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Iraque - Cinco anos após a invasão
« Online: 24 de Março de 2008, 19:11:54 »
Análise: Invasão do Iraque mudou balanço de forças no Oriente Médio
 

Irã e Iraque eram inimigos ferrenhos desde a década de 1980

Cinco anos após seu início, a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos trouxe profundas conseqüências para os países vizinhos e alterou o balanço de forças da região, segundo analistas ouvidos pela BBC.

"Desde a década de 1970, o Iraque era um dos principais atores da política do Oriente Médio, mas isso terminou com a invasão, quando se fortaleceu o papel do Irã", afirma Abdel Said Ali, diretor do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos Al Ahram, no Cairo.

O analista diz acreditar que uma das principais mudanças ocorridas na região desde 2003 foi um reposicionamento das forças sunitas e xiitas.

Após a derrubada de Saddam Hussein, as duas vertentes passaram a protagonizar um conflito sectário que já matou dezenas de milhares de pessoas no Iraque. Os xiitas, majoritários no Iraque, tinham sido duramente reprimidos sob o regime sunita de Saddam Hussein e, agora, reivindicavam o poder no país.

Os conflitos não se espalharam pela região, mas acabaram promovendo uma aproximação entre grupos sunitas e xiitas de diferentes países.

O Irã ser aproximou do movimento Hezbollah no Líbano e do governo sírio, representando os xiitas. Do lado dos sunitas, houve um fortalecimento de laços entre os governos de Arábia Saudita, Egito e parte da população no Líbano.

Irã e o Hezbollah

"O Irã sempre teve grandes ambições regionais. Sob o regime do xá (governo pró-americano deposto pela Revolução Islâmica de 1979) promovia políticas ocidentalizadas, mas, após 1979, mudou radicalmente", afirma o analista político jordaniano Mustafá Hamarne.

Sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad, presidente que recolocou o Irã em uma trajetória mais afinada com os líderes religiosos conservadores, o país passou a se projetar com mais firmeza como pólo constante de oposição aos interesses dos EUA no Oriente Médio.

"A ambição não é nova, a novidade é que a invasão americana beneficiou a posição do país", afirma ele.

Sob Saddam Hussein, a minoria sunita (20% da população iraquiana) dominava a maioria xiita. Com a queda do regime, os xiitas assumiram grande parte do poder, o que acabou motivando conflitos com os sunitas. Nesse contexto, uma aliança da classe política xiita iraquiana com os vizinhos iranianos foi considerada um passo natural.


A popularidade do Hezbollah aumentou após a guerra com Israel em 2006

Para o analista político Hilal Khashan, da Universidade Americana de Beirute, o fortalecimento do Irã se fez sentir também em seu país, o Líbano, por meio do grupo Hezbollah.

"O Hezbollah , apoiado pelo Irã, se tornou a força política mais poderosa do Líbano, formando um Estado dentro do Estado", afirma ele.

Israel e os EUA acusaram o Irã de fornecer apoio militar e financeiro ao grupo militante xiita durante o conflito militar entre o Hezbollah e Israel, em meados de 2006 - conflito que acabou ajudando a consolidar o Hezbollah como força política no Líbano.

"O Hezbollah quer reproduzir no Líbano o que aconteceu no Iraque, onde os xiitas se tornaram os principais atores políticos do país", diz Khashan.

O Líbano vive uma séria crise com a disputa entre o Hezbollah e as demais facções políticas no país, que têm impossibilitado a escolha de um novo presidente desde o final do ano passado.

Entenda as divisões do Líbano

A estrada para Damasco

Quando ocorreu a invasão de 2003, muitos analistas cogitaram a hipótese de que, após a rápida queda do regime de Saddam Hussein, o Exército americano iria derrubar também o governo sírio, apontado no ano anterior pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, como um dos países integrantes do que chamou de ‘Eixo do Mal’.

"Nos primeiros dias da guerra, eles (os americanos) diziam que aconteciam incursões sírias em território iraquiano e que tinham direito de fazer todo o possível para evitar isso", afirma George Jabbour, assessor do ex-presidente sírio Hafez al Assad.

"Mas depois se viram imersos em uma situação difícil no Iraque, suas ambições ficaram limitadas e agora pedem ajuda, querem nossa colaboração", diz ele.


Refugiados iraquianos na Síria

Por fazer fronteira com o Iraque, a Síria vem recebendo um grande influxo de refugiados que fogem da violência gerada no conflito.

Leia mais: Anistia faz apelo por ajuda a 2 milhões de refugiados iraquianos

"Temos um milhão e meio, dois milhões (de refugiados). Eles compartilham de nossos bens como comida e combustíveis. São um peso para a economia síria, mas os acolhemos e não recebemos ajuda alguma", afirma Jabbour.

Turquia

Enquanto a violência entre sunitas e xiitas levou à morte de dezenas de milhares de pessoas em grande parte do Iraque, o norte do país, o semi-autônomo Curdistão iraquiano viveu em relativa tranqüilidade.

No entanto, desde 2007, cresceram as tensões entre a Turquia e grupos militantes curdos que atuam em território turco e se refugiam em bases no norte do Iraque.


Guerrilheira curda do PKK

Considerada uma das maiores etnias sem Estado do mundo, os curdos habitam uma grande região do Oriente Médio, incluindo partes de Turquia, Iraque, Irã, Síria e Armênia. Os governos da região se opõem ao projeto de um Estado curdo.

Em fevereiro de 2008, o Exército turco entrou em solo iraquiano para combater os militantes separatistas.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Bilkent, na Turquia, Ersel Aydinli, "a crescente autonomia dos curdos (no Iraque) complicou as coisas para a Turquia porque os seguidores do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), dentro e fora de nosso país, conseguiram uma justificativa para o separatismo."

Israel e territórios palestinos

As tentativas de se por um fim ao conflito entre palestinos e israelenses não avançaram nestes últimos cinco anos. Para o conselheiro do ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Abdel Husni, isso ocorreu porque os Estados Unidos, tradicionais mediares do confronto, estiveram muito ocupados com o Iraque.

"A questão palestina ficou em segundo ou terceiro plano porque os esforços americanos se concentraram no caos iraquiano", afirma ele.

Já Israel, que por um lado viu com bons olhos a queda do tradicional inimigo Saddam, afirma que, devido à conjuntura regional, o país não está mais seguro.

"Os movimentos terroristas não desapareceram com ele (Saddam), agora seguem apoiados pelo Irã", afirma Yigal Palmor, porta-voz do governo israelense.

"Este apoio é muito mais significativo porque não se trata apenas de dinheiro e armas, mas é também ideológico."

"Isso leva os terroristas do Hamas e do Hezbollah à uma guerra final, sem objetivo racional, que inclui o atentado suicida, algo que não acontecia no regime de Saddam."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080317_iraq_analise_rc.shtml

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Cinco anos depois, situação no Iraque 'é desesperadora'
 
   
Água limpa consome até um terço do orçamento de famílias

Em uma situação "desesperadora", milhões de iraquianos vivem sem acesso a água tratada, saneamento básico ou atendimento à saúde, cinco anos após a invasão americana de 2003, afirmam nesta segunda-feira dois relatórios divulgados por organizações internacionais.

Segundo a Cruz Vermelha, que descreveu a situação humanitária no Iraque como "uma das mais críticas do mundo", famílias iraquianas gastam até um terço de sua receita mensal de pouco mais de R$ 250 apenas para comprar água limpa.

