Autor Tópico: Acupuntura - tem comprovação científica plena?  (Lida 8532 vezes)

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Offline Caio1985

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Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Online: 30 de Janeiro de 2008, 16:16:30 »
Estava olhando um edital de concurso público para a Prefeitura de Itapevi e reparei que há vagas para Médico Especialista em Acupuntura.

Desculpem a minha ignorância, mas a acupuntura é algo com resultados plenamente comprovados no meio científico?

É passível de ser adotada por entes da saúde pública?


http://www.pciconcursos.com.br/concurso/92253

*fiz um pesquisa e há também vagas nessa área em Vitória-ES
« Última modificação: 30 de Janeiro de 2008, 16:21:41 por Oceanos »

Offline Eremita

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Re: Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #1 Online: 30 de Janeiro de 2008, 16:31:43 »
Nem comprovado, nem descomprovado.

O que se sabe até agora é que apertando com a agulhinha o ponto X do pé (mão, braço, etc.), você estimula o centro Y (óptico, ótico, motor...) do cérebro a dar uma resposta, e isso pode ser medido por EEG. Se isso vai te dar uma diarréia, fazer teu intestino trabalhar melhor ou nada, ainda não se sabe.

Como eu tava dizendo em outro post, acho que vale à pena dar uma checada, mas não acho que possa ser prontamente utilizada pela saúde pública, é muito vaga ainda.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #2 Online: 30 de Janeiro de 2008, 16:53:32 »
Na verdade a acunpuntura tem comprovação pífia, a opinião científica geral sendo que é um tipo de placebo.

Mas recentemente, há um ou outro ano atrás, houve um estudo que identificou algo como que a pessoa fazendo acunpuntura "de verdade", isso é, enfiando as agulhas nos lugares certos, tinha mais efeito do que agulhas nos lugares errados. Eu postei sobre isso aqui na época, um link para a notícia. Isso não significa que os mecanismos tradicionais propostos pela acunpuntura (energias, chakras e etc) sejam verdadeiros, na verdade, é concebível que ainda seja placebo, mas afetado pelas condições do estudo.

Se os pacientes dos testes conheciam acunpuntura, talvez pudessem saber que os falsos acunpunturistas estavam colocando as agulhas nos pontos errados, e isso poderia afetar, não causando o efeito placebo, por exemplo.

Sobre isso que o Eremita falou, eu não estou sabendo. Pelo que eu julgava saber, as agulhadas da acunpuntura eram tão finas e tão superficiais que não são detectadas pelo tato.


Eu não acho que deveria ser adotada em saúde pública, mas acho que depende do ministério da saúde ou algo assim. Até homeopatia é aceita como prática medicinal válida por eles.

Offline Luiz Souto

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Re: Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #3 Online: 30 de Janeiro de 2008, 22:36:48 »
A Acupuntura ( assim como a Homeopatia) é especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina , portanto podem ser abertas vagas em concurso público e oferecido o tratamento em hospitais públicos.

Quanto à validade do tratamento por Acupuntura as evidências a favor de um efeito superior ao placebo são maiores que os existentes para a Homeopatia , para determinadas patologias. Em patologias osteoarticulares há estudos que indicam ter o tratamento por Acupuntura  melhorado os  sintomas de forma similar ao tratamento convencional com antiinflamatórios e de forma superior ao placebo. Em outras patologias , como as cardiovasculares , não há evidências de efeito satisfatório. Por outro lado há estudos , além do citado pelo BB , que questionam se os pontos tradicionais da Acupuntura realmente fazem diferença , já que foi observado efeito com a inserção de agulhas em pontos aleatórios.

Quanto ao mecanismo de ação da acupuntura não há nada que embase a explicação tradicional de existência de uma energia ( Qi) que circula por canais específicos ( os meridianos) e que seria reorientada pela aplicação das agulhas. A hipótese mais provável é a ativação de sensores nervosos na pele e subcutâneo que levam ao efeito analgésico e relaxante muscular por liberação de neurotransmissores ; resta determinar por que em alguns casos há um efeito prolongado.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Artefacts.of.Chaos

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Re: Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #4 Online: 31 de Janeiro de 2008, 22:22:45 »
olha, há muita controvérsia e especulação, mas vá vi anestesiarem um cara para uma cirurgia só com acupuntura
Não se deve explicar o que não se sabe por meio do que não se vê.

