Autor Tópico: Almoço Grátis existe?  (Lida 1193 vezes)

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Offline DDV

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Almoço Grátis existe?
« Online: 14 de Abril de 2008, 14:13:06 »
Alguns acreditam plenamente em sua existência (principalmente esquerdistas e funcionários públicos diversos), outros não. Eu até pouco tempo tinha certeza que não existia, mas hoje estou em dúvidas.

E aí? Existe ou não existe almoço grátis?
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Adriano

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Re: Almoço Grátis existe?
« Resposta #1 Online: 14 de Abril de 2008, 15:21:16 »
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Alvin Tofler: Bem-vindo à era do almoço grátis
Pedro Doria - O Estado de S. Paulo - SP

Consultor de chefes de Estado, Alvin Tofflerer fala das mudanças que a era eletrônica impôs à economia tradicional


'Sabe aquela história de que não há almoço grátis?', pergunta Alvin Toffler. 'Mudou tudo, a economia está cheia de coisas de graça', ele diz. Aos 78 anos, o primeiro futurista do mundo está cansado. Chegou a São Paulo faz um dia (1º de agosto) e torna à casa, em Los Angeles, nesta noite (dia 2). 'Minha mulher não pôde vir, quero voltar logo.' Toffler sorri. 'Sinto saudades.' O cansaço é acusado pela postura relaxada na cadeira, quase jogado, pelas pálpebras que caem com insistência, por uma pequena veia que estourou no olho direito.

Mas aí o velho professor lembra do que falava. Ganha ritmo, se empolga com suas idéias mais recentes. Quer se fazer compreender. 'Se você vai a um caixa automático e saca dinheiro, um serviço é prestado e ninguém recebe por ele.' Antes, todo serviço exigia um empregado para fazê-lo. Mas quem mede a pressão com um aparelhinho, em casa, não paga a visita do médico. Software livre, fotos digitais que não carecem de revelação, há uma miríade de funções que não geram mais pagamentos. No entanto, geram valor: o dinheiro na mão, a tranqüilidade de que a pressão vai bem ou a foto da filha soprando a vela de aniversário.

Dentre seus muitos livros, dois são clássicos, best-sellers desde o momento em que chegaram às livrarias. O Choque do Futuro, de 1970, e A Terceira Onda, de 1980. No primeiro, ele observava o medo que as pessoas têm do mundo em mudança. O futuro choca. Toffler previu que a sobrecarga de informação seria causa de stress e cunhou uma penca de neologismos. Um deles, 'tecno rebeldes', trouxe o sufixo 'tecno', de tecnologia, para o nosso dia-a-dia.

No final dos anos 1960, não existia o ramo acadêmico que hoje chamamos de futurismo. O que havia - e causava profundo fascínio - eram as idéias do professor canadense de literatura medieval Marshall McLuhan. Na era em que a televisão representava o máximo da inovação tecnológica, McLuhan sugeria que o texto não-interativo - jornal, carta, livro - estava deixando de ser o principal meio pelo qual as pessoas se informavam. No mundo do texto, as pessoas se distanciam. No audiovisual, interativo, aconteceria uma reaproximação. Como na velha tribo da cultura oral, o planeta todo se transformaria numa grande 'aldeia global'. E aconteceu. Na esteira de McLuhan, veio Toffler.

Em 1980, ele sugeriu que nossa história poderia ser contada em três grandes ondas. A primeira, agrícola; a segunda, industrial. 'Quando você depende de uma linha de montagem, que é a idéia da indústria', ele sugere, 'a pontualidade é muito importante'. O mundo industrial inventou o relógio de pulso. Todos precisavam estar sincronizados. No campo, se o sujeito chega às 7 horas para plantar, ou se chega às 8 horas, faz pouca diferença. Na linha de montagem, em que um aperta o parafuso que o anterior encaixou, precisam todos estar ao mesmo tempo no mesmo local. 'Hoje, mais que o horário de 9 às 5, o importante é a produtividade.' Estamos vivendo a transição para a terceira onda.

Toffler sentiu o choque do futuro na pele. Para o jovem nova-iorquino que foi estudar literatura no final dos anos 1940, os sonhos e aspirações eram tais que não fazem mais sentido, hoje. Ser popstar era ser escritor. O novo Hemingway, o novo Steinbeck. E, assim como John Steinbeck foi trabalhar nas vinhas da Califórnia para se inspirar, Alvin e a jovem estudante de lingüística por quem se apaixonou, Heidi, foram ser operários. Se sindicalizaram.

Estão casados há quase 60 anos. Morreu-lhes uma filha, Karen, em 2000. E, quando conta isso, o rosto de Alvin empalidece um pouco, a voz desce um ou dois tons - há um momento de branco, como se perdesse o rumo do qual falava. Como se ficasse pasmo por um segundo. Surpreso. Quer outro assunto.

Não foram operários por muito tempo, Alvin e Heidi. No sindicato, começaram a editar um jornal e, quando a direção achou que era importante ter um repórter cobrindo questões trabalhistas na capital, lá se mudaram os Tofflers para Washington.

