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Offline Adriano

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Mulheres são raras na gestão executiva
« Online: 28 de Março de 2008, 06:53:20 »
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Administrações das empresas do PSI20 ocupadas por 5,7 por cento de mulheres
Mulheres são raras na gestão executiva

28.03.2008 - 09h22 São José Almeida
Em Portugal, apenas sete mulheres exercem o cargo de administradoras executivas de empresas que integram o PSI20. Um número que representa 5,7 por cento do total dos administradores executivos destas empresas de topo que determinam a vida da bolsa.

Ou seja, sete mulheres num universo de 123 administradores executivos, onde há, portanto, 116 homens. Estas sete mulheres distribuem-se por cinco empresas, sendo que em duas delas existem relações familiares entre as mulheres administradoras executivas e o presidente do conselho de administração executivo.

Assim, em empresas não familiares destacam- se Ana Maria Fernandes, que partilha a administração executiva da EDP com seis homens e Maria Celeste Hagatong, que integra o conselho de administração executivo do BPI com outros seis.

São três as empresas familiares onde mulheres se sentam na administração. Neste caso, num total de seis mulheres.

Na Semapa há uma mulher ao lado de seis homens, Maria Maude Mendonça de Queiroz Pereira Lagos. Na Sonaecom, Cláudia Azevedo é administradora executiva ao lado de seis homens.

Já a Mota-Engil é a única empresa da bolsa portuguesa com uma administração executiva paritária: Maria Manuela Vasconcelos Mota, Maria Teresa Vasconcelos Mota e Maria Paula Vasconcelos Mota, irmãs, partilham a administração executiva com três homens.

A média de 5,7 por cento de mulheres em administrações executivas com poder sobre o mercado empresarial e económico está entre as mais baixas da União Europeia e é provocada por razões históricas e também pela cultura social vigente.

Quem o diz ao PÚBLICO é Antónia Pedroso de Lima, professora doutorada do Departamento de Antropologia do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e das Empresas (ISCTE), que rege cadeiras de família e parentesco e de género e poder e que é autora da tese “Grandes Famílias, Grandes Empresas” (Dom Quixote, 2002).

“Estes lugares são mais legitimados quando ocupados por homens. Tem a ver com as assimetrias da sociedade e da cultura e não com habilitações”, explica Antónia Pedroso de Lima, que prossegue: “Nas empresas e em qualquer lugar de liderança são poucas as mulheres. Veja-se a universidade, a maioria das docentes são mulheres e os altos cargos são ocupados por homens.” Ora, isto acontece porque “corresponde a um padrão de valores culturais e sociais muito marcados em Espanha, Portugal e Itália”. Que começam agora a ser contrariados até por via da lei, sublinha Antónia Pedroso de Lima, como é o caso da Noruega (ver texto sobre o caso norueguês).

O conservadorismo português

Acresce à situação geral da Europa a peculiaridade do conservadorismo português. “Em Portugal há uma situação particular de conservadorismo, que contribui em muito para o afastamento das mulheres dos lugares de mais destaque”, frisa Antónia Pedroso de Lima, exemplificando que as mulheres “podem aparecer como directoras de serviços, mas não na direcção das empresas”.

Por isso, garante, os cargos de topo não são ocupados de acordo com “uma meritocracia”, mas “por uma questão simbólica.” E em que a história recente tem ainda o seu peso. É que só com a Constituição de 1976 a mulher ganha autonomia legal absoluta.

Antónia Pedroso de Lima conclui que “a ideologia que se perpetuou no Estado Novo ainda pesa, a mulher ainda não pode desempenhar algumas profissões, o quadro mental não desaparece só por causa da revisão constitucional, as mulheres ocupam cargos de direcção intermédia, como marketing, recursos humanos, gabinetes jurídicos, mas não em lugar de destaque”.

Há, assim, “rarefacção, quando se sobe na hierarquia e o mundo da finança tem um sistema mental em que o estereótipo fica acentuado, vai sendo mais masculinizado, é a segregação vertical”, defende Maria das Dores Guerreiro, professora doutorada do Departamento de Sociologia do ISCTE e investigadora do CIES- Centro de Investigação de Estudos de Sociologia, que defendeu tese sobre “Famílias na Actividade Empresarial” (Celta Editora, 1996) e tem trabalhado sobre os problemas de género e igualdade no trabalho. Esta socióloga, consultora da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, afirma ainda que “na finança funciona também a segregação sectorial, que aumenta nas empresas da Bolsa”. Em termos genéricos, Maria das Dores Guerreiro lembra que “as mulheres vão entrando no mercado de trabalho através do que é o estereótipo do feminino, trabalham na saúde, na educação, nos serviços”.

