Autor Tópico: Experimento pretende recriar miniburacos negros  (Lida 2771 vezes)

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Offline Diego

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Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Online: 22 de Abril de 2008, 09:38:47 »
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Desde que foram concebidos teoricamente, há quase cem anos, buracos negros fascinam os físicos por seu poder. Com sua enorme força gravitacional, são capazes de engolir tudo em volta deles -- até mesmo a luz-- e podem crescer indefinidamente à medida que vão sendo "alimentados". Quando surgiu a notícia de que um experimento perto de Genebra (Suíça) --o acelerador de partículas LHC-- poderia criar um "miniburaco negro", portanto, foi natural algumas pessoas se perguntarem: "Ele vai crescer e engolir a Terra?". Físicos respeitáveis que estudam buracos negros, porém, são unânimes em responder um contundente "não".

"A melhor prova de que isso não acontecerá é que, se buracos negros forem criados no LHC, então na verdade eles já estão sendo produzidos o tempo todo na atmosfera por colisões de raios cósmicos", disse à Folha o físico Bernard Carr, da Universidade de Londres, um dos pioneiros no estudo de buracos negros de pequena escala. "Se eles fossem mesmo perigosos, já teriam engolido a Terra muito tempo atrás."

Segundo o cientista, o que acontecerá se um minúsculo buraco negro surgir no acelerador de partículas, que deve começar a operar em junho, é sua evaporação quase imediata. Carr foi aluno de doutorado do astrofísico Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, que postulou esse fenômeno teoricamente. Até 1974, físicos acreditavam que um buraco negro jamais poderia diminuir de tamanho, mas Hawking mostrou que pode. Ele é um dos que mais torce, aliás, para que um miniburaco negro se forme no LHC. "Se isso acontecer, então, por um processo que eu descobri, o buraco negro irradiaria partículas e desapareceria. Se observarmos isso, um novo campo se abriria na física, e eu ganharia um prêmio Nobel", disse Hawking ao jornal britânico "The Independent" no começo da semana. "Mas eu não estou apostando nisso."

A física de buracos negros ainda é mal compreendida. Teóricos se desdobram para tentar entendê-los pois isso pode ajudar no grande desafio atual da física: a unificação da teoria da relatividade geral de Einstein (que explica a gravidade) com a física quântica (que explica as partículas elementares). Produzi-los no LHC seria uma maneira de estudá-los diretamente pela primeira vez, algo inestimável para os físicos.

"Mas, para que esses buracos negros se formem numa colisão de partículas, existem muitos pré-requisitos", explica o teórico George Matsas, do Instituto de Física Teórica da Unesp, autor de um livro recém-lançado sobre sua especialidade ("Buracos Negros, Rompendo os Limites da Ficção", editora Vieira e Lent). "Para que um deles surja no LHC é preciso que existam dimensões de espaço extra e que que elas sejam 'microscópicas', de tamanho adequado. Não é nada trivial", afirma.

Uma abordagem conhecida entre os físicos, chamada teoria das cordas, de fato prevê que o espaço tenha mais do que as três dimensões que conhecemos, mas apesar de ela ter consistência matemática, nenhuma evidência experimental foi encontrada em seu favor até o momento. Além disso, a teoria das cordas, na verdade, tem várias diferentes versões, e só uma delas prevê que o LHC possa produzir buracos negros.

"De qualquer forma, é possível, em principio", diz Carr. "Não sabemos se eles surgirão, mas é justamente por isso que é preciso tentar."


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u393978.shtml


Offline SnowRaptor

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #1 Online: 22 de Abril de 2008, 11:16:55 »
Até que enfim uma notícia sensata sobre isso. :clap:

Até parece que eles finalmente contrataram alguém que entende alguma coisa de ciência.
« Última modificação: 22 de Abril de 2008, 11:19:58 por SnowRaptor »
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

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Offline Laura Demarchi

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #2 Online: 23 de Abril de 2008, 12:14:54 »
Não surgirá mini-BN nenhum no grande colisor, Hawking desabaria no próprio ego se isto acontecesse ::) engolindo todo o sistema solar consigo  :stunned:
Estou esperando algo melhor neste teste, porém menor, muito menor :wink:

beijos
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Offline Pregador

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #3 Online: 23 de Abril de 2008, 12:52:08 »
O próximo LHC será do tamanho da circunferência da Terra.
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Offline Iconoclasta SP

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #4 Online: 23 de Abril de 2008, 12:57:56 »
Se um buraco-negro do porte que o LHC pode produzir fosse potencialmente perigoso, a Terra já teria sido eliminada há muito tempo do contexto cósmico.

