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Cientistas brasileiros apresentam fóssil de espécie desconhecida de crocodiloLeonardo Valente - O GloboRIO - Cientistas do Departamento de Geologia da UFRJ e o Laboratório Virtual de Paleontologia do Rio de Janeiro divulgaram nesta quarta-feira uma das descobertas recentes mais importantes da paleontologia brasileira. Trata-se do fóssil de uma espécie desconhecida de crocodilo, que viveu no interior de São Paulo no Cretáceo, há 90 milhões de anos. Foram encontrados 11 esqueletos em excelente estado de conservação.Os animais da espécie, chamada de Baurusuchus salgadoenses, chegavam a três metros de comprimento e 400 quilos. Segundo os pesquisadores, a anatomia sugere que o crocodilo tinha hábitos terrestres.
RIO - Ele tinha a anatomia de um assassino. O crânio estreito e alto permitia a formação de mandíbulas fortes e dentes afiados como navalhas. Viveu há 90 milhões de anos no interior de São Paulo e hoje é uma das descobertas mais valiosas da paleontologia brasileira. O Baurusuchus salgadoenses, uma espécie de crocodilomorfo desconhecida até então, teve sua descoberta anunciada ontem por pesquisadores brasileiros, no Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).O animal chegava a medir três metros e pesava cerca de 400 quilos. Com patas cumpridas, ao contrário dos crocodilos de hoje, tinha hábitos terrestres e provavelmente caçava em bandos. Todas essas informações puderam ser obtidas graças a descoberta, há três anos, dos fósseis mais bem conservados já encontrados no Brasil. Onze esqueletos praticamente completos foram encontrados no município de General Salgado, no interior de São Paulo. Alguns deles tinham até mesmo pedras estomacais (que facilitavam a digestão) dos animais fossilizadas. Desde então, os cientistas trabalharam na identificação do animal e no estudo de seus possíveis hábitos.- Logo percebemos que se tratava de uma espécie desconhecida. Essa, sem dúvida, é a maior descoberta paleontológica da América do Sul. Devido ao excelente estado dos fósseis, será possível descobrir detalhes sobre o modo de vida do animal, assim como novos dados sobre o ambiente em que ele vivia, no período Cretáceo - explicou o pesquisador da UFRJ Pedro Henrique Nobre, um dos responsáveis pela pesquisa.A boa conservação dos esqueletos tem como motivo as condições climáticas da São Paulo pré-histórica. Na época em que vivia o crocodilo, toda a região do Oeste do estado era ocupada por amplos rios e lagos temporários. O clima, muito mais quente que o atual, era seco e o ambiente muito árido. Os crocodilosmorfos foram os répteis que melhor se adaptaram a esse cenário inóspito. Com a chegada de grandes chuvas torrenciais, muitos desses animais, que estavam juntos por causa da seca, morriam ao mesmo tempo e seus corpos eram presos juntos as rochas, sendo fossilizados com o tempo.- As chuvas chegavam como grandes catástrofes, provocando alagamentos gigantescos e rápidos. Isso facilitou a fossilização dos corpos - explicou Nobre.A descoberta foi reportagem de capa da revista "Gondwana Research", publicação internacional voltada para pesquisas paleontológicas. A repercussão internacional da descoberta tem como motivo a importância dela para o entendimento sobre os movimentos migratórios de animais e até mesmo sobre a posição dos continentes na época.- Animais semelhantes foram encontrados no Paquistão, e agora nos fazem crer que os crocodilos saíram da América do Sul, pela Antártida, em direção à Índia. Portanto, essas três regiões estavam mais próximas e tinham uma ligação por terra - disse o pesquisador.