Autor Tópico: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel  (Lida 930 vezes)

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Offline O ENCOSTO

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O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Online: 16 de Dezembro de 2007, 13:10:26 »
Por uma semana, em novembro, um repórter de ZH se hospedou como turista na casa de famílias cubanas na ilha de Fidel Castro. Nas cidades de Havana, Santiago de Cuba e Trinidad - longe dos resorts e praias cristalinas - , recolheu uma mostra do que pensam, do que comem, de quanto ganham, de como se movem e de como sobrevivem os cubanos.Coveiro do belo cemitério Colón, de Havana, Aristides orgulha-se de trabalhar na "maior necrópole da América Latina". São mais de 3 milhões de moradores, diz o senhor de 73 anos.

- Onde ficará Fidel? - pergunto.

- O comandante-em-chefe ainda não decidiu - contesta, deixando claro que a palavra do líder afastado do poder há 16 meses vale muito.

A Havana dos vivos, com seus 2 milhões de moradores é um modelo de distribuição igualitária de pobreza. Raudelina Rodríguez, 70 anos, 70 deles na ilha, hospeda turistas em três quartos puídos mas asseados. Como todo cubano que aluga habitações a estrangeiros, cobra US$ 30 (R$ 54) por noite. Em um país em que um médico especialista embolsa este valor por mês, Raudelina deveria ser invejada. Não é:

- Isso vai para o governo. Só ganho um salário para receber os turistas - explica esta fã da novela brasileira Cabocla, capaz de elogiar Tony Ramos dublado em espanhol.

Frutas, legumes e carne de porco são subsidiados

Cuba é assim, um país de 12 milhões de funcionários públicos. Motoristas de táxi, de ônibus, garçons, médicos, professores e vendedores de coxinha, todos são assalariados do Estado. Recebem uma cesta básica proporcional ao tamanho da família, garantia de que ninguém passará fome. Mas, como o pacote não é suficiente, precisam recorrer a mercados estatais que vendem produtos agrícolas subsidiados - frutas, legumes e carne de porco. Os demais produtos - outros tipos de carne, produtos industrializados e artigos de limpeza, por exemplo - têm preços semelhantes aos do Brasil. Ou seja, estão fora do alcance dos cubanos.

Tamanha crise econômica está desencadeando uma crise ética em Cuba. Não que a criminalidade preocupe - registros de assassinatos e latrocínios são raríssimos. Mas, para ter acesso àquilo que o Estado não dá, entra em cena o "jeitinho cubano".

Para burlar o controle do governo sobre a quilometragem, taxistas instalam por US$ 100 (R$ 180) um aparelho que esconde a real distância percorrida. Para usar a internet na rede estatal de comunicações, o mínimo que um turista paga é US$ 6 por um cartão de uma hora. Quem quer usar meia hora logo é aliciado.

- Coloco minha senha, e você paga US$ 3 diretamente para mim - propõe a funcionária.

Há mercado negro para tudo. Na charutaria mais famosa de Havana, a caixa com 12 unidades custa US$ 200.

- Tenho a mesma por US$ 10 - oferece o amigo de um funcionário a dois passos da porta.

O mesmo ocorre com a gasolina, desviada pelo frentista, com as roupas nas lojas e, sobretudo, com o sabão. O seguinte diálogo, travado entre um cubano e um turista no dia 18 de novembro, repete-se diariamente:

- Do you speak english (você fala inglês)? - aborda o cubano.

- Posso falar espanhol, sou brasileiro - responde o turista.

- Prazer, pode me dar um sabonete?

Produtos de limpeza são artigo de luxo em Cuba. Tanto que as barras ficam em mostruários, separadas por um palmo, etiquetadas, como relógios em uma joalheria brasileira. Não há pilhas de sabão em Cuba. Os mercados estão desabastecidos.

- A culpa é dos homens que rodeiam o comandante. Fidel não sabe o que está ocorrendo entre o povo - avalia Carlos Suárez, 40 anos, professor de Educação Física em Santiago de Cuba.

