Autor Tópico: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR  (Lida 3910 vezes)

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Offline Diego

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Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Online: 20 de Novembro de 2007, 10:27:06 »
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Todos sabem que o cético duvida de tudo. E todos sabem que duvidar de tudo não tem sentido: as idéias céticas podem ser
sedutoras, mas dizer que não sabemos nada, que não temos certeza de nada é algo exagerado, absurdo e auto-refutável. O
ceticismo, usualmente, é tido como algo negativo, enquanto na filosofia, freqüentemente é descrito como uma posição que deve
ser desafiada, enfrentada e vencida.
Essa atitude negativa que se atribui ao filósofo cético, porém, não é mais que um aspecto incidental e parcial do ceticismo.
Na verdade, tal dúvida universal é inventada por filósofos modernos. Por isso, muitos autores que lidam com a questão cética são
responsáveis pela difusão de uma imagem do ceticismo que não faz plena justiça à tradição intelectual que lhe deu origem.
Oswaldo Porchat, um dos mais importantes filósofos brasileiros, já disse que a filosofia moderna e contemporânea costuma
recorrer a "caricatas figurações" da filosofia cética: "cada filósofo fabrica seu inimigo cético particular e atribui-lhe esdrúxulas
doutrinas ad hoc forjadas de modo que melhor sejam refutadas".
Quando nos defrontamos diretamente com os escritos e as idéias dos céticos, em especial dos céticos gregos antigos que
sobreviveram ao tempo, encontramos uma imagem surpreendentemente rica e interessante do ceticismo, bem como uma maneira
peculiar de questionar as doutrinas filosóficas. Há, assim, uma diferença crucial entre o cético moderno e o cético antigo. O
primeiro lança uma dúvida radical sobre todos os domínios do conhecimento. Lembremo-nos, por exemplo, dos cenários onde são
traçados os argumentos do sonho e do gênio maligno nas Meditações de Descartes: tenho o pensamento de que estou aqui, neste
momento, sentado nesta cadeira, segurando uma folha de papel, mas posso estar sonhando ou sendo enganado por um deus
poderoso. Por essa razão, uma questão central da epistemologia moderna é a seguinte: já que um pensamento que eu tomo como
verdadeiro pode ser falso ou ilusório, o que deve ocorrer a um pensamento para lhe conferir a qualidade de conhecimento? O
cético antigo, por sua vez, não supõe que todas as nossas crenças são ou podem ser simultaneamente falsas. A postura dubitativa
do cético é ainda mais radical, pois a sua questão cética central não seria "é possível conhecer?" ou "como conhecemos?", mas a
pergunta mais fundamental: "temos alguma razão para acreditar?" [...]

http://www.nc.ufpr.br/concursos_institucionais/ufpr/ps2008/provas_1fase/ps2008_1fase.pdf

Por que as pessoas tem uma opinião tão errada sobre o ceticismo???
Ceticismo é muito, mas muito diferente de simplesmente "Duvidar de tudo"

Offline Jeanioz

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #1 Online: 20 de Novembro de 2007, 11:20:08 »
Calma, ano que vem piora.

Acredite!!! ::)

Offline PedroAC

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #2 Online: 20 de Novembro de 2007, 17:11:05 »
Qual é o crente ou pseudocientista que não "céptico" (ou cínico...) em relação à concorrência?  ::)
Pedro Amaral Couto
 http://del.icio.us/pedroac/pedroac
 http://pedroac.deviantart.com
 http://crerparaver.blogspot.com

"Tudo o que podemos fazer é pesquisar a falsidade do conteúdo da nossa melhor teoria" -- Karl Popper
"Se um ser humano discorda de vós, deixem-no viver" -- Carl Sagan
"O problema com este mundo é que os estúpidos estão seguros de si e os inteligentes cheios de dúvidas" -- Bertrand Russell

