Dados do Orkut podem gerar maior ação antipedofilia no país, diz ONGCPI da Pedofilia aprovou quebra de sigilo de 3.261 álbuns 'trancados' no site.
Dados referentes aos suspeitos serão entregues ao Ministério Público Federal.
A ONG SaferNet, responsável pela denúncia que resultou na quebra de sigilo de 3.261 álbuns do Orkut, estima que os dados referentes a esses perfis podem gerar a maior operação antipedofilia já registrada no Brasil. A quebra de sigilo foi anunciada na quarta-feira (9), durante sessão da CPI da Pedofilia.
“As informações sobre esses suspeitos são bastante recentes e devem ajudar a prender centenas de pessoas envolvidas com a pedofilia no país”, afirmou ao G1 Thiago Tavares, presidente da ONG que defende os direitos humanos na internet. Todos os perfis associados a esses álbuns foram denunciados pelos próprios internautas à SaferNet, que repassou essas informações ao Ministério Público Federal (MPF), Google Brasil e CPI da Pedofilia.
O fato de os seus álbuns de foto e vídeo estarem virtualmente trancados não permitia a confirmação das suspeitas. Ainda assim, a ONG fez 6 mil screenshots (captura de tela) dos perfis dos internautas denunciados, registrando muitos de seus dados pessoais. Todas essas informações baseadas em denúncias foram coletadas entre o dia 29 de novembro de 2007 e 31 de março de 2008.
Os dados dos suspeitos já foram preservados pelo Google e aqueles envolvidos com o crime terão suas informações encaminhadas para o Ministério Público Federal. A data de entrega desses dados ainda não foi divulgada, mas é possível que seja definida no próximo dia 23, quando MPF e Google vão se reunir para formalizar as iniciativas anunciadas durante a CPI da pedofilia. Como as informações estão preservadas, de nada adianta os suspeitos deletarem seus álbuns ou perfis.
Internet saudável
“Essas medidas vão criar uma internet mais saudável e também um Orkut mais saudável. Isso é muito importante, porque esse site de relacionamentos foi adotado pelos brasileiros e já faz parte do Brasil”, continuou o presidente da ONG. Atualmente, o país responde por 54% de todos os usuários do site, o equivalente a 27 milhões de pessoas.
Tavares, um dos principais críticos do Google pela falta de colaboração no Brasil, considerou a sessão da CPI histórica. “Eles assumiram compromissos efetivos, trabalhando inclusive com prazos”, disse. A filial brasileira, que só passou a responder oficialmente por problemas relacionados ao Orkut em setembro do ano passado, se comprometeu a implementar até 1º de julho as quatro medidas anunciadas na quarta-feira.
Mudanças
A primeira dessas iniciativas é a preservação dos registros de computadores usados para acessar o Orkut por até seis meses, enquanto antes esse prazo era de um mês. A companhia também divulgou a adoção de um filtro de imagens que impede a publicação de fotos ilícitas, além do apoio para a concretização de acordos de cooperação internacional que visam o combate ao crime. Por último, o Google afirmou que vai usar uma solução de software, hardware e pessoas com o objetivo de atender com mais agilidade às requisições das autoridades brasileiras.
“Já estávamos trabalhando nessas diversas frentes e o que fizemos na CPI foi anunciá-las. O Google passou a colaborar mais intensamente com a Justiça brasileira em setembro e essas iniciativas representam a evolução desse trabalho”, disse ao G1 Felix Ximenes, diretor de comunicação da empresa. Com Alexandre Hohagen, diretor-presidente do Google Brasil, Ximenes participou da CPI da Pedofilia na quarta-feira. “Essa percepção de que o Google não coopera é antiga”, continuou.
Na CPI, disse Ximenes, a empresa apresentou 1.032 ordens judiciais atendidas -- cerca de 800 delas teriam sido atendidas depois de setembro. Também na sessão, Paulo Sérgio Suiama, procurador da República no Estado de São Paulo, disse que 90% das 56 mil denúncias de pedofilia na internet nos últimos dois anos referiam-se ao Orkut.
Fonte:
G1