Dois em cada três iraquianos não têm acesso a água potável, completou um segundo relatório divulgado pela Anistia Internacional.

De acordo com a Anistia, cerca de oito milhões de iraquianos – quase um terço da população de 27 milhões de habitantes – precisam de ajuda humanitária para viver.

Os relatórios são divulgados na semana em que se completam cinco anos da invasão do Iraque, na madrugada de 19 para 20 de março de 2003.

"Para as pessoas que precisam de água limpa, que precisam de acesso à saúde, a situação está pior do que nunca. Foram décadas de guerras e sanções, o que significa que não houve investimentos suficientes no sistema de saúde e em saneamento", disse à BBC o porta-voz da Cruz Vermelha em Washington Michael Khambatta.

Ainda de acordo com a Cruz Vermelha, hospitais iraquianos se ressentem da falta de profissionais e medicamentos, e oferecem apenas 30 mil leitos, menos da metade dos 80 mil necessários.

Direitos humanos

O relatório da Cruz Vermelha é complementado por outro, da Anistia Internacional, que avalia como "desesperadora" a situação humanitária no país em guerra.

"Milhares de pessoas foram mortas ou incapacitadas, e comunidades que antes viviam em harmonia foram precipitadas para o conflito aberto. Para muitas mulheres, agora sob risco de ataque por militantes religiosos, as condições até deterioraram em comparação com o período de Saddam Hussein", disse o relatório.

De acordo com o relatório, mesmo na relativamente tranqüila região do Curdistão, no norte do Iraque, a melhoria econômica não foi acompanhada de mais respeito pelos direitos humanos.

"Prisões arbitrárias, detenções e torturas continuam a ser registradas mesmo nas províncias do Curdistão", afirmou o diretor da Anistia Internacional para Oriente Médio e África, Malcolm Smart.

"O governo de Saddam Hussein era sinônimo de abuso de direitos humanos, mas sua substituição não representou nenhum alívio para o povo iraquiano."


Menina iraquiana em hospital após bombardeio

Segundo o relatório, o número de mortos desde o início do conflito permanece incerto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que até junho de 2006 as mortes chegavam até 150 mil. Naquele ano, 35 mil pessoas morreram, afirmou a Anistia, citando a ONU.

Apesar disso, os Estados Unidos afirmam que a segurança no Iraque está melhorando.

As taxas de violência têm caído em até 60% desde junho do ano passado - embora o próprio comandante das tropas americanas no país, general David Petraeus, ressalte a volatilidade da situação.

Visita surpresa

Nesta segunda-feira, o general deve se encontrar com o vice-presidente americano, Dick Cheney, que chegou em Bagdá para uma visita surpresa.

O vice-presidente americano, que dá início a um giro de dez dias pelo Oriente Médio, deve se encontrar com o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, e outros políticos iraquianos.

Depois Cheney visitará Omã, Arábia Saudita, Israel, Cisjordânia e Turquia.

É a terceira visita dele ao Iraque, onde atuam 160 mil soldados americanos. Quase 4 mil já morreram desde o início do conflito.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080317_iraquerelatorios_pu.shtml

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Offline HSette

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #1 Online: 24 de Março de 2008, 19:16:40 »
E ontem o bicho pegou, com um ataque à chamada Zona Verde, onde ficam os norte-americanos e aliados (embaixadas, escritórios de negócios, etc).

Agora a tarde o governo dos EUA acusou formalmente o Irão de ser o responsável pelos ataques.

Só falta esse troço se espalhar.
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

Chaves

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #2 Online: 24 de Fevereiro de 2009, 04:53:52 »
Museu Nacional do Iraque reabre com um quarto do acervo

O Museu Nacional do Iraque foi reaberto nesta segunda-feira em Bagdá, quase seis anos depois de ter sido saqueado e depredado no período que se seguiu à invasão do país liderada pelos Estados Unidos, em 2003.

Na época, os soldados receberam ordem para não intervir e nada fizeram quando cerca de 15 mil itens foram roubados.

Apenas cerca de 25% das peças foram recuperados, apesar de esforços internacionais para proibir seu tráfico e venda.

O governo do Iraque acredita que a reabertura do museu será mais um sinal de que a vida está voltando ao normal no país.

O correspondente da BBC em Bagdá, Jim Muir, disse, contudo, que alguns especialistas estão insatisfeitos porque só uma pequena parte do acervo foi catalogada ou colocada em exposição de maneira adequada.

Esses especialistas consideram a reabertura prematura, disse Muir.

O Iraque, berço da civilização, é considerado um dos maiores centros de descobertas arqueológicas.

No passado, o museu abriu as portas por um dia, em um gesto simbólico, em julho de 2003, para mostrar que alguns de seus tesouros tinham sido preservados.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/02/090223_iraquemuseug.shtml

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #3 Online: 17 de Março de 2009, 23:41:10 »
Iraquianos estão mais otimistas em relação ao futuro, diz pesquisa

Pela primeira vez desde a invasão liderada pelas forças americanas, em 2003, a violência e a falta de segurança não são mais as principais preocupações dos iraquianos. Segundo uma pesquisa de opinião encomendada pelas emissoras BBC, ABC e NHK, um número maior de iraquianos está esperançoso em relação ao futuro e mais preocupado com problemas cotidianos, como economia e emprego.

Os iraquianos, no entanto, permanecem com uma visão negativa em relação ao poder de governos estrangeiros sobre seu país, em particular, o Irã, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha.

A pesquisa foi realizada em fevereiro, antes da recente onda de atentados que causou a morte de dezenas de pessoas no Iraque.

Ao todo, foram entrevistados 2.228 iraquianos em todas as 18 províncias do país. A margem de erro é de 2,5%.

Segurança

Esta é a sexta de uma série de pesquisas de opinião realizadas desde março de 2004, e mostra uma melhora geral na percepção dos iraquianos sobre o próprio país, afirma Adam Mynott, da BBC.

As conclusões mostram mudanças distintas de opinião desde o último levantamento, em março do ano passado.

Sobre segurança, 85% dos entrevistados descreveram a atual situação como muito boa ou boa - um aumento de 23 pontos percentuais em relação ao ano passado.

Ao todo, 52% dos entrevistados disseram que a segurança melhorou no último ano - em comparação a 16% em março do ano passado - e 8% disseram que estava pior, em comparação a 26% na última pesquisa.

Mais da metade - 59% - dos entrevistados disse se sentir mais seguro em seu bairro, um aumento de 22 pontos percentuais em relação a março de 2008.

Distribuição

O número de pessoas relatando experiências violentas - como a explosão de carros-bomba, atentados suicidas, lutas sectárias, seqüestros e assassinatos - em suas vizinhanças também foi muito mais baixo do que no ano passado.

Ao todo, o número de pessoas dizendo que sua vida vai muito bem ou bem aumentou para 65% do total, um aumento de nove pontos percentuais. Também houve aumento de 14 pontos percentuais - para 60% - de pessoas que acreditam que o Iraque estará ainda melhor daqui a um ano.

A pesquisa ainda mostra que a percepção sobre alguns aspectos da vida cotidiana está melhorando.

A falta de energia vinha sendo apontada como um dos maiores problemas do país nos últimos seis anos, com apenas 10% dos entrevistados dizendo que tinham serviços confiáveis. Nesta pesquisa, o número subiu para 37%.

O número de pessoas dizendo que a disponibilidade de combustível para cozinhar ou para automóveis aumentou para 67% - um aumento de 48 pontos percentuais em relação a março do ano passado.

