Autor Tópico: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush  (Lida 1637 vezes)

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Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Online: 23 de Janeiro de 2008, 05:05:27 »
Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush, e cresce o medo de recessão nos EUA

Fed antecipa corte de juro, mas a medida ainda não convence, como a ajuda aos endividados

A azia nas bolsas e mercados financeiros em escala global, e no Brasil fez a Bovespa despencar quase 7% e impulsionou o dólar a R$ 1,83 - só não sendo uma débâcle total devido ao feriado segunda-feira nos EUA -, foi a reação duríssima ao plano fiscal anunciado sexta-feira pelo presidente George W. Bush para tentar amenizar, já que não há mais tempo para evitar, os efeitos da recessão na economia americana.

O coice foi tão violento que na volta do fim de semana prolongado e depois de se constatar outro massacre das bolsas na Ásia, o Fed, Federal Reserve, banco central dos EUA, resolveu antecipar-se à sua reunião do dia 30 e anunciou um grande corte da taxa básica de juros, trazendo-a de 4,25% ao ano para 3,5%.

Era preciso agir e rápido antes que a razia das bolsas mundiais provocasse um crash em Wall Street tão logo soasse o gongo abrindo os trabalhos no pregão da Bolsa de Nova York. Graças à rapidez do Fed a Bovespa recuperou as perdas de segunda-feira e o dólar recuou para menos de R$ 1,80.

A carga de cavalaria dos gestores de dinheiro em todo mundo soou como um toque de debandada dos ativos financeiros considerados de risco, razão da corrida de venda precipitada pelo capital externo nos mercados do Brasil, e de desmontagem de operações alavancadas feitas com recursos emprestados em mercados com juros baixos para aplicação em outros de maior retorno relativo. É o caso hot money investido no país para se aproveitar da Selic em assimetria com as taxas no resto mundo. Em pânico, ninguém se salva, tudo afunda.

A debandada dos capitais, que em tempos de medo buscam refúgio em aplicações conservadoras, como títulos do Tesouro dos EUA, ouro e mesmo dinheiro sonante, repercute a constatação de que as medidas anunciadas por Bush são fracas e até equivocadas para responder ao problema central da crise que devasta os ativos dos bancos, fundos e conexos, lá e na Europa. A crise foi detonada pela inadimplência no mercado de hipotecas, e o governo Bush responde cartesianamente com um pacote de estímulos fiscais ainda não detalhado para puxar o consumo por meio de cheques de devolução de impostos.

Se fosse por escassez de demanda a ameaça que se avizinha de uma recessão generalizada, a providência seria aceitável. Só que esta é uma crise de confiança, expressa pela dificuldade dos bancos dos EUA e até da zona do euro em encontrar tomador para os títulos que carregam em carteira ou para renovar os que estão em circulação. É o que se apura a cada trimestre, quando divulgam seus resultados - e tem sido assim desde julho -, tingidos por brutais prejuízos.

Eles vêm do lançamento contábil de perdas com os títulos emitidos para lastrear operações de antecipação de receita de empresas e os financiamentos imobiliários ou, mais graves ainda, dos empréstimos pessoais amparados em hipotecas. Sem liquidez para seus papéis, os bancos contraem os empréstimos, começando pelos pessoais e para o consumo, provocando o chamado crunch, que asfixia os negócios pela falta de quem os financie. O pacote de Bush é inócuo contra isso.

Inferno de Greenspan

A banca nos EUA entrou neste inferno pelas próprias pernas e com a cumplicidade do Federal Reserve comandado pelo então gênio da raça Alan Greenspan, cuja respeitabilidade técnica desaba na mesma medida em que se amplia a crise bancária.

Ela começa como seqüela dos juros incrivelmente baixos de 2001 a meados de 2004, obra de Greenspan contra seu temor na época: uma deflação provocada pelas exportações chinesas e amplificada pelo pessimismo após os ataques terroristas de setembro de 2001.

Com juro básico de 1% e inflação a 2%, a banca não sobreviveria só com empréstimos papai com mamãe. Surgem, assim, as esquisitices financeiras que hoje ninguém quer.

Lastro de alto risco

A banca transformou fluxos de recebíveis em títulos - vindo daí o nome derivativo, de derivação de uma dívida em outra - comprados por outros bancos e fundos de investimento de todo tipo, sobretudo de hedge, dos EUA e Europa, o que explica porque a crise americana também bateu nos mercados europeus.

Endividamento pessoal contra a hipoteca de casas e recebíveis de cartão de crédito davam o lastro destes títulos. Muitos fizeram duas, três hipotecas, e a banca aceitando, pois o preço do imóvel continuava subindo. Quando o Fed mudou a biruta dos juros, a quebradeira virou questão de tempo.

Corda para enforcado

Os mercados globais reagiram tão mal ao pacote de Bush porque a resposta não é dar mais corda a um consumidor já superendividado para continuar gastando acima de suas posses, mas restabelecer a confiança sobre a solvência bancária. A asfixia do crédito depende da reabertura plena do mercado interbancário, permitindo escoar o dinheiro empoçado - e a sua falta é que põe em risco a economia.

A normalidade virá quando existir a certeza de que a banca está sólida e que os papéis micados foram digeridos. O pacote fiscal de Bush não atende tal necessidade, além de agravar o déficit externo do país, que enfraquece o dólar e ameaça a estabilidade global.

A impressão é que a harmonia entre os bancos centrais da Europa e dos EUA nas operações de socorro à liquidez bancária, injetando um volume de mais de US$ 500 bilhões diretamente nos bancos afetados pelo fechamento do mercado interbancário, não se estende às taxas de juros da política monetária.

Nos EUA ela tende para baixo. O Banco Central Europeu, hipnotizado pelo temor atávico da inflação, sustenta a taxa básica, agravando o desequilíbrio entre o euro apreciado e o dólar cada vez mais fraco.

A China também potencializa os efeitos recessivos latentes ao pôr em conflito medidas para aquecer o consumo com receios de escalada da inflação, que combate com congelamento de preços de alimentos e contração de crédito. A persistir esses desacordos globais, à base do cada um por si, aí que não se salva ninguém e será o pior.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/42001_43000/42237-1.html

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #1 Online: 23 de Janeiro de 2008, 05:38:21 »
Melhor já ir trocando suas economias por dólares...

Offline Rodion

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #2 Online: 23 de Janeiro de 2008, 07:55:52 »
eu não compraria dólares...
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Tarcísio

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #3 Online: 23 de Janeiro de 2008, 08:07:42 »
Vamos as apostas senhores.

Offline Luis Dantas

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #4 Online: 23 de Janeiro de 2008, 08:14:08 »
Comprar dólares é exatamente o que não convém agora.
Wiki experimental | http://luisdantas.zip.net
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline FxF

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #5 Online: 23 de Janeiro de 2008, 12:34:15 »
Comprar dólares é exatamente o que não convém agora.
Você tem que comprar quando está em baixa, não quando está em alta...