Offline 4 Ton Mantis

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Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #5 Online: 18 de Fevereiro de 2011, 09:29:39 »
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2010/07/acupuntura_e_re.html


Pesquisas recentes comprovam efeitos benéficos e até encontram explicações científicas para acupuntura e reiki. Estudos sobre o assunto, antes restritos às universidades orientais, ganharam espaço entre pesquisadores americanos, europeus e até brasileiros. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou uma denominação especial para esses métodos: são as terapias integrativas.


Um artigo exemplificando o mecanismo da acupuntura contra a dor foi publicado por pesquisadores da Universidade de Rochester na revista Nature Neuroscience em 30 de maio. Criada há quatro mil anos, a prática consiste na aplicação de agulhas em pontos do corpo. Pela explicação tradicional, ela ativa determinadas correntes energéticas para equilibrar a energia do organismo.

Cientificamente, as agulhas teriam efeitos no sistema nervoso central (cérebro e espinha dorsal). As células cerebrais são ativadas e liberam endorfina, um neurotransmissor responsável pela sensação de relaxamento e bem-estar. O estudo dos nova-iorquinos descobriu uma novidade: a terapia, que atinge tecidos mais profundos da pele, teria efeitos no sistema nervoso periférico. As agulhas estimulam também a liberação de outro neurotransmissor, a adenosina, com poder antiinflamatório e analgésico.

No experimento com camundongos com dores nas patas, cientistas aplicavam as agulhas no joelho do animal. Eles constataram que o nível de adenosina na pele da região era 24 vezes maior do que o normal e que houve uma redução do desconforto em dois terços.

A equipe tentou potencializar a eficácia da terapia, colocou um medicamento usado para tratar câncer nas agulhas. A droga aprimorou o tratamento: o nível de adenosina e a duração dos efeitos no organismo dos animais praticamente triplicou e o tempo de duração dos efeitos no organismo dos ratos também triplicou. Mas este método não poderia ser feito em humanos porque o medicamento ainda não é usado clinicamente. "O próximo passo é testar a droga em pessoas, para aperfeiçoá-la ou para encontrar outras drogas com o mesmo efeito", diz Maiken Nedergaard, coordenadora do estudo.

REIKI

Seus praticantes acreditam nos efeitos benéficos da energia das mãos do terapeuta colocadas sobre o corpo do paciente contra doenças. Para entender as alterações biológicas do reiki, o psicobiólogo Ricardo Monezi testou o tratamento em camundongos com câncer. "O animal não tem elaboração psicológica, fé, crenças e a empatia pelo tratador. A partir da experimentação com eles, procuramos isolar o efeito placebo", diz. Para a sua pesquisa na USP, Monezi escolheu o reiki entre todas as práticas de imposição de mãos por tratar-se da única sem conotação religiosa.

No experimento, a equipe de pesquisadores dividiu 60 camundongos com tumores em três grupos. O grupo controle não recebeu nenhum tipo de tratamento; o grupo "controle-luva" recebeu imposição com um par de luvas preso a cabos de madeira; e o grupo "impostação" teve o tratamento tradicional sempre pelas mãos da mesma pessoa.

Depois de sacrificados, os animais foram avaliados quanto a sua resposta imunológica, ou seja, a capacidade do organismo de destruir tumores. Os resultados mostraram que, nos animais do grupo "impostação", os glóbulos brancos e células imunológicas tinham dobrado sua capacidade de reconhecer e destruir as células cancerígenas.

"Não sabemos ainda distinguir se a energia que o reiki trabalha é magnética, elétrica ou eletromagnética. Os artigos descrevem- na como 'energia sutil', de natureza não esclarecida pela física atual", diz Monezi. Segundo ele, essa energia produz ondas físicas, que liberam alguns hormônios capazes de ativar as células de defesa do corpo. A conclusão do estudo foi que, como não houveram diferenças significativas nos os grupos que não receberam o reiki, as alterações fisiológicas do grupo que passou pelo tratamento não são decorrentes de efeito placebo.