Raramente, a atmosfera da Terra recebe o impacto de partículas de energia mais alta que o LHC pode produzir mesmo com aquele raio imenso. Por isso, mini-buracos negros podem estar se formando de vez em quando na atmosfera (existem pesquisas para detectar os efeitos disso) e nem por isso estamos lendo este Forum de dentro de uma singularidade.

Offline Caio Gomes

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #5 Online: 23 de Abril de 2008, 15:34:34 »
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Hawking desabaria no próprio ego se isto acontecesse  engolindo todo o sistema solar consigo

Ein?

Offline Iconoclasta SP

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #6 Online: 23 de Abril de 2008, 15:38:32 »
Eu li em algum lugar que a energia de um colisor de partículas necessária para observação de uma "supercorda" (se é que a teoria tem fundamento) só poderia ser disponibilzada por um túnel de diâmetro igual ao do Sistema Solar. E o pior é que não tem muito contorno pra isso, já que o LHC acelera as partículas quase até à velocidade da Luz, e dessa ninguém passa. Aì que resta apenas o espaço necessário para a partícula acumular energia cinética, já que o fator V estaria limitado.

Offline Caio Gomes

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #7 Online: 23 de Abril de 2008, 15:43:49 »
A coisa certa, Iconoclasta, é Radiação Sincroton.

Quanto maior a aceleração que uma partícula carregada sofre, maior é potencia irradiada. Nas energias do LHC, isso já é proibitivo. Então para fazendo algo nesse tamanho que voce citou, a radiação sincroton seria pequena o suficiente para permitir o aumento da energia da particula de modo não proibitivo.

ps: Valeu DBhor!
« Última modificação: 23 de Abril de 2008, 15:50:01 por Caio Gomes »

Offline Dbohr

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #8 Online: 23 de Abril de 2008, 15:47:27 »
;-)
Quanto maior a aceleração que uma carga carregada sofre (...)

Partícula carregada, pois não?


Offline Iconoclasta SP

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #9 Online: 23 de Abril de 2008, 15:49:01 »
Hum, entendi.

E como esse LHC interpreta os resultados do choque entre as partículas? Os quarks foram descobertos através da colisão prótons com prótons ou prótons com outra partícula?

Offline Caio Gomes

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #10 Online: 23 de Abril de 2008, 15:53:46 »
O LHC é um colisor de protons. A quantidade de energia por nucleon é menor, mas a radiação sincroton também.

Os quarks (o up e down) foram encontrados no SLAC, que era um acelerador de eletrons.

Offline Diego

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #11 Online: 23 de Abril de 2008, 16:52:29 »
Achei que um acelerador de particulas acelerava qualquer particulas... não  uma específica

Offline Caio Gomes

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #12 Online: 23 de Abril de 2008, 16:54:56 »
Cada acelerador é otimizado para um determinado tipo de particulas.

O LEP (Large Electron-Positron Collider), o LHC(Large Hadron Collider), etc...



Offline Gaúcho

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #13 Online: 29 de Abril de 2008, 09:31:02 »
Mais informações sobre o LHC:

Large Hadron Collider


● O que é?
O Large Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons) será o maior e mais potente acelerador de partículas do planeta. Localizado no CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire - "Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear"), perto de Genebra, na Suíça, o LHC utiliza em sua construção os túneis circulares previamente utilizados pelo LEP (Large Electron-Positron Collider), desativado em 2000. O LHC está sendo financiado e construído com a colaboração de mais de dois mil físicos de 34 países, e também por centenas de universidades e laboratórios. O propósito de sua construção é de que, quando ativado, as colisões de alta energia entre as partículas revelem o Bóson de Higgs, o que será um grande passo na confirmação e verificação de várias teorias.