Offline Rodion

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #6 Online: 23 de Janeiro de 2008, 13:34:01 »
Comprar dólares é exatamente o que não convém agora.
Você tem que comprar quando está em baixa, não quando está em alta...

e também quando você tem algum motivo pra achar que ele vai subir em não muito tempo. vai rolar muita pedra ainda até o fundo do vale. imagine que alguém compre dólares agora com o intuito de ganhar dinheiro; é improvável que ele se valorize até o próximo ano, mais improvável ainda que ele valorize em até 30% em um espaço de 3 anos. mas mesmo nesse cenário improbabilíssimo de uma valorização de 30% nos próximos três anos, você estaria tendo aí um retorno anual de 10% em relação o que investiu, que é quase o que rende na poupança só que muito mais arriscado. seria um investimento terrível mesmo no cenário otimista, imagina no pessimista.
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Offline FxF

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #7 Online: 23 de Janeiro de 2008, 18:37:37 »
Dinheiro não cai do céu, também, né...

Mas prefiro trocar por dólares do que poupança.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #8 Online: 23 de Janeiro de 2008, 19:11:53 »
Dinheiro não cai do céu, também, né...

Mas prefiro trocar por dólares do que poupança.

O melhor é colocar o dinheiro em aplicaçoes de renda fixa. Rendem mais do que a poupança. Investir em dólar agora é,
com o perdao da franqueza, burrice. Nao faça isso.
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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #9 Online: 24 de Janeiro de 2008, 02:37:57 »
Temor de crise cujas causas lembram depressão de 29 sacode o Fed, mas continuam os riscos

O que se aguarda são providências no sentido de aferir e atestar a situação real de solvência da banca

O gigante tremeu, piscou, e não esperou um dia mais para acusar o golpe da reação adversa dos mercados às inciativas anunciadas para frear os sinais de recessão nos EUA. Depois da segunda-feira negra para as bolsas em todo o mundo, ficando de fora apenas as dos EUA beneficadas pelo feriado em memória de Martin Luther King, seguido de quedas ainda piores na terça asiática, quando a Bolsa de Xangai desabou 7,2%, a de Mumbai, Índia, chegou a ser fechada quando caía 10% e a de Tóquio afundou 5,5%, o Federal Reserve, banco central dos EUA, acordou cedo na terça-feira travestido de bombeiro.

Numa decisão extemporânea horas antes da abertura das bolsas de Nova York e da Nasdac e a oito dias de sua reunião regular para examinar a situação dos mercados e da economia e indicar a taxa do Fed Fund, equivalente à Selic, para fevereiro, o Federal Reserve anunciou o corte de 0,75 ponto de percentagem do juro básico - o maior desde outubro de 1984 -, e não escondeu a sua inquietação.

A deterioração da economia nos EUA é real. Na nota explicativa, a direção do Fed, presidida pelo economista Ben Bernanke, justificou o corte fora de época pelo “aumento dos riscos para o crescimento” econômico e o “enfraquecimento das projeções da economia”.

Embora, segundo a nota, a consolidação das dívidas flutuantes de curto prazo tenha melhorado, as condições no mercado financeiro em geral “continuam se deteriorando”, apertando o crédito para alguns setores empresariais, incluindo o de imóveis - epicentro da crise bancária nos EUA, que também respingou na Europa, desde o estouro da bolha de especulação com hipotecas em julho passado.

A iniciativa apressada do Fed foi interpretada como sinal de que os desdobramentos adversos da crise financeira serão enfrentados com artilharia pesada, como a redução do juro básico de 4,25% para 3,5%, e já se especula outro corte, de 0,25 a 0,5 ponto percentual na reunião do Comitê de Mercado Aberto, o Copom deles, dia 30.

Foi uma medida forte, que recolocou a Bovespa em alta e deteve a queda do real. Mas nas bolsas européias, depois de oito dias de queda batida, o impacto foi menor, com a recuperação não chegando a se reverter em alta em algumas praças. Na quarta, as bolsas asiáticas ainda demonstraram alívio, subindo.

Na zona do euro, porém, depois que o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, descartou acompanhar o Fed e baixar também os juros, dizendo que a prioridade é a inflação, as bolsas minguaram. O pessimismo voltou a se alastrar, contaminando também os mercados nos EUA.

O juizo que se vai espalhando entre os estrategistas dos mercados financeiros e os analistas da economia real é que os tempos atuais tendem para uma recessão nos EUA e Europa e desaceleração forte na Asia e algumas economias emergentes, podendo aí estar o Brasil.

Bancos das sombras

A intensidade do ajuste e a sua duração estão em aberto. Eles vão depender do tempo para o preço dos ativos reais inflados por uma condição de mercado que deixou de existir - crédito farto e risco desprezado, como imóveis nos EUA e em alguns países europeus, tipo Espanha, Irlanda e Inglaterra – se reduza até se enquadrar à nova condição de liquidez restrita e seletiva para aplicações de risco.

Em paralelo, aguardam-se providências dos xerifes do mercado no sentido de aferir e atestar a situação real de solvência da banca, já que continua e até se ampliou a desconfiança de que haja o que se cunhou de “shadow banking system” – um outro sistema bancário operando nas sombras pela própria banca formal, para carregar uma parte dos papéis que emitiu à margem dos orgãos de fiscalização.

Dúvida de trilhões

Fundos e sociedades de propósito especial, chamadas de SIV, foram criados para desempenhar tal papel. Alguns bancos, como Citibank e HSBC, sem reconhecer formalmente esta prática, admitiram como de sua responsabilidade o resgate de papéis em poder de fundos e SIVs supostamente externos.

A dúvida é se há mais micos escondidos das contabilidades formais da banca num mercado em que os derivativos de contratos de dívida e de transações com títulos financeiros e moedas ultrapassam a estonteante cifra de US$ 140 trilhões.

Paralelos com 1929

Este é o impasse real, contra o qual medidas fiscais para aliviar devedores inadimplentes com hipotecas, como anunciou o presidente Bush, e o corte de juros do Fed ajudam, mas não resolvem.

Como diz o ex-executivo do Federal Reserve de Atlanta Bob Eisenbeis, o que está em causa é a solvência da banca, que se resolve com admissão das perdas e escrituração das baixas, não com “adições de capital novo para evitar o reconhecimento dos prejuízos”.

Assusta que este seja o mesmo motivo que agravou a grande depressão de 1929. Lá também se quis tapar o mau cheiro dos títulos apodrecidos, que por sua vez resultavam da longa licenciosidade creditícia da banca – causa da inflação de ativos.

Como se constatou então, não há só inflação de preços de mercadorias e serviços, mas também de papéis financeiros quando dívidas são contraídas com facilidade graças ao relaxamento de restrições monetárias, a déficits públicos fiscais, à ganância do sistema bancário e à cobiça dos investidores.

