Autor Tópico: Um Livre Mercado em 30 Dias  (Lida 846 vezes)

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Rhyan

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Um Livre Mercado em 30 Dias
« Online: 10 de Abril de 2008, 09:18:17 »
Um Livre Mercado em 30 Dias


Por Llewellyn H. Rockwell, Jr.




Nota do tradutor: o artigo abaixo foi publicado em Março de 1991. No entanto, suas propostas continuam incrivelmente atuais, tanto para os EUA, quanto para o Brasil.




Quando a Europa Oriental tornou-se livre em 1989, todos nós percebemos o quão pouco havia se pensado sobre sua transição do socialismo para o capitalismo. Mises havia nos dito que o colapso estava a caminho, e nós deveríamos estar preparados para isso.

Como a América a cada dia se parece mais com uma economia planejada, precisamos de um plano de transição também. Yuri Maltsev[1] tinha proposto um "Plano de Um Dia" para a URSS. Como nós (ainda) não estamos tão ruins assim, podemos fazer isso em 30 dias.

DIA PRIMEIRO: O imposto de renda de pessoa física é abolido e o dia 15 de abril[2] é declarado feriado nacional. A redução de 40% nas receitas do governo federal é compensada por um corte de 40% nos gastos. O orçamento é ainda quase duas vezes maior do que o de Jimmy Carter[3].

DIA DOIS: Todos os outros impostos federais são abolidos, incluindo o imposto de renda corporativo, o imposto sobre ganhos de capital, o imposto sobre combustíveis, os impostos sobre cigarros e bebidas, os impostos sobre valor agregado, etc. Como consequência, os negócios aumentam estrondosamente, e as poucas funções federais legítimas são financiadas por um módico imposto por cabeça. As pessoas que optaram por não votar, não precisam pagar esse imposto. (Nota: essa era uma visão comum no século 19.)

DIA TRÊS: O governo federal vende todas as suas terras, liberando dezenas de milhões de acres para moradias, mineração, agropecuária, florestamento, prospectação de petróleo, parques particulares, etc. O governo usa as receitas para pagar a dívida interna e outros passivos.

DIA QUATRO: O salário mínimo é reduzido a zero, criando empregos para ex-burocratas federais aos seus valores de mercado. Todas as leis e regulamentações sindicais vão pro lixo. A taxa de desemprego cai drasticamente.

DIA CINCO: O Bureau of Labor Statistics[4], assim como todo o Ministério do Trabalho, é mandado a uma grande agência de empregos, controlada pelos sindicatos, lá no espaço. Sem estatísticas econômicas detalhadas, futuros planejadores econômicos estarão cegos e surdos.

DIA SEIS: O Ministério do Comércio[5] é abolido. As grandes corporações agora precisam se virar no mundo, sem receber subsídios e privilégios às custas de seus competidores e clientes.

DIA SETE: Desliga-se a tomada do Ministério da Energia. Os preços da gasolina e do gás despencam.

DIA OITO: Todas as agências reguladoras, desde a Comissão Interestadual do Comércio[6] até a Comissão Federal do Comércio são demolidas. A concorrência é legalizada.

DIA NOVE: O Ministério da Habitação e do Desenvolvimento Urbano é aniquilado. Há um boom na construção de condomínios privativos e baratos.

DIA DEZ: As rodovias interestaduais reabrem como um negócio privado. Os empreendedores donos das estradas estabelecem os preços pelo uso das mesmas de acordo com a demanda. Usando de tecnologia moderna, motoristas recebem as faturas uma vez por mês. Devedores contumazes - assim como motoristas bêbados e imprudentes - não são permitidos nas estradas. Aqueles que não dirigem não mais têm que subsidiar os que possuem carros.

DIA ONZE: Todas as formas de assistencialismos governamentais são extintos. Vagabundos ou trabalham ou passam fome. Os pobres que merecem acham uma abundância de serviços privados criados para torná-los independentes. A caridade privada explode, uma vez que o povo americano, já o mais generoso do mundo, percebe que sua renda quase que dobrou, graças aos cortes de impostos.