● Características
Seus túneis de concreto de 3.8 metros de diâmetro formam uma circunferência de 27 km de extensão, numa profundidade de 50 a 175 metros abaixo do solo, passando pela fronteira da França e da Suíça em quatro pontos, sendo que a maioria de sua extensão está em território francês.
O LHC usa equipamentos como compressores, controles eletrônicos e plantas de refrigeração e ventilação. Seu túnel de concreto possui dois tubos fechados com ímãs supercondutores refrigerados por hélio líquido, e cada tubo contém um feixe de prótons. Os dois feixes passam pela circunferência dos túneis em direções opostas, além disso, ímas adicionais são utilizados para direcionar os feixes para quatro pontos de intersecção, onde as interações entre os prótons ocorrerão. No total são mais de 1600 ímas supercondutores utilizados, a maioria pesando mais de 27 toneladas.
Seis detectores estão sendo construídos no LHC, sendo distribuídos em pontos de intersecção dos feixes, sendo dois deles grandes detectores de partículas em geral, um deles um grande detector de plasma de quark-gluon, e os outros três são menores e mais especializados.

● Funcionamento
Seu funcionamento terá início quando o seu resfriamento for concluído. A temperatura final de operação será em torno de 2 K (-271ºC). As partículas utilizadas nos experimentos serão injetadas no acelerador principal, e serão preparadas por uma série de sistemas que, sucessivamente, aumentarão o nível de energia das partículas. No final, cada próton terá uma energia de 7TeV (7 trilhões de elétron-volts), e levarão cerca de 90 microssegundos (1 microssegundo é a milionésima parte de um segundo) para dar uma volta completa na circunferência do LHC, e vai ser gerada uma colisão de um total de 14 TeV. Nos locais das colisões estão localizados seis detectores de partículas, que irão analisar os resultados obtidos com o experimento.

● Pesquisa, segurança e custos
Aproximadamente 7 mil cientistas de 80 países terão acesso ao LHC quando este entrar em funcionamento, e os físicos esperam que o LHC ajude a testar grandes teorias unificadas e solucionar perguntas sem respostas da física. O custo total do projeto estava estimado entre 5 e 10 bilhões de dólares, estima-se 8.52 bilhões de dólares mais precisamente.

Apesar da experiência proposta pelos físicos com um imenso colisor de partículas como o LHC pode trazer benefícios e respostas, ele é muito criticado na questão da segurança. Os riscos que o LHC oferecem são da ordem de afetar o planeta inteiro, pois ele potencialmente pode gerar fenômenos desastrosos desconhecidos pelo homem. Apesar do modelo padrão da física predizer que a energia gerada pelo LHC é insuficiente para gerar mini-buracos negros, algumas extensões do modelo padrão dizem que existem dimensões espaciais extras, nas quais seriam possíveis a criação de mini-buracos negros, na freqüência de 1 por segundo. Também de acordo com os cálculos padrões, estes seriam inofensivos, pois eles decairíam rapidamente pela radiação de Bekenstein-Hawking. O problema é que essa radiação ainda não foi testada, nem observada naturalmente, assim existindo a possibilidade de que esses mini-buracos negros não decaíssem tão rapidamente, começassem a interagir entre eles, crescer e causar um desastre na Terra.
Além disso, existe a teoria de que os Strangelets (Strange nuggets - pedaços estranhos) seriam gerados no LHC, e poderiam gerar uma fusão desgovernada, transformando todo o núcleo da Terra em matéria estranha.

O funcionamento do LHC estava agendado para Maio de 2008, porém esta data foi adiada por motivos de revisão da segurança ao colocá-lo para funcionar. Uma conferência está agendada para o dia 16 de Junho de 2008, e a nova data para seu funcionamento está prevista para, aproximadamente, até 2 meses após Junho.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Pregador

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #14 Online: 29 de Abril de 2008, 11:24:27 »
O Brasil poderia fazer uma parceria e construir um desses no nosso território. Tem lugares aqui com muitíssimo espaço, como no cerrado ou no sertão nordestino. Dava para construir um com 100 km tranquilamente.

Claro que os estrangeiros teriam que pagar a maior parte...custa caro demais...
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Offline Diego

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #15 Online: 29 de Abril de 2008, 11:29:28 »
O Brasil poderia fazer uma parceria e construir um desses no nosso território. Tem lugares aqui com muitíssimo espaço, como no cerrado ou no sertão nordestino. Dava para construir um com 100 km tranquilamente.