Os EUA estão perto deste raro fenômeno econômico, que foi mortal para a economia mundial no fim dos anos 20 e início dos 30 e fez tombar o Japão depois de 1990, abrindo a longa noite de estagnação da qual não se recuperou bem até hoje. Nos dois casos, a deflação dos ativos de dívida foi exaurindo a capacidade de empréstimos da banca, que contrai a atividade econômica quanto mais tempo durar o processo de ajuste. É desse pesadelo que os EUA lutam para fugir.

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #10 Online: 24 de Janeiro de 2008, 02:56:05 »
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BCs perderam o controle, dizem participantes de Davos
 
Os Bancos Centrais perderam seu foco e o controle sobre a administração da economia, na avaliação de uma enquete realizada entre cerca de 300 participantes do Fórum Econômico Global, que começou nesta quarta-feira em Davos, na Suíça.

Dos participantes da enquete, 59% disseram concordar com a afirmação, contra 41% que disseram discordar.

Porém, quando questionados se acham necessário um novo “xerife” para controlar os mercados financeiros globais, 75% dos participantes se disseram contra.

A enquete foi realizada com um equipamento de votação automático colocado nas cadeiras do auditório em Davos onde acontecia o debate intitulado “Quem está no comando?”, com a participação de vários “grandes nomes”, como o prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz, o megainvestidor George Soros e o ex-secretário do Tesouro americano John Snow.

Stiglitz, discursando em defesa da tese de que os Bancos Centrais perderam seu foco, afirmou que a atual crise e a turbulência dos últimos dias nos mercados mundiais são “as conseqüências previsíveis de uma má administração econômica”.

Para ele, mesmo com sinais de uma possível crise há vários meses, os principais Bancos Centrais do mundo não tomaram medidas para contê-la, ou quando tomaram, o fizeram “tarde demais”, numa referência ao corte na taxa de juros determinado na terça-feira pelo Fed, o Banco Central americano.

Para Lawrene Summers, ex-reitor da Universidade Harvard e secretário do Tesouro americano no governo Bill Clinton, os Bancos Centrais têm a capacidade de gerar prosperidade com suas ações, mas quando cometem erros podem provocar graves conseqüências negativas.

Para ele, é difícil dar aos Bancos Centrais uma boa avaliação em sua capacidade de, nos últimos anos, “reconhecer as bolhas (do mercado) e atacá-las”. “Nos últimos seis meses as bolhas vêm estourando e os Bancos Centrais têm ficado para trás”, disse.

Papel importante

John Snow foi a principal voz dissonante no debate, defendendo que os Bancos Centrais vêm tendo um papel importante e um bom desempenho nos últimos 20 anos, garantindo o controle da inflação e das expectativas inflacionárias e também a manutenção do crescimento econômico mundial.

Para Snow, a atitude do Fed na terça-feira mostra que os Bancos Centrais ainda são capazes de tomar medidas “fortes e vigorosas” quando necessário.

Ele admitiu, porém, que “existem limitações” nessas ações e que os Bancos Centrais poderiam ter feito um pouco mais ou algo diferente, mas afirmou que não existem dúvidas de que eles agiram quando necessário.

Segundo ele, os Bancos Centrais não podem prever com exatidão o que vai ocorrer com o mundo no futuro. “Mas quem pode?”, questionou.

Novo xerife

A idéia de que os mercados mundiais necessitam de um novo órgão de controle foi defendida no debate por George Soros.

Em sua avaliação, esse eventual novo xerife deveria substituir o chamado Consenso de Washington, que pregava a capacidade de auto-regulação dos mercados.

Outro participante do debate, o secretário-geral da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Angel Gurría, disse que não há a necessidade de uma nova organização, apenas de uma melhor interação entre os atuais organismos.

Segundo ele, esse problema de comunicação e de incapacidade para a distribuição de informações ocorre apesar dos vários encontros e reuniões mantidas por essas organizações.

“Precisamos de uma melhor coordenação e uma comunicação muito melhor”, afirmou.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/01/080123_davosbancoscentrais.shtml

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Após 'prever' crise, economista espera 'ano duro' para emergentes
 
O economista Nouriel Roubini, professor da New York University e um dos primeiros analistas econômicos a prever uma crise no mercado de crédito imobiliário americano, afirmou nesta quarta-feira que os países emergentes não terão como escapar de "um ano duro" pela frente.

Durante a sessão de abertura do Fórum Econômico Mundial, que começou nesta quarta-feira em Davos, na Suíça, Roubini acrescentou que os países "com os melhores fundamentos econômicos vão se sair melhor (na crise) do que os que têm piores fundamentos".

Para o economista, o bom momento verificado pelos países emergentes nos últimos anos não foi somente uma conseqüência das políticas econômicas adotadas por eles, mas também da sorte pelo bom momento da economia mundial.

Roubini fez as declarações ao ser questionado se adotaria a mesma postura que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou estar tranqüilo e não ver uma ameaça ao Brasil em conseqüência da crise, apesar de dizer que está acompanhando de perto seus desdobramentos.

Desaceleração

Outro importante analista, Stephen Roach, economista-chefe do banco de investimentos americano Morgan Stanley na Ásia, reforçou a avaliação de que o Brasil e os demais países emergentes não terão como escapar dos impactos que uma possível recessão nos Estados Unidos pode ter sobre a economia global.

Roach, que também alertou para o risco de uma recessão americana antes da confirmação da crise de crédito imobiliário nos Estados Unidos, afirmou estar otimista sobre o potencial de crescimento dos países emergentes neste ano, principalmente China e Índia.

O analista, no entanto, advertiu que somente esse crescimento pode não ser capaz de compensar a desaceleração americana em termos globais.

Segundo Roach, a noção de que a economia dos países emergentes pode se desgrudar e se tornar independente da dos países ricos pode se mostrar "uma fantasia".

O ministro indiano para o Comércio e a Indústria, Kamal Nath, também presente na abertura do fórum, em uma mesa de discussões sobre o panorama da economia global para 2008, também disse acreditar ser impossível para os países emergentes ficarem totalmente imunes a uma recessão americana.

Para Nath, porém, o impacto da crise americana poderá "não ser o que já foi no passado".

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/01/080123_crisedavosrw.shtml

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #11 Online: 24 de Janeiro de 2008, 08:35:21 »
a matéria é do dia 17, mas..
http://www.economist.com/world/la/displaystory.cfm?story_id=10534864

This time it will all be different

Jan 17th 2008 | SÃO PAULO

Why Brazil is better placed than it used to be to cope with a world slowdown

BRAZILIANS know about economic and financial crises. The squalls afflicting America and threatening Europe look like a gentle breeze when compared with the frequent and violent blow-ups that litter Brazil's economic history. Much of the problem has been Brazil's vulnerability to shocks imported from around the rest of the globe. So what might happen if the economies in the rich world stumble again this year?