A equipe de Monezi começou agora a analisar os efeitos do reiki em seres humanos. O estudo ainda não está completo, mas o psicobiólogo adianta que o primeiro grupo de 16 pessoas, apresenta resultados positivos. "Os resultados sugerem uma melhoria, por exemplo, na qualidade de vida e diminuição de sintomas de ansiedade e depressão". O trabalho faz parte de sua tese de doutorado pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp).

E esses não são os únicos trabalhos desenvolvidos com as terapias complementares no Brasil. A psicobióloga Elisa Harumi, avalia o efeito do reiki em pacientes que passaram por quimioterapia; a doutora em acupuntura Flávia Freire constatou melhora de até 60% em pacientes com apnéia do sono tratados com as agulhas, ambas pela Unifesp. A quantidade pesquisas recentes sobre o assunto mostra que a ciência está cada vez mais interessada no mecanismo e efeitos das terapias alternativas.
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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #6 Online: 02 de Agosto de 2011, 12:21:50 »
Encontrei um link que trata sobre essa matéria com uma avaliação crítica: http://campelog.blogspot.com/2011/02/reiki-uma-avaliacao-critica.html

Offline gavilan

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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #7 Online: 02 de Agosto de 2011, 23:37:58 »
Acho que quando descobrirem as bases físiologicas do placebo.. essa baboseira toda alternativa deve cair.

Me refira a algo no nosso sangue tipo "dosar o nível sérico de placebina" ou.. inibidores da recaptação da Placebocolina"
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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #8 Online: 03 de Agosto de 2011, 00:30:24 »
Eu tremo só de saber a fonte desta notícia.

[...]
"Não sabemos ainda distinguir se a energia que o reiki trabalha é magnética, elétrica ou eletromagnética. Os artigos descrevem- na como 'energia sutil', de natureza não esclarecida pela física atual", diz Monezi. Segundo ele, essa energia produz ondas físicas, que liberam alguns hormônios capazes de ativar as células de defesa do corpo. A conclusão do estudo foi que, como não houveram diferenças significativas nos os grupos que não receberam o reiki, as alterações fisiológicas do grupo que passou pelo tratamento não são decorrentes de efeito placebo.
[...]

A 'energia sutil' é de natureza desconhecida mas ainda assim o "pesquisador" acha que ou é magnética ou é elétrica ou é eletromagnética?
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Offline gavilan

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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #9 Online: 05 de Agosto de 2011, 11:15:20 »
Reike e Acupuntura avaliados cientificamente.  Cientificamente?
Tem que alterar o título do tópico para "tendenciosamente".

 Muito interessante a critica à reportagem no blog do campelog.  Esse cara deveria participar do CC, se já não o faz!

Legal támbem o site www.whatstheharm.net que ele citou. Facilita e poupa saliva quando temos que convencer alguem sobre o malefícios das terapias alternativas..

Antes, eu atribuia essa crendice que a população brasileira traz consigo ao histórico de dificuldade de acesso aos serviços de saúde e desinformação. Surpreendeu-me verificar a popularidade dos métodos em paises desenvolvidos..
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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #10 Online: 05 de Agosto de 2011, 11:33:56 »
Citar
"Não sabemos ainda distinguir se a energia que o reiki trabalha é magnética, elétrica ou eletromagnética. Os artigos descrevem- na como 'energia sutil', de natureza não esclarecida pela física atual"


<a href="http://www.youtube.com/v/353QdMb6-gg" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/353QdMb6-gg</a>


 :biglol:
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Offline gavilan

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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #11 Online: 05 de Agosto de 2011, 11:53:09 »
HADU-KEN!!!   
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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #12 Online: 06 de Agosto de 2011, 10:07:43 »
É o lado negro da Força?
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Offline Luiz Souto

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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #13 Online: 06 de Agosto de 2011, 11:20:30 »
Existem diversas revisões sistemáticas quanto à eficácia da acupuntura , sendo que há evidẽncias de efeito superior ao placebo no tratamento de dores osteoarticulares por um período de tempo limitado (2-4 semanas). O efeito ocorre mesmo quando se faz acupountura em pontos aleatórios e não nos preconizados pela tradição (sham acupunture) , o que é evidẽncia contrária à hipótese tradicional dos meridianos por onde circularia o Chi.
Pessoalmente já encaminhei pacientes meus com dor crônica por osteoartrose de joelho e coluna para tratamento adjuvante com acupuntura para reduzir o uso de antiinflamatórios não-hormonais.
Em relação a outras patologias não há evidẽncias de que a acupuntura tenha efeito superior ao placebo.