DIA DOZE: O Banco Central extingue suas operações de mercado aberto (open-market) e deixa de proteger a indústria bancária contra qualquer competição. Mas os bancos agora podem se aventurar em todas as atividades financeiras não-bancárias que anteriormente lhes eram proibidas. Os ciclos econômicos, que são causados pela expansão monetária através do mercado de créditos, são liquidados.

DIA TREZE: O Seguro Federal de Depósitos Bancários (agência governamental que garante os depósitos bancários) é despedaçado. Todos os depósitos segurados são reavidos através da venda de ativos federais, os quais incluem os ativos pessoais de funcionários do alto escalão governamental. A ameaça de uma corrida aos bancos força-os a manterem 100% de reservas para os depósitos em conta-corrente, e um nível prudente de reservas para outros tipos de depósitos. Bancos à beira da falência não mais serão salvos pelo governo, às custas do contribuinte. Qualquer outro tipo de ajuda governamental aos bancos se torna impossível.

DIA QUATORZE: O dólar - um simples e débil papel fiduciário - é definido em termos de ouro, com a razão entre ambos determinada pela divisão do estoque de ouro do governo por todos os dólares existentes nesse dia.

DIA QUINZE: O governo federal vende os aeroportos National e Dulles (ambos em Washington, D.C.) para quem der mais, e cessa todos os subsídios para os outros aeroportos socialistas ao redor do país. Todas as restrições nos preços e serviços aéreos acabam. Custa mais voar durante as horas de pico do que em relação às horas de baixa demanda, mas, no geral, viagens aéreas barateiam.

DIA DEZESSEIS: Todas as regulamentações governamentais que criam e sustentam cartéis são abolidas, incluindo aquelas para os Correios, telefones, televisão, rádio e TV a cabo. Os preços despencam e uma variedade de serviços novos e inesperados se tornam disponíveis.

DIA DEZESSETE: A agricultura planejada, como foi imposta por Hoover e Roosevelt, é repelida: não há mais subsídios, pagamentos em gêneros, reservas de mercado, empréstimos a juros baixos, etc. Os preços dos produtos agrícolas caem. Fazendeiros empreendedores ficam ricos. Fazendeiros acostumados a subsídios têm que procurar outra linha de trabalho. Os pobres comem como reis.

DIA DEZOITO: O Ministério da Justiça fecha sua divisão anti-truste. Empresas, grandes ou pequenas, estão livres para se fundir - verticalmente ou horizontalmente. Acionistas podem comprar qualquer outra empresa, ou vender suas ações para quem quiserem. Produtores marginais não mais podem lutar contra seus concorrentes com armas burocráticas.

DIA DEZENOVE: O Ministério da Educação é reprovado e jubilado. Entidades privadas de caridade montam programas remediadores para ensinar os ex-burocratas a ler e escrever. Educação sexual e outros programas anti-família, que recebem subsídios federais, saem de cena. Distritos escolares locais passam a prestar contas aos pais - ou fecham as portas, pressionados por um crescente setor de escolas privadas (as quais muitos pais agora podem bancar).

DIA VINTE: Todos os monumentos federais são vendidos, em alguns casos para grupos sem fins lucrativos inspirados na Mt. Vernon Ladies Association, que comprou e gerencia a casa que foi de George Washington. A VFW (Veterans of Foreign Wars - Veteranos de Guerras Exteriores) compra o Vietnam Memorial (monumento aos mortos da Guerra do Vietnã, em Washington, D.C.). Há muita disputa pelos monumentos de Jefferson e Washington. Ninguém quer o de Franklin Delano Roosevelt, então ele é derrubado e a terra vendida a algum fazendeiro. (Com o governo federal reduzido de volta ao seu tamanho constitucional, grande parte de Washington, D.C., volta a ter usos mais produtivos - como a agricultura, igual era no século 18.)

DIA VINTE E UM: O dossiê político e financeiro de cada americano, mantido pelo governo em seus computadores, é deletado. O povo faz uma excursão pelos escritórios federais para se certificar disso, em uma reprise das visitas que o povo de Berlim Oriental fez aos quartéis-generais da Stasi.