Recent precedents do not look good. Since the introduction of a new currency, the real, in 1994, which serves as the year zero for economic policy, growth has picked up to a reasonable rate three times. Each time, points out Eduardo Giannetti da Fonseca, an economist, people have speculated that Brazil was at last on the road to a bright new future. And each time something has come along to puncture this optimism: in 1998 it was the Asian financial crisis, in 2001 Argentina's bond default and in 2005 a rapid rise in inflation.

Now bullishness is abundant once again. The economy grew at an estimated annualised rate of 6% in the final quarter of last year (which is probably too fast). The Bovespa, Brazil's stockmarket, jumped by 60% in value during 2007. And yet even though recent history counsels caution, there are reasons to believe that the economy should cope better with whatever the world throws at it.

“Brazil has never been so well placed to face a downturn,” says Mailson da Nobrega, finance minister from 1988 to 1990, a period that coincided with an inflation crisis. He now works for Tendencias, a consultancy. Arminio Fraga, who was in charge of the central bank during the Argentine collapse and the bond market's swoon at the prospect of Luiz Inácio Lula da Silva's election as president, cautiously agrees. “A lot has been driven by favourable winds,” says Mr Fraga, who now runs Gavea, an investment fund. “If they stop then we are not in a position to blow up, but it won't be irrelevant.”

What changed? First, domestic demand is strong. Brazil's headline real interest rate is just below 7% which, as Alexandre Bassoli of HSBC bank points out, would tip most countries into recession, but is low by Brazilian standards. The result has been a flowering of credit, which helped domestic demand grow by an annualised rate of almost 7% in the third quarter. It would take a sharp rise in rates to kill this off, and that looks unlikely.

Second, Brazil is fairly well integrated into world markets. It is not overly dependent on America, which accounts for less than a fifth of exports. The remaining four-fifths are reasonably well spread between Europe, Asia and the rest of Latin America. Admittedly, most of what Brazil produces for foreign consumption is in the form of primary goods (from orange juice to footballers), which means that export growth correlates strongly with commodity prices. But exports are not made up of any single commodity (unlike oil-rich Venezuela's, for example). “Even if China buys less Brazilian iron ore, the hope is that Chinese people will keep eating Brazilian protein,” says Jose Mendonca de Barros of MB Associados, a consultancy.

Third, Brazil is less vulnerable to financial shocks than it once was. A large part of this is due to a combination of a central bank that acts independently and transparently, publishing minutes of meetings promptly on its website; and a floating exchange rate, adopted in 1999. Before then, whenever the current account deteriorated, the central bank was forced to hike rates, killing growth.

Brazil has retired its dollar-denominated debt, which has been a source of trouble in earlier financial crises. In the past, when the currency depreciated this debt ballooned, causing further problems. Now that government debt is denominated in reais, a similar move in the exchange rate reduces government liabilities. This was tested in August last year, when the real lost 11% of its value in a couple of weeks, and the government debt effectively shrank. Foreign direct investment is strong, and Brazil now holds more dollars than it owes, a happy development that has led to misguided suggestions of setting up a sovereign wealth fund.

Even so, Brazil is clearly far from immune to what happens in the rest of the world. The economy also seems to be moving into a less benign phase. After years of big surpluses, the current account looks set to run a small deficit this year. Inflation, which had been falling, picked up toward the end of last year to give an annual inflation rate in December of 4.5%. That is right on the central bank's target, and forecasters expect inflation to increase only slightly this year. But markets have been wrong on this before.

Moreover, the economy still suffers from problems that make growth above 5% look like a stretch. Government debt is still too high, Brazil invests too little, and the government takes too much for itself, spending it on things that do little to raise the economy's potential. “The easy part of growth is over,” says Mr da Fonseca. But if Brazil is able to sustain steady growth without being blown off-course by events elsewhere, the country will look very different in ten years' time.
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Rhyan

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #12 Online: 24 de Janeiro de 2008, 09:10:20 »
Queria entender melhor a opinião libertária de desfazer o Banco Central.

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #13 Online: 25 de Janeiro de 2008, 01:22:37 »
A crise é bancária, mas o pau torto são os déficits dos EUA, fonte da riqueza e riscos globais

Problema é mais de overdose de crédito e regulação frouxa que de liquidez, ainda muito elevada no mundo

Mercados financeiros e partidos políticos não são de andar juntos nem têm bom conceito um do outro em qualquer parte do mundo. Mas é só o governo, qualquer governo, fazer o que querem para que emulem o, digamos, PMDB brindado com outro ministério: abrem o sorrisão e por algum tempo se comportam. É quando encenações se confundem com acontecimentos reais e se perde a noção entre crise e pura manha.

Os mercados globais reagiram assim à assustada corrida do Federal Reserve (Fed) contra o incêndio nas bolsas globais, antecipando o corte dos juros básicos previsto apenas para a reunião já agendada do dia 30. As bolsas asiáticas, onde tudo começa pela diferença de fuso horário, agradeceram repondo altas tão performáticas quanto as quedas passadas. Mas as européias bateram pé: o Banco Central Europeu estragou a festa ao descartar que também baixará os juros.

O Fed foi mais ágil que o presidente George W. Bush, que saiu a campo para tentar evitar a recessão nos EUA anunciando um pacote de rebate de impostos para o consumidor. Só que o plano, anunciado na sexta-feira e responsabilizado pelo ataque de pânico nas bolsas pela sua timidez, ainda não foi detalhado e depende de aprovação do Congresso, enquanto o Fed é só com ele mesmo.

O Fed Fund caiu de 4,25% para 3,5% ao ano, e a taxa do redesconto bancário foi arredondada em 4%. Mas tal como o PMDB, que depois de levar um ministério quer as estatais anexas, ainda ecoava a nota do Fed quando começaram a circular pelas redes de computadores em tempo real “avaliações” de porta-vozes da banca antecipando outro corte na reunião regular do dia 30 de 0,25 a 0,5 ponto percentual.

Nem isso, a este ponto, parece capaz de deter a onda recessiva em formação na economia americana, e com sinais ameaçadores também em vários países da zona do euro, no Japão e na China - cada um com suas próprias mazelas econômicas, pressões sociais e uma agenda de litígios políticos em desacordo com a inflação e a taxa cambial.

A esse cenário se adicionou a crise financeira formada na franja subprime do mercado de hipotecas dos EUA e que já se espalhou para os demais ativos de dívida, pondo em risco a solvência bancária e a normalidade do crédito para financiar a economia.

Doença mais grave

O que virá pela frente? Difícil prever. A crise financeira é só um dos componentes da instabilidade econômica mundial. Ela é mais de overdose de crédito e regulação frouxa que de liquidez - ainda muito elevada, até por conta das maciças reservas de divisas dos países exportadores de petróleo e das economias emergentes, China à frente.

Anterior à crise gerada na licenciosidade das hipotecas, no entanto, há outra doença mais grave para a economia mundial: os déficits gêmeos dos EUA, comercial e fiscal. Eles vêm de longe e respondem pela contradição que coloca a estabilidade da economia global a dançar em cima de um fio de aço esticado no precipício.