Sunitas

Todas as pesquisas anteriores mostraram diferenças marcadas entre sunitas e xiitas, com a minoria sunita mais pessimista que a maioria xiita em relação à situação atual e as perspectivas para o Iraque.

Nesta pesquisa, também é possível perceber as diferenças, mas os sunitas parecem estar mais otimistas.

Ao todo, houve um aumento de nove pontos percentuais sobre os que acreditam que suas vidas vão muito bem ou bem - entre os sunitas, este aumento foi de 16 pontos percentuais.

Catorze por cento dos entrevistados acreditam que as coisas vão melhorar no próximo ano - entre os sunitas, este aumento foi de 29%. Também aumentou em 23 pontos percentuais o número de pessoas que consideram a segurança de seu bairro muito boa ou boa, mas entre os sunitas, este aumento foi de 32 pontos percentuais.

O número de pessoas que apóiam a democracia como modelo favorito de governo para o Iraque em comparação com um líder forte ou um Estado islâmico aumentou em 21 pontos percentuais. Entre os sunitas este número aumentou em 27 pontos percentuais.

Diferenças regionais

Ao responder sobre o papel positivo ou negativo de países estrangeiros sobre o Iraque, o Irã, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha tiveram a pior avaliação.

Ao todo, 68% dos entrevistados acreditam que a influência iraniana é negativa, enquanto 12% a consideram positiva; 64% afirmam que o papel dos EUA é negativo, contra 18% que o consideram positivo; e 59% consideram a influência britânica negativa, enquanto apenas 22% a consideram positiva.

Ainda segundo a pesquisa, 56% acreditam que a invasão das forças aliadas em 2003 foi errada (um aumento de seis pontos percentuais), enquanto 42% afirmam que ela foi correta (uma queda de sete pontos percentuais).

Apenas 30% dos entrevistados consideram que as forças da coalizão estão fazendo um bom trabalho, contra 69% que consideram sua ação ruim - mais ou menos a mesma proporção de um ano atrás.

A pesquisa ainda sugere diferenças marcadas entre os moradores das regiões norte, centro e sul do Iraque - em geral, os entrevistados da região central, que inclui Bagdá, são significativamente menos positivos sobre quão boa é sua vida.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090316_iraquepesquisa_ba.shtml

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #4 Online: 15 de Abril de 2009, 03:06:13 »
Crimes contra homossexuais no Iraque preocupam Anistia

A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional enviou uma carta ao primeiro-ministro do Iraque, Nouri Al-Maliki, pedindo que o governo do país faça mais para proteger os homossexuais iraquianos.

O pedido da Anistia, que cobrou uma "ação urgente" das autoridades iraquianas, foi feito em meio a relatos de uma onda de assassinatos de jovens gays do sexo masculino no país.

Segundo a entidade, nas últimas semanas, 25 homens, jovens e adultos, foram mortos em Bagdá porque eram, ou aparentavam ser, homossexuais.

Os crimes recentes teriam sido cometidos por milícias xiitas armadas, assim como por membros das tribos e familiares das vítimas, disse a Anistia.

A entidade citou relatos de que três corpos de homens homossexuais teriam sido encontrados no distrito xiita de Cidade Sadr, em Bagdá, na semana passada - dois deles acompanhados de pedaços de papel com a palavra "pervertido".

Na carta, a Anistia também fala de sua preocupação em relação a líderes religiosos que estariam incitando a violência contra membros da comunidade gay iraquiana e policiais de alta patente que, aparentemente, estariam apoiando e até encorajando os ataques contra homossexuais iraquianos.

A organização criticou o governo iraquiano por não condenar os assassinatos e pediu que leve os responsáveis pelos crimes à Justiça e ofereça proteção efetiva aos homossexuais.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/090413_iraquecrimesgaysmv.shtml

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #5 Online: 23 de Abril de 2009, 17:20:18 »
Atentados matam mais de 70 no Iraque, diz polícia

A polícia do Iraque disse que dois atentados mataram pelo menos 73 pessoas no Iraque nesta quinta-feira. O primeiro ataque, no centro de Bagdá, deixou 28 mortos.

Uma bomba explodiu em um posto onde policiais distribuíam comida a pessoas sem-teto.

Um homem-bomba teria se infiltrado entre os sem-teto antes de detonar seus explosivos. Esse tipo de ataque tem sido atribuído pela autoridade a grupos insurgentes sunitas ou à Al-Qaeda.


Mulher lamenta atentado no Iraque

Atentado contra restaurante

A segunda explosão teria matado pelo menos 45 pessoas. Um homem-bomba destruiu um restaurante próximo a Baquba, na província de Diyala, nordeste de Bagdá. O restaurante estava lotado com peregrinos iranianos e iraquianos.

Segundo o correspondente da BBC em Bagdá Jim Muir, se for confirmado o número de vítimas, o segundo ataque desta quinta-feira teria sido o mais violento deste ano no Iraque.

A província de Diyala é uma das duas regiões do Iraque que têm mais resistido aos esforços de se conter a violência sectária no país.

Em Bagdá e em outras partes do Iraque, houve uma queda forte no número de incidentes de violência sectária ao longo do último ano.


Atentado na última quarta-feira deixou cinco mortos

No entanto, o correspondente da BBC afirma que ataques como os registrados nesta quinta-feira estão gerando dúvidas sobre a segurança no Iraque depois que as tropas americanas deixarem o país.

A retirada total das tropas lideradas pelos Estados Unidos está prevista para 2011.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/04/23/atentados+matam+mais+de+70+no+iraque+diz+policia+5691933.html

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #6 Online: 09 de Março de 2010, 10:35:34 »
Conselho de Segurança da ONU elogia eleições no Iraque

O Conselho de Segurança da ONU manifestou satisfação na noite de segunda-feira com as eleições legislativas no Iraque no domingo, que chamou de passo importante para a unidade do país.

Os 15 países membros do Conselho de Segurança elogiaram em um comunicado os iraquianos pela demonstração de "compromisso com um processo político pacífico, completo e democrático".

"A votação de domingo representa uma etapa importante no processo político, que busca estabelecer a unidade nacional do Iraque, soberania e independência", afirma o comunicado.

A taxa de participação nas eleições legislativas de domingo no Iraque chegou a 62,4%, anunciou na segunda-feira a Comissão Eleitoral, apesar da violência registrada no país.

A taxa, no entanto, é menor do que a registrada nas primeiras legislativas, em 2005, após Saddam Hussein, quando a participação chegou a 76%.

Participação elogiada

A comunidade internacional saudou no domingo a coragem dos eleitores que desafiaram a violência e compareceram em massa às urnas, no Iraque, mas o presidente americano Barack Obama advertiu para dias ainda "muito difíceis" no país.

Durante um pronunciamento no Jardim das Rosas da Casa Branca, Obama qualificou o pleito de "etapa importante" para a história do Iraque, louvando "a forte participação" popular, apesar da violência que fez pelo menos 38 mortos e 110 feridos.


Iraquianas exibem dedo pintado após votação / AP

"Sabemos que o Iraque enfrentará dias muito difíceis e que haverá, provavelmente mais violência", advertiu o presidente, destacando que "como país soberano e independente, o Iraque deve ter liberdade de escolher seu próprio caminho".

O secretário americano de Defesa, Robert Gates, estimou domingo que "as forças de segurança iraquianas efetuaram uma performance soberba e que a participação foi tão forte, senão maior do que a esperada". "No final das contas, foi um dia bom para os iraquianos e para nós", comentou, a bordo de um avião militar americano.

