Autor Tópico: As grandes cidades e o número de Dunbar  (Lida 1137 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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As grandes cidades e o número de Dunbar
« Online: 28 de Dezembro de 2007, 04:21:19 »
150 é o número de Dunbar, representando o número "máximo" de humanos com os quais uma pessoa pode se relacionar de verdade, conhecer e etc, não apenas adicionar no orkut.

Robin Dumbar chegou nesse número correlacionando o tamanho do neocórtex nos primatas e os seus grupos sociais, e generalizando para o ser humano.

Qualquer que seja a precisão do número, é bem concebível que evoluímos originalmente para conviver em grupos bem menores. Quais seriam as conseqüências de se viver então em sociedades superpopulosas onde a maioria das pessoas não se conhecem?

Talvez nem sejam tão ruins, afinal, pode-se argumentar bem embasadamente que os humanos progrediram em civilidade bem rapidamente desde a origem das cidades e etc. Mas ainda é possível se perguntar se não podemos manter isso, e melhorar, se de alguma forma proporcionássemos menores concentrações populacionais.

Ou será que, apesar dessa limitação, apenas eventualmente formamos essas ~150 relações, sem que isso tenha qualquer impacto muito prejudicial às pessoas que estão fora desse grande círculo? (Que talvez possam ser meio "desumanizadas" por serem desconhecidas). Imagino talvez possa até ser meio ao contrário... como aquele princípio matemático de que quase todo ator "está ligado" ao Kevin Bacon por no máximo sete outros atores, e parece que o próprio orkut tinha qualquer coisa a ver com essa idéia. Talvez isso de certa forma expanda artificialmente esse número, não desumanizando as outras pessoas.

Por outro lado, há quem argumente que esse tipo de fator leva a necessidade do estado e de outros tipos de organizações como forma de contornar isso:



I studied zoology in the same department, though a few years later. Like Dr Ridley, I am a biological determinist: I believe that much of our behaviour is governed by our evolutionary history. I accept the evidence he puts forward, but draw completely different conclusions. Ridley believes that modern humans are destined to behave well if left to their own devices; I believe that they are likely to behave badly. If you belong to a small group of intelligent hominids, all of whom are well-known to each other, you will be rewarded for cooperation and generosity within the group. (Though this does not stop your group from attacking or exploiting another). If, on the other hand, you can switch communities at will, travel freely, buy in one country and sell in another, hire strangers then fire them, you will gain more from acting only in your own interest. You’ll have an even stronger incentive to act against the common good if you run a bank whose lending and borrowing are so complex that hardly anyone can understand what is happening.

Dr Ridley and I have the same view of human nature: we are inherently selfish. But the question is whether or not this nature is subject to the conditions that prevailed during our evolutionary history. I believe that they have changed: we can no longer be scrutinised and held to account by a small community. We need governments to fill the regulatory role vacated when our tiny clans dissolved.   


George Monbiot, "libertarians are the true social parasites"



Eu não sei bem como terminar a mensagem inicial do tópico, acho que pode já ser suficiente assim, tem coisas interessantes aí, talvez não gere discussão, não tenha nenhum ponto inicial, mas é interessante.

Offline Südenbauer

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Re: As grandes cidades e o número de Dunbar
« Resposta #1 Online: 28 de Dezembro de 2007, 08:14:04 »
Interessante, eu já parei para pensar nessas coisas várias vezes, e 150 é um número bem concebível.
___

Segundo o Varg Vikernes, o motivo crucial para a decadência do paganismo europeu para a adoção do cristianismo foi o crescimento populacional. A mitologia européia era uma religião tribal que envolvia muitos ritos complexos e conceitos complexos de deidades e o que elas significavam. Com a população crescendo a um número muito alto, os cultos não eram acessíveis a todos e muitos não eram iniciados no credo, simplificando as crenças a coisas mais simples que o cristianismo (não muito complexo) poderia se sobrepor facilmente. É bom lembrar também que o cristianismo é uma religião de massas, ao contrário do paganismo.


