Autor Tópico: Por Trás do Véu de Ísis  (Lida 2221 vezes)

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Offline Nightstalker

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Por Trás do Véu de Ísis
« Online: 08 de Abril de 2008, 19:56:36 »
Por Trás do Véu de Ísis

Rodrigo Constantino

"O fato de um crente ser mais feliz que um cético não é mais pertinente que o fato de um homem bêbado ser mais feliz que um sóbrio." (George Bernard Shaw)


A dor da perda de um filho é algo simplesmente impossível de ser mensurado por quem não passou por tal desgraça. Deve ser realmente insuportável conviver com uma perda deste tipo, inversa a todo o curso natural da vida. A perda dos pais representa a perda de uma parte do passado, mas a perda de um filho significa a perda do futuro. Muitos pais que passam por este sofrimento absurdo encontram algum consolo no espiritismo. A idéia de que o filho continua vivo, apenas em outra dimensão, pode confortar um pouco os pais desesperados. Alguns médiuns oferecem inclusive contato com o suposto além, através da psicografia. Os filhos mortos enviariam mensagens de consolo para os pais vivos, através de figuras como Chico Xavier.

O jornalista Marcel Souto Maior fez uma investigação sobre a suposta comunicação entre vivos e mortos, e o resultado aparece no livro Por Trás do Véu de Ísis. Conforme ele mesmo explica, “na mitologia egípcia, o véu da deusa Ísis é a teia que separa morte e vida, o conhecido e o desconhecido, o eterno e o efêmero”. Ísis é também o símbolo do desespero de quem perde um ente querido – no caso dela, o marido Osíris. O jornalista tenta fazer uma busca por respostas de forma imparcial, mas fica claro no livro que ele mesmo deseja encontrar uma afirmação em relação à crença nos espíritos. No livro, vemos justamente esta característica comum: todos que partem em busca de mensagens psicografadas do além estão desesperados por um sinal qualquer. Eles, acima de tudo, querem muito acreditar que estão entrando em contato com seus parentes falecidos. Tanta emoção é o inimigo número um da busca pela verdade.

Marcel visitou vários centros espíritas e entrevistou alguns médiuns. Ele foi autor também do livro As Vidas de Chico Xavier, uma biografia do mais famoso médium que o país já teve. Para quem não compartilha da fé na vida após a morte, nenhum relato do livro chega a impressionar realmente. Na grande maioria dos casos, o médium se limita a repetir nomes e sobrenomes, às vezes endereços ou telefones. Nada que não pudesse ser rapidamente pesquisado antes. Fora isso, os parentes em busca de consolo participam de uma entrevista com o médium antes, e quase sempre as informações relatadas na psicografia foram fornecidas por eles mesmos. Para alguém “de fora”, tudo parece uma grande encenação, ainda que com a boa intenção de auxiliar na dor dessas pessoas.

O próprio autor pergunta e responde: “É possível forjar mensagens psicografadas? É. É possível reunir o máximo de informações possível sobre determinadas famílias e construir mensagens dos espíritos a partir desses dados e das lições básicas do espiritismo? É”. Todos ali presentes estão em busca da mesma coisa: um desesperado consolo. Querem crer que a morte não existe de fato, que o filho morto continua vivo de alguma forma diferente apenas. Muitos estão em busca de conforto para o sentimento de culpa também. Desejam uma mensagem do filho garantindo que estão bem e que se “libertaram”, afirmando que os pais não devem se culpar por nada do que aconteceu. Uma dessas mães chegou a afirmar que precisava da mensagem muito mais do que poderia admitir, e que “em hipótese alguma” iria duvidar do teor delas. Posso imaginar, por ser pai, que uma das primeiras coisas que deve passar na cabeça de quem perde um filho é o que poderia ter sido feito para evitar tal desgraça. Deve ser terrível conviver com este sentimento, e muitas mensagens psicografadas têm justamente este teor, aliviando os pais. O jornalista concorda com esta análise:

“São pais que precisam acreditar, desesperadamente, que as ‘crianças’ – independente da idade que tenham – estão vivas e amparadas na outra dimensão. Famílias que precisam se livrar da culpa por não terem conseguido evitar a tragédia ou se livrar de dúvidas insuportáveis sobre as circunstâncias da morte. Suicídio? Assassinato? Tiro acidental? Muita dor? Gente que precisa, enfim, ouvir dos próprios filhos a frase definitiva: ‘Vocês não têm culpa, eu não tenho culpa. O que aconteceu estava escrito, era um compromisso assumido em outras vidas, um resgate inevitável’.”

A crença de que esta vida é apenas uma passagem, que o corpo é somente uma carcaça que carrega nosso espírito, e que tudo está escrito e determinado conforta quando acidentes banais tiram a vida de alguém muito querido. Mas o conforto oferecido não é garantia, de forma alguma, da veracidade da crença. Os adeptos do espiritismo, no desejo de defender sua fé, costumam oferecer respostas para justificar certas constatações incômodas. Se o estilo das mensagens é tão parecido e, muitas vezes, não reflete o estilo e o vocabulário dos remetentes quando vivos, a explicação estaria no fato de o médium ser um intermediário e, ao captar e transmitir as comunicações do além, estar sujeito a interferir no estilo e no conteúdo da mensagem. A necessidade de fornecer vários dados sobre os mortos é explicada da seguinte forma: “O melhor é fornecer aos médiuns o maior número de dados possível para facilitar a comunicação com o espírito”.

