Estávamos assistindo a Two and half man quando o Charlie soltou uma das suas pérolas de cinismo. Minha cunhada, que nunca tinha assistido a um espisódio, se levantou imediatamente e emitiu um juízo moral dizendo que não tinha cabimento o que o Charlie falava. Foi para o quarto ver o Didi. Putz, mas humor não é isso mesmo, falta de cabimento. Quase desato uma inútil discussão sobre a natureza do humor. Mas como são chatas as pessoas cheias de juízo.
Outro dia, no trabalho, conversava com um colega sobre o Nietzsche quando um colega crente interveio falando que livro só era necessário um. Não preciso citar qual. Socorro, cristo caga sobre mim e não me deixa e paz. Como são chatos os crentes.
Outro noite os amigos me arrastaram para uma noitada. Tomei umas a mais - mas, eles não sabiam que o álcool solta a besta da minha língua? Dei uma de Charlie e falei mais bobagem do que o de costume espantando os estranhos do grupo. Acabei curtindo a bebedeira isolado. Putz. Como é chato ser chato.
Na maioria do tempo o mundo é um lugar bem chato. Para mim, é claro. Sei lá. O mundo começa mal, é muito redondo. As pessoas são como bolinhas, bem redondas, que vão caindo nos buracos certinhos depois de deslizarem suavemente pela pista. Regularidade, curvas adequadas, sonhos comuns. Saco. Chatice. Tédio.
Todo dia quando acordo me olho no espelho e repito o mantra: acorda aprendiz de Lord Byron. Mais um dia em que preparo meu busto. E vou tomar o meu remédio...