Autor Tópico: Israel - 60 anos  (Lida 1986 vezes)

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Israel - 60 anos
« Online: 08 de Maio de 2008, 19:26:25 »
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Israel comemora 60 anos de sua fundação
 
Israel comemora nesta quinta-feira os 60 anos de sua fundação com festas por todo o país.

Oficialmente as celebrações tiveram início na noite de quarta-feira, quando encerrou um período de 24 horas decretado para lembrar os soldados que morreram defendendo o país.

Foram realizadas grandes festas nas ruas de Jerusalém, Haifa e Tel Aviv, com a presença de músicos e fogos de artifício. Nesta quinta-feira, estão previstas exibições da Força Aérea na capital israelense.

“Esses são dias felizes, para se passar com amigos e a família, com muita música para celebrar nossas tradições judaicas”, disse o artista Eliram, em Jerusalém.

Guerras

Pouco mais velho do que o país, Eliram veio jovem do Irã, onde nasceu, para ajudar a concretizar o sonho de um Estado judeu.

“Se exagera um pouco a ameaça que o Irã representa”, disse ele à BBC Brasil.

“A retórica dos políticos iranianos atuais pode ser dura, mas eles vão passar. Irã e Israel vão permanecer”, afirma.

O antagonismo com o Irã é apenas um dos problemas que Israel enfrenta, tanto interna como externamente.

Desde sua fundação, o país já enfrentou pelo menos seis guerras com países vizinhos, além de conflitos constantes com militantes palestinos.

“Nossa batalha tem sido longa. No entanto, é paz e não a guerra o que queremos”, disse o primeiro-ministro Ehud Olmert na quarta-feira.

A existência de Israel como nação depende, diz ele de sua “vontade e habilidade” de se defender. Mas Olmert disse que há também “um desejo de assumir compromissos”.

Problemas

O Estado de Israel foi proclamado no dia 14 de maio de 1948, segundo o calendário gregoriano. Mas, segundo o calendário lunar judaico, os 60 anos são completados nesta quinta-feira.

O país foi fundado três anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, na qual milhões de judeus foram exterminados, e seis meses após a ONU ter aprovado a partilha do território que era conhecido como Palestina entre o povo judeu e árabe.

No conflito que se seguiu, calcula-se que 700 mil palestinos deixaram a região, tornando-se refugiados. O número atual de refugiados palestinos é calculado em mais de 4 milhões.

O direito ao retorno é uma das exigências dos palestinos para a resolução do conflito com os israelenses. A criação do Estado israelense é conhecida como Nakba (tragédia) pelos palestinos e deve ser marcada por protestos e manifestações em territórios palestinos na próxima semana.

Árabes israelenses (que se encontravam em Israel quando da fundação em 48 e se tornaram cidadãos do país) hoje representam 20% da população.

Grande parte deles afirma que se recusa a celebrar o aniversário israelense, em solidariedade com os palestinos. Pesquisas de opinião pública sugerem que os israelenses, por sua vez, tem uma percepção cada vez mais negativa dos árabes israelenses.

Israel aguarda, na próxima semana, a visita do presidente americano George W. Bush, que depois seguirá para a Arábia Saudita e o Egito, onde deve se encontrar com o presidente palestino Mahmoud Abbas.

Já confirmaram presença também em Israel o ex-premiê britânico Tony Blair, o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, além do prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel, o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, e o magnata Rupert Murdoch.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080508_israel60rodrigo_ba.shtml


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Israel deve buscar paz enquanto pode, diz ativista israelense
 
O jornalista e ativista político israelense Uri Avnery diz que a paz no Oriente Médio é uma necessidade urgente, para o bem de Israel.

“Israel deve fazer a paz o quanto antes, enquanto há parceiros para a negociação", afirmou Avnery, em entrevista à BBC Brasil.

Ele alerta para a possibilidade de um “desdobramento catastrófico” no Oriente Médio que possa tornar impossível a solução do conflito entre Israel e o mundo árabe.

“Imagine uma revolução islâmica no Egito e depois na Arábia Saudita e na Síria. Imagine um Oriente Médio tomado pelo islamismo radical.”

