Apesar de já ter uma idéia bem formada sobre a questão, gostaria de descobrir o que pensam os foristas sobre a questão...
Numa situação de legítima defesa, ou estado de necessidade, em que vocês fossem responsáveis pela morte de uma pessoa, como vocês se sentiriam??
Legítima defesa é legítima defesa, nem cabe maior discussão a partir do momento em que ela esteja caracterizada.
Necessidade, já é um conceito algo escorregadio.
Como vocês acham que passariam a pensar sobre o assunto? Como viveriam com a responsabilidade de ter tirado a vida de um pai de família (mesmo que seja ladrão/traficante/homicida o cara ainda pode ser pai/filho/neto de alguém) e também com a questão de os familiares do falecido te considerarem culpado e, em alguns casos, jurarem vingança?
Olha, Diego, uma das lições mais duras e importantes que aprendi foi que por mais que nos esforcemos, sempre estaremos correndo o risco de prejudicar outros sem ter a intenção ou mesmo sem perceber. Matar alguém é uma forma um tanto mais óbvia disso acontecer, mas não penso que seja sequer a mais séria.
Situações difíceis e, sim, inclusive injustas são basicamente inevitáveis. Eu aprendi a dedicar o melhor de mim a evitar cometê-las e repeti-las e decidir já de cara que, INDEPENDENTEMENTE DOS RESULTADOS, esse esforço sincero tem de ser o bastante para mim. Sofrer por sofrer não leva a nada. Eu não sou onisciente, não tenho sabedoria infinita, e não faz sentido achar que sofrimento vai me conceder algum desses dois atributos.
Outra coisa - na prática quase tudo que acontece não tem uma única causa, e sim várias atuando ao mesmo tempo. E quase sempre nós próprios, nossas falhas e méritos são apenas uma dessas causas, e raramente sequer a causa mais importante.
E principalmente, como acham que passariam a ser tratados por outros, familiares e amigos seus, após o cometimento do ato?
Hmm, ISSO é complicado... provavelmente haveria uma variedade enorme de tipos de reação. Muitos me surpreenderiam tanto favoravelmente quando desfavoravelmente. Poderia haver mudanças de atitude duradouras, outras momentâneas. Não há como saber antes do fato.
Por outro lado, é impressionante o quanto que a forma como somos tratados é alimentada pelo que acreditamos ser nosso próprio mérito. Se você acreditar que merece ser maltratado, emitirá uma série de sinais que "convidam" os outros a de fato te maltratar. Se, pelo contrário, estiver confiante em sua dignidade e propósito, da mesma forma emitirá sinais que convidam os outros a estar em harmonia com essa sua convicção.
HÁ casos em que é necessário - não digo nem perdoável - matar outra pessoa. Se você descobre que gostou de fazê-lo, então deve ficar preocupado. Mas se foi de fato necessário, não se torture à toa.