A História do Brasil
Élio Gaspari
Lula gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual. Desde a noite de seu último debate na TV, quando se emocionou falando da pobreza brasileira e foi para a Osteria dell'Angolo tomar uns goles de Romanée Conti (R$ 1.500 a garrafa), o companheiro assombra a galera com sua opção preferencial pelo deslumbramento. Avião importado, reforma do Alvorada, didática enológica, Omega australiano, roupões de linho egípcio e cordeiros da Patagônia, noves fora uma trapalhada de adolescentes, compõem uma galeria de maus exemplos digna do general João Batista Figueiredo, com seus cavalos.
O deslumbramento de Lula tem algo de especial. Faltam-lhe tanto a frugalidade que cobrava aos outros como o viés ostentatório de alguns antecessores. Ninguém o ouviu descrever as virtudes de sua adega. Muito menos revelar que guardava consigo a chave do tesouro (como fazia FFHH).
Isso também vai por conta do seu desinteresse pelos fermentados, como bem mostrou ao príncipe saudita Bandar. (Lula elogiou-lhe a decisão de acompanhar o jantar com um destilado escocês.) O companheiro fuma cigarrilhas holandesas. No tempo das vacas oposicionistas fumava charutinhos toscanos capazes de empestear o Maracanã. Faz isso sem os gestos que marcaram a charutaria Collor e marcam a cenografia do consumo de "puros" cubanos pelo alto comissariado petista.
Há no companheiro muito mais deslumbramento do que ostentação. Foi esse o sentimento que o levou a comprar um avião de US$ 56 milhões. Pena, carregará o AeroLula nas costas como símbolo do desperdício de sua administração.
Quando a repórter Marta Salomon mostra que o presidente petista gastou quatro vezes mais com o Airbus do que com o programa Primeiro Emprego, duas vezes mais do que com o saneamento urbano, isso revela a extensão da inépcia de sua administração. Comprar um avião é fácil. Basta redigir um edital (tão bem redigido que a Embraer ficou de fora) e assinar os cheques. Empregar peão é outra conversa. Cumprir promessa de saneamento, muito outra. O Programa Primeiro Emprego serviu para dar a algumas dúzias de petistas aparelhados os primeiros empregos federais de suas vidas.
O deslumbramento ajuda os governantes a viver na impressão de que as coisas vão bem (o AeroLula tem chuveiro), livrando-os da fadiga do exame dos fracassos. Nesse sentido, deslumbradores de presidentes e presidente deslumbrado fazem o casamento perfeito de Brasília.
Passados dois anos de governo, Lula trocou a exposição do exemplo contido em sua impressionante biografia por divagações banais. Numa de suas aulas de costumes associou seu amadurecimento político a uma garrafa de refrigerante: "Eu passei tanto tempo da minha vida achando que ser antiamericano era não beber Coca-Cola. Depois eu fui ficando mais maduro e percebi que, quando a gente levanta de madrugada, e tem uma Coca-Cola gelada na geladeira, não tem nada melhor".
Tudo isso teria pouca importância se o deslumbramento presidencial não fosse contagioso. Dois anos de poder federal foram suficientes para produzir um baixo clero petista de maus modos e péssimos hábitos. A interferência pessoal de Lula impediu que esse bloco (no sentido carnavalesco) prevalecesse na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Aquilo que pode parecer uma boa notícia é um péssimo sinal. Na próxima rodada esse bloco não será derrotado com tanta facilidade.
Afinal, o baixo clero também gosta de luxo.
E tem mais...
O então Presidente Fernando Henrique Cardoso (durante o seu mandato), fez um contrato com o Cartão Internacional VISA, dando um cartão de crédito para 39 pessoas do governo (executivo) e um para Ele (FHC).
O limite de cada cartão era de 400(mil), e todos os usuários eram obrigados a fornecer o extrato mensal dos cartões para divulgação no site do Governo (executivo).
O Presidente FHC gastou em média no seu mandato 320(mil)/mês, e seus indicados (uma média um pouco maior) 350(mil)/mês.
A condição seria para eventuais gastos à "serviço" do executivo nacional.
Está achando um "absurdo", então continue lendo (não há nada que não possa ser piorado em se tratando de governo).
Quando o Presidente Lula assumiu, recebeu o mesmo "benefício", porém, a única diferença é que no primeiro e no segundo mês ele ultrapassou o limite estipulado, sendo assim, a administradora do cartão elevou para 1(milhão) o limite de todos os cartões.
Para complementar, dias atrás, o Sr. Aluizio Mercadante foi à Plenário no Congresso Federal, proibir a divulgação dos extratos no site, alegando "QUESTÃO DE SEGURANÇA NACIONAL" (????- ou vergonha nacional???).
Bom, diante desta situação, somos obrigados a concordar com a atriz Regina Duarte que durante a campanha para presidente na última eleição dizia: "... eu tenho medo do PT...".
Realmente não há nada que não possa piorar...
E você aí balizando o seu orçamento pra lá de congelado em base ao salário mínimo de R$ 300,00...? Pagando 14% ao mês de cheque especial...Estourado,... Sem crédito,...com a gasolina sendo reajustada hoje...?
Ah vamos dar um tempo...
Fala Sério...!