"ninguém vai oferecer rosas a um estuprador"
Não-violência não significa não-justiça/não-punição. No caso da sociedade aderir à não-violência, isso não significa que não haverá punição para os criminosos. Eu, particularmete, até que gostaria que um estuprador fosse torturado, sofresse muito, etc... Mas isso não se trata sobre o que eu quero/desejo ou o que qualquer pessoa quer/deseja. O que está em jogo aqui é a democracia, a qual implica, além dos deveres, os direitos dos cidadãos. Analisemos, por exemplo, o caso do ex-ditador Saddam Hussein. Na minha opinião ele merecia sofrer, etc. Mas ainda que se trate de um ditador genocida, a sociedade não pode permitir que ele tenha o julgamento que teve, sem direito à defesa. E essa exigência não é pelo bandido, não é pelo Saddam, mas pela democracia. Até porque, se em um estado dito democrático aconteceu um julgamento onde o réu não teve direito à defesa, quem pode me garantir que eu terei (direito à defesa) no caso de alguma acusação? Estamos falando de um homem poderoso, líder de uma nação inteira, e que não teve direito a se defender de suas acusações em um país "democrático". Logo, se esse homem poderoso não teve tal direito, eu não me sinto nenhum pouco seguro, pois no caso de uma possível acusação, não tenho garantia de defesa.
Do mesmo modo enxergo essa questão da não-violência. Não podemos permitir que haja violência, nem tampouco responder à violência com mais violência; pois a violência não só gera, mas também justifica mais violência.
Admito, contudo, que há um limite para isso. Não me imagino baixando a cabeça em reação à um abuso de autoridade policial. Mas é um caso diferente dos de Ghandi ou Luther King, pois os grupos que esses lideravam eram espancados nas ruas; era questão de tempo até a sociedade perceber que gente inocente estava sendo punida.
Quanto à frase de "não sermos tolerantes com os intolerante", a mim não parece ser uma frase inteligente. Seria melhor não sermos tolerantes com a intolerância, mas devemos respeitar os direitos de todos, inclusive dos intolerantes. Acredito que a justiça deve ser feita, mas não necessariamente pagando na mesma moeda. Senão voltaríamos aos "olho por olho, dente por dente".