DIA VINTE E DOIS: Direitos iguais são garantidos a todos os americanos, até mesmo membros de grupos que não são vítimas. Não há ação afirmativa, não há cotas, não há reforma agrária, não há leis de acomodação pública[7]. Propriedade privada e liberdade de associação são totalmente restabelecidas.

DIA VINTE E TRÊS: A Environment Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental) sofre uma faxina, com todas as suas leis típicas de estado-paizão, como "ar limpo" e outras similares, repelidas. Dez mil advogados são obrigados a sair de seus balcões e começar a procurar outras causas. Propriedade privada é estabelecida para o ar e para a água. Americanos prejudicados pela poluição estão livres para processar os poluidores, que já não estão mais protegidos pelo governo federal.

DIA VINTE E QUATRO: Aos americanos é dada completa liberdade de contrato, restaurando a racionalidade em relação a negligências e em relação às leis de responsabilidade pelos produtos[8].

DIA VINTE E CINCO: O governo se esforça para achar mais bens para vender (por exemplo, o Zoológico Nacional, também conhecido como Washington, D.C.) para poder pagar as obrigações da agora privatizada Previdência Social.

DIA VINTE E SEIS: Artistas pornográficos têm agora que ganhar a vida por conta própria, já que a National Endowment for the Arts[9] tenta angariar seu próprio orçamento vendendo pinturas nas calçadas.

DIA VINTE E SETE: Ajuda a outros países é proibida como sendo inconstitucional, injusta e anti-econômica. Políticos estrangeiros agora têm que roubar seu próprio dinheiro. O Banco Mundial, o FMI e as Nações Unidas fecham suas portas super-luxuosas.

DIA VINTE E OITO: Ao povo americano é dado o direito irrestrito de possuir e portar armas.

DIA VINTE E NOVE: O Departamento de Defesa é reorientado para defesa. As tropas americanas, que estão por todo o mundo, voltam para casa. Adotamos a política de neutralidade armada[10], lembrando os ensinamentos dos Pais Fundadores (Founding Fathers), que diziam que não era possível comandar um império no exterior e uma república constitucional em casa.

DIA TRINTA: Todas as tarifas, cotas, e acordos comerciais vão para a retalhadora. Os americanos agora podem comercializar com qualquer um no mundo, sem barreiras ou subsídios. Os preços dos carros japoneses caem imediatos 25%.

Em apenas 30 estimulantes dias, estabelecemos as linhas gerais de um livre mercado. Radical? Talvez. Eu, mal posso esperar pelo Mês Dois.

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=74

Offline Pregador

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #1 Online: 10 de Abril de 2008, 09:32:05 »
E em alguns anos uma única corporação de cada seguimento aniquila todos os concorrentes. Depois, cada corporação dessa se funde a outras para aniquilar as demais. Após uma década restarão duas ou três e depois uma única.

Nesse meio tempo o desemprego irá disparar, a renda cairá drasticamente e terão massas de miseráveis nas ruas.

Uma hora eles serão tão numerosos que irão se insurgir...vão derrubar o governo fraco e vão querer instalar, não sem razão, um governo para os trabalhadores, que socialize as riquezas do país.
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Offline Diegojaf

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #2 Online: 10 de Abril de 2008, 10:02:32 »
Verdade... :lol:
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http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Temma

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #3 Online: 10 de Abril de 2008, 10:24:58 »
e chamam ao socialismo de utópico

Offline Adriano

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #4 Online: 10 de Abril de 2008, 10:40:31 »
e chamam ao socialismo de utópico
Sempre penso isso  :lol:
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Rhyan

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #5 Online: 10 de Abril de 2008, 12:08:44 »
e chamam ao socialismo de utópico

A diferença é que quando mais se aproxima da utopia libertária, melhor os resultados. Enquanto com o socialismo foi o inverso. É só analisar o ILE.

Offline HSette

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #6 Online: 10 de Abril de 2008, 13:05:36 »
e chamam ao socialismo de utópico

A diferença é que quando mais se aproxima da utopia libertária,

E onde é que está ocorrendo esse fenômeno???