Sobre o Reiki encontrei apenas uma revisão sistemática em que foram analisados três estudos de Reiki em alívio de dor em adultos (todos estudos controlados contra placebo em com qualidade metodológica satisfatória). A conclusão é que havia modesto efeito de alívio da dor mas estudos mais amplos são necessários.

Quem se interessar vai aqui o link da paǵina da  Cochrane Iniciative com as revisões em medicina complementar (a.k.a. alternativa): http://www2.cochrane.org/reviews/en/subtopics/22.html
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline gavilan

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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #14 Online: 07 de Agosto de 2011, 23:38:23 »
(...)
 O efeito ocorre mesmo quando se faz acupountura em pontos aleatórios e não nos preconizados pela tradição (sham acupunture) , o que é evidẽncia contrária à hipótese tradicional dos meridianos por onde circularia o Chi.
Pessoalmente já encaminhei pacientes meus com dor crônica por osteoartrose de joelho e coluna para tratamento adjuvante com acupuntura para reduzir o uso de antiinflamatórios não-hormonais.
Em relação a outras patologias não há evidẽncias de que a acupuntura tenha efeito superior ao placebo.

(...)

Talvez se explique pelo fato de que a estimulação de certas vias sensitivas álgicas, acabe por inibir outras vias sensoriais.
É o mesmo principio de aplicar pressão ou friccionar rapidamente certa área dolorida do corpo, como forma de obter o alívio momentâneo pra dor.
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Re:Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #15 Online: 12 de Abril de 2012, 19:39:05 »
Alfinetando a acupuntura

Um dos temas recorrentes desta coluna, que mantenho há 13 anos, tem sido a distinção entre ciência e pseudociência. Já perdi as contas de quantas vezes falei mal de homeopatia, design inteligente, ufologia, psicanálise e outras formas de religião travestidas de tecidos sapientes.

A acupuntura tinha até agora escapado a críticas, pela simples razão de que as evidências disponíveis na literatura sugeriam que ela funcionava melhor do que placebo. Isso, é claro, colocava uma dificuldade teórica. Pelo menos aqui no Ocidente racionalista, não se imaginava que os efeitos positivos da milenar arte chinesa se deviam ao fluxo do Ch´i, uma espécie de força vital, através dos meridianos corporais. Outros mecanismos biologicamente mais verossímeis, como a noção de que a dor é controlada por portais e a liberação de opióides endógenos, foram postulados. Nada, porém, ficou comprovado. A acupuntura parecia ser um daqueles casos de terapias efetivas à espera de uma explicação satisfatória.

Não foi sem surpresa, portanto, que, ao pesquisar para escrever um texto para a edição impressa da Folha, descobri que o problema talvez não estivesse na ausência de uma boa teoria, mas sim na presença de dados pouco confiáveis.

Os responsáveis por essa revelação são Simon Singh, um físico de partículas que se dedica à divulgação científica no Reino Unido, e Edzard Ernst, médico que estuda terapias complementares e acabou se tornando um crítico delas. E a obra em que apresentam seu caso é o instrutivo "Trick or Treatment", de 2008. Além de acupuntura, eles tratam em detalhe de homeopatia, quiropraxia e fitoterapia. Não são daqueles céticos absolutos que não acreditariam em elefantes trafegando na av. Paulista nem se fossem atropelados por um. Eles dizem, por exemplo, que a quiropraxia e a medicina herbal por vezes funcionam melhor do que placebo, ainda que tenhamos de ser cautelosos ao utilizá-las. Hoje, porém, vou me ater à acupuntura.

Sua primeira aparição no Ocidente foi em fins do século 17, trazida por médicos viajantes como Wilhelm ten Rhyne e Engelbert Kämpfer. Um praticante entusiasmado foi Louis Berlioz, pai do célebre compositor. Eles não compravam a filosofia do Ch´i, preferindo atribuir seus efeitos a conceitos mais tangíveis como a então recente descoberta dos impulsos elétricos nos nervos.