Exportador de vento

A inadimplência do subprime das hipotecas, o crash dos títulos derivativos, os prejuízos da banca e a instabilidade das bolsas, tudo refletindo a ameaça de recessão da economia real nos EUA e, por arrastão, no resto do mundo, tirou foco do que originou esta situação: a drenagem das poupanças do mundo pelos EUA.

Sem elas, a farra de uma economia armada para “exportar” papéis financeiros e importar bens de consumo, como automóveis do Japão e eletrônicos e têxteis da China, nem teria existido. Os EUA de hoje lembram o Brasil depois do Plano Real: tudo funcionou às mil maravilhas até que o mundo cansou de financiar os déficits externos do país.

Tem coisas piores

Resolvam-se os déficits dos EUA, e o externo exige o ingresso de algo como US$ 2 bilhões por dia para manter a ciranda girando, que se resolvem todas as demais crises. Visto desta ótica, a crise da banca parece solúvel. Há perdas a realizar no sistema financeiro, de bancos comerciais aos fundos de hedge, passando pelas empresas criadas pela banca para dar saída fora da contabilidade ordinária à baciada de papéis exóticos da família de derivativos.

Tudo micou, porque sem preço, valuation pelo jargão financeiro, dado pela procura no mercado, que lhe bateu a porta. Trata-se de um problemão. Mal pilotado, mata por asfixia a economia devido à escassez de crédito. Mas sem o equilíbrio nas contas dos EUA, é o dólar que afunda. E que Deus nos acuda.

Como diz o financista húngaro radicado na Inglaterra George Soros em nota no Financial Times, coincidindo com analises da coluna, “a ruptura do mercado interbancário, coração do sistema financeiro, foi o sopro final”. É nele que atuam os juros básicos, como o Fed Fund e a Selic, induzindo as operações diárias de troca de reserva entre bancos superavitários e os com insuficiência de caixa.

Sem este mecanismo, só resta a ajuda em última instância do banco central. Que o juro básico fosse zero, que não resolve, se existir a desconfiança de que o “outro” está ilíquido, na prática - e isso porque carrega papéis que ninguém quer. Como a banca opera casando o que empresta com o que capta, se esta travar entope a outra.

Assim estão os mercados. Como romper o impasse? Talvez só com um Proer americano, programa do primeiro governo FH que livrou a banca de papéis podres e evitou quebradeira, uma crise sistêmica.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/42001_43000/42264-1.html

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #14 Online: 25 de Janeiro de 2008, 03:01:47 »
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Plano de Bush dará US$ 600 a trabalhadores dos EUA

SÃO PAULO - A Casa Branca e o Congresso anunciaram um acordo sobre o pacote de medidas para estimular a economia dos Estados Unidos. Pelo plano, a maioria dos norte-americanos que declara imposto de renda receberá entre US$ 600 e US$ 1.200, e os que têm filhos receberão mais.

A presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, disse que o Congresso aprovaria o plano o quanto antes, "para que os cheques já sejam enviados pelo correio". O acordo foi negociado entre ela, o líder dos Republicanos no Congresso, John Boehner, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson.

Os benefícios vão ser dados a 117 milhões de famílias, de acordo com um resumo do plano feito pelos democratas. Cerca de 35 milhões de famílias pobres que não seriam ajudadas pelo plano originial apresentado pelo presidente George W. Bush receberão os cheques.

Pelo plano, os indivíduos que pagam imposto de renda receberão US$ 600, os casais receberão US$ 1.200 e os casais com filhos mais US$ 300 por filho. Os trabalhadores que recebem ao menos US$ 3.000 por ano mas não pagam imposto receberão US$ 300.

Os benefícios às famílias vão custar cerca de US$ 100 bilhões, além dos US$ 50 bilhões que serão dados em benefícios para empresas.

Pelas regras do pacote, as empresas poderão deixar de pagar impostos sobre 50% das compras de fábricas e outros bens de capital

"Não posso dizer que estou totalmente satisfeita com o pacote, mas eu sei que ele vai ajudar a estimular a economia. Mas, se isso não acontecer, haverá mais", disse Pelosi.

Boehner disse que o acordo "não foi fácil" e que os dois partidos têm que trabalhar juntos para concordar no que é melhor para os norte-americanos. Paulson disse que ajudaria o Congresso a aprovar o pacote o quanto antes.

Bush reafirma pacote

O presidente norte-americano, George W. Bush, reafirmou nesta quinta-feira que o pacote de estímulo fiscal, anunciado na semana passada, é efetivo, temporário e firme.

Segundo Bush, que fez um pronunciamento oficial nesta tarde, a economia americana está estruturalmente saudável, mas enfrenta desafios. O valor total de aproximadamente US$ 150 bilhões do pacote, que corresponde a 1% do PIB americano, foi confirmado.

De acordo com o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, a restituição de impostos aos cidadãos começará 60 dias após a aprovação do pacote pelo Congresso.

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/01/24/plano_de_bush_dara_us_600_a_trabalhadores_dos_eua_1164534.html

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Pacote dos EUA não ajuda muito os consumidores, dizem analistas

Ações de empresas de varejo caíram na quinta-feira nos EUA, diante da percepção de que o pacote de 150 bilhões de dólares anunciado pelo governo para evitar uma recessão dará pouco alívio aos varejistas e consumidores.

A Casa Branca e o Congresso chegaram a um acordo preliminar para conceder uma restituição de impostos de 600 dólares a indivíduos sem dependentes, de até 1.200 dólares para casais, e de mais 300 dólares por filho. A presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, prometeu mais medidas se isso for necessário para estimular a economia.

Com os consumidores às voltas com dívidas, preços de alimentos e combustível em elevação e sem poupanças, o pacote proposto não bastaria para estimular os gastos com consumo, segundo Howard Davidowitz, presidente da consultoria de varejo com sede em Nova York Davidowitz & Associates Inc..

'Todos reconhecem que o estímulo não vai fazer nada de forma permanente. É só uma gota no balde', disse ele. 'Quando você olha para alguém que não pôs nada numa casa e agora tem patrimônio negativo, você realmente acha que (o pacote) trata dessas questões?'

As ações de companhias varejistas, enquanto isso, já perderam parte dos ganhos obtidos com a decisão de terça-feira do Federal Reserve de cortar os juros em 0,75 ponto percentual.

O índice Dow Jones de varejo dos EUA caiu 1,5 por cento, enquanto o Índice Standard & Poor do setor de varejo perdeu 1,2 por cento.

As ações da rede Wal-Mart Stores Inc fecharam em baixa de 2,4 por cento. A Family Dollar Stores Inc caiu 5,4 por cento, a Circuit City Stores Inc teve perda de 1,4 por cento, e o Target Corp caiu 2,7 por cento.

Os gastos dos consumidores, que respondem por cerca de 70 por cento do PIB dos EUA, foram prejudicados no último semestre à medida que a alta dos preços dos alimentos e combustíveis se somaram aos problemas nos mercados financeiro e habitacional.

