Autor Tópico: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião  (Lida 1541 vezes)

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Suyndara

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Ex-batista, americano Edward O. Wilson usa lirismo bíblico para falar da biodiversidade.
Diante do desafio ambiental, diferenças precisam ser deixadas de lado, argumenta ele.

O leitor recém-chegado ao universo dos livros de divulgação científica deve achar que estamos de volta à era de Galileu e Giordano Bruno. Afinal, uma fieira um tanto repetitiva de obras recentes, como "Quebrando o encanto", de Daniel Dennett, e "Deus, um delírio", de Richard Dawkins, andou reeditando o velho conflito entre ciência e religião. "A Criação - Como salvar a vida na Terra", que acaba de chegar ao Brasil, é uma lufada de ar fresco justamente por se contrapor a essa tendência. Para usar as palavras da liturgia católica, o biólogo Edward O. Wilson se imbuiu do espírito "que arranca o que divide". A ciência e a fé precisam urgentemente de uma trégua, diz ele -- e o preço do fracasso nessas negociações de paz pode ser a própria vida na Terra.



Dependendo de como se vê a questão, o veterano Wilson pode ser a pior ou a melhor pessoa para negociar esse armistício. O pesquisador da Universidade Harvard, um dos maiores especialistas do mundo em biodiversidade, cresceu no sul dos Estados Unidos e foi membro da Igreja Batista, uma das mais fervorosas denominações evangélicas do mundo. Mais tarde, porém, deixou a religião de lado. Em um livro anterior, "Consiliência", Wilson defendeu a unificação do conhecimento humano sob a égide da ciência -- e com a religião, considerada obsoleta, de fora.

No entanto, ainda que tenha deixado o rebanho, uma coisa Wilson nunca perdeu: a sensibilidade poética trazida pela leitura da Bíblia e pelo cristianismo evangélico de sua juventude. Também nunca deixou de prestar atenção no crescimento da religião fundamentalista, dentro e fora dos EUA. E escolheu usar sua familiaridade com o universo mental dos cristãos conservadores para convidá-los a assumir a defesa da biodiversidade da Terra -- uma responsabilidade moral que ecoa os primeiros e mais sagrados mandamentos divinos transmitidos no Gênesis.

O momento para isso não podia ser mais crítico. Uma confluência impressionante de dados científicos sugere que a humanidade está comandando a pior extinção em massa desde o meteoro que mandou os dinossauros para uma melhor há 65 milhões de anos. A natureza está sob sítio. E o medo de Wilson é que os que abraçam a fé religiosa estejam ignorando seu papel de protetores do planeta para considerá-lo apenas uma fonte inanimada de matérias-primas e recursos, que os humanos podem tratar como quiserem.

 
Carta aos fiéis

Wilson estrutura seu longo apelo na forma de uma carta, endereçada a um pastor protestante do sul dos EUA e, portanto, conterrâneo cultural do próprio biólogo. Os argumentos para proteger a Criação divina não são, em si mesmos, originais: Wilson enfatiza a riqueza da biodiversidade como fonte dos medicamentos e alimentos do futuro, e como alicerce da sobrevivência humana: sem os demais seres vivos, serviços essenciais, como ar e água puros, fertilidade do solo e regularidade do clima desapareceriam, e nenhum sistema feito por mãos humanas poderia substituir o que a biodiversidade faz hoje de graça.

O que há de novo nesse apelo é a tocante humildade para cruzar barreiras, para estender a mão ao outro. Wilson tem a coragem de dizer que não se importa se seu interlocutor fundamentalista não acredita na evolução e acha que a Terra tem só 6.000 anos de idade. As visões diferentes sobre a natureza do Universo encolhem em importância quando o que se coloca na mesa são valores: a sacralidade do mundo vivo, a beleza da biosfera.   

A mensagem, portanto, é clara: podemos concordar em discordar e, mesmo assim, agir lado a lado para evitar o pior para nós mesmos e para nosso planeta. Wilson pode não acreditar mais no Deus que criou os céus e a terra, mas qualquer pessoa religiosa é capaz de balançar a cabeça em aprovação ao ouvir sua defesa da Criação:

"Nenhuma palavra, nenhuma obra de arte, é capaz de capturar toda a profundidade e complexidade do mundo vivo. Se um milagre é um fenômeno que não conseguimos entender, então toda espécie é, de certa forma, um milagre." Amém, irmão Wilson.

