Luz, um exemplo de como isso pode funcionar é você comparar com a produção de hormônios sexuais, por exemplo. Só começamos a produzir hormônios sexuais com a maturidade sexual. Isso significa que é o ambiente ou outro fator que o produz ou é genético?
As coisas em genética não são 8 ou 80.
Mas por determinadas coisas serem genéticas, tipo "pré-programadas", isso significa que tudo em relação as nossas atitudes, abstrações e sentimentos também sejam? Digo, alguém, por exemplo, que não seja portador desse AVPR1 não poderá desenvolver a generosidade por outros meios?
Todas as pessoas (com exceção de algumas possíveis eventuais anomalias) tem esse gene; o que muda é o comprimento. Então fica difícil falar de um caso de anomalia.
Mas é praticamente certo (penso eu) que apesar de uma possível tendência a se detectar padrões de altruísmo correlacionados com o comprimento do gene nesse tipo de estudo em que se tenta eliminar todas as outras variáveis ao máximo, as variações desse gene não serão previsoras muito fiéis de altruísmo no mundo real.
É diferente de dizer que esses genes não tem qualquer coisa a ver com altruísmo. Sim, tem sim, e parece que determina inclusive as diferenças de altruísmo em diferentes espécies, tendo uma origem antiga nos mamíferos, e aumentado bastante na espécie humana. Mas também não é o único fator.
De forma similar, a aerodinâmica de um veículo, que se pode testar num túnel de vento, tem um grande papel para o seu desempenho numa corrida de verdade. Mas o que se testa num túnel de vento, muitas vezes não é nem um carro mas sua maquete; e outras variantes muito importantes como motor, rodas, conservação, piloto, combustível, etc, são desconsideradas, para fins de examinar simplesmente o papel das diferenças aerodinâmicas.
Podem haver carros com aerodinâmica péssima que sejam melhores, devido aos outros fatores, que carros com aerodinâmica ideal, perfeita. De forma similar, outros diversos fatores na vida de um indivíduo (inclusive genéticos, também) vão influenciar no grau de altruísmo, além das variações nesse gene. Podendo inclusive fazer essencialmente a mesma coisa (ou anular essa coisa), no nível molecular da influência do altruísmo por esse gene.
Um modo mais ou menos simples de visualizar como se pode adicionar "ruído" ao papel do gene seria nos perguntarmos se teríamos os mesmos resultados com diferenças que podem vir no decorrer da vida, como diferentes níveis de status sócio econômico (para os quais, 12 dólares podem ser triviais ou serem uma grande sorte), e de status social (dominância versus submissão). Outra coisa interessante seria ver, dentro de grupos de irmãos (com uma boa dose de ambiente compartilhado, além de muitos outros genes) com diferenças de altruísmo, se isso pode "prever" algo relacionado à variação desse gene.
Em outros estudos, esse mesmo gene também foi correlacionado com autismo, habilidade para dança e idade na iniciação sexual
Tópico: A generosidade está nos genes, diz estudo israelense (Lida 961 vezes)