Ora “a banca e as finanças não são tradicionalmente sectores femininos”, diz, acrescentando: “A banca acompanha o mesmo percurso que o jornalismo, por exemplo. Profissões que eram altamente masculinizadas, que se foram feminizando, mas na chefia de topo continuam masculinas. É o reflexo da forma como a sociedade vê a igualdade de género”. Por outro lado, Maria das Dores Guerreiro afirma que, “quando as mulheres predominam num sector, esse sector deixa de ser valorizado. As mulheres estão nas profissões menos rentáveis, de mais pequena dimensão, mais precárias, por isso não estão na bolsa”. E insiste: “Quanto mais valorizada é a actividade, menos mulheres lá encontramos.”

Topo obedece ao estereótipo masculino

Tendo estudado mais de oitenta empresas entre os anos 80 e 90, Maria das Dores Guerreiro considera que a situação foi evoluindo e avança com números: “As mulheres são um terço dos homens em lugares de topo genéricos. As mulheres licenciadas ficam como quadros, os homens sobem logo ao topo.” Para concluir que “há aqui muito de cultural e de estrutural”. E precisa: “Há grande rarefacção e, quando se pensa em alguém para um lugar de topo, pensa-se de acordo com o modelo que é o masculino.

Não se pensa na mulher, os traços masculinos são o estereótipo da chefia porque só há exemplos masculinos, não há modelo feminino.” São esses estereótipos que determinam as escolhas que dependem de redes de relações de confiança, conclui Maria das Dores Guerreiro, sublinhando: “As redes informais de recrutamento de líderes é que funcionam.

Mais do que os currículos ou a visibilidade, há que alimentar certos círculos. Estas redes são masculinizadas. Elas, quando surgem, é porque têm mérito, mas o método é o mesmo, é o do mentor, é o de se ser ‘insider’.” Um estatuto de pertença a um meio, a uma rede de poder, que as mulheres começam lentamente a adquirir.

(resto do artigo no Suplemento de Economia)

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1323939&idCanal=57
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Offline Týr

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #1 Online: 28 de Março de 2008, 07:32:56 »
Elas, quando surgem, é porque têm mérito...
Só elas?

Offline Adriano

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #2 Online: 29 de Março de 2008, 19:54:50 »
Elas, quando surgem, é porque têm mérito...
Só elas?
Claro que não, mas elas precisam demonstrar mais, já que ainda tem salário menor com mesmas posições hierárquicas.
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Offline Týr

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #3 Online: 30 de Março de 2008, 11:49:03 »
Elas, quando surgem, é porque têm mérito...
Só elas?
Claro que não, mas elas precisam demonstrar mais, já que ainda tem salário menor com mesmas posições hierárquicas.
Não sei não! Demonstrar mais porque ganham menos? Não faz muito sentido.

Agora é fato que todo esses executivos esforçam-se ao máximo, homem ou mulher.

Offline Adriano

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #4 Online: 30 de Março de 2008, 12:30:27 »
Elas, quando surgem, é porque têm mérito...
Só elas?
Claro que não, mas elas precisam demonstrar mais, já que ainda tem salário menor com mesmas posições hierárquicas.
Não sei não! Demonstrar mais porque ganham menos? Não faz muito sentido.

Agora é fato que todo esses executivos esforçam-se ao máximo, homem ou mulher.
Digo demonstrar mais para a sociedade, na minimização do machismo. Penso que corporativamente é onde ocorrem as primeiras mudanças, já que as necessidades práticas do dia-a-dia dos negócios impõe. Além de que muitas habilidades ditas femininas, como bom relacionamento interpessoal, emocional, estão sendo bem valorizados.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #5 Online: 04 de Abril de 2008, 02:04:07 »
Comentários apenas aos comentários....

Acho que bem possivelmente as mulheres talvez tenham um pouco mais de mérito proporcionalmente quando em posições de destaque devido à desproporção e toda estrutura social de certa forma favorecer os homens; acho que a probabilidade deles terem sorte e serem favorecidos por panelinhas e coisas do tipo deve ser bem maior.


De qualquer forma, muito embora eu ache o Walter Block meio pirado, ele propôs (ou ao menos expôs, mas parece que muito material de pesquisa era dele, se bem me lembro) que o grosso das diferenças de renda entre mulheres e homens geralmente apontadas como causadas por preconceito e machismo tem muito boas razões para não ser. Como no caso das disparidades raciais, não podemos aceitar o "face value", as aparências superficiais sem uma melhor análise das causas.