Um pouco mais cedo, o presidente Barack Obama felicitou o povo do Iraque pela votação. "Tenho um grande respeito pelos milhões de iraquianos que não se deixaram intimidar pela violência e exerceram o seu direito de votar hoje", indicou.

"Lamentamos as trágicas perdas de vidas humanas e saudamos hoje a coragem e a vontade dos iraquianos que desafiaram as ameaças para fazer com que sua democracia avance", acrescentou, considerando que "a participação mostra que o povo iraquiano escolheu construir o seu futuro pelo caminho do processo político".

Elogios no exterior

A União Europeia (UE), através de sua representante diplomática Catherine Ashton, também saudou domingo o "número significativo" de iraquianos que participaram das legislativas, apesar dos atentados, estimando que a taxa "merecia respeito".


Iraquianos são revistados na porta de local de votação / AP

O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner disse que a "mobilização é prova da vontade do povo iraquiano de virar a página de suas dificuldades do passado, de sua rejeição ao terrorismo, e de sua determinação em construir um Iraque democrático que olhe para o futuro".

O representante especial da ONU no Iraque, Ad Melkert, considerou que as eleições legislativas no país se desenvolveram de forma "bem transparente". "Estão reunidas as condições para que o processo responda aos critérios esperados", acrescentou.

Ataques durante eleição

Disparos de obuses de morteiro e de foguetes e vários atentados a bomba mataram 38 pessoas e deixaram 110 feridos, mas não impediram a formação de longas filas nos centros de votação.


Mulheres lamentam morte de parentes em atentado em Bagdá / AP

Estas eleições são consideradas cruciais para a estabilidade do país a seis meses do início da retirada das tropas americanas e a menos de dois anos da retirada total.

Os Estados Unidos dispõem, atualmente, de 96.000 soldados no país e preveem retirar suas tropas de combate até agosto, deixando 50.000 homens, até a retirada definitiva, no final de 2011.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/03/09/conselho+de+seguranca+da+onu+elogia+eleicoes+no+iraque+9421723.html

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #7 Online: 09 de Março de 2010, 17:27:21 »


Nao sei porque mas esta foto daria um belo poster motivacional

"Ninja tambem é cidadao, exerça o seu direito"  :hihi:

Ou coisas do tipo

Offline Pandora

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #8 Online: 09 de Março de 2010, 22:14:37 »
A Anistia poderia convidar os gays iraquianos para o Afeganistão, os pashtuns iriam adorar...  Lembro quando li sobre isso achei que fosse mentira...

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #9 Online: 10 de Março de 2010, 08:44:57 »
O Curdistão deveria se tornar independente. A única região séria do país que abandonou essa birra religiosa curiosamente é a mais rica e próspera.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #10 Online: 10 de Março de 2010, 11:20:45 »
O Curdistão deveria se tornar independente. A única região séria do país que abandonou essa birra religiosa curiosamente é a mais rica e próspera.
E como já não bastassem os problemas dos curdos no Iraque e na Turquia, eles ainda arranjariam na Síria, na Armênia e no Irã. Em teoria a idéia de um Estado curdo é boa, mas duvido que eu viva o suficiente para ver isso.

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #11 Online: 10 de Março de 2010, 12:31:39 »
A menos que um desses países ou todos eles comecem uma perseguição e ponham boa parte os curdos em campos de trabalhos forçados ou de extermínios e iniciem uma matança...

Offline Dbohr

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #12 Online: 10 de Março de 2010, 13:32:32 »
Pô, se perseguirem e matarem os curdos mais do que já estão fazendo...

Offline Pandora

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #13 Online: 10 de Março de 2010, 14:35:16 »
Estão fazendo pouco! Tem que ser pior  do que  aconteceu com os armênios (que ainda não foi reconhecido mundialmente como genocídio). Tem que ser mais institucionalizado, como o nazismo, aí sim (espero). Mas isso se o Estado opressor não for um importante aliado norte-americano...

Offline André Luiz

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Re: Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #14 Online: 10 de Março de 2010, 14:48:31 »
Curdos? Tai um povo pé-frio, o auge deles foi quando eram chamados de hititas, dizem

Offline JJ

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Re:Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #15 Online: 10 de Setembro de 2016, 15:57:30 »



Mortos pela “Guerra ao Terror” podem superar 2 milhões


11 de abril de 2015  1370  0


A organização Médicos pela Responsabilidade Social, já premiada com um Nobel, realizou um estudo no qual conclui que o número de mortos nos dez anos da “Guerra ao Terror” desde os ataques de 11 de setembro é de no mínimo 1,3 milhão de pessoas e pode ultrapassar os dois milhões. Desde os anos 1990, número pode superar os 4 milhões


Por Nafeez Ahmed, FiredogLake (de Middle East Eye), original em Unworthy Victims: Western Wars Have Killed Four Million Muslims Since 1990. Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu e publicado em Redecastorphoto. Título original: Guerras do “ocidente” já mataram 4 milhões de muçulmanos desde 1990


Cena-de-Guerra-ao-terror-Divulgacao
Mês passado, a organização Médicos pela Responsabilidade Social [orig. Physicians for Social Responsibility (PRS)] que tem sede em Washington divulgou estudo crucialmente importante, no qual a organização conclui que o número de mortos nos dez anos da “Guerra ao Terror” desde os ataques de 11/9 é de no mínimo 1,3 milhões de pessoas e pode ultrapassar os dois milhões.


O relatório de 97 páginas, distribuído pela organização de médicos que já recebeu um Prêmio Nobel é o primeiro estudo dedicado a estimar o número de civis mortos nas intervenções de contraterrorismo comandadas pelos EUA no Iraque, Afeganistão e Paquistão.


O relatório da PSR é assinado por uma equipe interdisciplinar de especialistas, entre os quais o Dr. Robert Gould, Diretor de Formação e Educação Profissional Médica no Centro Médico da University of Califórnia, San Francisco; e o professor Tim Takaro, da Faculdade de Ciências da Saúde na Simon Fraser University.


Até aqui completamente apagado de todos os veículos da mídia-empresa comercial em língua inglesa, trata-se de estudo histórico revolucionário e primeira tentativa, realizada por organização de saúde pública de renome mundial, para produzir informação confiável sobre o número de vítimas civis, assassinadas na “guerra ao terror” comandada por EUA e Reino Unido.


Corrigir números e preencher lacunas


O relatório da PSR é apresentado pelo Dr. Hans von Sponeck, ex-Vice-Secretário-Geral da ONU, como “contribuição significativa para diminuir o fosso que separa estimativas confiáveis do número de vítimas da guerra, especialmente civis no Iraque, Afeganistão e Paquistão, e números tendenciosos, manipulados e até fraudulentos”.


O relatório faz uma revisão de estimativas anteriores do número de mortes da “guerra ao terror”. E é duramente crítico do número mais frequentemente citado pela mídia-empresa comercial como número confiável, a saber o índice Iraq Body Count (IBC) que notifica 110 mil mortos. Esse número é construído a partir de outras “estimativas” publicadas pelos veículos da mídia-empresa comercial, mas o estudo da organização PSR identifica graves lacunas e erros de metodologia nesse tipo de abordagem.


