A ligação entre ovos, coelhos e a festa da Páscoa se perde na noite dos tempos, mas tudo indica que foi traçada originalmente por causa de rituais de fertilidade pagãos. Quase todos os povos do hemisfério Norte costumavam celebrar a chegada da primavera, mais ou menos no período do ano em que surgiria a Páscoa judaica -- acredita-se que os próprios israelitas, quando ainda eram um povo pagão, realizavam essas celebrações, que acabariam se transformando na Páscoa monoteísta.
Acontece que, em regiões temperadas, o começo da primavera é a época da procriação, seja para as aves, seja para mamíferos como o coelho. O grande número de ovos e/ou filhotes produzidos por esses animais passou a ser visto como símbolo da fertilidade que acompanhava essa fase do ano. Embora pareça maluca, a ligação entre coelhos ou lebres e os ovos era feita porque as tocas desses animais lembram, em alguns casos, os ninhos de aves, levando à idéia de que os coelhos também botariam ovos.
Com a chegada e o domínio do cristianismo em toda a Europa, essa simbologia passou a se cristalizar em torno da ressurreição de Cristo, comemorada pela Páscoa cristã. O ovo -- duro e inteiramente fechado, como uma rocha, mas ocultando a vida dentro de si -- passou a ser comparado com o sepulcro de pedra o qual, segundo a tradição cristã, teria abrigado o corpo de Jesus antes de sua ressurreição.
Graças a essas associações, desenvolveu-se o costume de trocar como presente ovos de galinha finamente decorados durante as festividades de Páscoa. Algumas comunidades cristãs, como os ortodoxos gregos, tendiam a usar a cor vermelha em seus ovos, como forma de lembrar não só a ressurreição, mas também a morte de Cristo na cruz.
O consumo de ovos na festa pascal também era um contraponto ao jejum e à abstinência de alimentos de origem animal que acontecia durante a Quaresma (os 40 dias que precedem a Páscoa). O costume de produzir ovos de chocolate só foi criado no fim do século 19 e começo do século 20, na Europa Ocidental.