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL308808-5603,00-PARA+SALVAR+O+PLANETA+BIOLOGO+PEDE+ACORDO+DE+PAZ+ENTRE+CIENCIA+E+RELIGIAO.html

Pra quem não sabe, Edward Wilson é um dos biólogos mais respeitado da atualidade, pai da controversa 'sociobiologia' e da teoria do 'superorganismo'. É especialista em insetos sociais e autor da "bíblia" dos entomólogos, o 'The Ants'. É ultradarwinista e ateu militante  :ok:

Como ele extremamente elegante e sutil, o estilo dele lembra mais o Sagan do que o Dawkins.

Não li o livro ainda, mas talvez a etratégia dele funcione. Será?

[]s



 


Suyndara

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #1 Online: 22 de Fevereiro de 2008, 15:10:53 »
A propósito, não sei se o tópico está na área certa...então peço desculpas a moderação desde já  :vergonha:

Offline Diego

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #2 Online: 22 de Fevereiro de 2008, 15:26:14 »
Simples, é só a igreja parar de meter o nariz onde não é chamado que não terá mais problemas desse tipo.

Luz

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #3 Online: 22 de Fevereiro de 2008, 17:38:53 »


Mas é justamente o contrário, Diego. A idéia é convocar a Igreja a meter o nariz onde realmente interessa.  ::)

rizk

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #4 Online: 22 de Fevereiro de 2008, 19:17:33 »
Simples, é só a igreja parar de meter o nariz onde não é chamado que não terá mais problemas desse tipo.
Ainda que haja Deus e que tenha criado o mundo em seis dias e todas essas coisas, continua que o mundo nos foi dado e a gente tem que ser responsável por ele, uai.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #5 Online: 24 de Fevereiro de 2008, 15:31:51 »
Tem qualquer coisa na bíblia sobre os humanos serem os pastores da Terra ou algo assim, os eco-cristãos se baseiam nisso.

Achei interessante a posição do EO Wilson, tenho sido um tanto mais favorável a essas posturas desse tipo do que ateísmo rabugento e confrontador até o limite alla Dawkins. (Aindo que talvez isso seja defensável como um estereótipo falso - na verdade, nunca cheguei a ler os livros dele sobre ateísmo)

Suyndara

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #6 Online: 25 de Fevereiro de 2008, 11:23:21 »
Acho que o Wilson está se tonrando um velhaco esperto  :lol:

Depois de tantas polêmicas com sua militância ateísta, ele resolveu mudar a estratégia. E pra ser sincera, eu acho que essa conduta dele é bem interessante, talvez a única forma de se fazer ouvir seja mesmo falando a língua deles...

Crentes adoram se sentir "perseguidos", isso só aumenta a fé e o ódio deles pela ciência. Essa atitude de comprometê-los com os temas que importam ao planeta devem quebrá-los  :ok:

O engraçado é que Consiliência é um dos melhores livros dele, é quase uma ode à ciência e justamente por conta disso ele ficou com fama de "materialista", agora parece que ele está tentando se redimir  ::)

[]s

Offline Gaúcho

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #7 Online: 11 de Março de 2008, 20:58:27 »


Mas é justamente o contrário, Diego. A idéia é convocar a Igreja a meter o nariz onde realmente interessa.  ::)

Onde seria??
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Luz

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #8 Online: 11 de Março de 2008, 22:22:57 »


Mas é justamente o contrário, Diego. A idéia é convocar a Igreja a meter o nariz onde realmente interessa.  ::)

Onde seria??

Por exemplo:

Citar
Ex-batista, americano Edward O. Wilson usa lirismo bíblico para falar da biodiversidade.
Diante do desafio ambiental, diferenças precisam ser deixadas de lado, argumenta ele.