Offline Leafar

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #3 Online: 23 de Novembro de 2007, 18:56:24 »
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Todos sabem que o cético duvida de tudo. E todos sabem que duvidar de tudo não tem sentido: as idéias céticas podem ser
sedutoras, mas dizer que não sabemos nada, que não temos certeza de nada é algo exagerado, absurdo e auto-refutável. O
ceticismo, usualmente, é tido como algo negativo, enquanto na filosofia, freqüentemente é descrito como uma posição que deve
ser desafiada, enfrentada e vencida.
Essa atitude negativa que se atribui ao filósofo cético, porém, não é mais que um aspecto incidental e parcial do ceticismo.
Na verdade, tal dúvida universal é inventada por filósofos modernos. Por isso, muitos autores que lidam com a questão cética são
responsáveis pela difusão de uma imagem do ceticismo que não faz plena justiça à tradição intelectual que lhe deu origem.
Oswaldo Porchat, um dos mais importantes filósofos brasileiros, já disse que a filosofia moderna e contemporânea costuma
recorrer a "caricatas figurações" da filosofia cética: "cada filósofo fabrica seu inimigo cético particular e atribui-lhe esdrúxulas
doutrinas ad hoc forjadas de modo que melhor sejam refutadas".
Quando nos defrontamos diretamente com os escritos e as idéias dos céticos, em especial dos céticos gregos antigos que
sobreviveram ao tempo, encontramos uma imagem surpreendentemente rica e interessante do ceticismo, bem como uma maneira
peculiar de questionar as doutrinas filosóficas. Há, assim, uma diferença crucial entre o cético moderno e o cético antigo. O
primeiro lança uma dúvida radical sobre todos os domínios do conhecimento. Lembremo-nos, por exemplo, dos cenários onde são
traçados os argumentos do sonho e do gênio maligno nas Meditações de Descartes: tenho o pensamento de que estou aqui, neste
momento, sentado nesta cadeira, segurando uma folha de papel, mas posso estar sonhando ou sendo enganado por um deus
poderoso. Por essa razão, uma questão central da epistemologia moderna é a seguinte: já que um pensamento que eu tomo como
verdadeiro pode ser falso ou ilusório, o que deve ocorrer a um pensamento para lhe conferir a qualidade de conhecimento? O
cético antigo, por sua vez, não supõe que todas as nossas crenças são ou podem ser simultaneamente falsas. A postura dubitativa
do cético é ainda mais radical, pois a sua questão cética central não seria "é possível conhecer?" ou "como conhecemos?", mas a
pergunta mais fundamental: "temos alguma razão para acreditar?" [...]

http://www.nc.ufpr.br/concursos_institucionais/ufpr/ps2008/provas_1fase/ps2008_1fase.pdf

Por que as pessoas tem uma opinião tão errada sobre o ceticismo???
Ceticismo é muito, mas muito diferente de simplesmente "Duvidar de tudo"
Só os céticos realmente duvidam que os céticos duvidam de tudo...  :hihi:
"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

visite: http://conviccao-espirita.blogspot.com/2013/08/apresentacao-deste-blog.html

Offline PedroAC

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #4 Online: 23 de Novembro de 2007, 19:04:40 »
Qual é o crente ou pseudocientista que não é "céptico" (ou cínico...) em relação à concorrência?  ::)
(esqueci-me do "é" ...)

Só os céticos realmente duvidam que os céticos duvidam de tudo...  :hihi:
:hihi:

Por que as pessoas tem uma opinião tão errada sobre o ceticismo???
Ceticismo é muito, mas muito diferente de simplesmente "Duvidar de tudo"
Acho que confundem com o pirrismo e cinismo.
Pedro Amaral Couto
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Offline PedroAC

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #5 Online: 23 de Novembro de 2007, 19:08:54 »
Também quem tem dogmas ou grandes convicções, mesmo que seja céptico e até mesmo cínico em relação às outras ideias, pode pensar que quem não acredita nas suas está só está a teimar. Que só pode ser um cínico se não acredita nas suas próprias crenças.
Pedro Amaral Couto
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Offline Leafar

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #6 Online: 23 de Novembro de 2007, 22:30:42 »
Agora, sem brincadeira:

No dicionário:

cético adj 1 Que duvida de tudo. sm 2 Adepto, partidário do ceticismo.

ceticismo sm Doutrina filosófica que tem na dúvida a única atitude racional e segundo a qual o homem não chegará a qualquer certeza segura.