Por exemplo, apesar de 40 mil cadáveres terem sido sepultados em Najaf desde o início da guerra, o índice jornalístico IBC só registrou, para o mesmo período, 1.354 mortes em Najaf. Esse exemplo mostra como é grande a diferença entre os números jornalísticos do IBC e o número real de mortos – neste caso o número de mortos que a mídia-empresa comercial está divulgando é 30 vezes menor que o número real.


Esse tipo de discrepância é encontrável em todo o banco de dados do índice IBC com o qual trabalha a mídia-empresa comercial. Noutro campo, o índice IBC registrou apenas três ataques aéreos num período em 2005, quando o número de ataques realmente cresceu de 25 para 120 naquele ano. Dessa vez, o número que a mídia-empresa comercial está divulgando é 40 vezes menor que o número real.


Segundo o estudo da PSR, até o muito discutível estudo publicado pela revista Lancet, que estimava em 655 mil o número de mortos no Iraque até 2006 (e mais de um milhão até hoje, por extrapolação) estava mais próximo da realidade que os números jornalísticos do índice IBC. De fato, o relatório recém lançado confirma o que já é consensual entre os epidemiologistas quanto à confiabilidade do estudo publicado em Lancet. Mas, apesar de algumas críticas bem fundamentadas, a metodologia estatística ali aplicada é a mesma universalmente reconhecida para determinar números de mortos em zonas de conflito, usadas pelas agências internacionais e por governos.


Negação politicamente motivada


A organização PSR também examinou a metodologia e a arquitetura de outros estudos que mostram números muito baixos de mortos, como um deles, publicado no New England Journal of Medicine e que também mostrou graves limitações.


Esse estudo simplesmente ignorou as áreas submetidas a violência mais pesada, a saber, Bagdá, Anbar e Nineveh, confiando nos dados muito precários do IBC, para extrapolar para essas regiões. Além disso, o estudo também assumiu “restrições politicamente motivadas” para a coleta e análise dos dados – entrevistas conduzidas pelo Ministério da Saúde do Iraque, que era “totalmente dependente da potência ocupante” e que, sob pressão dos EUA, se recusara a fornecer dados sobre registros de mortes de civis iraquianos.


Em particular, a organização PSR avaliou o que disseram Michael Spaget, John Sloboda e outros, que questionaram a coleta dos dados para o estudo da revista Lancet e os declararam potencialmente fraudulentos. Para a organização PSR essas acusações não têm fundamento.


As poucas “críticas justificadas”, concluíram os médicos da PSR, “não põem em dúvida os resultados dos estudos da Lancet como um todo. Aqueles números ainda representam a melhor estimativa atualmente acessível”. Os achados da Lancet são também corroborados pelos dados de um novo estudo publicado em PLOS Medicine, que fala de 500 mil mortos no Iraque, como consequência da guerra. No geral, o estudo da organização PSR conclui que o número mais provável para o total de mortos civis no Iraque, desde 2003 até hoje, se aproxima de 1 milhão.


A esse número, o estudo da PSR acrescenta pelo menos mais 220 mil mortes no Afeganistão e 80 mil mortos no Paquistão, mortos em consequência direta ou indireta da guerra dos norte-americanos naqueles países: assim se chega a um total “conservador” de 1,3 milhões de vítimas civis, mas “o número real pode facilmente ultrapassar os 2 milhões”.


Mas também o estudo da PSR sofre limitações. Para começar, a “guerra ao terror” pós 11/9 não foi novidade, mas simples expansão de políticas intervencionistas anteriores dos EUA no Iraque e no Afeganistão.


Em segundo lugar, a carência absoluta de dados sobre o Afeganistão sugere fortemente que o estudo da PSR muito provavelmente subestimou o número de vítimas da guerra norte-americana contra os afegãos.


Iraque


A guerra contra o Iraque não começou em 2003, mas em 1991 com a Iª Guerra do Golfo, depois da qual começou no país o regime de sanções da ONU.


Estudo anterior feito pela PSR por Beth Daponte, que então trabalhava como especialista em demografia no Gabinete do Censo do governo dos EUA, determinou que o número de mortes de civis no Iraque, causadas por impacto direto ou indireto da Iª Guerra do Golfo, chegava bem próximo de 200 mil iraquianos, a maioria dos quais civis. Na sequência, o estudo de Daponte, feito para uso interno do governo dos EUA, foi tirado de circulação.


Depois que as forças norte-americanas saíram de lá, a guerra contra o Iraque prosseguiu na modalidade de guerra econômica, mediante as sanções que EUA e Reino Unido impuseram ao país, sob o pretexto de não dar a Saddam Hussein os materiais necessários para a produção de armas de destruição em massa. Na lista dos itens banidos do Iraque sob esse pretexto, entraram inúmeros produtos necessários para a sobrevivência diária.


Números da ONU, não contestados, mostram que 1,7 milhões de civis iraquianos, metade dos quais crianças, morreram por efeito do brutal regime de sanções impostas pelo “ocidente” ao Iraque.


Esse efeito de matança em massa parece ter sido efeito planejado e buscado. Dentre os itens banidos pelas sanções que a ONU impôs ao Iraque estavam produtos químicos e equipamentos essenciais para a manutenção e o bom funcionamento do sistema de tratamento de água nacional iraquiano. Um documento secreto da Agência de Inteligência da Defesa dos EUA [orig. US Defence Intelligence Agency (DIA)] encontrado pelo professor Thomas Nagy da Escola de Negócios da George Washington University equivalia, nas palavras do professor, a um “rascunho inicial de um plano de genocídio contra a população do Iraque ”.


No documento que redigiu para a Associação dos Analistas de Genocídios da Universidade de Manitoba, o professor Nagi explicou que o documento da DIA revelava


(…) detalhes minuciosos de um método perfeitamente operacionalizável para “degradar completamente o sistema para tratamento de água” de uma nação inteira por um período de mais de dez anos.


A política de sanções criaria


(…) as condições para ampla disseminação de doenças, inclusive epidemias em grande escala, que liquidariam quantidade significativa de habitantes do Iraque.


Significa que só no Iraque, a guerra dos EUA de 1991 a 2003 matou 1,9 milhões de iraquianos; depois, de 2003 em diante, cerca de 1 milhão, o que totaliza pouco menos de 3 milhões de iraquianos mortos ao longo de duas décadas.


Afeganistão


No Afeganistão, a estimativa de número de mortos apresentada pela organização PSR pode ser também muito conservadora. Seis meses depois da campanha de bombardeio de 2001, Jonathan Steele, do Guardian, revelou que número entre 1.300 e 8.000 afegãos haviam morrido em consequência direta dos bombardeios norte-americanos, e que, sem sombra de dúvida, algo bem próximo de 50 mil pessoas haviam morrido por efeitos indiretos da guerra.


Em seu livro Body Count: Global Avoidable Mortality Since 1950 [Contando cadáveres: a inegável mortalidade global desde 1950] (2007), o professor Gideon Polya aplicou a mesma metodologia usada pelo Guardian aos dados anuais da ONU, de mortalidade por populações, para gerar explicação plausível para o número excessivo de mortos. Bioquímico aposentado da La Trobe University em Melbourne, Polya concluiu que o total de mortes evitáveis de afegãos desde 2001, sob as privações impostas pela guerra e pela ocupação em curso, alcançava 3 milhões de pessoas, 900 mil das quais crianças com menos de cinco anos.


Embora os achados do professor Polya não tenham sido publicados em periódico de acadêmicos especialistas, seu estudo de 2007 Body Count tem sido recomendado pela professora Jacqueline Carrigan, socióloga da California State University, como “um perfil rico em dados, da situação da mortalidade global”, em resenha publicada no periódico da editora Routledge, Socialism and Democracy.