Suárez ganha US$ 12 por mês, o suficiente para comprar cinco sabonetes, mas nenhuma boneca para a filha Grace, cinco anos. Elogia a saúde e a educação gratuitas, suficientes para colocar o país em 50º lugar entre os de maior índice de desenvolvimento humano (IDH) - o Brasil está em 70º. Mas diz não agüentar o racionamento.

- Em outros países, um pobre explica por que não pode comprar algo. Minha filha daqui a pouco vai perguntar por que as coisas são assim, e não posso dizer a verdade, ou me consideram anti-revolucionário - desabafa.

Deixar a ilha em lancha custa US$ 4 mil

Como a maioria dos cubanos, Suárez traja uma camiseta de marca americana que não se vê nas vitrinas. Presente de um turista. Além dos trambiques, os regalos são uma das fontes de renda alternativas. Mas a principal mesmo é o envio de dinheiro pelos exilados. É normal que famílias financiem a saída de um dos integrantes, que se encarrega de sustentar os parentes. Na última modalidade de imigração, lancheiros cobram US$ 4 mil para percorrer os 140 quilômetros dos EUA até a costa cubana.

Como não quer deixar a filha, Suárez faz bicos de guia turístico, sem que Fidel saiba - a atividade também deveria ser um emprego público. Exatamente como Aristides. Por US$ 3 de "gorjeta", o coveiro de Havana transforma-se em guia e abre o cemitério fora do horário. Conta minuciosamente a lenda de cada lápide e pára, estufando o peito, sobre o exato metro quadrado em que Fidel fica nos funerais.

- Ninguém sabe o que vai acontecer quando ele for o morto. No ritmo que vamos os dois, talvez eu nem esteja aqui para saber.

( rodrigo.cavalheiro@zerohora.com.br )

RODRIGO CAVALHEIRO | Havana




Transporte

Faltam veículos em Cuba. Mesmo durante a semana, as largas avenidas de Havana, com quatro faixas, parecem Porto Alegre aos domingos. Para compensar a falta de engarrafamento, o transporte público é caótico, pela escassez de ônibus. As linhas urbanas custam 1,5 peso cubano (R$ 0,20), mas os cubanos viajam invariavelmente espremidos. Para chegar a uma localidade vizinha de Santiago e de Havana, a situação é pior. Caminhões superlotados levam os trabalhadores em pé, colocando a segurança de todos em risco (foto acima).

Para comprar um carro, não basta querer - mesmo tendo o dinheiro. Este é direito concedido pelo Estado a ídolos esportivos ou pessoas com serviços prestados ao governo. O meio mais comum é burlar esta regra é usar como laranja um estrangeiro, que fica impedido de voltar ao país caso o golpe seja descoberto.

A propaganda estatal

A propaganda da revolução usa outdoors (acima), rádio e TV para jogar a culpa pelas privações no bloqueio imposto pelos EUA. Um dos comerciais na televisão destaca que "um ano de boicote equivale a 48 locomotivas". A programação preferida do povo são as novelas brasileiras. As transmitidas são normalmente as de época, nas quais carros de luxo e a apologia ao consumismo são menores.

Carreiras

Médicos e atletas são os profissionais mais valorizados. É comum que juntem dinheiro quando vão ao Exterior e tragam eletrodomésticos.

A educação é gratuita, mas existe o compromisso de três anos de serviço social ao final da universidade. Como não há mercado para todos, é comum encontrar bacharéis taxistas, profissão que rende mais do que os US$ 30 (R$ 54) pagos por mês a um médico.

Mantimentos

A principal fonte de comida é a cesta básica dada pelo governo, mas cada cidade tem padarias, sorveterias e pizzarias que aceitam pesos cubanos - comida subsidiada pelo Estado. Assim, um turista pode comer nestes lugares pela metade do preço, mas deve encarar a fila, já que uma pizza pequena custa em torno de 23 pesos cubanos (R$ 1,80).

Os mercados em geral tem preços em CUCs, ou seja, atrelados ao dólar. A alternativa dos cubanos são os mercados estatais, que vendem frutas, legumes e carne de porco a preço subsidiado. Um coco sai por R$ 0,40.