Uri Avnery lutou pela consolidação do Estado de Israel na guerra de 1948, quando ficou gravemente ferido.

Sessenta anos depois, embora seja um dos críticos mais incisivos à politica conduzida por sucessivos governos do país, ele não se arrepende de ter arriscado a vida pela criação de Israel.

“A revolução sionista obteve um sucesso impressionante, maior do que qualquer outra revolução do século 20”, disse. “Conseguimos criar, do nada, uma sociedade próspera, uma democracia dentro de Israel, uma cultura, uma economia forte.”

Mas o ativista acredita que o fato de Israel ainda não ter conseguido normalizar suas relações com seus vizinhos representa uma ameaça ao Estado judeu.

“Não conseguimos nos integrar na região, no Oriente Médio. Causamos uma injustiça histórica ao povo palestino e não fomos capazes de curar essa ferida.”

Sucessos e fracassos

Uri Avnery diz que Israel é, em muitos aspectos, uma história de sucesso. Mas, para ele, as conquistas e as falhas do projeto sionista são duas faces da mesma moeda, inseparáveis.

“Conseguimos o feito sem precedentes de reavivar a língua hebraica, uma lingua que estava morta”, disse. “O sionismo realizou algo que parecia impossível e transformou uma comunidade religiosa-étnica em uma nação moderna.”

Mas Avnery afirma que em 1948 não imaginava que o conflito com o mundo árabe iria durar tanto tempo.

“Se naquela época alguém me dissesse que em 2008 o destaque das primeiras páginas dos nossos jornais ainda seria para o conflito, eu não acreditaria.”

“Até hoje não conseguimos solucionar a questão fundamental, que é o conflito com os palestinos.”

Ele diz temer uma radicalização geral dos países árabes porque “os regimes árabes são corruptos e exploram e humilham seus povos, e um dia isso vai explodir”.

“Se houver uma revolução islâmica nos principais países árabes, não teremos mais nenhum parceiro para o diálogo. Será o fim dos regimes nacionalistas e seculares com os quais ainda podemos obter um acordo de paz.”

Encontro com Arafat

Em 1982, durante a guerra do Líbano, Avnery arriscou sua vida mais uma vez, desta vez pela paz com os palestinos.

Ele foi o primeiro israelense a se encontrar com o líder palestino, Yasser Arafat. O encontro ocorreu no bunker onde Arafat estava, em Beirute, enquanto a Força Aérea israelense bombardeava a cidade.

Naquela época ele foi considerado “traidor” por muitos israelenses, mas 11 anos depois o então primeiro-ministro de Israel, Itzhak Rabin, assinou o Acordo de Oslo com o mesmo Arafat.

Avnery diz que o conflito pode ser solucionado “dentro de um ano ou pode levar cem anos". "Vai depender da vontade de nossos líderes e principalmente da vontade do nosso povo.”

“Se quisermos, o conflito tem solução, e a solução é óbvia: consiste na retirada dos territórios ocupados em 1967 e na criação de um Estado Palestino ao lado de Israel."

“O povo israelense se acostumou a viver em guerra, não percebe o conflito como um perigo existencial verdadeiro e foi doutrinado a pensar que a paz é impossível.”

No entanto ele nega qualquer visão determinista. “Durante a minha longa vida aprendi que muitas vezes, quando a situação parece perdida, a solução já está a caminho."

Para o ativista israelense, pode haver uma mudança radical na opinião pública em Israel.

Ele desenha diversos cenários nos quais essa mudança poderá ocorrer, como uma alteração drástica no equilíbrio de forças internacional, com o enfraquecimento do maior aliado de Israel, os Estados Unidos.

“Em Israel se pensa que a ocupação é um estado permanente, mas nada é permanente. Vivemos em um mundo em que as coisas mudam radicalmente o tempo todo.”

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080506_israel60pacifistagf.shtml

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Para especialista, Israel não pode vencer novos inimigos
 
Depois de sete guerras e ao chegar aos seus 60 anos, Israel ainda enfrenta ameaças à sua segurança que não tem como derrotar.