Eu, pelo menos, tenho visto é o contrário, ou seja, há uma verdadeira retomada da valorização do papel do Estado como agente regulatório dos mercados.
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
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Chaves

Rhyan

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #7 Online: 10 de Abril de 2008, 15:04:15 »
Hong Kong, Irlanda, Singapura... é só ver a lista de liberdade economica.

Offline Nightstalker

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Re: Um Livre Mercado em 30 Dias
« Resposta #8 Online: 10 de Abril de 2008, 15:11:42 »
A Virada da Irlanda

Rodrigo Constantino

“Não há como escapar das inexoráveis leis do mercado.” (Ludwig Von Mises)


Através da pura lógica econômica e de uma teoria apriorística acerca da ação humana podemos, em minha opinião, concluir quais são as principais bases para o desenvolvimento econômico de um povo. Mas isso não anula a importância do estudo de casos e de testes empíricos, o popular “teste do pudim”, que ilustra essas conclusões teóricas. Não devemos esquecer que uma observação empírica dos fatos foi o que levou Adam Smith a condenar o mercantilismo vigente em seu tempo. O caso da Irlanda vem bem a calhar então, pois se trata de um impressionante exemplo do sucesso das reformas liberais, que reduzem a intervenção estatal e aumentam a autonomia individual. A Irlanda aderiu com vontade ao capitalismo global, e isso permitiu um enorme crescimento econômico, levando a renda per capita dos irlandeses para patamares espantosos. O país, que era um dos mais pobres da Europa, mereceu o título de “tigre celta”. Não há milagre por trás deste sucesso, apenas lógica e respeito aos fatos da realidade.

Atualmente, os cerca de quatro milhões de habitantes do país desfrutam de uma expectativa média de vida de 80 anos, e a mortalidade infantil está em apenas 5,2 para cada mil nascimentos (no Brasil essa taxa é de 27,6). O crescimento médio da economia foi de 6% ao ano entre 1995 e 2006. A agricultura, que já foi o setor mais importante do país, agora representa uma pequena parte do total, empregando apenas 8% da mão-de-obra e respondendo por 5% do PIB, cedendo espaço para a indústria e o setor de serviços. A Irlanda é agora um grande exportador de software e conta com a presença de várias empresas importantes de tecnologia. A taxa de desemprego ficou em apenas 4,3% em 2006. A renda per capita chegou a impressionantes US$ 44.500 em 2006, sendo 40% maior que a média das quatro maiores economias européias. Durante a última década, o governo irlandês adotou uma série de medidas liberais, atacando a inflação, reduzindo os gastos públicos e promovendo o investimento estrangeiro. O período de ajuste não foi fácil nem indolor, mas os resultados estão cada vez mais visíveis.

Em conjunto com o The Wall Street Journal, o The Heritage Foundation publica todo ano o Index of Economic Freedom, onde calcula o grau de liberdade econômica existente em diferentes áreas para cada país. A Irlanda ocupava a sétima posição no ranking no último dado disponível, atrás apenas de Hong Kong, Cingapura, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido, não por acaso lugares ricos e desenvolvidos. A Irlanda conta com um elevado nível de liberdade para negócios, investimentos e finanças, além de garantir bem os direitos de propriedade privada. O empreendedorismo foi facilitado através de mudanças regulatórias, e iniciar um negócio lá leva apenas 19 dias, comparados a 48 dias de média mundial. No começo de 2003 o governo reduziu o imposto corporativo para 12,5%, bem abaixo da média européia. O país recebe quase um terço dos investimentos americanos destinados a União Européia. As tarifas médias de importação são de apenas 1,7%, ainda que outras formas de protecionismo vigorem, como no caso dos subsídios agrícolas. O setor financeiro é totalmente competitivo e aberto aos estrangeiros, e 115 bancos e instituições de crédito operam no país. Em 2002, o governo vendeu sua participação na última estatal do setor financeiro, o ACC Bank. Os direitos de propriedade são garantidos por um sistema judiciário de alta qualidade. Há pouca corrupção, como reflexo disso tudo.

