Autor Tópico: Quais Conquistas Sociais?  (Lida 458 vezes)

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Rhyan

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Quais Conquistas Sociais?
« Online: 22 de Fevereiro de 2008, 19:01:38 »
Quais Conquistas Sociais?

Rodrigo Constantino

"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem." (Mário Quintana)

A "renúncia" de Fidel Castro do seu posto de mais antigo ditador do mundo no poder gerou estranhas emoções em muitos "intelectuais". Vários deles, incluindo Miriam Leitão, mostraram-se preocupados com a manutenção das "conquistas sociais" na ilha-presídio após as possíveis mudanças no regime. Essa postura denota um forte ranço socialista. Ainda que muitos desses "pensadores" sintam vergonha de assumir abertamente a admiração que sentem pelo carniceiro, fica claro que ainda nutrem fortes sentimentos pela utopia que desgraçou o século XX. São vermelhos desbotados, no máximo. Tentam apelar para um relativismo, como se nem tudo fosse ruim em Cuba. Falso. Aquele feudo da família Castro é um completo lixo! Mas todos aceitam, sem questionamentos, a "verdade" insistentemente repetida, das tais "conquistas sociais". Ninguém ousa fazer uma simples pergunta: Quais conquistas?

A repetição de que a saúde cubana é excelente não passa de um mito totalmente furado. Os seguidores de Goebbels ficam na esperança de que a repetição ad nauseam dessa mentira a transforme numa verdade. Que saúde maravilhosa é esta se faltam os remédios mais básicos no inferno cubano? Quais foram as grandes contribuições de Cuba à medicina mundial? Creio que a fonte desses "intelectuais" todos é o "confiável" cineasta Michael Moore. Só pode! Os fatos não podem ser ignorados em nome de uma ideologia. A saúde em Cuba é precária, os hospitais são decadentes, faltam remédios necessários e o país não deixou nenhuma grande contribuição para a medicina mundial, à exceção de poucos avanços no tratamento do vitiligo. Quanto aos indicadores de IDH, não custa lembrar que os dados cubanos são monopólio da ditadura, já que observadores imparciais de fora não têm acesso livre ao país. Alguém confia mesmo nos números que o próprio Fidel Castro entrega sobre os "avanços" na ilha? Papai Noel, duendes e gnomos são parte da realidade então, devo supor...

O outro campo predileto dos esquerdistas é a educação. Qual educação? A taxa de analfabetismo é baixa, mas o que os cubanos lêem? A frase na epígrafe deixa claro que os cubanos são os verdadeiros analfabetos. Afinal, o ditador não permite a leitura livre de livros e artigos. O único jornal disponível no cárcere caribenho é da ditadura. Se alguém for pego com um livro de Goerge Orwell, cujo 1984 retrata perfeitamente o que se passa no país, vai preso. As crianças não são educadas, mas sim doutrinadas ideologicamente. "Aprendem" na marra, desde muito cedo, que o socialismo é maravilhoso, não obstante toda a desgraça que enxergam em volta. São fortes candidatos à dissonância cognitiva. São forçados a repetir aquilo que os próprios olhos negam. Que raio de educação é essa? Isso é uma conquista social desde quando? Os cubanos não podem ler esse artigo, não podem acessar livremente a Internet, nada. Mas tem "intelectual" brasileiro que aplaude as "conquistas sociais" da propriedade privada de Castro. Lamentável é pouco.

Mas vamos deixar tudo isso de lado, e fingir que essa grande piada, as "conquistas" de Cuba, é verdadeira. Desde quando os fins justificam os meios? Mesmo assumindo que tantas mentiras fossem verdade, somente alguém com um grave distúrbio de caráter poderia defender o regime de Fidel Castro. Não é mesmo, Niemeyer? Aliás, o arquiteto está cobrando suas obras em Cuba em dólares americanos ou cubanos, que valem 25 vezes menos e é a moeda imposta ao povo? Como alguém poderia justificar tanta atrocidade com base em alguns avanços sociais? Nem vem ao caso mostrar os avanços infinitamente maiores dos países que abraçaram o capitalismo liberal. Não é preciso humilhar tanto assim. Vamos nos ater ao próprio mito do avanço cubano. Quer dizer que para aumentar um pouco a expectativa média de vida e reduzir o analfabetismo vale torturar e matar milhares de inocentes? Quer dizer que para investir pesado no esporte, propaganda para o regime, não tem problema escravizar um povo e impedir sua saída do presídio? Gente com esta mentalidade aplaude a construção de pirâmides para faraós, enquanto milhares sofrem como escravos para tornar este luxo possível. O que importa para o cubano que não tem comida decente nem remédios, tampouco pode sair livremente do país, o fato do país ter um bom time de baiseball? Será que os mesmos "intelectuais" que amenizam as barbaridades em Cuba por causa dos "avanços" adotam a mesma postura em relação ao regime nazista? Se Hitler entregasse alguns bons indicadores sociais, então tudo bem o Holocausto? Defender Cuba não é mais uma questão de ignorância. É mesmo falta de caráter!

E quanto ao receio de tantos "intelectuais" com a manutenção das conquistas sociais inexistentes, resta constatar que jamais uma transição do socialismo para o capitalismo liberal piorou a situação do povo. Pelo contrário: quanto maior o grau de abertura econômica, maior o progresso social. Vide a China. Se Cuba deixar de ser uma ditadura socialista para migrar rumo ao capitalismo de mercado, só há uma possibilidade para os setores de saúde e educação: melhorar drasticamente!