Claro que os estrangeiros teriam que pagar a maior parte...custa caro demais...

Acho q o problema maior seria energia consumida...

Nosso país está em uma situação critica de energia elétrica.
Imagina um Acelerador de partículas maior e mais moderno do mundo parado por causa do "Apagão"

Offline Diego

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #16 Online: 30 de Abril de 2008, 10:42:47 »
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Físico usa raio cósmico em teste de superacelerador


Às vésperas de seu início, o maior experimento de física do século está recebendo uma ajuda dos céus. Previsto para começar a operar em julho, o acelerador de partículas gigante LHC, na fronteira da Suíça com a França, está sendo ajustado com a captação de raios cósmicos, partículas que vêm do espaço e colidem com a atmosfera a altíssimas velocidades.

Os cientistas que trabalham no projeto estão finalizando os testes com os equipamentos e já começam a abandonar as cavernas subterrâneas que abrigam os componentes da grande máquina, distribuídos ao longo de um túnel circular de 27 km.

Quando estiver pronto para operar, o LHC produzirá violentas colisões entre núcleos de átomos que poderão render novas descobertas sobre a natureza da matéria. Antes de os físicos teóricos terem o que analisar, porém, quem se destaca no projeto são os engenheiros.

Dentro do Atlas, o maior dos quatro detectores do LHC, com 25 m de altura, eles trabalham a todo o vapor agora. "O clima aqui está quente", diz o carioca Denis Damazio, envolvido nos testes com os raios cósmicos. "Há turmas trabalhando em escalas de quase 24 horas por dia para terminar tudo logo." Quando a máquina for ligada, a radiação no detector instalado 90 metros abaixo do chão será perigosa demais e os físicos terão de controlar o acelerador de longe, desde a superfície.

Antes do início do experimento, os raios cósmicos são o único meio de testar e calibrar os detectores, pois as colisões que eles produzem na atmosfera são a única coisa na Terra com energias tão altas quanto as que o LHC atingirá.

O problema é que toda a eletrônica do detector e dos softwares de análises de dados está programada para funcionar sob grande intensidade --a cada segundo, o LHC vai produzir 600 milhões de colisões entre prótons (partículas do núcleo de átomos). Para os testes, é preciso adaptar tudo para fazer com que os "gatilhos" dos detectores sejam acionados com as raras partículas de radiação cósmica que chegam 90 metros abaixo da superfície da Terra, onde fica o Atlas.

Só que fazer alterações provisórias num projeto com mais de 2.000 cientistas não é trivial. "As peças do Atlas são montadas em todos os lugares do mundo", explica Damazio. "O software também é feito por diversos institutos, dentro de um plano mais ou menos único. É de esperar que seja uma imensa confusão conseguir juntar isso tudo e fazer funcionar."

"Made in Brazil"

O pesquisador brasileiro, que hoje é funcionário do Laboratório Nacional de Brookaven (EUA), qualificou-se para a tarefa, em parte, porque trabalhou também na construção do Atlas --mais precisamente na montagem do Tilecal, um calorímetro (tipo de aparelho que mede a energia de partículas).

"O Tilecal possui cerca de 2.500 placas de circuitos eletrônicos projetados pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), montados pela indústria nacional e também testados no Brasil", conta o físico Fernando Marroquim, da UFRJ, um dos cientistas que articularam a colaboração brasileira no projeto. As empresas Megaflex e Griffus, de São Paulo, encarregaram-se de montar as placas e fazer alguns testes.

O Brasil também teve participação na tecnologia da chamada "filtragem" de dados do detector. Como o sistema de computação do Atlas não dá conta de processar até o fim toda a informação que as colisões geram, é preciso descartar de cara aquilo que não interessa, e uma eletrônica ultra-rápida e sofisticada é usada para tal.

"O LHC vai produzir 60 terabytes [trilhões de bytes] para cada colisão", explica José Manoel de Seixas, da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia da UFRJ), que está envolvido no projeto do Atlas desde 1989. Como só algumas colisões geram eventos de interesse científico, é preciso que o Tilecal faça uma filtragem, antes de tudo ir para os computadores. "A tarefa da filtragem é eliminar o ruído de fundo", diz Seixas.