A cesta básica por pessoa
A cesta básica mensal
2,5 quilos de arroz
1,8 quilo de açúcar mascavo
0,5 quilo de açúcar refinado
1,8 quilo de feijão
1 pacote de sal
A cada dois meses
1 sabonete para banho
1 sabão para lavar
A cada seis meses
200 ml de azeite
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Onde houver fé, levarei a dúvida.

Offline Herf

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #1 Online: 16 de Dezembro de 2007, 15:26:06 »
Elogia a saúde e a educação gratuitas, suficientes para colocar o país em 50º lugar entre os de maior índice de desenvolvimento humano (IDH)
Tá na hora de mudar os critérios deste índice, não?  :hein:

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #2 Online: 16 de Dezembro de 2007, 17:58:35 »
Citar
A cesta básica por pessoa
A cesta básica mensal
2,5 quilos de arroz
1,8 quilo de açúcar mascavo
0,5 quilo de açúcar refinado
1,8 quilo de feijão
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1 sabão para lavar
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Pelo que entendi, o cardápio diário é arroz branco com feijão sem mais nada garantido pelo maravilhoso socialismo  do Fidel...

E ainda vem otário falar que Cubano não passa fome e que aqui é que é ruim...

Ah, esqueci...lá a  educação é ótima  e o sistema de saúde é melhor ainda , por isso tem médico dirigindo táxi enquanto Fidel chama um espanhol para se tratar .

Offline Andre

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #3 Online: 16 de Dezembro de 2007, 18:09:55 »
Ou deixá-lo de usar como um índice absoluto. Tem que se levar em consideração como ele é calculado e usar outros índices também como comparação.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Fabi

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #4 Online: 16 de Dezembro de 2007, 18:44:21 »
Que triste vida a desse povo... e tem gente que acha Cuba uma maravilha...
Difficulter reciduntur vitia quae nobiscum creverunt.

“Deus me dê a serenidadecapacidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso, e a sabedoria para saber a diferença” (Desconhecido)

Offline Rodion

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #5 Online: 16 de Dezembro de 2007, 18:48:58 »
Ou deixá-lo de usar como um índice absoluto. Tem que se levar em consideração como ele é calculado e usar outros índices também como comparação.

exato.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline O ENCOSTO

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #6 Online: 17 de Dezembro de 2007, 08:21:08 »
Citar
A cesta básica por pessoa
A cesta básica mensal
2,5 quilos de arroz
1,8 quilo de açúcar mascavo
0,5 quilo de açúcar refinado
1,8 quilo de feijão
1 pacote de sal
A cada dois meses
1 sabonete para banho
1 sabão para lavar
A cada seis meses
200 ml de azeite

Pelo que entendi, o cardápio diário é arroz branco com feijão sem mais nada garantido pelo maravilhoso socialismo  do Fidel...

E ainda vem otário falar que Cubano não passa fome e que aqui é que é ruim...

Ah, esqueci...lá a  educação é ótima  e o sistema de saúde é melhor ainda , por isso tem médico dirigindo táxi enquanto Fidel chama um espanhol para se tratar .


Conheço pessoas que foram para Cuba.

Me relataram algo parecido. Tinha carne mas não todos os dias e era comprado em mercados estatais, quando havia disponivel, por preços super baixos.

Curiosamente, quase todos os dias apareciam caminhões de sorvete. As pessoas formavam fila para pegar o equivalente a uns 2 litros de graça.


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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: O jeitinho cubano de burlar privações na ilha de Fidel
« Resposta #7 Online: 17 de Dezembro de 2007, 12:24:56 »
Bom... acho que trabalhar para o Estado a 12 dólares por mês não é bem "receber de graça", afinal isso sai do que o Fidel ganha em cima deles.

Se não me engano, aqui no Brasil  vive um Cubano que fugiu de lá nos anos 50, era dono de uma fábrica de charutos que foi roubada pelo Fidel.Ele fez isso com todas as propriedades perticulares que existiam lá, tudo passo a ser "propriedade do Estado" e por coincidencia o Fidel é o diretor dessas empresas..todas elas.

E viva la revolucion...

 

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