Como também no caso do Iraque, a intervenção norte-americana no Afeganistão começou muito antes do 11/9, sob a forma de ajuda clandestina aos Talibã (militar, logística e financeira) , a partir de 1992. Essa contribuição dos EUA serviu de propulsão para a violenta conquista, pelos Talibã, de quase 90% do território afegão.


Em relatório de 2001 da Academia Nacional de Ciências,  Forced Migration and Mortality, o destacado epidemiologista Steven Hansch, um dos diretores da ONG Relief International, observou que o aumento na mortalidade no Afeganistão devida a impactos indiretos da guerra ao longo dos anos 1990s pode estar entre 200 mil e 2 milhões.


Tudo isso sugere que o número total de mortos afegãos por efeito direto ou indireto da invasão pelos EUA desde o início dos anos 1990 até o presente esteja entre 3-5 milhões de pessoas.


Negar sempre


Segundo os números aqui explorados, o total de mortes causadas direta ou indiretamente pelas intervenções norte-americanas no Iraque e no Afeganistão desde os anos 1990s – sejam os assassinatos diretos, sejam os impactos das privações e dificuldades impostas pela guerra – está bem próximo de 4 milhões de pessoas (2 milhões no Iraque, de 1991 a 2003, mais 2 milhões de vítimas da “guerra ao terror”), mas talvez chegue a 6-8 milhões de pessoas, se se considera que o número de vítimas no Afeganistão é certamente maior do que o aqui computado.


Talvez sejam números exagerados, mas ninguém jamais saberá com certeza. As forças armadas de EUA e do Reino Unido, por opção política, não mantêm qualquer registro do número de civis mortos em operações militares, considerados uma inconveniência sem importância.


Dada a severa carência de dados no Iraque , a quase total inexistência de registros no Afeganistão e a indiferença dos governos “ocidentais” ante mortes de civis, é literalmente impossível determinar a verdadeira extensão do massacre de seres humanos não militares.


Ante a impossibilidade até de corroborar qualquer número, aí fica uma estimativa plausível, baseada em metodologia estatística padrão, que considera a melhor evidência encontrável. Ajudam a oferecer alguma indicação sobre a escala da destruição, embora sem detalhes precisos.


Muitas desses mortos tombaram no contexto da luta contra a tirania e o terrorismo. Mas, porque a mídia-empresa mantém o mais impenetrável segredo sobre os fatos reais dessa luta, praticamente ninguém tem qualquer ideia da verdadeira escala do inenarrável terror que a tirania de EUA e Reino Unido promove, em nome dos cidadãos, no Iraque e no Afeganistão.

__________________________________________________

  • Nafeez Ahmed é jornalista investigativo, especialista em segurança internacional e autor de best-sellers em que acompanha o que chama de a “crise da civilização”.  Colabora nos jornais The Independent, Sydney Morning Herald, The Age, The Scotsman, Foreign Policy, The Atlantic, Quartz, Prospect, New Statesman, Le Monde diplomatique, New Internationalist.


Foto: Cena do filme Guerra ao Terror/Divulgação


http://www.revistaforum.com.br/2015/04/11/mortos-pela-guerra-ao-terror-podem-chegar-a-2-milhoes/




Offline JJ

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Re:Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #16 Online: 10 de Setembro de 2016, 16:02:25 »


São as maravilhas  de resultados  da grande expedição democrática ao Iraque e Afeganistão.  Conseguiram instalar duas brutas democracias.

Hoje podemos ver que são países  brutalmente  prósperos.

 :hihi:



« Última modificação: 10 de Setembro de 2016, 16:06:34 por JJ »

Offline Lorentz

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Re:Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #17 Online: 10 de Setembro de 2016, 16:54:00 »


São as maravilhas  de resultados  da grande expedição democrática ao Iraque e Afeganistão.  Conseguiram instalar duas brutas democracias.

Hoje podemos ver que são países  brutalmente  prósperos.

 :hihi:





Já o Japão, Coreia do Sul, Vietnam só são a potência que são graças a União Soviética...
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Offline Gauss

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Re:Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #18 Online: 10 de Setembro de 2016, 17:03:06 »
O Afeganistão só está destruído por culpa da URSS que invadiu o país na década de 1980. E pelos EUA que treinaram os Mujahideens (que depois formaram a Al-Qaeda). Ou seja, o intervencionismo(de todos os lados) destruiu um país, como sempre. Hoje não há mais o que fazer senão defender governos laicos nestes países.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline JJ

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Re:Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #19 Online: 31 de Agosto de 2017, 11:12:20 »
Nada se compara a maravilhosa libertação democrática realizada pelo grande irmão do norte:




Sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
 

Fim de outro ano …

Você sabe que seu país está com problemas quando:

A ONU tem que abrir um ramo especial apenas para acompanhar o caos e o derramamento de sangue da UNAMI.

O ramo acima mencionado não pode ser executado em seu país.

Os políticos que trabalharam para colocar o seu país neste estado desculpa não podem mais ser encontrados dentro ou perto de suas fronteiras.

A única coisa em que os EUA e o Irã podem concordar é a deterioração do estado da sua nação.

Uma guerra de 8 anos e um bloqueio de 13 anos parecem os "Anos Dourados" do país.

Seu país está supostamente "vendendo" 2 milhões de barris de petróleo por dia, mas você está em linha por 4 horas para a gasolina do mercado negro para o gerador.

Por cada 5 horas sem eletricidade, você recebe uma hora de eletricidade pública e, em seguida, o governo anuncia que vai reduzir a demanda por essa hora.

Os políticos que apoiaram a guerra passaram o tempo de TV a debater se é "derramamento de sangue sectário" ou "guerra civil".


As pessoas consideram-se sortudas se realmente podem identificar o cadáver do parente que está faltando há duas semanas.


Um dia na vida do iraquiano médio foi reduzido a identificar cadáveres, evitando carros-bomba e tentando acompanhar quais membros da família foram detidos, quais foram exilados e quais foram abduzidos.


2006 foi, decididamente, o pior ano ainda. Não mesmo. A magnitude desta guerra e ocupação só está atingindo a força total do país. É como ter um grande pedaço de terra seca e seca que você está determinado a quebrar. Você dirige a primeira estaca na forma de uma infra-estrutura danificada com mísseis e a mais nova tecnologia de armas, as primeiras rachaduras começam a se formar. Várias participações menores vêm sob a forma de políticos como Chalabi, Al Hakim, Talbani, Pachachi, Allawi e Maliki. As rachaduras lentamente começam a se multiplicar e se esticar através da terra de uma vez sólida, alcançando suas bordas como tantas mãos esqueletais. E você aplica pressão. Você o rodeia de todos os lados e empurre e puxe. Lentamente, mas com certeza, começa a se separar - um chip aqui, um pedaço lá.


Isso é o Iraque agora. Os americanos fizeram um bom trabalho para trabalhar para separá-lo. No ano passado, quase todos estão convencidos de que esse era o plano desde o início. Havia muitos erros para eles realmente terem sido, simplesmente, erros. Os "erros" eram muito catastróficos. As pessoas que o governo Bush escolheu para apoiar e promover foram abertamente e publicamente terríveis - do conman e do malvado Chalabi, ao terrorista Jaffari, à milícia Maliki. As decisões, como a dissolução do exército iraquiano, abolir a constituição original e permitir que milícias assumissem a segurança iraquiana sejam muito prejudiciais para ser qualquer coisa, mas intencional.