O que estaria por trás deste espetáculo mediúnico? Seria um simples embuste? Seria algum distúrbio psicológico do médium, que realmente acredita em seu poder? Seria um desejo de consolar os outros acima do compromisso com a verdade? Não é fácil responder isso. Em muitos casos, o médium abre mão de conforto material e nunca cobra pelas mensagens psicografadas. Alguns espíritas costumam usar isso para se defender da acusação de charlatanismo. Mas, como Waldo Vieira admite, depois de psicografar 26 livros – 17 deles com Chico Xavier, e romper com o espiritismo, são três os riscos enfrentados por qualquer médium quando se dedica a atender famílias enlutadas: poder, posição e prestígio, a “síndrome dos três pés”. Existe mais que dinheiro no mundo. Como álibis que aliviam a culpa desses “psicógrafos”, o próprio Waldo cita: o sentimento de que está difundindo a verdade maior que é Kardec, a idéia de que não pode desencorajar ninguém e a noção de que está fortalecendo as instituições. Enfim, a utilidade do ato o justifica, independente de ser ou não verdadeiro.

No entanto, creio ser importante citar o filósofo John Stuart Mill sobre isso:

“A utilidade de uma opinião é, por si mesma, uma questão de opinião: é tão discutível, tão exposta à discussão e exige tanta discussão como a própria opinião. Permanece a mesma necessidade de um juiz infalível das opiniões para decidir tanto que uma opinião é nociva, como que é falsa, a menos que a opinião condenada tenha plena oportunidade de se defender. E não bastará afirmar que ao herético se permite sustentar a utilidade ou a inocência de sua opinião, embora lhe seja proibido defender a verdade. A verdade de uma opinião faz parte de sua utilidade. Se quiséssemos saber se é ou não desejável crer numa proposição, seria possível excluir a consideração sobre ser ou não verdadeira? Na opinião, não dos maus, mas dos melhores, nenhuma crença contrária à verdade pode ser realmente útil.”

Pode um falso consolo ser um bom consolo? As drogas que vendem fuga temporária da realidade são amigas verdadeiras? Não é fácil julgar os pais que, em situação de total desespero, encontram algum refúgio no espiritismo. Talvez seja preciso uma força muito rara para aceitar que o acaso existe, que acidentes ocorrem, que a vida é finita e que nem todas as desgraças devem ter algum sentido. A morte de uma criança inocente suscita inúmeras dúvidas metafísicas. Qual pode ser o sentido dessa vida? Por que ela, e não um adulto? Por que alguém bom, e não um assassino perverso? O caminho mais fácil – e confortante – é crer que tudo é parte dos planos divinos, que tinha que ser assim, que foi para libertar essa alma para sempre.

Não é fácil julgar aqueles que tomam este caminho. Mas podemos julgar, de fora, o caminho em si. E o caminho simplesmente não parece ser real, não apresenta evidências de que existe. Parece apenas uma fantasia fruto de uma extrema necessidade de acreditar. Mas a necessidade não torna a crença verdadeira, como todas as crianças que acreditaram em Papai Noel aprendem. Por trás do véu de Ísis, não há mais nada. E isso não torna a vida mais vazia ou pior. Ao contrário: justamente por isso devemos valorizar muito esta vida que temos. Ela é a única. E registro aqui meus pêsames para todos aqueles que tiveram a vida de um ente querido interrompida, dor esta que nem gosto de imaginar. Mas gostaria de lembrar também que você ainda continua vivo!

Fonte
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

Offline Adriano

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Re: Por Trás do Véu de Ísis
« Resposta #1 Online: 08 de Abril de 2008, 20:27:04 »
Falar  mal do espiritismo é muito fácil. O Waldo Vieira faz isso desde 1966, quando deixou a liderança da fereração espírita e se tornou dissidente do movimento espírita. Todo mundo que passou pelo espiritismo sabe a inconsistência que essa religião é.

Ele sempre critica a idolatria que é feita a figura do Chico Chavier, lembrando que não existe conscistência teórica nos seus escritos, somente água com açucar em sua grande maioria.

Eles pegaram a questão do sofrimento católico e colocaram isso na idéia de reencarnação. Então para eles todo mundo tem que sofrer pelo que fez no passado, assim como os católicos se apegam a questão da penitência e do pecado.

