Autor Tópico: As portas da tolerância abrem-se para os gays muçulmanos  (Lida 630 vezes)

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Offline O Grande Capanga

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As portas da tolerância abrem-se para os gays muçulmanos
« Online: 14 de Dezembro de 2007, 16:39:41 »
AS PORTAS DA TOLERÂNCIA ABREM-SE PARA OS GAYS MUÇULMANOS

12/12/2007 – 11h25

Foto: Mercedes Sayagues/PlusNews




Suhail Abu al-Sameed parecia calmo, mas interiormente ele tremia. Na sua frente estavam sentados vários ulama, eruditos islâmicos que vinham do Afeganistão ate o Iêmen. No dia anterior, vários deles tinham denunciado a homossexualidade como sendo anti-islâmica. “Como muçulmano e gay, eu sinto-me inseguro, rejeitado e desrespeitado neste lugar”, disse ele. “Se eu devesse tornar-me soropositivo, a primeira coisa que eu perderia seria a minha comunidade muçulmana. Eu não poderia pedir-lhes apoio”.

A tensão na sala era palpável. Abu al-Sameed continuou: “Eu gostaria que vocês não se referissem aos gays com os termos (árabes) shaz e luti – perversos e estupradores – porque nos não o somos”. Dois homens em keffiyeh faziam sinais para que ele se calasse, mas o facilitador acenou para que continuasse. Impressionado, o público escutava enquanto Abu al-Sameed, jordaniano que vive no Canadá, fazia o impensável: revelar-se como gay durante a Conferência Islâmica Internacional sobre o HIV/Aids, organizada em Joanesburgo na semana passada pelo Islamic Relief Worldwide (Auxílio Islâmico Mundial, IRW em inglês).

Inovadora, esta conferência reuniu ulama, acadêmicos, médicos, trabalhadores humanitários e ativistas soropositivos muçulmanos de 51 países para uma reflexão sobre a resposta islâmica ao HIV e à Aids. Um dos temas principais foi a prevenção do HIV nos grupos vulneráveis e marginalizados - trabalhadores do sexo, crianças de rua, usuários de drogas injetáveis e homens que fazem sexo com outros homens.

Jaffer Inamdar, soropositivo, fundador e diretor de programas da Fundação para Vidas Positivas em Gôa, na Índia, disse ao PlusNews que nesta região turística, “durante a alta estação, de Setembro a Abril, acontece muito sexo, drogas e atividades homossexuais. Uma linguagem dura e condenadora os faz (os gays) fugir, esconder-se e continuar a propagar o HIV”.

Pena de morte

A homossexualidade é um crime e é proibida nos países muçulmanos. Invocando a Sharia, seis países oficialmente islâmicos (o Irã, a Mauritânia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes e o Iêmen, assim como 12 estados da Nigéria) aplicam a pena de morte para casos de sexo consensual entre pessoas do mesmo sexo, segundo a Amnesty International. Outros países o punem com multas, prisão ou fustigação, além da estigmatização social e da condenação da cultura ocidental como responsável por trazer para estes países o modo de vida homossexual. Não é para menos que Abu al-Sameed tinha medo: “Eu vi o olhar deles, sua linguagem corporal, e lembrei-me que poderia ocasionar uma reação violenta”.

Ele não tinha nada a temer: “Depois, mulheres usando véus, homens barbudos, os tipos mais religiosos, vieram desculpar-se por terem talvez dito alguma coisa que tivesse me ofendido, que tivesse feito sentir-me rejeitado ou em perigo”. Cada gesto amigável demonstrava integração. “Isto somos nós. Nossa cultura é íntima, calorosa, baseada nos relacionamentos. Quando revelei-me à minha família, eles não me rejeitaram”, disse Abu al-Sameed, aliviado, ao PlusNews.

Reação

Na manhã seguinte, os ulama tinham uma surpresa. O porta-voz da conferência e diretor de políticas da IRW, Willem van Eekelen, leu sua declaração coletiva. Ela dizia que embora o Islã não aceite a homossexualidade, os líderes islâmicos tentariam ajudar a criar um ambiente onde os gays possam procurar os trabalhadores sociais e obter ajuda contra à Aid sem sentirem-se ameaçados.

“Foi a primeira vez que durante um fórum religioso de alto nível falou-se sobre os homossexuais, reconhecendo-os e aceitando-os”, disse Abu al-Sameed. “Isto vai abrir um espaço para o diálogo com a comunidade gay muçulmana e ajudar outros muçulmanos homossexuais a “saírem do armário” em um ambiente seguro”.

“É bem a primeira vez”, confirmou o sheik Abul Kalam Azad, presidente do Conselho Masjid para o Progresso da Comunidade, no Bangladesh, que vê-se teólogos de universidades do Egito e da Síria e Imãs da Índia, do Sudão e do Paquistão desafiarem a homofobia islâmica.