O calcanhar de Aquiles encontra-se nas questões trabalhistas, ainda que possam ser consideradas “ultra-liberais” se comparadas a situação brasileira. Mas há menor flexibilidade trabalhista se comparado aos Estados Unidos, por exemplo. Demitir um empregado pode custar caro na Irlanda, o que prejudica a contratação e as mudanças de emprego, afetando negativamente a produtividade. Um trabalhador médio recebe 15% do seu salário em benefícios, o que não chega ao patamar ridículo do Brasil, mas ainda assim limita a liberdade dos trabalhadores de escolher como receber seus salários. Ainda há o que melhorar nessa área.

A comparação dos dados irlandeses com aqueles belgas é interessante para demonstrar o contraste do desempenho nos últimos anos. Os gastos públicos na Irlanda saíram de quase 50% do PIB no final da década de 80 para 34% atualmente, enquanto os gastos públicos na Bélgica continuam perto dos 50% do PIB. O desemprego, que oscilava perto de 10% até o final da década de 90, caiu para menos de 5% na Irlanda, e ainda encontra-se perto dos 7,5% na Bélgica. O crescimento da renda per capita dos dois países vinha num ritmo parecido até o final da década de 80, mas a virada irlandesa deixou um abismo entre ambos. Atualmente, a renda per capita da Irlanda já é 35% maior que a da Bélgica. Em 1994, os impostos sobre o salário eram de 55% na Bélgica e 38% na Irlanda. Em 2005, continuavam 55% na Bélgica, mas estavam em 25% na Irlanda. A dívida pública irlandesa, que estava em 94% do PIB em 1990, caiu para 25% do PIB em 2006, enquanto a da Bélgica ainda estava em 88% do PIB. A trajetória entre ambos os países foi bem diferente na última década, com a Irlanda sendo bem mais agressiva nas reformas liberais e redução do governo. Os resultados estão aí. O índice de desenvolvimento humano irlandês subiu 6,9% de 1995 até 2004, enquanto o belga aumentou apenas 1,7%. Atualmente, a Irlanda ocupa o quinto lugar no ranking, enquanto a Bélgica está no 17º lugar.

Não é preciso limitar a comparação ao caso belga. A Irlanda dá um show em praticamente qualquer país europeu na última década. Seu crescimento na renda per capita foi quase o dobro daquele experimentado pelos demais países. Os gastos públicos de 34% do PIB são bem menores que a média de 46% na Europa ou 53% na França, que vive sérios problemas por conta do excesso de governo. A criação de empregos na Irlanda foi praticamente o dobro daquela observada no restante da região desde 1985. Somente a Espanha se aproxima do nível irlandês, também como resultado de várias reformas liberais. Enquanto a Alemanha, França e Itália fecharam 2006 com um déficit fiscal de 1,6%, 2,5% e 4,4% do PIB, respectivamente, a Irlanda apresentava um superávit de 2,9% do PIB no mesmo ano. Enquanto a dívida pública da Alemanha, França e Itália estava em 68%, 64% e 107% do PIB em 2006, respectivamente, a irlandesa era de apenas 25% do PIB. Os passivos sem cobertura das pensões garantidas pelos governos representam uma bomba relógio na região, chegando a impressionantes 285% do PIB na Eurolândia. Na França, esse montante passa dos 330% do PIB. Estima-se que aumentos de impostos de 5% a 15% serão necessários no futuro se as políticas sociais não mudarem. A Irlanda, por outro lado, apresenta 150% de passivo sem cobertura em relação ao PIB, pior apenas que Holanda e Reino Unido. Uma situação bem mais confortável e sustentável.

Em resumo, a grande virada da Irlanda na última década não tem muito mistério, tampouco se explica por algum milagre qualquer. O país simplesmente resolveu encarar a dura realidade, adotar o capitalismo global como modelo, receber de braços abertos os investimentos estrangeiros, especialmente americanos, e reduzir drasticamente o peso do governo na economia. O resultado é uma das maiores rendas per capita do mundo!

Fonte
Conselheiro do Fórum Realidade.

"Sunrise in Sodoma, people wake with the fear in their eyes.
There's no time to run because the Lord is casting fire in the sky.
When you make sin, hope you realize all the sinners gotta die.
Sunrise in Sodoma, all the people see the Truth and Final Light."

 

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