O Congresso e o governo Bush têm negociado há dias uma forma de injetar dinheiro no bolso dos consumidores, de modo a reduzir a desaceleração econômica que, na opinião de muitos, pode virar recessão.

A Federação Nacional do Varejo divulgou nota elogiando o acordo, depois de pressionar o Executivo e o Legislativo a agirem.

'A proposta apresentada hoje é um estímulo econômico simples, com alvo, que irá colocar rapidamente dinheiro no bolso dos consumidores onde ele pode promover o crescimento econômico com a criação de demanda em todos os setores da economia', disse Steve Pfister, vice-presidente-sênior da federação para relações governamentais.

Mas, na opinião de Mark Coffelt, presidente da Empiric Funds, de Austin, em vez de mandar cheques aos eleitores em ano eleitoral, o governo deveria voltar suas atenções para gastos com infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento.

'Isso aceleraria os gastos de capital', disse Coffelt, cujo fundo possui títulos de curto prazo de varejistas.

'Focar na infra-estrutura teria um efeito imediato e de longo prazo. Focar no consumidor... há teorias de que as pessoas não reagem a isso.'

Embora os temores de uma recessão nos EUA tenha levado a quedas generalizadas nos mercados mundiais nesta semana, a situação econômica não é assim tão ruim quanto dizem, para George Feldenkreis, executivo-chefe da Perry Ellis International Inc. .

Mas o pacote de estímulo não dará mais do que um empurrão temporário nos gastos, segundo ele. 'Não acho que 600 ou 800 dólares farão grande diferença.'

http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/01/24/pacote_dos_eua_nao_ajuda_muito_os_consumidores_dizem_analistas_1165427.html

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #15 Online: 26 de Janeiro de 2008, 00:21:13 »
Pois é, o Bush recorrendo ao Bolsa-Família, quem diria?
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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #16 Online: 26 de Janeiro de 2008, 00:49:42 »
Pois é, o Bush recorrendo ao Bolsa-Família, quem diria?
Realmente. E estão bem divididos sobre se isso trará bons resultados ou não. E mesmo muitos dos que dizem que foi um bom pacote, alegam que ele irá demorar a surtir efeito porque o grosso da população só deverá começar a receber o dinheiro em abril.

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #17 Online: 26 de Janeiro de 2008, 19:10:29 »
Pois é, quem diria...

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Brasil oferece 'salvação' para crise financeira, diz jornal

Uma reportagem publicada neste sábado no diário financeiro Financial Times afirma que o Brasil oferece uma "salvação" para investidores preocupados com a crise nos mercados financeiros mundiais. "Inflação baixa, uma situação política estável e companhias pequenas e médias interessantes estão aumentando o interesse dos investidores pelo Brasil", escreve a repórter do jornal.
"O país parece estar relativamente imune dos temores em relação aos Estados Unidos, que afetam outras regiões." A reportagem é ilustrada com uma foto do Cristo Redentor, que simboliza a "salvação", e ocupa uma página do caderno de finanças de fim de semana, publicado em formato tablóide.

Para o jornal, o Brasil é "um dos mercados emergentes mais atraentes para 2008", que oferece ações de grandes companhias, como Vale do Rio Doce, Petrobras, Bradesco e varejistas que se beneficiam da melhora da atividade econômica no país.

Comparado com outros mercados emergentes ou outros Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil "se destaca por ser barato, estável e repleto de companhias médias dinâmicas", afirma a reportagem.

The Wall Street Journal

O panorama otimista da economia brasileira em 2008 também foi destaque no diário financeiro americano The Wall Street Journal neste sábado.

Em reportagem intitulada "Podem os mercados emergentes evitar a desaceleração americana?", o WSJ afirma que, mesmo que uma recessão mundial esteja se aproximando, esse grupo de países pode evitar os danos beneficiando-se de suas grandes reservas econômicas.

A reportagem diz que as reservas totais dos mercados emergentes alcançam US$ 4,1 trilhões, incluindo US$ 1,5 trilhão da China, US$ 185 bilhões do Brasil e US$ 160 bilhões da Rússia.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/01/26/brasil_oferece_salvacao_para_crise_financeira_diz_jornal_1166945.html

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #18 Online: 27 de Janeiro de 2008, 02:17:20 »
Wall Street se rende aos fundos de países para sair da crise e põe em causa velhos paradigmas

Tratados poucos anos atrás como pedintes, emergentes são a tábua de salvação de bancos como o Citi

Wall Street está em polvorosa. Depois de assistir a seus vistosos e poderosos bancos ficarem sem fôlego, à porta da quebradeira, com o estouro da bolha imobiliária e início da grande desconfiança nos mercados financeiros globais, que afasta os aplicadores dos papéis podres que carregam e acentua o risco de recessão nos EUA, começou um fenômeno surpreendente. Fundos de países que uma a duas décadas atrás vinham a Wall Street como pedintes são, hoje, a sua tábua de salvação. O mundo dá voltas, e mais dará até o fim desta crise.

O sistema financeiro global, sobretudo o dos EUA, possivelmente, nunca mais será o mesmo quando passar a crise ainda em curso, e elas passam, e ficarem visíveis os novos donos do pedaço em Wall Street. Anteontem, quando anunciou perdas de US$ 9,83 bilhões no último trimestre de 2007, resultado da baixa contábil de US$ 18 bilhões de papéis ilíquidos - e mais haverá trimestralmente quanto mais durar a aversão aos títulos exóticos emitidos pela banca -, o Citibank, legenda do sistema bancário dos EUA, anunciou a venda de 3,7% de seu capital para um desses fundos soberanos de países.

Agora, foi o de Singapura, que injetou US$ 6,8 bilhões. No fim do ano passado havia sido o de Abu Dhabi, que pôs US$ 7,5 bilhões em troca de 4,9% do capital do Citi, no qual já estava com cerca de 3%, agora também aumentado, o príncipe saudita Alwaleed bin Talal.

Outros potentados financeiros também se socorreram no caixa largo de países que formaram enormes reservas de divisas, especialmente da Ásia, como a China, e os petroleiros do Oriente Médio, como os reinos dos Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Arábia Saudita, mas há muito mais destes fundos, conhecidos em inglês pela sigla SWF, de sovereign wealth fund, espalhados pelo mundo.

Aqui mesmo o governo pensou em fazer algo parecido, aproveitando-se das reservas de US$ 184,5 bilhões, grande parte estacionada nos TNotes dos EUA. São neles que também estão as reservas dos países superavitários, estimando-se em US$ 2,2 trilhões esta montanha de dinheiro ocioso, 60% da China, rendendo pouco se aplicado em renda fixa, como os papéis do Tesouro dos EUA. É um novo, surpreendente mundo que vem pela frente. Se admirável, é o que ainda se verá.

