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Lawrence AltmanCientistas do governo dos Estados Unidos descobriram uma nova maneira pela qual o HIV ataca as células humanas, um avanço que pode oferecer novos caminhos para o desenvolvimento de terapias capazes de deter a aids, reportaram os pesquisadores no domingo. A descoberta é a identificação de um novo receptor humano para o HIV. O receptor ajuda a conduzir o vírus ao intestino, depois que ele é admitido no corpo do paciente e antes que possa iniciar seu ataque incessante ao sistema imunológico.As descobertas foram reportadas domingo pela versão online da revista científica Nature Immunology, por uma equipe comandada pelo médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos.Os cientistas sabiam há anos que o HIV invade rapidamente os nódulos linfáticos e os tecidos linfáticos existentes em grande quantidade nos intestinos. Os intestinos se tornam um dos lugares preferenciais de reprodução do HIV, e o vírus depois disso passa a desgastar o tecido linfático das cruciais células imunológicas CD4, que combatem o HIV.Isso acontece em todos os indivíduos infectados pelo HIV, quer tenham adquirido o vírus por intercurso sexual, transfusão de sangue, contaminação do sangue por agulhas e seringas ou na passagem pelo canal de nascimento ou consumo de leite materno contaminado.As constatações parecem oferecer pelo menos algumas, se não todas as respostas, quanto às causas dessa situação. O médico Warner Greene, especialista em aids e diretor do Instituto Gladstone de Virologia e Imunologia, que não participou das pesquisas, afirma que as constatações representam "um importante avanço nesse campo de pesquisa"."Elas começam a esclarecer o misterioso processo que leva o vírus a se instalar preferencialmente nos intestinos", disse Greene.Fauci, James Arthos, Claudia Cicala, Elena Martinelli e seus colegas demonstraram que uma molécula, a integrina alfa-4 beta-7, que naturalmente conduz células imunológicas aos intestinos, serve também como receptora para o HIV. Uma proteína no envelope exterior, ou camada externa, do vírus adere a uma molécula no receptor que está ligada especificamente à maneira pela qual as células CD4 se dirigem aos intestinos, dizem os pesquisadores.A combinação entre o vírus e a molécula integrina alfa-4 beta-7 estimula a ativação de outra molécula, a LFA-1, que desempenha papel crucial na difusão do vírus de célula a célula. As ações resultantes conduzem por fim à destruição de tecido linfático, especialmente no intestino.Diversos outros locais de recepção são conhecidos. O mais importante é a molécula CD4 em certas células imunológicas; o papel da molécula como receptora de HIV foi identificado em 1984.Dois outros receptores importantes, conhecidos como CCR5 e CXCR4, foram identificados em 1996. O CCR5 é um componente normal das células humanas e funciona como portão de entrada para o HIV. As pessoas que não dispõem dele em função de uma mutação genética raramente são infectadas pelo vírus, mesmo que tenham sido expostas ao HIV repetidamente."O trabalho que realizamos levou quase dois anos, e há pouca dúvida de que tenhamos descoberto um novo receptor", disse Fauci em entrevista, depois de uma palestra em San Francisco, acrescentando que "certamente aprendemos muito mais a respeito do processo".Os cientistas estavam tentando identificar receptores porque eles oferecem alvos para o desenvolvimento de novas classes de medicamentos.Por exemplo, no ano passado a Food and Drug Administration (FDA, agência federal norte-americana que regulamenta alimentos e remédios) aprovou o uso de um medicamento da Pfizer, conhecido como Selzentry ou maraviroc, para uso em tratamentos de aids. O remédio funciona bloqueando o CCR5.Fauci disse esperar que as constatações de sua equipe encorajem outros cientistas, de diferentes disciplinas, a explorar novas maneiras de atacar o HIV.Diversos medicamentos experimentais que bloqueiam o receptor integrina alfa-4 beta-7 estão sendo testados para o tratamento de distúrbios no sistema imunológico humano. Fauci disse que remédios desse tipo deveriam também ser estudados para determinar seu possível benefício em tratamentos contra a aids.A organização de novos testes, ao longo do próximo ano, poderia verificar os efeitos desses medicamentos sobre animais e seres humanos a fim de determinar sua segurança e efetividade no combate ao HIV, afirmou Fauci.Um dos candidatos para esses testes é o Tysabri (ou natalizumab), um remédio comercializado para o tratamento da esclerose múltipla, segundo Fauci. A Biogen/Elan produz o Tysabri. "Caso os testes no combate ao HIV encontrem sucesso", afirmou Fauci, os remédios poderiam ser acrescentados aos regimes de tratamento existentes. Fonte:Terra