“A homossexualidade é um pecado, mas não devemos ser cruéis. Eles [gays] sofrem muito no mundo muçulmano”, disse ele. O ativista Inamdar acolheu esta declaração: “Existem muitos gays no meu grupo. O Islã diz que isto é um pecado e nós temos que seguir as regras islâmicas, mas somos todos humanos e todos merecemos respeito”.

Vestido duma túnica branca com adornos dourados e dum turbante branco, com sua esposa usando o véu muçulmano e seu bebê atrás dele, o sheik sudanês Mohamed Hashim al-Hakim não tinha ares de quem fosse receptivo aos direitos dos homossexuais. E portanto ele demostrou-se tolerante. Al-Hakim dirige uma empresa, a S-Smart Training and Consultancy Center, em Khartoum, que também coordena programas de prevenção à Aids.

“Eu costumava ser muito duro em relação aos homossexuais e as trabalhadoras do sexo”, disse ele. “Mas eu aprendi a respeitar sua humanidade. Eu aconselho-os a mudar, mas se eles querem continuar, devem praticar o sexo seguro para que não prejudiquem a si mesmos ou aos seus parceiros”.

Durante a conferência, que durou uma semana, Abu al-Sameed, coordenador do Programa para Jovens Imigrantes do Centro de Saúde Sherbourne, em Toronto, tinha suportado as declarações homofóbicas. Na véspera, um dos eruditos tinha relegado a homossexualidade ao nível da bestialidade e do adultério, como coisas a serem evitadas.

“A dureza das declarações me exaltou. Eu tinha que fazer alguma coisa pela minha própria integridade e dignidade, e para a dos outros gays muçulmanos”, disse Abu al-Sameed. Sua decisão de revelar-se amadureceu no seu grupo de trabalho durante a conferência, composto de muçulmanos do Iraque, do Quênia, da África do Sul e da Tanzânia, que conseguiram obter uma abertura para expressarem-se nas seções plenárias.

A psicóloga sul-africana Sabra Desai foi a primeira a falar sobre cuidados e solidariedade. Ela lembrou as palavras do Profeta: “Se uma parte do meu corpo dói, todo meu corpo dói. Eu interpreto isto assim: se um membro da minha comunidade sofre, todos nós sofremos”.

Ela apertou a mão de Abu al-Sameed por baixo da mesa e passou-lhe o microfone. Ele começou, devagar: “Como muçulmano gay...”. E com cada palavra, as portas da tolerância abriam-se mais.

http://www.agenciaaids.com.br/site/noticia.asp?id=8942
« Última modificação: 15 de Dezembro de 2007, 13:03:05 por Rodion »

Offline Copelli

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Re: AS PORTAS DA TOLERÂNCIA ABREM-SE PARA OS GAYS MUÇULMANOS
« Resposta #1 Online: 14 de Dezembro de 2007, 17:48:28 »
Muito legal essa notícia, enfim algum avanço positivo sobre o assunto pra queles lados.  :ok:  :)

Luz

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Re: AS PORTAS DA TOLERÂNCIA ABREM-SE PARA OS GAYS MUÇULMANOS
« Resposta #2 Online: 14 de Dezembro de 2007, 20:37:34 »

Tão surpreendente que merece ser GRITADA essa notícia. Fico, sinceramente, feliz de lê-la.  ::)

Luz

  • Visitante
Re: AS PORTAS DA TOLERÂNCIA ABREM-SE PARA OS GAYS MUÇULMANOS
« Resposta #3 Online: 15 de Dezembro de 2007, 12:52:50 »
E por que você não age como um moleque de recados e avisa a moderação, hein?
Porque eu não sou dedo-duro. Vou esperar a moderação editartua mensagem e deixar para eles (se quiserem te dar um aviso sobre esses tipos de título.

Por enquanto estava só brincando. ;)

O clima parece que não anda para brincadeiras, ultimamente.

E foi graças a você que passei a avaliar essa questão, lembra que me alertou? Pois é, a gente, acha que as pessoas vão compreender, e de repente, soa diferente. 

E a partir de então, embora seja bastante difícil para mim, estou tentando evitar se não tiver muita segurança. Ao menos temporariamente, pode ser que convenha, realmente.

E tem, ainda, a possibilidade dos foristas não sentirem a mesma afinidade com a gente.
« Última modificação: 15 de Dezembro de 2007, 12:55:45 por Luz »

Offline Rodion

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Re: As portas da tolerância abrem-se para os gays muçulmanos
« Resposta #4 Online: 15 de Dezembro de 2007, 13:04:08 »
editei a caixa alta e apaguei as mensagens que dela tratavam.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

 

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