Autor Tópico: Perspectiva intencional  (Lida 870 vezes)

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Offline Adriano

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Perspectiva intencional
« Online: 30 de Dezembro de 2007, 12:44:21 »
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Perspectiva intencional

A estratégia básica da perspectiva intencional consiste em tratar como se fossem agentes um determinado tipo de entidades ou coisas, quando os estamos a analisar e pretendemos explicar e prever num certo sentido os seus movimentos ou acções.

É preciso esclarecer o conceito filosófico de intencionalidade. Este conceito não tem o significado do usado vulgarmente. A intencionalidade no sentido filosófico é simplesmente o “acerca de”.

Por exemplo em relação ao Deep Blue, o computador que joga xadrez, aplicamos a nossa perspectiva intecional quando procuramos prever a jogada que ele vai fazer, independentemente de pressupormos ou não que corre subjacente um programa que foi concebido por humanos para responder suficientemente bem à função para que foi destinado. Prevemos o comportamento do computador como se fosse um agente racional.

Os sistemas intencionais são por definição todas as entidades, e apenas estas, cujo comportamento é previsível ou explicável pela perspectiva intencional. Assim, tanto as paramécias como os termostatos e uma infinidade de entidades até aos seres humanos e computadores que jogam xadrez, são considerados sistemas intencionais dentro desta perspectiva, embora alguns sejam bem mais complexos que outros.

A perspectiva intencional atribui a estes sistemas intencionais crenças e desejos, e nessa base recebem o estatuto de agentes com objectivos e necessidades.

Como nós no nosso dia-a-dia tendemos a usar estre truque especial, a aplicação da perspectiva intencional a outras entidades, e como nós temos as mentes que temos, leva-nos a resvalar facilmente para o hábito de atribuir o mesmo tipo de mente a entidades que efectivamente não a têm. Tendemos a impôr-lhes, os nossos próprios modos de proceder e assim corremos o risco de distorcer a realidade.

A forma fundamental de atribuição de estados mentais a sistemas intencionais é constituída por frases que exprimem aquilo que se chamam atitudes proposicionais. As proposições são os significados abstractos partilhados por todas as frases que significam o mesmo.

Não se deve confundir intencionalidade com intensionalidade com “s”. Este, é um outro termo técnico da lógica, que se refere aos conteúdos proposicionais do pensamento humano. As palavras ou símbolos de uma linguagem podem ser divididas em palavras lógicas ou funções e os termos em predicados. Todos os termos ou predicados que têm um sentido são a extensão, e a coisa ou conjunto de coisas a que se refere constitui a intensão – o modo particular como essa coisa ou conjunto de coisas é identificada ou determinada. A intensão com “s” é o significado da extensão.

Os termos “água” e “H2O” são extensões para designar a mesma coisa ou intensão. Portanto, uma vez que água é H2O, qualquer coisa que se diga e que seja verdadeira acerca de água usando o termo “água” será igualmente verdadeira ussando o termo “H2O”.

http://ferndias.blogspot.com/2007/10/perspectiva-intencional.html

Um texto introdutório sobre esse tema instigante.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Twinning Hook

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Re: Perspectiva intencional
« Resposta #1 Online: 07 de Janeiro de 2008, 14:16:25 »
Acho ate que esse perspectiva intencional funciona melhor nos inanimados do que nos humanos, e' muito mais facil prever as acoes de algo que funciona baseado em um protocolo.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Perspectiva intencional
« Resposta #2 Online: 07 de Janeiro de 2008, 16:55:52 »
Eu conhecia isso como "falácia antropomórfica". É bem útil quando se está tentando explicar certos conceitos físicos. Isto é, você associa provisoriamente uma intenção a algo inanimado (daí que tenha sido chamada de falácia - só que a gente a utiliza sabendo de antemão que se trata de uma falácia).

Por exemplo, se um professor quer explicar aos estudantes que os sistemas físicos tendem a evoluir de forma a minimizar a energia livre, podemos dizer que é como se o sistema "quisesse" ir para um estado de menor energia. Claro que não existe intencionalidade aí, mas isso ajuda os alunos a absorver mais facilmente esses conceitos.

É o que dá ter o cérebro de um primata social...
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Adriano

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Re: Perspectiva intencional
« Resposta #3 Online: 24 de Fevereiro de 2010, 12:18:00 »
A perspectiva intencional é muito aplicada na biologia para mostrar como a vida funciona. Já que no fundo é tudo um amontoado de matéria com o objetivo de replicabilidade e continuidade.

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O adaptacionismo, defende Dennett (1996, p. 238) em oposição a Gould
e Lewontin (1979), não é uma opção para o biólogo evolutivo, mas sim “o
coração e a alma da biologia evolutiva”.
Nessa vasta área disciplinar, diante
de toda estrutura orgânica, o darwinismo nos leva a realizar um tipo de retroengenharia
(reverse enginnering), ou de hermenêutica do ser vivo (DENNETT,
1996, p. 212), cuja lógica e cujas dificuldades (LEWENS, 2002, p. 27) são
semelhantes à lógica e às dificuldades apresentadas pela análise de um
arqueólogo ou de um historiador que tenta reconstruir a finalidade de uma
ferramenta ou de uma máquina antiga (DENNETT, 1996, p. 214).
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O darwinismo atual, entretanto, ao levar mais em conta o ponto de vista
econômico, nos faz pensar que uma estrutura adaptativa não só deve poder
resolver um problema colocado pelo ambiente, mas deve fazê-lo a um custo
sustentável; e, às vezes, o melhor resulta caro demais (CRONIN, 1991, p. 66).
Porém, além disso, é esse mesmo ponto de vista não-panglossiano que nos
permite entender que certas características produzem algumas claras
desvantagens para seus portadores. Tais desvantagens podem ser consideradas
como custos compensados por benefícios que essa mesma estrutura produziria,
mas que nos ainda desconhecemos, ou como custos compensados pelos
benefícios produzidos por uma segunda estrutura, cuja presença supõe ou
implica a presença da primeira (CRONIN, 1991, p. 67). O ponto de vista
econômico, longe de limitar ou moderar o programa adaptacionista, o completa,
amplia e fortalece.


Como pensam as espécies
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