Era fácil animar-se com a acupuntura (e também a homeopatia) naquela época em que o que de melhor a medicina tinha a oferecer eram sangrias e remédios à base de metais pesados. A coisa caminhou mais ou menos bem até meados do século 19, quando vieram as guerras do ópio, cujo efeito colateral no Ocidente foi o desprezo por tudo o que vinha do Oriente.

Na própria China a prática caiu em desuso, pois o imperador Daoguang a via como um empecilho ao progresso e mandou retirá-la do currículo do Instituto Médico Oriental.

A acupuntura veio a ressurgir com força no país asiático após 1949, quando Mao decidiu promover toda a medicina tradicional chinesa. O dirigente não acreditava nem um pouco nessas práticas e só se tratava com métodos ocidentais. Recorrer a agulhas e chás foi uma decisão estratégica e ideológica. Era a única maneira de oferecer alguma coisa em termos de saúde na escala necessária e ainda ajudava a animar os brios nacionalistas e anti-imperialistas chineses.

Já no Ocidente, a ressurgência veio nos anos 70, depois que Richard Nixon normalizou as relações com Pequim. Foi uma febre. Médicos dos EUA iam à China para estudar a técnica e voltavam impressionados com relatos de curas miraculosas e até mesmo de grandes cirurgias feitas sem anestesia, apenas com agulhas para bloquear a dor. Talvez um pouco ingenuamente, compraram essas histórias pelo valor de face (hoje há fortes indícios de que as operações sem anestesia eram uma fraude; imagens gravadas sugerem que os pacientes estavam sob doses maciças de drogas).

O fato é que a acupuntura caiu no gosto do Ocidente e foi chancelada por importantes instituições médicas, sempre com base em trabalhos científicos. Numa revisão de 1979, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a prática era efetiva para mais de 20 doenças, incluindo sinusite, resfriado comum, bronquite, asma, disenteria, artrite. Em 2003, a organização voltou à carga e publicou outro trabalho no qual avaliou 293 estudos. Disse que os efeitos da acupuntura haviam sido comprovados para 28 doenças, de enjoos matinais a AVC. Mais ainda, ela parecia ser efetiva para mais 63 moléstias. A OMS recomendava ainda que se fizessem mais trabalhos com vistas a descobrir se funcionaria para daltonismo, surdez, convulsões e coma.

O sucesso de público não foi menor. Na Europa, em 1990, havia 88 mil acupunturistas tratando mais de 20 milhões de pacientes.

Bom demais para ser verdade, não é mesmo?

Bem, ao que tudo indica, não é verdade.

Profissionais mais céticos não se convenceram e insistiram em que a acupuntura deveria ser investigada com mais rigor. Começaram a produzir estudos de melhor qualidade, que não apresentavam resultados tão positivos. Esses trabalhos foram avaliados numa série de revisões patrocinadas pela reputada rede Cochrane (Cochrane Database of Systematic Reviews, 2006), e as notícias não foram muito boas para os acupunturistas.

Para começar, os "papers" mostram que a prática não é efetiva para a maioria das moléstias para as quais a OMS a recomenda. De acordo com os trabalhos considerados bons pela rede Cochrane, a acupuntura não é melhor do que placebo para tratar a dependência de cigarros, de cocaína, asma, epilepsia, depressão, glaucoma, demência vascular.

As metanálises, entretanto, indicaram que pode haver um efeito superior ao de placebos para dores nas costas e de cabeça e alguns tipos de náusea.

A grande dificuldade para fazer bons trabalhos envolvendo a acupuntura está no grupo controle. Embora tendamos a menosprezar o efeito placebo imaginando que ele não passa de uma sugestão psicológica, é preciso deixar claro que, mesmo sendo uma ilusão, ele é poderoso e desencadeia efeitos fisiológicos reais. Assim, comparar um grupo que recebeu agulhadas com um grupo de controle que não foi submetido a nenhum tratamento (e era este o caso de boa parte dos trabalhos mais antigos), dá uma grande vantagem para a acupuntura, já que apenas os primeiros se beneficiam do efeito placebo.

Uma das inovações que resultou na piora da avaliação da acupuntura nas revisões Cochrane foi a incorporação de controles mais adequados. Em vez de comparar doentes submetidos a acupuntura com pacientes sem tratamento, os novos trabalhos passaram a empregar a "falsa acupuntura", isto é aplicação de agulhadas em pontos "errados" ou sem a profundidade necessária, de modo que o efeito placebo estivesse presente nos dois grupos. Quando essa metodologia é utilizada, o que antes aparecia como benefício inequívoco dá lugar a trabalhos com conclusões pouco uniformes, alguns apontando a acupuntura como melhor do que placebo, outros não.

