Na prática clínica a gente observa frequentemente o efeito placebo , o que não significa que a medicação usada não tenha um efeito farmacológico . Normalmente são medicações em dose inferior a necessária para um nível eficaz no sangue ou então medicações que não têm efeito sobre o problema do paciente , mas mesmo assim ele refere melhora.
Por outro lado o efeito nocebo também é muito comum . especialmente se você avisa ao paciente dos possíveis efeitos colaterais ou se ele é daqueles que lê a bula inteira. Já aconteceu de ter pacientes que relataram efeito colateral (p.ex. náuseas) com determinada medicação porém quando esta foi prescrita durante internação hospitalar e eles a usaram sem saber (porque estava prescrito com o nome farmacológico e não o comercial) , não tiveram nenhum sintoma.
Por outro lado é enorme a quantidade de pessoas que apresentam sintomas , especialmente relacionados ao sistema cardiovascular ( como palpitações e falta de ar) que tem como causa distúrbios primariamente psíquicos. Como me especializei em Arritmologia recebo pacientes encaminhados para acompanhamento por "arritmia" ,pois têm sintomas e algum exame apresentou alteração do ritmo cardíaco , na maioria das vezes já estão medicados com antiarrítmicos iniciado pelo colega que o acompanha. Em torno de 30% destes casos , quando se aprofunda a investigação , não se detecta nenhuma causa cardiológica para o sintoma e a substituição da medicação antiarrítmica por um ansiolitico normalmente resolve.