Newton se tornou uma espécie de pop-star do século XVII.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

 

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