A avaliação é do professor de Estudos Estratégicos da Universidade de Tel Aviv Reuven Pedatzur, para quem a principal ameaça a Israel vem dos milhares de foguetes que podem ser lançados pela milícia xiita libanesa Hezbollah e por grupos militantes palestinos.

“Israel não tem uma resposta para os foguetes, nem do ponto de vista militar, nem com poder de dissuasão”, diz o analista. “Isso ficou claro na segunda Guerra do Líbano e também na nossa experiência com os foguetes lançados da Faixa de Gaza contra o sul do país.”

De acordo com Pedatzur, Israel até tem como dissuadir países árabes inimigos do uso da força, mas tal capacidade é muito menor diante de grupos armados como o Hezbollah e o Hamas.

“Contra a Síria, o poder de dissuasão de Israel é bem maior, pois o regime sírio sabe que pagaria um preço muito alto se atacasse Israel. Mas contra as organizações armadas não temos respostas", afirmou.

“Para impedir o Hezbollah de lançar foguetes teríamos que voltar a ocupar o sul do Líbano e para impedir os foguetes do Hamas teríamos de reocupar a Faixa de Gaza. Mas a questão é o que faríamos depois, a reocupação não é solução.”

Falta de lógica

Os mais recentes desdobramentos militares na relação entre Israel e seus inimigos fez com o que o Ministério da Defesa israelense anunciasse um plano denominado “Capacete de Ferro”, que consiste no desenvolvimento de mísseis antifoguetes.

Mas, para Reuven Pedatzur, o plano “não tem lógica militar nem econômica”.

“Cada foguete Qassam lançado a partir da Faixa de Gaza custa cerca de US$ 20, enquanto um míssil antifoguetes custaria US$ 100 mil. Isso é um absurdo”, afirma.

Além dos confrontos com grupos armados, Pedatzur acredita que, no médio prazo, o risco de uma guerra entre Israel e a Síria ainda existe.

“Nesse caso, a ameaça seria muito maior do que a dos foguetes, pois a Síria possui mísseis de longo alcance que podem atingir todo o território de Israel, inclusive mísseis químicos.”

O especialista, no entanto, não acredita que o governo sírio lançaria um ataque contra Israel. Mas ele não se sente seguro em relação ao governo do seu país.

“Acho pouco provável que a Síria tome a iniciativa de atacar, mas não me sinto tranqüilo em relação à nossa liderança.”

“Se houver uma guerra com a Síria as conseqüências para os dois lados serão muito graves, em Israel poderá haver milhares de vítimas”, afirmou.

Guerra nuclear?

Segundo a avaliação do analista, em um prazo mais longo o Irã deverá obter armamentos nucleares.

“Quando o Irã tiver a bomba atômica Israel vai precisar mudar sua estratégia em relação à questão nuclear”, disse.

“Em vez da política de ambigüidade, Israel terá que passar à dissuasão explícita”, afirmou. “No caso do Irã a dissuasão clara poderá ser muito mais eficaz do que gastar bilhões de dólares em sistemas de defesa.”

No entanto, para o analista militar, a maneira mais eficaz de preservar a segurança dos israelenses é fazer um acordo de paz com seus vizinhos.

“O interesse primordial de Israel é alcançar acordos de paz com os palestinos e com a Síria, e esses acordos são possíveis”, disse.

“Precisamos de lideres que saibam tomar a decisão certa e pagar o preço, como Menahem Begin, que decidiu fazer a paz com o Egito e pagar o preço da paz, apesar da oposição do Exército.”

“Como Itzhak Rabin, que decidiu fazer a paz com os palestinos e estava disposto a pagar o preço e devolver quase toda a Cisjordânia.”

“Se soubermos agir corretamente, não teremos razões para nos preocupar com a própria existência do Estado de Israel”, concluiu.

Lembranças

Pedatzur tem a idade do Estado de Israel, 60 anos, e ainda se lembra que na infância seus pais lhe diziam “quando você crescer não vai precisar ir para o Exército pois já haverá paz”.

“No entanto prestei serviço militar, minhas filhas também serviram no exército e acho que os israelenses ainda vão ter que prestar serviço militar por muitos anos”, disse.