Fonte: Minidicionário Enciclopédico Escolar / Ruth Rocha - São Paulo: Scipione, 1996.

Quando tive as minhas poucas aulas de filosofia na faculdade, a definição de ceticismo não era diversa desta. Foram basicamente 3 definições dadas: o dogmático (aquele que julga ter a verdade e, portanto, não mais procura outras opções), o filósofo (aquele que sabe que não tem a verdade, mas persiste sempre em sua busca, através de hipóteses que submete constantemente a críticas para verificar se resistem) e o cético (aquele que sabe que não tem a verdade, crê que nunca terá, e se coloca sempre em posição refratária em relação a tudo aquilo que não possa "tocar com o dedo", como se dissesse "não sei e não quero saber").

Todo mundo tem um pouco das três características. Em determinado momento somos céticos, em outros filósofos e em outros dogmáticos. Não é preciso dizer que a característica que devemos procurar fazer prevalecer em nós é a do filósofo. O dogmatismo absoluto ou o ceticismo absoluto já seriam extremos indesejáveis, um no sentido da aceitação cega, e outro no sentido da negação cega.

As significações de "cético" e "ceticismo" são bastante claras. Quem acha que não se enquadra, na realidade, filosoficamente falando, não é um cético completo. O cético completo tem um comportamento degenerativo. O dia em que um cético tiver um comportamento mais pró-ativo do que degenerativo, na realidade ele deixa de ser cético e se torna um filósofo.

Não há uma deturpação do significado de ceticismo. É que, como de regra, os adeptos gostam só do aspecto positivo da doutrina filosófica que dizem aderir, mas não gostam de assumir as características negativas.

Um abraço.
"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

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Offline Luis Dantas

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #7 Online: 24 de Novembro de 2007, 00:38:37 »
Você está simplesmente brincando com espantalhos, Rafael.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Nina

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #8 Online: 04 de Dezembro de 2007, 12:56:24 »
Não há uma deturpação do significado de ceticismo. É que, como de regra, os adeptos gostam só do aspecto positivo da doutrina filosófica que dizem aderir, mas não gostam de assumir as características negativas.
Um abraço.

Embora não concorde com a linha de raciocínio, pois, como o Dantas comentou, trata-se de um espantalho (chutar espantalho é fácil...), gostei disso... eis minha versão (off topic):

Não há uma deturpação do significado de kardecismo. É que, como de regra, os adeptos gostam só do aspecto positivo da doutrina filosófica que dizem aderir, mas não gostam de assumir as características negativas.

::)
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Leafar

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Re: Texto sobre ceticismo no vestibular da UFPR
« Resposta #9 Online: 04 de Dezembro de 2007, 14:22:52 »
Não há uma deturpação do significado de ceticismo. É que, como de regra, os adeptos gostam só do aspecto positivo da doutrina filosófica que dizem aderir, mas não gostam de assumir as características negativas.
Um abraço.

Embora não concorde com a linha de raciocínio, pois, como o Dantas comentou, trata-se de um espantalho (chutar espantalho é fácil...), gostei disso... eis minha versão (off topic):

Não há uma deturpação do significado de kardecismo. É que, como de regra, os adeptos gostam só do aspecto positivo da doutrina filosófica que dizem aderir, mas não gostam de assumir as características negativas.

::)

Isso certamente não foi para mim, foi? Nunca deixei de justificar um ponto qualquer da doutrina espírita; nunca neguei nada que parecia feio. Não aqui neste fórum, que eu me lembre. Quem sabe não estou com a memória fraca?

Um abraço.
"Ide com a onda que nos arrasta; necessitamos do movimento, que é vida, ao passo que vós nos apresentais a imobilidade, que é a morte.... Queremos lançar-nos à vida, porquanto os séculos vindouros, que divisamos, têm horror à morte." (Obras Póstumas - Allan Kardec).

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