Autor Tópico: Entre Lúcifer e Satã  (Lida 1486 vezes)

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Offline Nightstalker

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Entre Lúcifer e Satã
« Online: 30 de Novembro de 2007, 01:44:53 »
Entre Lúcifer e Satã

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 23 de março de 2006


O que quer que você pense ou diga, por mais importante, elevado e bonitinho que lhe pareça, está sendo pensado ou dito dentro do quadro da realidade e não acima dele; é somente mais um acontecimento sucedido dentro do fluxo temporal e cósmico no qual você é arrastado como os dias, as vidas, os átomos e as galáxias, e não uma escapada miraculosa para fora e para cima de tudo o que existe. Ainda que o conteúdo intencional desses pensamentos se refira ao “todo”, ao “universo”, o fato de você pensá-lo não coloca você acima do todo, como um juiz soberano e transcendente, mas apenas imita, desde dentro da imanência, aquele aspecto limitado da transcendência no qual você está pensando nesse momento. Nenhum ser humano julga o universo, a totalidade do real. Quando ele inventa sentenças que parecem fazer isso, o máximo que consegue é julgar-se a si mesmo.

Isso não quer dizer que, desde dentro da realidade sensível, você não faça a mínima idéia do que há para além dela. O simples fato de você poder criar aqueles julgamentos, ainda que errados, já mostra que algo, desde dentro e desde baixo, você consegue apreender do que está fora e acima. Digo “apreender” e não apenas “imaginar”, como preferiria Kant, porque se fosse apenas imaginado seria arbitrário e não suscetível de fiscalização racional ou confronto com a experiência; e o fato mesmo de estarmos discutindo isso já prova que não é assim. Por isso, se sobre a totalidade você nada pode dizer que a transcenda, a abarque e a julgue desde o além, também nada pode impedi-lo de olhar para esse além e saber algo a respeito. Se estivéssemos totalmente presos na imanência e na finitude, uma inteligência capaz de apreender as noções de infinito e de absoluto seria um luxo biológico inexplicável (a hipótese de que tenhamos chegado a isso pelo acúmulo de pequenas ampliações quantitativas da inteligência símia é simiesca em si mesma).

As duas máximas ilusões dos filósofos, ao longo dos tempos, foram precisamente essas: uns pretenderam transcender a totalidade e julgá-la, outros decretaram que nada podemos saber sobre a transcendência. Uns quiseram nos transformar em deuses; outros, em bichinhos inermes separados da transcendência por fronteiras cognitivas intransponíveis.

Na Bíblia, esses dois erros fatais da inteligência humana já estavam anunciados com muita precisão. A ilusão de julgar o mundo enquanto se está dentro dele é o “conhecimento do bem e do mal” que a serpente promete a Eva. O muro que veda o acesso à transcendência é a “insensatez” que limita a visão da existência à esfera do imediatamente acessível.

Esses dois erros têm nomes técnicos tradicionais, derivados da mesma raiz: gnosticismo e agnosticismo. O primeiro promete a posse de um conhecimento impossível; o segundo inibe e frustra a aquisição de um conhecimento possível. Correspondem a dois nomes do demônio: Lúcifer e Satã. O demônio da falsa luz e o demônio das trevas falsamente triunfantes. O demônio do conhecimento errado e o demônio da ignorância soberba.

Platão e Aristóteles já sabiam que a condição humana não é nem conhecimento, nem ignorância, mas a tensão permanente entre esses dois pólos, o primeiro pertencendo aos deuses, o segundo aos animais.

O que caracteriza a filosofia moderna como um todo é a perda dessa dialética tensional, a proclamação alternada do conhecimento absoluto e da ignorância invencível. De um lado, a metafísica onipotente de Descartes e Spinoza; de outro, o ceticismo radical de Hume. É verdade que Kant quis encontrar uma via média, mas, ao limitar as possibilidades de conhecimento aos fenômenos sensíveis e às formas vazias da razão, reduzindo à pura imaginação e à fé o acesso à transcendência, criou a forma mais requintada e letal de agnosticismo moderno. Como que em compensação, ergueu no horizonte a miragem gnóstica da “paz eterna”, tornando-se o profeta da burocracia global e de um cristianismo biônico sem nenhum Cristo de carne e osso.

Fonte
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
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Nigh†mare

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #1 Online: 30 de Novembro de 2007, 02:18:57 »
Impressionante o poder desse cara de escrever tantas coisas com tantos sentidos, mas que não querem dizer absolutament porra nenhuma.

Offline Alenônimo

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #2 Online: 30 de Novembro de 2007, 02:31:19 »
Se eu soubesse enrolar como ele, trabalharia em uma fábrica de papéis-higiênicos.
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Contini

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #3 Online: 30 de Novembro de 2007, 19:43:42 »
Pra que ler esses caras... Veja isso:
http://www.geocities.com/padrelevedo/lerolero/lerolero.html

Gere seu proprio lero-lero!!!
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Offline Vito

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #4 Online: 30 de Novembro de 2007, 19:46:57 »
Ha-ha!

Offline Raphael

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #5 Online: 30 de Novembro de 2007, 20:38:08 »
Hahhaha...

Entre Lúcifer e Satã, eu escolho Belial e Leviatã.

:lol:
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Offline Luis Dantas

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #6 Online: 01 de Dezembro de 2007, 06:30:59 »
Tanta convicção, tanta informação, tão pouca coerência.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Quereu

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #7 Online: 01 de Dezembro de 2007, 07:16:13 »
O Olavão inaugura uma nova categoria filosófica, o maniqueísmo epistemológico. O Arnaldo Jabor definiu uma vez certos intelectuais como "esses burros muito cultos", o que demorei a acreditar que existissem. Com tanta erudição e conhecimento escreve cada besteira. É um terrorista intelectual fanático-religioso que aproveita qualquer brecha da filosofia para detonar aquilo que não se conforma com seus ponto de vista e crença.
A Irlanda é uma porca gorda que come toda a sua cria - James Joyce em O Retrato do Artista Quando Jovem

Offline Nightstalker

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #8 Online: 01 de Dezembro de 2007, 11:30:04 »
O Olavão inaugura uma nova categoria filosófica, o maniqueísmo epistemológico. O Arnaldo Jabor definiu uma vez certos intelectuais como "esses burros muito cultos", o que demorei a acreditar que existissem. Com tanta erudição e conhecimento escreve cada besteira. É um terrorista intelectual fanático-religioso que aproveita qualquer brecha da filosofia para detonar aquilo que não se conforma com seus ponto de vista e crença.

Perfeito, é isso mesmo.
Conselheiro do Fórum Realidade.

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Offline Iconoclasta SP

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #9 Online: 28 de Fevereiro de 2008, 17:17:22 »
"O que quer que você pense ou diga, por mais importante, elevado e bonitinho que lhe pareça, está sendo pensado ou dito dentro do quadro da realidade e não acima dele; é somente mais um acontecimento sucedido dentro do fluxo temporal e cósmico no qual você é arrastado como os dias, as vidas, os átomos e as galáxias, e não uma escapada miraculosa para fora e para cima de tudo o que existe."

Perfeito! Isso serve para todos, inclusive para ele. Tudo o que vem depois disso é fruto do quadro da relidade. Ou seja, tudo o que vem depois tem o mesmo valor que os escritos de um analfabeto. Portanto, posso parar de ler aqui (que alívio!)

Offline Fabulous

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Re: Entre Lúcifer e Satã
« Resposta #10 Online: 28 de Fevereiro de 2008, 20:48:43 »
Olavo se acha o dono da verdade.
MSN: fabulous3700@hotmail.com

 

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