Todos os jovens israelenses, de ambos os sexos, são obrigados a prestar serviço militar quando chegam aos 18 anos, tornando o exército parte da experiência pessoal de todos os cidadãos, exceto os cidadãos ultra-ortodoxos e árabes, que são liberados do serviço militar.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080506_israel60segurancagf.shtml

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Escritor diz que Israel é 'anormal e sem limites'
 
O escritor israelense Sefi Rachlevsky defende em seu livro No Limit (Sem Limites) a idéia de que o Estado de Israel e sua sociedade têm um caráter "anormal", em comparação com outros países.

“O que aconteceu aqui é uma verdadeira tragédia. A maioria dos imigrantes que vieram para cá, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, queria viver em um país tranqüilo, normal e secular”, disse Rachlevsky, em entrevista à BBC Brasil.

Mas, para o escritor, Israel, que completa 60 anos de existência nesta quinta-feira, está em conflito permanente com seus vizinhos e não é tranqüilo, normal ou secular. Rachlevsky diz que Israel é um país "sem limites".

“Uma das questões básicas que demonstram a falta de limites é a interferência da religião nas questões do Estado, em muitos aspectos Israel é uma teocracia."

“Imagine que Israel é o único país do mundo onde um judeu não pode se casar com uma pessoa não judia, aqui não temos casamento civil, só religioso”, afirma. “Não temos uma Constituição que possa traçar os limites entre o Estado e a religião.”

"Problemas de personalidade"

Rachlevsky usa instrumentos da psicologia para analisar o impacto da ausência de limites sobre a sociedade israelense.

“Uma criança criada sem limites terá problemas sérios no desenvolvimento de sua personalidade”, diz. “São os limites que possibilitam o desenvolvimento de uma personalidade saudável e a capacidade de raciocínio e até de memória.”

“Sem limites se cria uma situação cognitiva difusa e dificuldades de desenvolver um pensamento conceitual, uma diferenciação entre a vontade e a realidade, uma lógica organizadora.”

Para Rachlevsky a ausência de limites é a chave para entender Israel, tanto sob o aspecto do conflito com o mundo árabe como fenômenos internos observados na sociedade israelense.

Sefi Rachlevsky nasceu em 1966, um ano antes da Guerra de 1967, quando Israel ocupou os territórios palestinos da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental, as colinas do Golã da Síria e o deserto do Sinai, do Egito.

Embora não tenha lembranças diretas dos primeiros 19 anos de Israel, antes da ocupação de 67, o escritor expressa uma certa nostalgia por aquele período.

“Aquela foi a primavera de Israel”, lembra. “Naquela época a sociedade israelense estava começando a consolidar uma certa normalidade, mas a ocupação destruiu esse processo, desde então não temos mais limites.”

De acordo com a análise do escritor, a falta de limites cria a violência, que se volta tanto para fora como para dentro da própria sociedade israelense.

“Nos primeiros anos do Estado havia uma solidariedade interna, as pessoas podiam deixar as portas de suas casas abertas, se alguém caísse na rua muitos corriam para socorrê-lo."

Jimmy Carter

Rachlevsky também menciona uma ausência de limites morais e de parâmetros de conduta. “Veja como o governo de Israel tratou o ex-presidente americano Jimmy Carter, em sua última visita (em abril).”

“Nenhum país do mundo trataria Carter com tanta grosseria. Olmert se recusou a encontrá-lo e até os serviços de segurança se negaram a colaborar com os agentes americanos que o acompanhavam.”

O governo israelense criticou o livro que Carter escreveu, no qual acusou Israel de conduzir um regime de apartheid em relação aos palestinos.

Outro tema que despertou a indignação de Israel foram os encontros de Carter com líderes do Hamas, e o resultado foi o boicote do ex-presidente americano durante sua visita ao país.

Mas para Rachlevsky “isso não se faz”. “Não é só uma Constituição que falta em Israel, faltam normas de conduta, uma noção do que se faz e do que não se faz.”