Além do crasso erro de idolotria da figura de Jesus Cristo e de deus. Os principais grandes erros que inundam de bobagens as liteturas de cabestros, sempre orientadas apenas para os livros do segmento espírita. Isso foi até tema de uma das tertúlias do Waldo, algo como um programa de tv on-line pela internet, onde ele mete o pau no espiritismo, com uma lista de vários itens críticos, como o que citei da leitura de cabresto.
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Offline FZapp

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Re: Por Trás do Véu de Ísis
« Resposta #2 Online: 08 de Abril de 2008, 22:04:59 »
O livro de Souto Maior faz referência, talvez, ao livro da Blavatsky, não?
--
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Offline Lua

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Re: Por Trás do Véu de Ísis
« Resposta #3 Online: 09 de Abril de 2008, 01:00:25 »
O livro de Souto Maior faz referência, talvez, ao livro da Blavatsky, não?

Imagino que sim, uma vez que ele pretende expor as 'verdades' por trás do espiritismo e o livro da Blavatsky faz exatamente o mesmo. No caso dela, não há desmistificação das tais 'verdades', mas um estudo aprofundado de diversos segmentos ocultistas e religiosos.

Ele sempre critica a idolatria que é feita a figura do Chico Chavier, lembrando que não existe conscistência teórica nos seus escritos, somente água com açucar em sua grande maioria.

Isso me faz lembrar de uma colega de faculdade que ficava impressionada com a capacidade que os médiuns tem de 'descobrir' o que as pessoas fizeram ou disseram antes de falecer. Ela costumava levar livros e ler durante os intervalos dos grupos de estudo... Chegava a chorar... rs E que o diga Zíbia Gasparetto e seus romances 'psicografados'...
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Offline Adriano

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Re: Por Trás do Véu de Ísis
« Resposta #4 Online: 09 de Abril de 2008, 07:17:39 »
Citação de: Waldo Vieira
- Processo da taxologia. É interessante ver porque colocamos para dar como exemplo, muita gente fala que eu tenho ranço do espiritismo que eu quero motrar que o meu ranço do espiritismo é de pesquisa e racionalidade. Aqui tem 13 características sociológicas do movimento espírita no Brasil, que eu vou ler agora para mostrar que o meu ranço não é tão rançoso assim. Eu estou mostrando o processo de racionalidade dentro do meu posicionamento.

01. Espiritismo como religião: sem pesquisas racionais, científicas, abertas.

02. Federações do tipo vaticano: decretos de fundamentalismos dogmáticos e condenações

das autopesquisas.

03. Leitura dirigida dos adeptos: publicações e leituras censuradas pelas Federações. PW: os espíritas são das pessoas religiosas no Brasil que mais lêem. Mas só dentro daquele processo da leitura dirigida.

04. Manutenção dos leitores e leitoras de cabresto: dentro de raias rotuladas, apriorísticas.

05. Assistencialismo da tarefa da consolação (tacon): sem a tarefa do esclarecimento

(tares) universalista. PW: que é muito mais difícil de fazer e vamos dizer, até mais antipática.

06. Apologia dos patrulheiros ideológicos: kardecistas, cristãos fanáticos renascidos

sem maior autodiscernimento evolutivo.

07. Exaltação sectária do cristianismo: ao modo de mera seita cristã, logicamente facciosa.

08. Assentamento no pentateuco kardecista: manutenção de adorações infantis e livros

sagrados, irretocáveis para sempre, da chamada Teologia Espírita. PW: que são cinco livros básicos de Allan Kardec.

09. Defesa ilógica do roustainguismo: dogma irracional da principal Federação há

mais de século.

10. Exclusão do debate e da refutação: condenados como tabus intelectuais.

11. Doutrina engessada para sempre: sem laboratórios nem pesquisas teáticas, universalistas.

12. Ausência completa do princípio da descrença: predeterminação de verdades absolutas,

estagnadas.

13. Continuidade dos fascínios de grupo medievalescos: idéias feitas, doutrinismos

e inculcações.

http://blogtertulias.blogspot.com/2008/04/823-antagonismo-pesquisa-leitura-sbado.html

Essas são as última críticas do Waldo sobre o espiritismo, divulgadas neste sábado.
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Offline Perdulario

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Re: Por Trás do Véu de Ísis
« Resposta #5 Online: 31 de Maio de 2008, 21:46:39 »
Uma vez a minha mãe, meio-espírita, meio-qualquer coisa, recebeu uma mensagem psicografada do meu falecido pai.
Veio lá um bilhete DATILOGRAFADO, em português impecável, dizendo frases simples mas piegas.

Meu pai jamais esteve perto de uma máquina de escrever (quem datilografava os inquéritos politicias dele era um escrivão), mal sabia escrever e quando escrevia era uma hecatombe!
E nunca conseguiria ser piegas. Pois ele não sabia ser nada além de grosseiro, nervoso e direto.

Enfim, tava na cara que era armação mas o pessoal da Federação Espírita argumentava que meu pai "evoluiu no astral".

O que fode no espiritismo é essa necessidade desses infelizes em venderem mentiras para os loucos que vão lá buscar qualquer coisa.
Não interessa se o consulente quer mentiras. Quando você empurra prá ele uma ilusão...
Cara!
Que crime maldito é esse, cara!
Porque você rouba a sanidade do sujeito e perpetua mais e mais ilusões!

E tem vagabundo que justifica isso.

 

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