A questão agora é, mas por quê? Eu realmente me perguntei que esses últimos dias. O que a América possivelmente ganha prejudicando o Iraque nesta medida? Estou certo de que apenas os idiotas delirantes ainda acreditam que essa guerra e ocupação foram sobre WMD ou um medo real de Saddam.


Al Qaeda? Isso é ridículo. Bush criou efetivamente mais terroristas no Iraque nos últimos 4 anos do que Osama poderia ter criado em 10 campos terroristas diferentes nas colinas distantes do Afeganistão. Nossos filhos agora jogam jogos de "sniper" e "jihadi", fingindo que alguém atingiu um soldado americano entre os olhos e este derrubou um Humvee.


Este último ano especialmente foi um ponto de viragem. Quase todos os iraquianos perderam tanto. Tanto . Não há como descrever a perda que experimentamos com esta guerra e ocupação. Não há palavras para transmitir os sentimentos que acompanham o conhecimento de que diariamente quase 40 cadáveres são encontrados em diferentes estados de decadência e mutilação. Não há compensação para a densa e negra nuvem de medo que paira sobre a cabeça de todos os iraquianos. Medo de coisas tão fora das mãos, limita com o ridículo - como se seu nome seja "muito sunita" ou "muito xiita". Medo das coisas maiores - como os americanos no tanque, a polícia patrulhando sua área em bandanas pretas e bandeiras verdes e os soldados iraquianos usando máscaras negras no ponto de controle.


Mais uma vez, não posso deixar de me perguntar por que tudo foi feito? Qual foi o motivo de quebrar o Iraque para que fosse irremediável? O Irã parece ser o único vencedor. Sua presença no Iraque está tão bem estabelecida, criticando publicamente um clérigo ou um aiatolá no suicídio. A situação acabou tão além da América que agora é irreparável? Ou era uma parte do plano todo o tempo? Minha cabeça dói apenas levantando as perguntas.


O que mais me perplexo no momento é: por que adicionar combustível ao fogo? Os sunitas e os xiitas moderados estão sendo expulsos das grandes cidades do sul e da capital. Bagdá está sendo despedaçado com Shia deixando áreas sunitas e sunitas deixando áreas xiitas - algumas sob ameaça e outras com medo de ataques. As pessoas estão sendo abertamente atiradas em pontos de verificação ou em ataques por assassinatos ... Muitas faculdades pararam as aulas. Milhares de iraquianos já não enviam seus filhos para a escola - não é seguro.


Por que piorar as coisas insistindo na execução de Saddam agora? Quem ganha se eles perseguem Saddam? Irã, naturalmente, mas quem mais? Existe um medo real de que esta execução seja o golpe final que quebrará o Iraque. Algumas tribos sunitas e xiitas ameaçaram armar seus membros contra os americanos se Saddam for executado. Os iraquianos, em geral, estão observando atentamente para ver o que acontece depois, e se preparando calmamente para o pior.


Isso é porque agora, Saddam já não se representa a si mesmo ou ao seu regime. Através da constante insistência da propaganda de guerra americana, Saddam é agora representante de todos os árabes sunitas (não importa que a maioria do seu governo seja xiita). Os americanos, através de seus discursos e artigos de notícia e fantoches iraquianos, deixaram bem claro que consideram que ele personifica a resistência árabe sunita à ocupação. Basicamente, com esta execução, o que os americanos estão dizendo é "Árabes visuais - sunitas - este é o seu homem, todos sabemos disso. Estamos pendurando ele - ele simboliza você". E não cometer nenhum erro sobre isso, este julgamento e veredicto e execução são 100% americanos. Alguns dos atores eram bastante iraquianos, mas a produção, a direção e a montagem eram Hollywood puro (embora de baixo orçamento, se você me perguntar).

Isto é, é claro, por que Talbani não quer assinar sua pena de morte - não porque o homem da máfia de repente tenha crescido a consciência, mas porque ele não quer ser aquele que faz a suspensão - ele não será capaz Para viajar longe o suficiente se ele fizer isso.


O governo de Maliki não podia conter sua alegria. Eles anunciaram a ratificação do pedido de execução antes do juiz real. Algumas noites atrás, algum programa de notícias americano entrevistou o chefe da mesa de Maliki, Basim Al-Hassani, que falava em inglês americano acentuado sobre a próxima execução, como se fosse um carnaval no qual ele assistiria. Ele sentou-se, parecendo desprezível e não um pouco ridículo, seu diálogo intercalado com 'gonna', 'gotta' e 'querer' ... O que acontece, suponho, quando as únicas pessoas com as quais você mistura são soldados americanos.


Minha única conclusão é que os americanos querem retirar-se do Iraque, mas gostaria de deixar uma guerra civil de pleno direito porque não ficaria bem se eles se retirassem e as coisas realmente começassem a melhorar, não é?


Aqui chegamos no final de 2006 e estou triste. Não apenas triste pelo estado do país, mas pelo estado de nossa humanidade, como iraquianos. Todos nós perdemos a compaixão e a civilidade que senti que nos tornaram especiais quatro anos atrás. Eu me tomo como exemplo. Quase quatro anos atrás, eu me acordei toda vez que ouvi sobre a morte de um soldado americano. Eles eram ocupantes, mas também eram humanos e o conhecimento de que eles estavam sendo mortos no meu país me deram noites sem dormir. Não importa que eles atravessassem os oceanos para atacar o país, eu realmente senti por eles.


Se eu não tivesse relatado esses sentimentos de agitação neste mesmo blog, eu não acreditaria neles agora. Hoje, eles simplesmente representam números. 3000 americanos morreram por quase quatro anos? Mesmo? Esse é o número de iraquianos mortos em menos de um mês. Os americanos tinham famílias? Que pena. Nós também. Então, os cadáveres nas ruas e aqueles que esperam a identificação no necrotério.


O soldado americano que morreu hoje em Anbar é mais importante do que um primo que eu falei no mês passado na noite de seu noivado com uma mulher com quem ele queria se casar nos últimos seis anos? Acho que não.


Só porque os americanos morrem em números menores, não os torna mais significativos, não é?


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« Última modificação: 31 de Agosto de 2017, 11:20:08 por JJ »

Offline JJ

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Re:Iraque - Cinco anos após a invasão
« Resposta #20 Online: 31 de Agosto de 2017, 11:15:54 »


Terça-feira, 11 de julho de 2006
 
Atrocidades ...


Promete ser um longo verão. Estamos quase no ponto intermediário, mas parece que os dias estão apenas rastejando. É uma combinação do calor, das moscas, das horas a horas sem eletricidade e dos cadáveres que aparecem em todos os lugares.


Antes de ontem era catastrófico. O dia começou com as notícias dos assassinatos no Jihad Quarter. De acordo com as pessoas que vivem lá, os milicianos vestidos de preto conduziram no meio da manhã e abriram fogo sobre as pessoas nas ruas e até nas casas. Eles começaram a puxar as pessoas da rua e verificar seus cartões de identidade para ver se eles tinham nomes sunitas ou nomes xiitas e depois os sunitas foram expulsos e mortos. Alguns foram executados ali mesmo na área. A mídia está jogando para baixo e reivindicando 37 mortos, mas as pessoas na área dizem que o número está mais próximo de 60.


