Autor Tópico: Campanha para tratamento de "doenças esquecidas"  (Lida 655 vezes)

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Campanha para tratamento de "doenças esquecidas"
« Online: 08 de Junho de 2005, 13:26:52 »
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Força-tarefa lança campanha em defesa do tratamento de 'doenças negligenciadas'

Fernando Moreira - Globo Online

RIO - A cidade do Rio de Janeiro está na rota do lançamento nesta quarta-feira de uma campanha internacional para estimular o investimento no desenvolvimento de medicamentos, vacinas e diagnósticos que ajudem no controle de males como a doença de Chagas, a leishmaniose e a doença do sono, chamadas de neglicenciadas por não serem lucrativas aos grandes laboratórios e que são típicas de países pobres ou em desenvolvimento, matando mais cerca de 115 mil pessoas por ano.

A Iniciativa de Medicamentos para Doenças Neglicenciadas (DNDi, na sigla em inglês) - formada pela Fiocruz e outros institutos públicos de Quênia, Índia e Malásia, além do Instituto Pasteur, da França, e a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) - apresentará no Rio, em Londres e em cidades africanas e asiáticas um apelo que já conta com o apoio de 15 ganhadores de prêmio Nobel, entre eles o sul-africano Desmond Tutu e o timorense José Ramos-Horta. No Brasil já assinaram a petição a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, e o cantor Ney Matogrosso.

De acordo com os números do MSF, dos 1.393 medicamentos desenvolvidos no mundo entre 1975 e 1999 apenas 1% foi direcionado para tratar as doenças tropicais e a tuberculose que, juntamente com a Aids, também carecem de mais investimentos e pesquisa, advertiu com exclusividade ao GLOBO ONLINE Michel Lotrowska, representante no Brasil da Campanha de Acesso a Medicamentos do MSF e porta-voz no país da DNDi.

- A doença de Chagas, por exemplo, na sua fase crônica em adultos ainda não tem cura. Não recebe atenção das grandes indústrias de medicamentos. Mas a doença se torna lucrativa quando temos que tratar de suas conseqüências, como os problemas cardíacos. Para isso os grandes laboratórios têm remédios - disse Lotrowska.

Um dos grandes problemas enfrentados pela DNDi, prosseguiu Lotrowska, é a dificuldade de obter o número preciso de casos de doenças neglicenciadas no mundo:

- Acreditamos que haja uma subnotificação de casos bastante significativa. Há países que se dizem livres da doença de Chagas, mas muitas vezes são registradas mortes por parada cardíaca e se omite que a causa foi exatamente a doença de Chagas.

A DNDi apelará que uma força-tarefa composta por governo ricos e pobres e organizações intergovernamentais componha um fundo de US$ 3 bilhões para financiar a pesquisa de saúde em países pobres.

- Não queremos que os países dêem só dinheiro, mas que eles estabeleçam quais são suas prioridades, quais são as principais necessidades de seus povos - comenta Lotrowska. - Seria muito bom que houvesse uma parceria entre os setores público e privado - acrescenta.

Mesmo a pesquisa sobre a Aids, uma doença que recebe investimentos milionários no mundo, precisa de uma adequação à realidade dos países pobres, destaca o porta-voz da DNDi:

- A doença, mesmo com os 18 novos medicamentos e a criação do Fundo Global, ainda tem a pesquisa e o tratamento voltados para os países ricos. Assim, não há remédios com formulação pediátrica exatamente porque as crianças não são uma população seriamente atingida nos países ricos. Também facilitaria a produção de um remédio três-em-um, reduzindo a complexidade e os custos do tratamento nas nações carentes. Enfim, faltam pesquisa e desenvolvimento de medicamentos levando em conta as características dos países pobres.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 35 mil pessoas morrem por dia de doenças infecciosas - como a Aids, a malária e a tuberculose - e de outras que a indústria farmacêutica negligencia. Segundo a DNDi, 90% da população mundial é responsável pela compra apenas de 10% dos remédios produzidos.

A campanha internacional vai durar um ano, com uma série de eventos para conscientização de governos e companhias. Lotrowska sonha até com a realização de um show ao estilo do "Live Aid" (criado nos anos 80 para ajudar as vítimas da fome na Etiópia) em um país afetado pelas doenças negligenciadas:

- E seria muito bom que fosse no Brasil.





http://oglobo.globo.com/online/ciencia/168594945.asp

 

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