Autor Tópico: O Brasil na pré-história do crédito  (Lida 841 vezes)

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O Brasil na pré-história do crédito
« Online: 18 de Novembro de 2007, 10:58:55 »
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Quem quer dinheiro!?

Qualquer país civilizado e estável exibe um volume de empréstimos aos consumidores e empresas elevado como proporção do PIB.

Na média do G7 (os sete países mais ricos), essa relação é de 120%. Ou seja, empresta-se ao setor privado 20% a mais do que toda a riqueza que esses países produzem. Na Coréia do Sul, de 100%. No Chile, de 70%.
Raimundo Pacco/Folha Imagem
Consumidores procuram eletrodomésticos em loja de São Paulo
Consumidores procuram eletrodomésticos em loja de São Paulo

Em termos de financiamento ao setor produtivo e ao consumo, o Brasil está na pré-história. Nossa relação é de 33% do PIB. Acima dos 21% de cinco anos atrás, mas ainda muito baixa.

Há atualmente uma certa euforia no mercado de crédito por conta dessa "avenida" que o Brasil tem pela frente para ampliar a oferta de crédito à sociedade. A expectativa é que esse mercado cresça 25% só em 2007, superando os R$ 510 bilhões.

Mas o caso brasileiro requer cuidado dobrado. Os consumidores já podem estar dando um passo maior do que as pernas e perdendo grandes somas ao acreditar nesse maná de dinheiro fácil oferecido por empresas ávidas de lucros.

Ocorre que o Brasil ainda pratica as mais escorchantes taxas de juro do mundo. Mesmo para os empréstimos vinculados a descontos em folha de pagamento (o chamado consignado), as taxas são muito altas se for levado em conta o risco de calote --que só ocorre se o tomador do empréstimo perder o emprego ou morrer.

Reportagem do "Estado de S.Paulo" no domingo mostrou que 60% do orçamento dos brasileiros de baixa renda já está comprometido com dívidas, e que 72% da população mais pobre parcela suas compras.

Boa parte desse pessoal não se endivida porque quer, mas por não ter outra saída para atravessar o mês. Mas também existe grande parcela que vem recorrendo ao crediário para antecipar compras que poderiam esperar, especialmente na classe média.

Com os juros atuais, é muito fácil o consumidor acabar pagando dois eletrodomésticos no crediário e levar um. O outro fica para a loja, em forma de juros.

Os bancos e financeiras têm uma série de argumentos técnicos para justificar os juros estratosféricos no Brasil. Mas eles colam cada vez menos dada a estabilidade econômica que vai se sedimentando. Por outro lado, os lucros bancários não param de subir. Há ainda algo de muito errado, distorcido e obscuro nessa área.

Cobrar o mesmo preço por um produto em 12 vezes ou à vista e oferecer "cartões de crédito" sem crédito, mas pré-pagos (e cobrar mensalidades por isso!), são algumas das modalidades já conhecidas, novas e absurdas de nosso mercado.

Não é à toa que o Brasil ainda está muito atrás de outros países em volume de crédito, o maior motor de qualquer economia avançada.

É o preço do atraso, da estabilização tardia e do capitalismo ainda fingido de nossas empresas e bancos.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/fernandocanzian/ult1470u344752.shtml
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Offline Rodion

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Re: O Brasil na pré-história do crédito
« Resposta #1 Online: 18 de Novembro de 2007, 15:55:22 »
pra ver que temos um imenso 'potencial de consumo'. mas tem de ir devagar, devagar que não queremos ser engolidos pela inflação, né.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Luis Dantas

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Re: O Brasil na pré-história do crédito
« Resposta #2 Online: 18 de Novembro de 2007, 18:17:03 »
Uma economia tão engessada por impostos e de relações tão incestuosas com o governo como a nossa não tem como crescer muito.  Na prática ela simplesmente acelera o consumo das riquezas naturais.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

 

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