A coisa horrível sobre os assassinatos é que a área foi cortada por quase duas semanas pelas forças de segurança do Ministério do Interior e pelos americanos. Na semana passada, um carro-bomba foi posto em frente a uma mesquita "sunita" na visita à área. Na noite anterior ao massacre, um carro bomba explodiu na frente de um Shia husseiniya na mesma área. No dia seguinte estava cheio de gritos e tiroteio e morte para as pessoas na área. Ninguém tem certeza de por que os americanos e o Ministério do Interior não responderam imediatamente. Eles simplesmente se sentaram, nos arredores da área, e deixaram o massacre acontecer.


Cerca de 2 da noite, recebemos algumas notícias terríveis. Perdemos um bom amigo nos assassinatos. T. era um engenheiro civil de 26 anos que trabalhava com um grupo de amigos em uma agência de consultoria em Jadriya. A última vez que o vi foi há uma semana. Ele tinha parado perto da casa para nos dizer que sua irmã estava noiva e ele trouxe com ele fotos do último projeto em que ele estava trabalhando - um prédio escolar meio colapsado fora de Bagdá.


Ele geralmente saiu da casa às 7 da manhã para evitar os engarrafamentos matinais e o calor. Ontem, ele decidiu ficar em casa porque ele prometeu a sua mãe que traria Abu Kamal pela casa para consertar o gerador que de repente morreu na noite anterior. Seus pais dizem que T. estava saindo da área a pé quando o ataque ocorreu e ele pegou duas balas na cabeça. Seu irmão só podia identificá-lo pela camiseta manchada de sangue que ele estava vestindo.


As pessoas estão ficando em suas casas na área e ninguém se atreve a entrar para que as vigílias para as pessoas que foram massacradas ainda não começaram. Ainda não vi sua família e não tenho certeza de ter coragem ou energia para dar piedosas. Sinto que tenho dado as palavras tradicionais de condolências mil vezes nos últimos meses, "Baqiya ib hayatkum ... Akhir il ahzan ..." ou "Que este seja o último de suas dores". Exceto que são palavras vazias, porque, mesmo quando as dizemos, sabemos que, no Iraque de hoje, qualquer tristeza - não importa quão grande - não será a última.


Houve também um ataque ontem sobre Ghazaliya, embora não tenhamos ouvido o que são as baixas. As pessoas estão dizendo que é a milícia Sadr, o exército Mahdi, por trás dos assassinatos. As notícias que o mundo ouve sobre o Iraque e a situação no próprio país são totalmente diferentes. As pessoas estão sendo expulsas de suas casas e áreas pela força e mortas nas ruas, e os americanos, os iranianos e os fantoches falam sobre as conferências nacionais e o progresso.


É como Bagdá não é mais uma cidade, é uma dúzia de cidades menores e diferentes infectadas com sua própria forma de violência. É obtido de modo que eu tenha medo de dormir, porque a manhã sempre traz tantas más notícias. A televisão mostra as imagens e as estações de rádio a transmitiram. Os jornais mostram imagens de cadáveres e palavras irritadas saltam para você de suas páginas, "guerra civil ... morte ... matando ... bombardeio ... estupro ..."


Estupro. A mais recente das atrocidades americanas. Embora não seja realmente o mais recente - é apenas aquele que está sendo mais divulgado. A pobre menina Abeer não foi a primeira a ser estuprada pelas tropas americanas, nem será a última. A única razão pela qual essa violação foi trazida à luz e divulgada é que toda a família imediata foi morta junto com ela. A violação é um assunto tabu no Iraque. As famílias não relatam estupros aqui, eles se vingam. Nós ouvimos sussurros sobre estupros em prisões controladas pelos Estados Unidos e durante cerco de cidades como Haditha e Samarra nos últimos três anos. A ingenuidade dos americanos que não acreditam que seus "heróis" estão cometendo tais atrocidades é ridícula. Quem já ouviu falar de um exército ocupante cometer estupe ??? Você violou o país, por que não as pessoas?


Nas notícias, eles estão estimando sua idade em torno de 24, mas os iraquianos da área dizem que ela tinha apenas 14 anos.Quatorze. Imagine sua irmã de 14 anos ou sua filha de 14 anos. Imagine que ela é estuprada por um grupo de psicopatas e então a menina foi morta e seu corpo queimou para encobrir o estupro. Finalmente, seus pais e sua irmã de cinco anos também foram mortos. Salve os heróis americanos ... Levante suas cabeças de alto apoio da "libertação" - suas tropas o orgulharam hoje. Não acredito que as tropas sejam julgadas nos tribunais americanos. Eu acredito que eles devem ser entregues às pessoas na área e só então a justiça será devidamente atendida. E nosso traseiro de um PM, Nouri Al-Maliki, está pedindo uma "investigação independente", instalado com segurança em seu complexo americano protegido porque não era sua filha ou irmã que foi estuprada, provavelmente torturada e morta.


Isso me enche de raiva para ouvir sobre isso e ler sobre isso. A pena que tive uma vez por tropas estrangeiras no Iraque desapareceu. Foi erradicado pelas atrocidades em Abu Ghraib, as mortes em Haditha e as últimas notícias de estupros e assassinatos. Eu olho para eles em seus veículos blindados e para ser honesto. Não posso me importar se eles têm 19 ou 39 anos. Não posso me importar se eles voltem para casa vivos. Não consigo me importar mais com a esposa ou os pais ou as crianças que deixaram para trás. Não consigo me importar porque é difícil ver além dos horrores. Eu olho para eles e me pergunto quantos inocentes mataram e quantos mais matarão antes de irem para casa. Quantos mais jovens iraquianas irão violar?

Por que os americanos apenas vão para casa? Eles fizeram danos suficientes e ouvimos falar de como as coisas vão se desmoronar no Iraque se eles "cortarem e correr", mas o fato é que eles não estão fazendo nada agora. Quanto pior pode obter? As pessoas estão sendo mortas nas ruas e em suas próprias casas - o que está sendo feito sobre isso? Nada. É conveniente para eles - os iraquianos podem matar uns aos outros e podem sentar-se e assistir o derramamento de sangue - a menos que eles desejem se juntar com assassinatos e estupros.


Ônibus, aviões e táxis que deixam o país para a Síria e a Jordânia são reservados sólidos até o final do verão. As pessoas estão pegando e saindo em massa e a maioria deles está planejando permanecer fora do país. A vida aqui tornou-se insuportável porque não é mais uma "vida", como as pessoas vivem no exterior. É simplesmente uma questão de sobrevivência, tornando-se de um dia para o outro de uma só peça e lidar com a perda de entes queridos e amigos - amigos como T.


É difícil acreditar que T. está realmente desapontado ... Eu estava checando meu e-mail hoje e Eu vi três e-mails fechados dele na minha caixa de entrada. Por um momento selvagem, que parou de coração, pensei que ele estava vivo. T. estava vivo e foi um erro horrível!Eu me soltei na onda de descrença vertiginosa por alguns segundos preciosos antes de eu cair quando meus olhos pegaram a data nos e-mails - ele os havia enviado a noite antes de ser morto. Um e-mail era uma coleção de piadas, o outro era uma variedade de imagens de gato, e o terceiro era um poema em árabe sobre o Iraque sob ocupação americana. Ele havia destacado algumas linhas descrevendo a beleza de Bagdá apesar da guerra ... E enquanto eu sempre pensava que Bagdá era uma das cidades mais maravilhosas do mundo, estou achando muito difícil esse momento para ver qualquer beleza em uma cidade Manchado com o sangue de T. e tantos outros inocentes ...


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