PS: Existem diversos relatos de dissidentes cubanos falando sobre os horrores vividos nas prisões, somente pelo fato de discordar da ditadura comunista de Fidel Castro. Um deles, de Alejandro Gonzales, mostra que não há higiene alguma nas prisões, faltam detergentes, a comida é podre e a cama é infestada de baratas. Vários são torturados. Milhares morreram fuzilados. O grande crime cometido? Desejar mais liberdade. Nada mais. E tem gente com a cara-de-pau de comparar isso com os abusos em Guantánamo, onde terroristas ficaram pelados ou foram arrastados pelos cabelos. Claro que qualquer abuso deve ser condenado – e é, pelos próprios americanos, que são livres para criticar seu governo. Mas somente a demência explica alguém colocar no mesmo patamar o abuso de terroristas assassinos por militares com a tortura e morte de inocentes por uma ditadura cruel.

Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/

Offline Eu

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Re: Quais Conquistas Sociais?
« Resposta #1 Online: 22 de Fevereiro de 2008, 21:29:15 »
A exilada cubana me diz: "o povo ama Fidel"


Estive em Cuba por duas semanas, no final de 2006, quando a notícia sobre a diverticulite de Fidel Castro – inicialmente noticiada como câncer – estava em todas as conversas. Fiz entrevistas com intelectuais próximos ao regime, cidadãos comuns, diplomatas e exilados e publiquei o material em meu blogue no portal do Estado de S. Paulo. Em todas as conversas, o que buscava era entender o saldo final da revolução que Fidel Castro comandou e que o manteve no poder durante 49 anos. Um dos melhores depoimentos obtive de uma exilada cubana que mudara-se para Madri dez anos antes. Ela jamais trocaria sua vida na Espanha por um retorno a Cuba. Mesmo assim, não deixava de reconhecer a força do regime, a começar pela popularidade de Fidel Castro. Leia a reportagem, na íntegra:

Tomo o café da manhã em companhia de uma professora cubana que há dez anos mudou-se para a Espanha, onde vive como exilada. Pela aparência, é uma cubana de filme: traços finos, sombrancelhas grossas, cabeleira longa e espessa, umas duas toneladas e meia de colares, pulseiras e anéis. Tem quarenta anos, é pequena e rechonchuda, usa salto alto e um vestido cor-de-rosa justo, num violão exagerado. A formação política dela não tem relação com os contras, adversários históricos do regime que vivem em Miami. Ela integrou a Juventude Comunista e por um longo período fez carreira como professora universitária, profissão de muito prestígio em Cuba. Parece uma boa pessoa para me falar sobre o futuro do país.
A conversa é curta e objetiva. Ela formou-se em economia e hoje toca um negócio próprio. Diz que está impressionada com a quantidade de turistas russos que tem encontrado em Cuba. “Metade dos hóspedes deste hotel vieram da Russia,” afirma, com o conhecimento de quem viveu anos em Moscou – nos tempos em que o regime de Fidel enviava os melhores quadros para estudar ali. Pergunto se são aqueles milionários que o mundo designa genéricamente como “máfia russa”. “Cuba não é o lugar de quem tem muito dinheiro,” diz ela. “Esses vão gastar o que ganharam na Europa. Quem vem para cá é gente que ganhou alguma coisa, mas não os milionários.”
Pergunto sobre o passado. Ela diz que saiu de Cuba nos anos 90, quando a União Soviética ainda não tinha cortado a ajuda ao regime, havia emprego e as pessoas viviam melhor. “Hoje, a vida está muito pior e todo mundo quer ir embora,” assegura. “A ajuda dos russos acabou e não veio nada equivalente no lugar.” Quando pergunto sobre espanhóis e franceses, que tem feito investimentos em Cuba, ela responde: “Não dá para comparar. Quando eu vivia na União Soviética, nos chegamos a ser 10 000 cubanos estudando naquele país. As pessoas se formavam e voltavam para cá.”
Pergunto sobre o futuro. Ela diz que os cubanos “amam Fidel e tem orgulho da educação de seu país,” explica, para acrescentar: “É preciso reconhecer que o governo fez coisas boas. Eu mesmo me considero fidelista. Não sou comunista. Mas sou fidelista. ”
Ela explica: “a educação pública em Cuba é uma das melhores da América Latina. Todo mundo fica 12 anos na escola. As pessoas tem uma certa cultura. Tenho uma emigrante colombiana para me ajudar em casa, na Espanha. Não dá para comparar com as cubanas. Por isso, quando os cubanos deixam o país, logo conseguem um bom emprego e acumulam patrimônio.”
Ela acredita que esses benefícios garantem apoio ao regime. “As pessoas pobres são fidelistas,” afirma. Sua impressão é que, cedo ou tarde, mas sempre depois de Fidel, o regime terá de fazer concessões econômicas, privatizar empresas e abrir o país para o capital estrangeiro – a começar pelos cubanos que fizeram fortuna fora do país. “Ninguém vai impedir isso. É o que todo mundo quer. ” Em sua conversa, o destino auto-declarado do regime de Cuba é tornar-se uma espécie de China no Caribe: mantém a ditadura mas dá espaço para investimentos privados. Pergunto se não há, entre os cubanos, o desejo de escolher o presidente pelo voto. Falo a palavra democracia. Ela entende a pergunta, vive na Espanha e sabe o que é isso. Mas é como se não soubesse do que estou falando. Eu insisto e ela dá de ombros: “Não sei como se faria isso.”




enviada por Paulo Moreira Leite



http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/paulomoreiraleite/index.html?act=lkpost&arquivohtml=2008_02&postanch=post_19073905&ext=true



 

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