O grande romance americano jamais veio enquanto o casal ganhava a vida. Alvin, de repórter de jornal sindical, foi para um jornal tradicional. Deste segundo jornal, para a revista Fortune, como repórter de questões trabalhistas, e, ainda na Fortune, assumiu a cobertura de negócios e empresas. 'A essas alturas, nos anos 1960, não sei se ainda éramos de esquerda.'

Casaram-se quando ele tinha 20 e ela, 19. Em algum momento numa vida tão intensa e tão junta, Alvin deixou de usar a primeira pessoa do singular. Fala de 'nós', confunde-se com Heidi. 'Nossas idéias', ele diz. 'O que imaginamos', continua. 'Não sei se éramos mais de esquerda.' Protestaram contra a guerra do Vietnã, enquanto serviam de consultores para a IBM, então para a Xerox, daí para a AT&T. 'Passamos a pensar independentemente da política.'

No novo trabalho, travaram contato antes de quase todo o resto do mundo com as tecnologias que confirmariam a revolução imaginada por McLuhan. Seu serviço para tais empresas: imaginar como deveriam se posicionar para continuar bem no futuro. Imaginar o futuro.

A praxe dos empresários era rejeitar suas idéias. À AT&T, para quem sugeriram a divisão da companhia em duas, uma de desenvolvimento de tecnologia, outra de serviços de telecomunicações, os Tofflers não faziam sentido. A empresa acabou dividida, por imposição da Justiça, uma década depois. O Choque do Futuro, primeiro livro de Alvin, editado por Heidi, explorava esta rejeição do futuro. Confortável, naqueles princípios de década de 1970, é quando o mundo não muda. Só que o mundo estava mudando por toda parte.

Após o lançamento do livro, os Tofflers ficaram conhecidos nacionalmente e foram convidados pelo Congresso dos EUA a criar um comitê de estudos do futuro. Foi quando fizeram amizade com dois jovens deputados. Um, Al Gore, viria a ser vice-presidente - e quase presidente. O outro, Newt Gingrich, foi presidente da Câmara e o principal nome da oposição ao governo Bill Clinton. Em comum, ambos tinham o respeito pelas idéias de Toffler.

Mentor chinês

A Terceira Onda o lançou internacionalmente. Inicialmente proibido na China, foi digerido pelo Comitê Central do Partido Comunista e liberado. Ponham-se numa planilha todos os livros vendidos na década de 1980 no País do Centro e o do professor só perde para as obras reunidas de Deng Xiaoping. 'Mas não ganhei um tostão, eles nunca ligaram muito para essa coisa de direitos autorais', diz e ri. Ganhou outra coisa, até mais valiosa quando se está no ramo de adivinhar o futuro: prestígio. Toffler foi consultor de Zhao Ziyang, secretário geral do Partido que abriu a China.

Mikhail Gorbachev, da URSS, os presidentes Mahathir bin Mohamad, da Malásia, Abdul Kalam, da Índia, Kim Dae Jung, da Coréia do Sul - a lista se estende. 'Vocês têm de ser ousados como Toffler, temos de transformar este país', disse certa vez Hugo Chávez a seus assessores. 'Mas as mudanças que ele imaginava eram um pouco diferentes das minhas', retruca o velho professor. Está cansado, quer pegar seu avião, mas o bom humor se mantém.

'Há uma nova riqueza se criando e ela não se conta em dinheiro. Quando riqueza se contava em terra, ela era limitada. Só dá para plantar uma coisa por vez. Na era da informação, todos podemos usar o mesmo conhecimento ao mesmo tempo. Os economistas ainda não descobriram como contar estes valores produzidos de graça. Mas é o que está mudando tudo.

http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/cultura_digital/na_midia/p=28832&more=1&c=1&pb=1

É a economia da informação...
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline FxF

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Re: Almoço Grátis existe?
« Resposta #2 Online: 14 de Abril de 2008, 16:13:33 »
Alguém prepara a comida. No fundo no fundo, alguém trabalhou para pagar esse almoço.

Offline DDV

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Re: Almoço Grátis existe?
« Resposta #3 Online: 17 de Abril de 2008, 13:07:41 »
 A famosa frase "não existe almoço grátis" foi cunhada e é mais usada por defensores do liberalismo econômico.

 A questão é que defender o que a frase diz implicaria em uma teoria do valor-trabalho, ou seja, a de que o valor das mercadorias e serviços é determinado pelo trabalho humano médio requerido para a produção das mesmas. E a teoria do valor-trabalho não é muito defendida pelos liberais modernos, mas sim pelos esquerdistas.

Em suma, os liberais (economicamente falando) não dão muito crédito à teoria do valor-trabalho, mas afirmam que não existe almoço grátis. Como conciliar isso? 
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline FxF

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Re: Almoço Grátis existe?
« Resposta #4 Online: 17 de Abril de 2008, 13:17:55 »
Os liberais dizem que como alguém precisa trabalhar para algo ser produzido, dinheiro é uma maneira de incentivar tal. E o dinheiro é proporcional ao resultado, mais dinheiro mais resultados.

Os esquerdistas, por outro lado, dizem que tudo precisou de trabalho para existir, logo o patrão só está lá graças aos funcionários, e por isso merece um salário exatamente igual aos deles.

 

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