O leitor recém-chegado ao universo dos livros de divulgação científica deve achar que estamos de volta à era de Galileu e Giordano Bruno. Afinal, uma fieira um tanto repetitiva de obras recentes, como "Quebrando o encanto", de Daniel Dennett, e "Deus, um delírio", de Richard Dawkins, andou reeditando o velho conflito entre ciência e religião. "A Criação - Como salvar a vida na Terra", que acaba de chegar ao Brasil, é uma lufada de ar fresco justamente por se contrapor a essa tendência. Para usar as palavras da liturgia católica, o biólogo Edward O. Wilson se imbuiu do espírito "que arranca o que divide". A ciência e a fé precisam urgentemente de uma trégua, diz ele -- e o preço do fracasso nessas negociações de paz pode ser a própria vida na Terra.



Dependendo de como se vê a questão, o veterano Wilson pode ser a pior ou a melhor pessoa para negociar esse armistício. O pesquisador da Universidade Harvard, um dos maiores especialistas do mundo em biodiversidade, cresceu no sul dos Estados Unidos e foi membro da Igreja Batista, uma das mais fervorosas denominações evangélicas do mundo. Mais tarde, porém, deixou a religião de lado. Em um livro anterior, "Consiliência", Wilson defendeu a unificação do conhecimento humano sob a égide da ciência -- e com a religião, considerada obsoleta, de fora.

No entanto, ainda que tenha deixado o rebanho, uma coisa Wilson nunca perdeu: a sensibilidade poética trazida pela leitura da Bíblia e pelo cristianismo evangélico de sua juventude. Também nunca deixou de prestar atenção no crescimento da religião fundamentalista, dentro e fora dos EUA. E escolheu usar sua familiaridade com o universo mental dos cristãos conservadores para convidá-los a assumir a defesa da biodiversidade da Terra -- uma responsabilidade moral que ecoa os primeiros e mais sagrados mandamentos divinos transmitidos no Gênesis.

O momento para isso não podia ser mais crítico. Uma confluência impressionante de dados científicos sugere que a humanidade está comandando a pior extinção em massa desde o meteoro que mandou os dinossauros para uma melhor há 65 milhões de anos. A natureza está sob sítio. E o medo de Wilson é que os que abraçam a fé religiosa estejam ignorando seu papel de protetores do planeta para considerá-lo apenas uma fonte inanimada de matérias-primas e recursos, que os humanos podem tratar como quiserem.

 
Carta aos fiéis

Wilson estrutura seu longo apelo na forma de uma carta, endereçada a um pastor protestante do sul dos EUA e, portanto, conterrâneo cultural do próprio biólogo. Os argumentos para proteger a Criação divina não são, em si mesmos, originais: Wilson enfatiza a riqueza da biodiversidade como fonte dos medicamentos e alimentos do futuro, e como alicerce da sobrevivência humana: sem os demais seres vivos, serviços essenciais, como ar e água puros, fertilidade do solo e regularidade do clima desapareceriam, e nenhum sistema feito por mãos humanas poderia substituir o que a biodiversidade faz hoje de graça.

O que há de novo nesse apelo é a tocante humildade para cruzar barreiras, para estender a mão ao outro. Wilson tem a coragem de dizer que não se importa se seu interlocutor fundamentalista não acredita na evolução e acha que a Terra tem só 6.000 anos de idade. As visões diferentes sobre a natureza do Universo encolhem em importância quando o que se coloca na mesa são valores: a sacralidade do mundo vivo, a beleza da biosfera.   

A mensagem, portanto, é clara: podemos concordar em discordar e, mesmo assim, agir lado a lado para evitar o pior para nós mesmos e para nosso planeta. Wilson pode não acreditar mais no Deus que criou os céus e a terra, mas qualquer pessoa religiosa é capaz de balançar a cabeça em aprovação ao ouvir sua defesa da Criação:

"Nenhuma palavra, nenhuma obra de arte, é capaz de capturar toda a profundidade e complexidade do mundo vivo. Se um milagre é um fenômeno que não conseguimos entender, então toda espécie é, de certa forma, um milagre." Amém, irmão Wilson.

 ::)


rizk

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #9 Online: 12 de Março de 2008, 10:19:34 »
Quem nunca viu a Luz de mau humor, olhe ACIMA. :D

Luz

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Re: Para salvar o planeta, biólogo pede 'acordo de paz' entre ciência e religião
« Resposta #10 Online: 12 de Março de 2008, 13:13:16 »
Quem nunca viu a Luz de mau humor, olhe ACIMA. :D

Mau homor?  :hmph: 

Eu?  |( 

Que nada!  <_< 

:D

 

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