“Carter intermediou o acordo de paz entre Israel e o Egito (em 1979), o maior país árabe, e Israel deveria agradecer e tratá-lo com a gentileza que ele merece, embora não concorde com suas posições atuais.”

Rachlevsky considera a colonização israelense nos territórios ocupados um dos efeitos mais significativos do caráter “sem limites” de Israel.

“Como pode um Estado enviar seus cidadãos para morar fora de suas fronteiras e depois lutar contra o próprio Estado e minar o próprio conceito de Estado?”, pergunta.

O escritor manifesta preocupação com a própria capacidade de Israel de continuar existindo e afirma que a ausência de limites pode destruir Israel “tanto por fora como por dentro”.

“Se Israel quer sobreviver vai ter que começar tudo de novo, realizar uma mudança enorme, como começar do zero. Terá que estabelecer fronteiras físicas e políticas, princípios básicos de conduta para a sociedade e seus líderes, uma Constituição e construir um sistema de valores.”

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080507_israel60escritorgf.shtml

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #1 Online: 15 de Maio de 2008, 17:03:03 »
Refugiados há 60 anos, palestinos não desistem de retorno à terra
 
Aos 90 anos de idade, o palestino Abu Yussef é um homem frágil.

Anda com dificuldade, enxerga mal, mas quando fala da terra que deixou, seu rosto se ilumina e a voz se torna mais firme.

"Plantava azeitonas de qualidade tão boa que até hoje o azeite produzido lá leva o mesmo nome, Beit Na Bel. A terra era fantástica, muito fértil, descobri nela até um poço de água", afirma ele.

Acompanhe a reportagem sobre os refugiados de 1948.

Abu Yussef é uma das cerca de 700 mil pessoas que deixaram suas casa e vilas em 1948, fugindo da violência de milícias judaicas que conquistavam terras para a formação de Israel. Ele se tornou um refugiado e, segundo determinou a ONU, seus descendentes também o são.

Identidade

Mesmo com o passar de várias décadas, o apego à terra perdida parece não ter diminuído entre os palestinos.

"Em 1967, um grupo de pesquisadores americanos e israelenses veio nos visitar", afirma Abu Hafiz, que como Abu Yussef, vive no campo de refugiados de Al Jalazon, na Cisjordânia.

"Perguntaram o quanto ainda sentíamos falta de nossas terras e se surpreenderam que, quase vinte anos depois de sairmos, nós não aceitaríamos acordo nenhum para abrir mão dela. Isso faz mais de 40 anos e nada mudou."

O analista palestino Mahdi Abdullah Madi afirma que a ligação com a terra se tornou parte indissociável da identidade do povo.

"Representantes da segunda, terceira e até quarta geração de refugiados carregam a mesma determinação de tentar recuperar a terra palestina", diz ele.

Com 19 anos de idade, Thair Nakhla, como a maioria dos refugiados palestinos, nunca pisou na terra de seus antepassados. Mesmo assim, não admite negociar esse ponto.

"Não se pode esquecer quem somos e de onde viemos", diz ele.

Direito ao retorno

Um dos principais entraves para os avanços de negociações de paz entre israelenses e palestinos sempre foi a questão do direito ao retorno dos refugiados.

A resolução 194 da Assembléia Geral da ONU, de dezembro de 1948, recomenda que os refugiados judeus e palestinos devem ter o direito de voltar se eles desejarem viver em paz com seus vizinhos.

A resolução foi inicialmente rejeitada por países árabes, que não reconheciam Israel, mas depois foi citada pelos mesmos países ao defenderem o direito do retorno dos palestinos.

Um levantamento feito em 2002 pela ONU calcula que o número de refugiados palestinos é de mais de quatro milhões de pessoas.

Eles vivem em terras palestinas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, além de países como Jordânia, Egito, Iraque, Líbano e Síria.

Um amplo estudo com refugiados, feito em 2003, estimou que 95% consideram essencial que Israel reconheça o direito ao retorno, embora apenas cerca de 10% tenham afirmado que se mudariam para o país.

Israel

Israel, entretanto, não quer o retorno dos refugiados palestinos.

"Eu sei que os palestinos pagaram o preço. A terra era deles, pertencia e seus pais", diz o analista israelense Dani Rubinstein.