Offline Luis Dantas

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Re: As grandes cidades e o número de Dunbar
« Resposta #2 Online: 28 de Dezembro de 2007, 09:20:53 »
É uma idéia interessante.  De fato, parece evidente que não se consegue ver como "pessoas reais" muito mais do que 150 pessoas (se é que chega a tanto).

Será que há psicopatologias ligadas a essa mudança social?  Bipolaridade, por exemplo?  Passamos por tantas demandas sociais que não respeitam esse número de Dumbar que me parece possível.

Também me ocorre a possibilidade de que haja graus de conexão - por exemplo, posso especular que haja uma conexão mais plena com essas 150 pessoas da premissa, e um grau reduzido mas ainda significativo de, na falta de uma palavra melhor, "respeito" pelas potenciais vinte e duas mil que são meus conhecidos de "segundo nível", via conexão com um dos cento e cinquenta originais.  A partir daí já começam a virar "estatísticas", pessoas que só existem como conceitos numéricos quase fictícios.

Outra especulação que me vem é se esse não seria um argumento por uma política mais descentralizada, com mais autonomia regional (velha bandeira minha), e até mesmo se não ajudaria a explicar por que a corrupção política cresceu e a indiferença diante da mesma também.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Aronax

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Re: As grandes cidades e o número de Dunbar
« Resposta #3 Online: 10 de Fevereiro de 2008, 20:24:34 »
150 me parece até um numero grande demais para relacionamentos mais que superficiais.....quem sabe uns 50 mais chegados e já 100 num segundo nivel....?e os demais num terceiro nivel.....aí me parece mais razoável....
Uma verdade ou um ser podem ser vistos de vários pontos, porém a verdade e o ser estão acima de pontos de vista.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: As grandes cidades e o número de Dunbar
« Resposta #4 Online: 11 de Fevereiro de 2008, 01:54:14 »
Olá Aronax, estava meio sumido daqui hein?

Acho que nem é o caso de relacionamento "mais que superficiais", mas de pessoas que conhecemos mesmo superficialmente, mas com um senso de "comunidade", de ligação bem básico. Mas também até de antagonismo. Pessoas além dessas geralmente não são "ninguém", ou são pessoas mais "genéricas", acho. Não sei bem.

Me pergunto se a TV e os atores e personagens (ou mesmo livros, antes disso) também não ocupam esse "nicho cerebral".

Offline Aronax

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Re: As grandes cidades e o número de Dunbar
« Resposta #5 Online: 11 de Fevereiro de 2008, 20:13:59 »
Olá Aronax, estava meio sumido daqui hein?

Acho que nem é o caso de relacionamento "mais que superficiais", mas de pessoas que conhecemos mesmo superficialmente, mas com um senso de "comunidade", de ligação bem básico. Mas também até de antagonismo. Pessoas além dessas geralmente não são "ninguém", ou são pessoas mais "genéricas", acho. Não sei bem.

Me pergunto se a TV e os atores e personagens (ou mesmo livros, antes disso) também não ocupam esse "nicho cerebral".
É verdade....ando sumido mesmo, mas não por minha vontade...ocupações tem me mantiod mais distante....quem sabe no futuro volto a ter uma participação parecida com o que tive na STR....
Bem...sobre o assunto do tópico....concordo com vc....
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Offline Frango

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Re: As grandes cidades e o número de Dunbar
« Resposta #6 Online: 20 de Fevereiro de 2008, 16:05:30 »
E como é que se define o que são relacionamentos "de verdade"? Me parece subjetivo demais pra dar um número preciso como 150, por exemplo.

Mas esse nem era o assunto do tópico, né.

Eu acho que vivendo numa cidade de 10 milhões ou de 200 pessoas, a gente acaba se relacionando com um número bem limitado de pessoas (de maneiras diversas). E as coisas "macro" (corrupção, política), me parecem ser coisas muito abstratas, difíceis da gente se relacionar, relacioná-las com as coisas práticas do dia-dia. Sei lá, política numa tribo se resume a dividir a comida, as habitações, etc. Política em cidades é um negócio bem mais complexo e difícil de dominar, por causa das vontades todas de todas as pessoas e tal...

(hum... ficou meio confuso, acho... espero que entendam)
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