Os golpes não param por aí. Ernst, um dos autores de "Trick or Treatment", desenvolveu uma agulha cenográfica (ela é telescópica e se retrai ao contato com a pele) que permite um controle ainda mais preciso. Ele só não é perfeito porque a pessoa que aplica as agulhadas sabe que elas não são reais, o que impede que esses estudos sejam duplo-cegos. Quando essas agulhas são utilizadas, não se destacam efeitos extra-placebo da acupuntura ("Acupuncture - A Critical Analysis", in Journal of Internal Medicine, 2006; 259:125-37).

Singh e Ernst fazem um diagnóstico preciso quando afirmam que o efeito da acupuntura vai se reduzindo à medida que retiramos os vieses dos trabalhos mais antigos. Ao que tudo indica, eles poderão minguar ainda mais nos próximos anos.

Se esse cenário se confirmar, o fato de a técnica ter recebido uma chancela do "establishment" médico e depois vê-la cassada diz bastante sobre as imperfeições de nossos métodos de avaliação. A situação não é pior porque o método científico tem mecanismo de autocorreção. Eles nem sempre funcionam, mas pelo menos existem, ao contrário do que ocorre em movimentos ideológicos e religiosos.

Os acupunturistas, é claro, tentam salvar seu edifício, afirmando que a acupuntura falsa também é mais efetiva do que o placebo. Em termos estritamente lógicos, é possível, mas a experiência sugere que, quando um discurso supostamente científico é obrigado a rever todos os seus paradigmas, ele não era tão científico quanto fazia crer.

Falta ainda uma questão importante para discutir. Muita gente argumenta que, já que o efeito placebo é real, deveríamos incorporá-lo definitivamente à prática médica. Uma mentirinha aqui ou acolá, pílulas de farinha e agulhadas mais ou menos inócuas raramente provocam reações adversas e são relativamente baratas.

É uma posição utilitariamente respeitável, mas que comporta objeções éticas. A utilização deliberada de placebos em contextos que não os de pesquisa envolve necessariamente ludibriar o paciente. No longo prazo, erode-se a confiança nos profissionais e na própria medicina. Se terapeutas alternativos podem submeter pacientes a tratamentos não provados, por que médicos não poderiam fazer o mesmo? Se farmácias homeopáticas podem vender remédios sem princípio ativo, por que os grandes laboratórios não teriam o mesmo direito?

A disseminação dos placebos talvez até tivesse alguns efeitos benéficos, mas o preço seria alto. Para utilizá-los livremente nós renunciaríamos à troca de franca e aberta de informações que caracteriza o método científico e da qual ele depende.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/1074642-alfinetando-a-acupuntura.shtml

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Offline AlienígenA

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Re: Acunpuntura e Reiki avaliados cientificamente
« Resposta #16 Online: 13 de Abril de 2012, 00:06:53 »
Pessoalmente já encaminhei pacientes meus com dor crônica por osteoartrose de joelho e coluna para tratamento adjuvante com acupuntura para reduzir o uso de antiinflamatórios não-hormonais.

Interessante ler isso porque sempre encarei com suspeita médicos que recomendam acupuntura a ponto de perder a confiança em suas opiniões profissionais e procurar outros.

Offline Derfel

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Re:Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #17 Online: 13 de Abril de 2012, 06:01:46 »
Também é muito recomendável em Disfunção Têmporo-Mandibular.

Offline Luiz Carlos

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Re:Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #18 Online: 13 de Abril de 2012, 22:48:54 »
Nunca considerei a acumputura como prática médica, se um médico me recomendasse um "tratamento" desses certamente mudaria de médico

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Acupuntura - tem comprovação científica plena?
« Resposta #19 Online: 01 de Julho de 2012, 15:44:49 »
Recentemente ouvi sobre um suposto novo estudo que teria critérios mais apropriados e no entanto teria sido positivo para acupuntura "de verdade" (em vez de acupuntura "errada"/placebo), no rádio só deram a crítica que houve poucos sujeitos no estudo.

 

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