Tal como no caso de disparidades raciais, não tem a ver com inferioridade vs superioridade dos grupos como uns imaginam, e nem tão significativamente com preconceito como a maior parte das pessoas provavelmente imaginam.

Segundo Block, um fator muitas vezes negligenciado é o casamento; ele afirma que apenas depois de "tocados pela instituição do matrimônio" é que essas disparidades surgem. As mulheres acabam tendo comprometidos os avanços profissionais ou mesmo a carreira, enquanto o homem pode até ter uma acelerada, isso tudo devido aos papéis tradicionais de humem e mulher, sendo as últimas as principais responsáveis pelas tarefas do lar. Talvez entre algo também de vaidade masculina até nos homens pressionarem mais para as mulheres largarem os empregos do que o contrário.

Mesmo depois de um divórcio a disparidade tende a prosseguir por que o estrago em parte já foi feito, perderam-se alguns anos em trabalhos domésticos que poderiam ter sido investidos em carreira de um lado, e do outro lado o, inverso.



E ainda falando em casamento, acho que o John McWorther também levantou que no caso da disparidade racional dos negros tem um efeito mais ou menos inverso, não se tratando de homens e mulheres negras, mas como um todo; famílias casadas tendem a ter consideravelmente mais dinheiro do que famílias separadas e os filhos de pais separados. Provavelmente é também verdade para brancos, mas ele sugere que alguns tipos de bolsa-família americanos meio que acabaram favorecendo a separação de famílias, e assim sendo um tiro pela culatra como política para melhoras sócio-econômicas.

Offline FxF

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #6 Online: 04 de Abril de 2008, 03:22:50 »
Mulheres poucam buscam essas profissões. Geralmente, trabalham com o que se diz "social".

Offline Adriano

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Re: Mulheres são raras na gestão executiva
« Resposta #7 Online: 04 de Abril de 2008, 06:45:11 »
Comentários apenas aos comentários....

Acho que bem possivelmente as mulheres talvez tenham um pouco mais de mérito proporcionalmente quando em posições de destaque devido à desproporção e toda estrutura social de certa forma favorecer os homens; acho que a probabilidade deles terem sorte e serem favorecidos por panelinhas e coisas do tipo deve ser bem maior.


De qualquer forma, muito embora eu ache o Walter Block meio pirado, ele propôs (ou ao menos expôs, mas parece que muito material de pesquisa era dele, se bem me lembro) que o grosso das diferenças de renda entre mulheres e homens geralmente apontadas como causadas por preconceito e machismo tem muito boas razões para não ser. Como no caso das disparidades raciais, não podemos aceitar o "face value", as aparências superficiais sem uma melhor análise das causas.

Tal como no caso de disparidades raciais, não tem a ver com inferioridade vs superioridade dos grupos como uns imaginam, e nem tão significativamente com preconceito como a maior parte das pessoas provavelmente imaginam.

Segundo Block, um fator muitas vezes negligenciado é o casamento; ele afirma que apenas depois de "tocados pela instituição do matrimônio" é que essas disparidades surgem. As mulheres acabam tendo comprometidos os avanços profissionais ou mesmo a carreira, enquanto o homem pode até ter uma acelerada, isso tudo devido aos papéis tradicionais de humem e mulher, sendo as últimas as principais responsáveis pelas tarefas do lar. Talvez entre algo também de vaidade masculina até nos homens pressionarem mais para as mulheres largarem os empregos do que o contrário.

Mesmo depois de um divórcio a disparidade tende a prosseguir por que o estrago em parte já foi feito, perderam-se alguns anos em trabalhos domésticos que poderiam ter sido investidos em carreira de um lado, e do outro lado o, inverso.



E ainda falando em casamento, acho que o John McWorther também levantou que no caso da disparidade racional dos negros tem um efeito mais ou menos inverso, não se tratando de homens e mulheres negras, mas como um todo; famílias casadas tendem a ter consideravelmente mais dinheiro do que famílias separadas e os filhos de pais separados. Provavelmente é também verdade para brancos, mas ele sugere que alguns tipos de bolsa-família americanos meio que acabaram favorecendo a separação de famílias, e assim sendo um tiro pela culatra como política para melhoras sócio-econômicas.
Rerforçando esse idéia do casamento e da família, é comum no meio executivo e em revistas especializadas, abordar isso como a grande questão para a mulher executiva, que é relacionar da melhor maneira possível carreira e família, principalmente a hora de ter filhos, sendo o mais indicado a priorização da carreira.
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