Se o que passar pela peneira puder ser aproveitado pelos físicos teóricos, aqueles que projetaram a máquina podem considerar sua missão cumprida.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u397139.shtml


Offline Luki4n

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #17 Online: 30 de Abril de 2008, 10:56:27 »
O Brasil poderia fazer uma parceria e construir um desses no nosso território. Tem lugares aqui com muitíssimo espaço, como no cerrado ou no sertão nordestino. Dava para construir um com 100 km tranquilamente.

Claro que os estrangeiros teriam que pagar a maior parte...custa caro demais...

Acho q o problema maior seria energia consumida...

Nosso país está em uma situação critica de energia elétrica.
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Energia no Brasil não é problema. Dá pra fazer energia nuclear aqui, como em vários outros lugares (tipo França, onde a maior parte da energia é nuclear). Fora que o litoral do Ceará possui os maiores ventos do mundo. Fizeram uma pesquisa (de acordo com meu antigo professor de geografia, que julgo ser fonte confiável) e viram que se usassem os ventos pra gerar energia, daria pro Ceará inteiro e ainda mais um pouco. A energia que sobrasse então poderia ir tranqüilamente pro acelerador de partículas.

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #18 Online: 30 de Abril de 2008, 11:03:46 »
Quanto o LHC consome em energia? Fiquei assustado com a noticia de que cada colisão gera 60 TB em dados. Como vão armazenar tudo isso? Vai ver o "HD" deles tem um Km2 de área...
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Offline Caio Gomes

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #19 Online: 30 de Abril de 2008, 11:06:58 »
Eles não armazenam isso. Existe uma eletronica enorme para selecionar entre os dados brutos só eventos minimamente interessantes...

Mas mesmo assim o que sobra é absurdo. É por isso que existem grids pelo mundo para analisar dados. O maior grid do Brasil é o GridUnesp, que foi criado exatamente para o LHC.

Offline Pregador

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #20 Online: 30 de Abril de 2008, 11:07:56 »
Eles não armazenam isso. Existe uma eletronica enorme para selecionar entre os dados brutos só eventos minimamente interessantes...

Mas mesmo assim o que sobra é absurdo. É por isso que existem grids pelo mundo para analisar dados. O maior grid do Brasil é o GridUnesp, que foi criado exatamente para o LHC.

O que é grid? para mim é a sequência da largada da fórmula um...
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Offline Caio Gomes

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Offline SnowRaptor

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #22 Online: 30 de Abril de 2008, 11:13:31 »
Energia no Brasil não é problema. Dá pra fazer energia nuclear aqui, como em vários outros lugares (tipo França, onde a maior parte da energia é nuclear). Fora que o litoral do Ceará possui os maiores ventos do mundo. Fizeram uma pesquisa (de acordo com meu antigo professor de geografia, que julgo ser fonte confiável) e viram que se usassem os ventos pra gerar energia, daria pro Ceará inteiro e ainda mais um pouco. A energia que sobrasse então poderia ir tranqüilamente pro acelerador de partículas.

Cuidado. É realmente possível gerar muita energia limpa no Brasil, até mesmo sem recorrer à energia nuclear. O ponto levantado é que a infra-estrutura energética no brasil não é adequada para suportar um laboratório desses. É diferente. Um projeto desse tipo precisaria, primeiro, passar pela reformulação da rede energética no Brasil.
Elton Carvalho

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Offline SnowRaptor

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #23 Online: 30 de Abril de 2008, 11:15:47 »
Eles não armazenam isso. Existe uma eletronica enorme para selecionar entre os dados brutos só eventos minimamente interessantes...
É exatamente sobre isso que fala o primeiro post de hoje.
Elton Carvalho

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Re: Experimento pretende recriar miniburacos negros
« Resposta #24 Online: 30 de Abril de 2008, 11:24:30 »
Um fato engraçado do LHC é que quase tudo nele será supercondutor. Portanto, no final do experimento, ele terá gasto mto pouco em efeito joule. Eles vão portanto devolver essa energia para Genebra, como maneira de diminuir gastos.

 

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