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Cupido genético promete que casais terão vida sexual melhor e filhos mais saudáveis.Geneticista diz que é impossível conseguir algo do tipo através da análise genética.Um novo site para quem procura um parceiro amoroso foi inaugurado na semana passada nos Estados Unidos com uma premissa inusitada. Pela módica quantia de quase US$ 2 mil, o Scientific Match promete encontrar o amor perfeito através do DNA. Sim, isso mesmo. Embora garanta que seus resultados são baseados em “ciência séria”, o site não foi levado muito a sério pelos cientistas. Para a geneticista brasileira Mayana Zatz, tudo não passa de uma grande piada. Quem se inscrever no Scientific Match recebe um kit para “retirada de amostras de DNA”. Com ele, os responsáveis pelo site dizem que fazem, em um laboratório de Oklahoma, nos Estados Unidos, uma análise dos genes do sistema imunológico da pessoa. O site funciona com base em uma teoria de que as pessoas se atraem pelo cheiro de parceiros com sistema imunológico o mais diferente possível do seu -– e que isso é possível de ser visto nos genes. Assim, eles dizem pegar os seus dados e comparar com os de outros para encontrar um “sistema imunológico” compatível. E pronto: os pombinhos geneticamente combinados seriam perfeitos um para o outro, capazes de ter filhos mais felizes e saudáveis, e menos tentados pela possibilidade de traição. A mágica dos genes do sistema imunológico consegue até, promete o Scientific Match, fazer as mulheres terem mais orgasmos nas relações sexuais. Pois é.A técnica, “infelizmente”, não funciona em todo mundo. Mulheres tomando anticoncepcionais, por exemplo, não vão conseguir resultados adequados, porque seus corpos são enganados pela pílula para simular uma gravidez e inibir a ovulação. Com isso, segundo o presidente e fundador da Scientific Match, Eric Hozle, elas "deixariam de ser atraídas por pessoas com sistemas imunológicos diferentes, para serem atraídas por pessoas imunologicamente parecidas". “A natureza as coloca mais perto de sua família imediata ao deixá-las mais atraídas pelos seus odores pessoais”, diz ele. Filhos adotivos também devem economizar os US$ 2 mil. Segundo Hozle, há “teorias que afirmam que as pessoas são atraídas não por imunologias diferentes da sua, mas diferentes das de seus pais (o que, na prática, é a mesma coisa)". Nos primeiros anos de vida as pessoas memorizariam os cheiros dos pais e passariam a ficar atraídas por odores diferentes. Portanto, a técnica não funcionaria em quem foi criado por pais adotivos porque o “cheiro” deles não corresponderia a um sistema imunológico parecido. Parece coisa de maluco? Pois para a geneticista Mayana Zatz, é. “Não dá para determinar nada disso pelos genes”, garante ela, uma das maiores especialistas da área no Brasil, aos risos. Ao saber das restrições da pesquisadora, Hozle insiste: “eu entendo que ela pense isso, realmente parece muito bom para ser verdade!”. Zatz costuma ajudar casais pelo DNA, mas nada de brincar de cupido científico. “A única coisa que é possível fazer por um casal com o DNA é verificar a presença de genes recessivos para algumas doenças. Se os dois tiverem um gene recessivo para uma certa doença, as chances de um filho dos dois ser portador aumenta”, explica ela. “Saber disso pode ser essencial para ajudar a criança a vencer o problema”, afirma. Além da análise de DNA, o site promete fazer uma análise de valores morais e um levantamento de antecedentes criminais de todos os inscritos -– para evitar que o seu par imunologicamente perfeito acabe sendo algum criminoso condenado ou alguém que não possui os mesmos objetivos de vida que você. No ar há apenas uma semana, Hozle diz que ainda não formou nenhum casal, já que a análise de DNA leva pelo menos duas. Ele se negou a informar quantas pessoas já tinham se inscrito no serviço.