Novos ricos do mundo

Em uma década, segundo afirma Andrew Leonard na revista Salon, estima-se que os tais fundos soberanos estarão montados em US$ 12 trilhões. Tudo de propriedade do Tesouro de países que carecem de maiores oportunidades para investir essa dinheirama em sua própria economia ou não precisem tanto dela, caso da China. Fazer o quê?

Sair comprando o que estiver pela frente mundo afora. Por ora, além do Citi, já foram seduzidos por este dinheiro o Bear Stearns, o Morgan Stanley, o Merrill Lynch, todos dos EUA, o suíço UBS - e muitas empresas industriais e de serviços da economia real.

Bom para EUA, Brasil

O desastre financeiro dos bancos americanos, com repercussões não menos sérias também na zona do euro, precipitou esse movimento ao abrir a chance única aos países superavitários para botar um pé no centro nevrálgico da maior economia do mundo. Tal tendência já se via no horizonte, mas está sendo acelerada.

Surgem daí muitas, e instigantes, elucubrações. A imediata é que, se governos de países com importância central nos desdobramentos da economia global, como o chinês, resolveram assumir posições-chaves em Wall Street é porque pressentiram oportunidades. Bom para os EUA. Quanto mais rápido arrefecer a crise financeira, menor será a desaceleração da economia americana e os prejuízos globais. Bom para o Brasil.

Fim do livre mercado?

Mais preocupante, do ponto de vista político dos países visados pelos fundos soberanos, é a eventual interferência externa sobre os negócios nacionais. É o que se discute nos EUA, onde o governo Bush, por exemplo, já vetou negócios desse tipo, como a venda de portos para o fundo de Abu Dhabi e de uma petroleira para uma das estatais da China.

Além disso, começa a ser discutida uma questão mais sutil: se não se infiltraria por aí o vírus que solaparia o mercado livre, com os movimentos econômicos influenciados cada vez mais pelo dirigismo de governos. É questão controversa. Ela remete no Brasil ao papel do governo na consolidação cogitada do setor de telefonia diante desse cenário desafiador: o de economias privadas na fachada e estatais na retaguarda. Mas estatais estrangeiras...

Afinal, o que é a Telefónica? É uma estatal privatizada, na qual o presidente é nomeado com aval do governo da Espanha. E a Telmex? Idem com batatas, estando seu dono, Carlos Slim, para o governo do México como a ex-estatal Vale está para o governo brasileiro: pode lucrar quanto quiser, menos ficar na contramão do poder de turno.

Pouca compreensão

As transformações na economia mundial são pouco compreendidas no Brasil, o que não implica uma crítica, já que também nebulosas nos EUA e na Europa. Só que aqui ainda se analisa o presente com carga cultural do passado, o que distorce muito mais o que por si já não é facilmente percebido.

Tome-se a crise dos EUA. Muitos a enxergam como o ocaso do império. Especulou-se o mesmo no fim dos anos 80, quando, com a economia também em frangalhos, juros a mais de 20%, causou comoção a venda a uma imobiliária do Japão, no coração de Manhattan, de um dos ícones do capitalismo, o Rockefeller Center.

E deu no quê? No ano seguinte o Japão entrou numa crise da qual não saiu ainda, o Rockefeller Center foi revendido na bacia das almas, surgiu a internet e a riqueza voltou a fluir nos EUA.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/42001_43000/42183-1.html

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #19 Online: 29 de Janeiro de 2008, 04:09:55 »
Bolsas vão e vêm à espera de ajuda do governo Bush à banca, que deve vir sem alarde

Governos e bancos centrais, mais dos EUA, são sócios solidários da crise. No mínimo por omissão

Com as altas a partir de quarta-feira, e a Bovespa subiu feito um foguete na sexta-feira, aumentando quase 6%, as bolsas mundiais recuperaram tudo o que perderam em janeiro, e ensaiam querer mais. Mas já voltaram a fraquejar neste início de semana.

Nas últimas duas semanas, elas foram do inferno ao paraíso, deram a impressão de que começava uma grande depressão econômica a ponto de levar o Federal Reserve (Fed) a acordar cedo terça-feira para anunciar o corte extemporâneo dos juros básicos de 4,25% para 3,5% ao ano e voltaram à linha de partida: uma grande especulação.

A análise mais simples é dizer que bolsas e mercados financeiros não têm lógica alguma. Nada, porém, é gratuito. O que se imaginava impensável na pátria do livre mercado, da defesa da mão invisível como o melhor instrumento contra todas as mazelas da economia e da criminalização do estado regulador e intervencionista não resistiu a seis meses de crise bancária e a um só dia de pânico nas bolsas de valores. O presidente George W. Bush deixou de lado a ideologia “mercadista” e foi negociar com o Congresso um pacote de rebates fiscais para conter a onda recessiva que se forma sobre os EUA.

Os mercados aplaudiram ao se constatar que o socorro é para valer e não será apenas fiscal. A banca terá ajuda, mas de modo sutil.

Seu grande receio era que, por ser um ano eleitoral, o governo e o Congresso se limitassem a ajudar famílias endividadas, sobretudo com hipotecas, abandonando à própria sorte nos mercados a solução para o enorme caroço entalado na garganta do sistema financeiro: a iliquidez iniciada em julho pelo estouro da bolha imobiliária, e que vem num crescente, dos papéis exóticos lastreado em hipotecas, recebíveis de cartões de crédito, notas promissórias de empresas e todo tipo de caixa a receber no futuro e antecipado no presente.

Títulos que, por si, não atentam contra as boas normas bancárias, mas que viraram pária pelo volume que atingiram, coisa acima da dezena de trilhões de dólares, em desprezo a toda noção de risco - e isso devido ao cenário de excesso de liquidez, controle frágil e por ter durado muito a prática de juros negativos pelo Fed.

Tribunal do mercado

As seqüelas deste cenário estão na banca e congêneres, que só fizeram agravar o problema, mas, como a corda esgarçou, hoje a solução não está nos mercados livres e desregulamentados e, sim, em mais regulação e em fundos oficiais de liquidez.

O “mercado” já julgou e sentenciou os títulos de risco à solidão e degredou os bancos e fundos que os carregam. A crise que ficou é sistêmica.

Alguns bancos mais tradicionais estão saindo do enrosco vendendo fatias acionárias e ficando menores, como o Citi e Merrill Lynch. A maioria, porém, não tem solução: ou lança os ativos desprezados a prejuízo, e aí é possível que o sistema afunde e leve consigo a economia mundial, ou o governo acha um jeito de ficar ao menos com um naco dos pepinos. É mal, mas parece não haver outra opção.

Mensagem subliminar

A mistura de desregulamentação excessiva e frouxidão de controles pelo Fed com inconsistências macroeconômicas nos EUA é que criou o ambiente de megaexcitação nos mercados. Ao mudar a conjuntura e a disposição dos grandes fluxos de capitais em continuar servindo de escada para a ambição da banca e seus operadores irrompeu a crise, cujo agravamento ameaça a estabilidade da economia global.