"Mas politicamente seria impossível concordar com a volta de milhões de palestinos para Israel. Isso alteraria a essência do Estado judeu."

"Essa foi uma decisão tomada pelo governo israelense ainda em 1948. Na época, centenas de milhares de judeus vindos de países vizinhos e da Europa – gente que havia estado em campos de concentração – tinham vindo a Israel."

"Isso, de certa forma se tornou uma justificativa para o povo israelense, que pensou: 'nós acolhemos muitos judeus de países árabes. Que os países árabes lidem com os refugiados árabes.'"

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080513_palestinos_refugiados_dg.shtml

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Offline Donatello

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #2 Online: 16 de Maio de 2008, 00:23:07 »
Israel: vítimas e algozes
por Julián Casanova, para o El País

Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion se tornou o primeiro chefe do novo Estado de Israel. Desde então, a coexistência pacífica entre árabes e judeus, que era a base do plano para a divisão da Palestina recomendada pela ONU, tem se tornado impossível. Ao mesmo tempo, nessas seis décadas, se tem produzido uma inversão papel representado pelos judeus na história: de vítimas e perseguidos, traumatizados pela experiência do antisemitismo e sobretudo do genocídio executado pela Alemanha nazista, passaram a atores principais de una sistemática política de agressão contra seus vizinhos e de ocupação militar de seus territórios. A lembrança do holocausto, um extermínio racial sem comparação na história, é utilizado para calar a voz da oposição a esses atos de agressão do Estado de Israel. A história e o debate político se fundem neste debate.


"A memória do Holocausto paraliza as críticas à política de Israel"

A hostilidade contra a raça, a cultura e as tradições judias, presente na história do cristianismo desde o primeiro século de nossa era, resurgiu com força nas últimas décadas do século XIX nos impérios russo e austro-húngaro e dividiu profundamente a sociedade francesa, que quase não tinha habitantes judeus, na crise política provocada pelo affaire Dreyfus. Os judeus foram identificados pelo populismo conservador e católico, especialmente em países como Polônia e França, como precursores do progresso e do capitalismo internacional que destruía os valores tradicionais do mundo rural. Na Rússia, grupos organizados, apoiados por oficiais do exército, assassinaram, nestes anos, a muitos judeus e tomaram suas propriedades.

Como resposta a esta onda de antisemitismo, nasceu um movimiento sionista, criado pelo húngaro Theodor Herzl, que propôs como objetivo estabelecer uma patria judía na Palestina, revivendo uma idéia que sempre estivera presente na diáspora dos judeus por Europa e Asia. Milhares de judeus passaram a emigrar para este território compreendido entre o Jordão e o  Mediterrâneo, que estava em poder do Império Otomano desde o início do século XVI, e a Organização Sionista Mundial, fundada em 1897 pelo mesmo Herzl, atuou como grupo de pressão para convencer aos principais dirigentes políticos da necesidade de criar o tal Estado.

No começo, os colonos judeus viveram em paz com a população árabe que residia alí. Mas quando, após a I Guerra Mundial, a Palestina pasou a ser administrada pelo Reino Unido e tanto os árabes como os judeus viram frustradas suas espectativas de independência, as tenções entre antigos nativos, os novos colonos e as autoridades britânicas aumentaram e chegaram ao seu clímax no começo dos anos 40, mesma época do Holocausto, quando quasi 100.000 judeus chegaram ilegalmente à Palestina.

A Grã-Bretanha não conseguiu oferecer uma solução para o conflito em 1947 e o problema foi deixado nas mãos da recém-criada ONU, em um cenário internacional de simpatía pelo povo judeu por conta de seu sofrimento nos campos nazistas. Os árabes palestinos, apoiados por todos os árabes dos países vizinhos, rejeitaram a independência de Israel e no día seguinte ao qual Ben Gurion a tinha declarado, o país foi atacado por uma coalizão militar formada por Egito, Síria, Líbano e Iraque. Os judeus do novo Estado os derrotaram. A economia agrária inicial, dominada pela intervenção do Estado, avançou para a liberalização e o crescimento econômico acelerado, com uma mudança de governo que a partir da década de 80 incorporou alguns valores do capitalismo ocidental ao poder social e cultural dos rabinos ortodoxos.

