O silêncio dos céticos
José Raimundo Maia Neto
O silêncio dos intelectuais é freqüentemente atribuído a uma crise contemporânea da filosofia, ou pelo menos do papel que assume, sobretudo na modernidade, de fundamentar universalmente o conhecimento científico e ético. Está associado também à crise do papel do filósofo que segue esse modelo, característico do Iluminismo, de guiar a humanidade em um projeto de emancipação pelo triunfo da razão em todas as esferas da vida social. Um ceticismo quase unânime sobre a possibilidade e mesmo a conveniência da filosofia exercer tal papel explicaria, pelo menos em parte, o silêncio dos intelectuais na chamada pós-modernidade. O nosso objetivo é examinar a natureza e o significado do silêncio que propunham os céticos antigos, aqueles que primeiro questionaram a validade da filosofia ou, mais precisamente, de uma vertente dela, predominante na tradição ocidental, que julga poder a razão estabelecer a Verdade universal. Talvez o ceticismo e o silêncio de seus representantes antigos (Pirro, Sexto Empírico, Arcesilau e Carnéades) e de alguns dos seus seguidores modernos (Montaigne e Bayle) tenham algo de positivo a dizer ao ceticismo e ao silêncio dos céticos pós-modernos.
Íntegra da Conferência - áudio/mp3
1ª Parte (18 min. - 6.4 mb)
2ª Parte (16 min. - 5.6 mb)
3ª Parte (19 min. - 7.3 mb)

José Raimundo Maia Neto é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, Mestre em Filosofia pela PUC-Rio e Doutor em Filosofia pela Washington University. Publicou os livros Machado de Assis, the Brazilian Pyrrhonian (Purdue University Press, 1994) e The Christianization of Pyrrhonism: Skepticism and Faith in Pascal, Kierkegaard and Shestov (Kluwer, 1995). Organizou, em parceira com Richard H. Popkin, o livro Skepticism in Renaissance and Post-Renaissance Thought: New Interpretations (Humanity Books, 2004).
Fonte
Uma excelente conferência sobre ceticismo, abordando desde o pirronismo até o ceticismo na atualidade, citando muitos conceitos que, apesar da gente não saber os nomes, são vivenciados por nós nas discussões diárias. Fiquei com vontade de transcrever o áudio, passar em texto. Aborda também filosofia da ciência, inclusive Popper.