A banca está no epicentro, mas governos e bancos centrais, mais dos EUA que de qualquer outro, são sócios solidários do problema. No mínimo por omissão. Foi esta a mensagem subliminar do pânico da “segunda-feira negra”. E devidamente entendida pelo governo Bush.

Dando vida à banca

O pacote emergencial deve atender 117 milhões de famílias dos EUA com cheques de restituição de imposto de US$ 600 por cabeça ou US$ 1,2 mil por casal, mais US$ 300 por filho - excluídos deste Bolsa Cheque rendas individuais acima de US$ 75 mil/ano. Tudo para girar a economia. A banca está mais interessada nas ações pontuais.

As agências paraestatais que dão liquidez às hipotecas aumentarão 75% o teto dos financiamentos segurados, hoje de US$ 417 mil. Elas terão reforço de capital. Será menos papel podre em circulação. As seguradoras de ativos financeiros terão injeção de US$ 5 bilhões de um pool de bancos, uma operação mais escritural, sem implicar desembolso.

A intenção é dar “vida” aos ativos ilíquidos, já que o problema maior não é de caixa, para destravar o crédito bancário.

É claro que tais saídas implicam mandar às favas a lógica segundo os mercados de que só os mais aptos merecem o reino dos céus, além de embutir o risco moral (“moral hazard”) de socorrer quem sabia a que estava exposto, ganhou milhões, foi soberbo com a clientela, e até com os acionistas, ao se recompensarem com bônus milionários, como agora, em que só têm prejuízos para apresentar.

Não merecem nada mais que um pé no traseiro. Mas a banca é mais que os que a dirigem, estando para a economia como a água para a hidrelétrica.

Além do mais, bichada está a macroeconomia dos EUA, um mercado de endividados porque consome mais que produz e, por ora, aceito pelo resto do mundo, pois faz bombar a economia de quem exporta para lá (China, Japão) e de quem supre com matérias-primas esta espécie de rede global de motoboys do consumidor americano (Brasil, Índia). A banca dos EUA reflete um cenário que não criou, só o complicou.

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Offline FxF

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #20 Online: 29 de Janeiro de 2008, 20:09:03 »
Pois é, o Bush recorrendo ao Bolsa-Família, quem diria?
Ah, assistência já existe lá faz muito tempo... a diferença é que ninguém se vangloria disso.

Offline Rodion

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Re: Mercados desabam no mundo em reação a pacote de Bush
« Resposta #21 Online: 08 de Fevereiro de 2008, 06:43:47 »
sobre o desacoplamento das economias asiáticas, artigo relativamente antigo (24 de janeiro) mas que vale a pena;
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An independent streak

Jan 24th 2008 | HONG KONG
From The Economist print edition
Some investors fear that America's weakening economy will drag down Asia. In a series of related articles, we ask if they are right. First, the emerging countries

INVESTORS were until recently big fans of the “decoupling” theory, the notion that Asian economies can shrug off an American recession. This week's plunge in share prices, at one point taking the MSCI Emerging Asia Index down 25% from its October high, suggests they have changed their minds. But the fact that their stockmarkets are still coupled does not mean that their economies will follow America over a cliff.

Decoupling was always a misnomer if it implied that an American recession would have no impact in the East. Exports and hence profits would certainly be squeezed; some fear Japan may even be tipping back into recession (see article). Instead, the real argument in the rest of Asia was that it would suffer less than in previous American downturns.

As well as hitting exports, America's troubles could also affect emerging Asia through financial channels. Its exposure to the subprime mess is thought to be smaller than that of American or European banks. Even so, Chinese bank shares tumbled this week on reports that they would have to make bigger write-downs on their holdings of American subprime securities. And if shares slide further as global investors flee from risky assets, this could dampen business and consumer confidence in the region.

Some Asian economies are more vulnerable than others. Singapore, Hong Kong and Malaysia are the most exposed, with exports to America equivalent to 20% or more of their GDPs, compared with only 8% in China and 2% in India. There are already some ominous signs. Singapore's exports to America are down by 11% over the past year, whereas Malaysia's fell by 16%. Exports to other emerging economies and to the European Union surged, so total exports still grew by 6% in both economies. But that was much slower than at the start of 2007, and the worry now is that demand from Europe has started to flag.

The growth in China's exports to America slowed to only 1% (in yuan terms) in the year to December from over 20% in late 2006. So far the impact on GDP has been modest. Figures published on January 24th showed that China's GDP grew by a sizzling 11.2% in the year to the fourth quarter, down from 11.5% in the previous three months. Most economists expect growth to slow to a still-healthy 9-10% this year, but there are growing concerns that new government limits on bank lending risk choking the economy.

China's economy would probably still expand by around 8-9% even if export growth dried up. During the 2001 American recession China's GDP growth barely slowed. In contrast, Hong Kong, Singapore, Taiwan and Malaysia suffered full-blown recessions, with growth rates falling by more than ten percentage points from peak to trough. America's slump is likely to be deeper than in 2001 and Asia is now more integrated into the global economy than it used to be. Doomsters conclude, therefore, that these economies could be hit even harder this time.

The main reasons to be more optimistic are that domestic demand (consumer spending and investment) is likely to remain stronger and that governments have more flexibility to offset America's malaise. Last year, despite a slowdown in America's imports, most Asian economies grew faster as domestic demand sped up everywhere except Thailand. Robert Prior-Wandesforde, an economist at HSBC, says that those who argue that Asia cannot decouple from America are ignoring the fact that they already have. Take Malaysia: its exports to America plunged, yet its GDP growth quickened from 5.7% at the end of 2006 to 6.7% in the third quarter of last year.

Contrary to the popular view that Asia's meltdown during the 2001 recession was entirely due to a slump in exports, Peter Redward, at Barclays Capital, argues that a fall in investment played a bigger role. Too much debt and excess capacity weighed down firms, particularly in the electronics industry, which was at the heart of the American recession. Today firms are in much better shape. Capacity utilisation is high across the region; outside China, investment as a share of GDP is historically low; company balance-sheets are stronger and real interest rates are low. Firms are therefore less likely to slash investment than in 2001.

Slowing exports will affect domestic spending. But macroeconomic fundamentals are much healthier in East Asia these days. Large foreign-exchange reserves make countries less vulnerable to shocks. Budgets are in surplus or close to balance, providing more scope for fiscal stimulus to support growth.

For all these reasons, even if Asia's exports clearly have not decoupled from America, its economies will be less hurt by a recession there than in the past. Standard Chartered forecasts that emerging Asia will grow by an average of 6.4% in 2008, down from 7.8% in 2007. In 2001 growth dropped by three percentage points, to 4.2%. Financial markets were slow to realise that growth and hence profits in some countries in emerging Asia will be dented by an American downturn. But now they risk exaggerating the potential damage.
http://www.economist.com/finance/displaystory.cfm?story_id=10567609
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

 

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