Fabrício Escandiuzzi
Direto de Florianópolis
Um serviço criado no interior de Santa Catarina está despertando a atenção de quem sofre de enxaqueca. Um hipnotizador se oferece para acabar com as dores em poucos minutos, apenas com uma conversa pelo telefone, gratuita. A única exigência é a que o paciente deve ligar para o serviço somente quando estiver sofrendo de uma forte crise.
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O Disk-Enxaqueca foi criado há pouco menos de dois anos na cidade de Joaçaba, região oeste de Santa Catarina, por Renê Weigher, 55 anos, que afirma atender em torno de seis pessoas diariamente.
Weigher afirma usar uma técnica simples de hipnose que elimina os sintomas da doença e acaba com a crise, mesmo por telefone. "É uma hipnose superficial onde uso uma linguagem neurolinguística simples para acessar o subconsciente da pessoa. Assim, consigo afastar os sintomas até que a dor desaparece", diz.
Segundo ele, a técnica seria baseada nos ensinamentos de Milton Ericksson, considerado o criador da hipnose moderna e cujos procedimentos são bastante difundidos atualmente. Durante o trabalho, Weigher diz que o paciente do outro lado da linha entra em profundo relaxamento e fica mais sensível às sugestões terapêuticas.
Apesar de aliviar os sintomas, Weigher destaca que a hipnose não cura as doenças que podem estar se manifestando através das dores de cabeça. "A hipnose em si não cura nada e eu sequer sou médico", afirma. "Posso programar para que a pessoa não sinta uma dor de dente, por exemplo, por uma semana. Mas se ela não procurar um dentista, vai sofrer com dores outra vez", explica.
Weigher é contador por formação. Sempre atuou na profissão até que um trauma em sua vida (que ele não conta) fez com que se interessasse por psicologia, hipnose e outras terapias. "Sou um autodidata e há 20 anos mudei minha vida e comecei a fazer vários cursos. Quando vi que me destacava na hipnose, me aprofundei no tema", diz. "Uso a técnica como uma maneira de ajudar as pessoas que sofrem com dores ou com sintomas de males causados pela vida moderna", completa.
Na opinião do presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, Anastasio Kotzias Neto, Weigher tem uma boa intenção com a sua proposta, mas o paciente deve observar que a dor não é uma doença. "Dores são sintomas de algo está errado", destacou. "Não creio que uma hipnose por telepatia ou por meio telefônico vá resolver o problema", afirma.
Kotzias acrescentou que a hipnose é utilizada por alguns psiquiatras e anestesistas como tratamento auxiliar, mas que não é muito difundida entre os médicos. Ele acredita que parte dos pacientes do serviço de Disk-Enxaqueca pode ser formada por pessoas carentes, que precisam ser ouvidas e sentem melhores após uma conversa.
"A intenção é boa, mas o problema é que paciente pode perder o momento oportuno de diagnosticar alguma moléstia, acreditando que a está curado após uma conversa por telefone", afirmou.
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2062858-EI715,00.html