Autor Tópico: Tumultos e conflitos por falta de comida crescem no mundo, diz FAO  (Lida 545 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Eu

  • Nível 15
  • *
  • Mensagens: 383
Tumultos e conflitos por falta de comida crescem no mundo, diz FAO
« Online: 09 de Abril de 2008, 15:09:10 »
Tumultos por falta de alimentos podem crescer no mundo, diz FAO
09 de Abril de 2008

Por Mayank Bhardwaj

NOVA DÉLHI (Reuters) - Os tumultos provocados pela falta de comida que atingiram vários países pobres recentemente podem se disseminar já que a carência de alimentos e os preços elevados devem perdurar por algum tempo, afirmou o chefe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Uma combinação de altos preços do petróleo e dos combustíveis, de uma demanda crescente por produtos alimentícios em uma Ásia cada vez mais rica, da utilização de terras cultiváveis para produzir biocombustíveis, de condições climáticas desfavoráveis e da especulação nos mercados de futuro elevaram os preços dos alimentos, provocando violentos protestos em vários países pobres.

Jacques Diouf, diretor-geral da FAO (cuja sede fica em Roma), afirmou na quarta-feira, durante uma visita à Índia, que há um risco crescente de instabilidade social em países nos quais as famílias gastam mais de metade de sua renda com a alimentação.

"O problema é bastante grave no mundo todo devido à acentuada elevação dos preços. Nós vimos distúrbios de rua no Egito, nos Camarões, no Haiti e em Burkina Fasso", disse Diouf a repórteres, em Nova Délhi.

Cinco pessoas foram mortas em uma semana de manifestações no Haiti, país mais pobre das Américas, devido ao alto preço dos alimentos, ao passo que sindicatos de Burkina Fasso (país localizado no oeste da África) convocaram uma greve geral em vista do aumento dos preços da comida e dos combustíveis.

"Há um risco de que essa instabilidade espalhe-se para países onde 50 a 60 por cento da renda das pessoas são gastos com a alimentação", acrescentou o dirigente da FAO.

Segundo os estoques de cereal no mundo seriam suficientes para atender à demanda por oito a 12 semanas. E acrescentou que o suprimento de grãos encontrava-se em seu menor patamar desde os anos 80.

"Isso se deve à uma demanda maior de países como a Índia e a China, onde o PIB (Produto Interno Bruto) cresce a taxas de 8 a 10 por cento e o aumento da renda canaliza-se para a alimentação", disse Diouf após reunir-se com o ministro indiano da Agricultura, Sharad Pawar.

O chefe da FAO afirmou estar aconselhando os governos do mundo todo a investirem em sistemas de irrigação, instalações de armazenamento e infra-estrutura rural, além de tentar aumentar a produtividade de suas lavouras com vistas a superar o desafio da escassez de alimentos.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o preço mundial dos produtos alimentícios elevou-se 35 por cento em um ano, até o final de janeiro, acelerando uma tendência de alta iniciada, a princípio de forma discreta, em 2002.

Desde então, os preços aumentaram 65 por cento. Em 2007 apenas, segundo o índice mundial de comida da FAO, o preço dos laticínios subiu 80 por cento e o dos grãos, 42 por cento.





Offline Caio1985

  • Nível 11
  • *
  • Mensagens: 152
  • Sexo: Masculino
Re: Tumultos e conflitos por falta de comida crescem no mundo, diz FAO
« Resposta #1 Online: 09 de Abril de 2008, 17:14:01 »
Vai saber daqui quantas gerações isso vai ter jeito...

Offline Unknown

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.331
  • Sexo: Masculino
  • Sem humor para piada ruim, repetida ou previsível
Re: Tumultos e conflitos por falta de comida crescem no mundo, diz FAO
« Resposta #2 Online: 17 de Junho de 2008, 21:17:24 »
Desdobramentos da crise alimentar....
Citar
Análise: Incerteza política agrava crise alimentar no Haiti
 
A notícia de que o Parlamento do Haiti rejeitou novamente o primeiro-ministro apontado pelo presidente René Preval é mais um dos inúmeros obstáculos enfrentados pelo país na tentativa de resolver uma grave crise causada pela alta mundial do preço dos alimentos.

O Haiti está sem primeiro-ministro desde abril, quando Jacques-Edouard Alexis foi afastado pelo Senado depois de uma semana de protestos contra o alto preço da comida. Pelo menos seis pessoas morreram na ocasião.

A partir de então, agências de ajuda humanitária vêm alertando que o Haiti – que já é considerado o país mais pobre do Hemisfério Ocidental – está enfrentando uma crise alimentar gravíssima.

O país caribenho importa praticamente toda a comida que consome e, na semana passada, a Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou que o Haiti será a nação mais vulnerável do mundo este ano diante das altas contas com importações de alimentos.

Fatores

Os gastos do país este ano com trigo, arroz e óleo vegetal devem aumentar mais de 80% este ano, bem mais do que os de países igualmente dependentes da importação de alimentos, como Suazilândia, Quênia e Benin. Dentro do país, os preços já aumentaram pelo menos 50% desde o início do ano.

O Programa para Alimentação da ONU anunciou esta semana que a situação se tornou tão "dramática" que decidiu manter seus projetos alimentares nas escolas durante as férias de julho e agosto porque, sem comida em casa, muitas crianças contam com as refeições oferecidas nas escolas.

A ONU ainda disse que está estendendo seu programa no Haiti para incluir mais 450 mil crianças.

Outra evidência que denuncia a dimensão da crise são os milhares de haitianos que cruzam a fronteira com a República Dominicana, onde os bens alimentícios são mais baratos.

Segundo relatos divulgados pela imprensa local da pequena cidade fronteiriça de Dajabon, pelo menos 10 mil haitianos vão até o local usufruir dos preços mais baixos.

Atualmente um milhão de haitianos vivem na República Dominicana e há temores de que o fluxo contínuo aumente os problemas alimentares enfrentados pelo país.

Antes das eleições, em maio, o presidente dominicano, Leonel Fernandez, introduziu um pacote de subsídios para reduzir os crescentes preços dos alimentos.

Incertezas

Segundo analistas, a raiz da crise alimentar do Haiti está na combinação de uma agricultura de corte e queima que destruiu várias terras do país e a decisão de importar alimentos a partir dos anos 80, quando os preços eram mais atraentes.

Ao baixar as tarifas de importação após negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o país foi invadido por comida barata vindo principalmente dos Estados Unidos. Em troca, o país conseguiu acesso a empréstimos.

O Haiti foi um dos primeiros países a chamar a atenção mundial para crise dos alimentos. A atual incerteza política que reina no país adiciona mais um barreira na busca de uma solução. Sem primeiro-ministro, fica mais difícil para o país implementar programas de ajuda e lidar com a inflação crescente.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse na semana passada que a atual turbulência política está comprometendo os esforços das autoridades nacionais e da comunidade internacional para restaurar a estabilidade e o desenvolvimento.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/06/080613_haitianalisejames_fp.shtml

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!