Todas estas conquistas, entretanto, foram acompanhadas, especialmente depois da Guerra dos Seis Dias, pela ocupação militar dos territórios vizinhos. Israel reproduz desta forma o método de conquista que escravizou aos próprios judeus na Europa das décadas de 30 e de 40. A resistência árabe, cada vez mais violenta e organizada por grupos terroristas, é respondida por Israel com duras punições e ataques sobre a população civil. A direita religiosa, suntentada ela mesma em princípios racistas e de superioridade, nega os derechos nacionais dos palestinos.

Por outro lado, a memória do trauma do Holocausto tem determinado a posição das democracias ocidentais, que nunca confrontaram energicamente a política militar de Israel nos territórios ocupados. É um paradoxo da historia, da relação entre o pasado judeu e o presente de Israel, que a idéia de "espaço vital" tenha sido utilizada por Israel com o fim de ampliar sua base territorial, que aqueles que eram vítimas agora sejam os carrascos. É um bom momento para tal recordação, sessenta anos depois da criação do Estado de Israel.

Julián Casanova é professor de História Contemporânea na Universidade de Zaragoza.

Offline Bolsonaro neles

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #3 Online: 12 de Julho de 2008, 21:30:38 »
Eu não li os textos acima, mas qual a idéia do tópico? Defender ou criticar Israel?

Offline C.

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #4 Online: 13 de Julho de 2008, 04:15:23 »
Eu não li os textos acima, mas qual a idéia do tópico? Defender ou criticar Israel?

São vários quotes... opiniões diferentes.
Qual seria a sua?

Bom, essa declaração pra mim é assustadora:
“O sionismo realizou algo que parecia impossível e transformou uma comunidade religiosa-étnica em uma nação moderna.

Eles temem que o "islamismo radical" do mundo árabe seja intolerante como o "judaísmo radical" deles?
Hm, interessante.

Offline Bolsonaro neles

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #5 Online: 13 de Julho de 2008, 13:56:13 »
O que posso dizer de Israel é:

O poder de Israel vem dos EEUU. Os americanos investem e vão continuar investindo em Israel por vários motivos. Por um lado, interessa a eles manter fortalecida uma nação aliada na área do Oriente Médio, por questões relativas ao petróleo. Por outro, há uma motivação religiosa. os EEUU são uma nação predominantemente protestante. Há uma linha escatológica que diz que Israel é a nação escolhida de Deus e Jesus voltará para ser enfim reconhecido por eles como sendo o Messias. Os evangélicos americanos crêem nisso (os eleitores do John McCain). Esta linha se chama pré-milenismo. É muito popular tb nas igrejas evangélicas pentecostais e neo-pentecostais do Brasil.

Offline Fabulous

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #6 Online: 14 de Julho de 2008, 11:46:16 »
Acho que a maior besteira que fizeram foram dividir o estado de Israel, deixando vários palestinos refugiados... Aquilo ali é um mar de sangue por um espaço de terra do tamanho do Acre. Infelizmente pouca solução pode ser feita naquele continente, já que tudo ali é motivado pelo fanatismo religiosos e pela luta de um pedaço de terra que eles consideram sagrado. Muitas vidas foram perdidas ali, por hipocresia, fanatismo e por ignorância.
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Offline André Luiz

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #7 Online: 14 de Julho de 2008, 13:47:11 »
O clima vem azedando entre o Irã e Israel, pode ser que teremos um foguetório dos brabos naquela região em breve, infelizmente

Offline Fabulous

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #8 Online: 14 de Julho de 2008, 16:01:38 »
Por que você diz isso?
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Offline André Luiz

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Re: Israel - 60 anos
« Resposta #9 Online: 14 de Julho de 2008, 16:29:07 »
Os recentes testes com misseis de longo alcance do Irã por exemplo, e as declarações raivosas na imprensa de ambos os lados

Mas pode ser tudo blefe é claro





 

 

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