Autor Tópico: A Física Quântica em Busca da Partícula Divina  (Lida 4541 vezes)

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A Física Quântica em Busca da Partícula Divina
« Online: 10 de Maio de 2008, 23:36:46 »
Esses arquivos são daqueles antigos que ficam no hd, naquela pasta que você nem lembra mais que existe.
Último acesso que eu fiz foi em junho de 2006, eu ainda buscava entender muita coisas...
Mas esse texto abaixo não passa de um lixo didático que seria melhor aproveitado deletando-o e dando mais espaço para o disco rígido.

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A Física Quântica em Busca da Partícula Divina
Luís de Almeida

(Este artigo de Luís de Almeida foi originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo de Janeiro de 2002)

"Confesso que, após cuidadosa e atenta leitura deste trabalho, conclui que foi um dos melhores artigos que já tive o prazer de ler. Ele se me afigura o mais erudito e informativo trabalho acerca da relação entre a Física e o Espiritismo, até agora escrito em idioma português. Se traduzido para o inglês será, sem dúvida, apreciadíssimo, inclusive pelos físicos mais modernos que, atualmente, divulgam obras acerca do relacionamento entre a Consciência e o Universo, vislumbrado sob a óptica das Físicas Quântica e Relativística. Menciono, como exemplos, os livros de Michio Kaku (Hiperespaço, ed. Rocco, Rio de Janeiro, RJ) e de Amit Goswami (O Universo Autoconsciente, edit. Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro)."
Dr. Hernani Guimarães Andrade

A Física continua a dar ao Espiritismo, ainda que os físicos de tal não se apercebam, ou melhor, não queiram por enquanto se aperceber, uma contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro dos Espíritos - uma obra actual - um manancial para a Física Moderna. Trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica de Deus (ao defini-Lo como "a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas") do Espírito e da Matéria propriamente dita.

A Física Moderna leva-nos ao encontro do Espírito e de Deus
A física quântica pode constituir uma ponte entre a ciência e o mundo espiritual, pois segundo ela, pode-se "reduzir" a matéria, de forma subjectiva e no domínio do abstracto, até à consciência - causa da "intelectualidade" da matéria. A consciência transforma as possibilidades da matéria em realidade, transformando as possibilidades quânticas em factos reais. Essa consciência deve apresentar uma unidade e transcender o tempo, espaço e matéria. Não é algo material, na realidade, é a base de todos os seres.

Recordemos o professor de Lyon In O Livro dos Espíritos (9):

23. Que é o Espírito?
- "O princípio inteligente do Universo".

a) - Qual a natureza íntima do Espírito?
- "Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa."

Tanto é assim, que os físicos teóricos postulam a existência de uma "partícula", que seria a partícula "fundamental", que ainda não foi encontrada, mas a qual o Prémio Nobel da física, Leon Lederman, denomina a "partícula divina". Partícula essa decisiva pois é ela que determina a massa das restantes, bem como a coesão dada pela gravidade dos 90% do universo ainda desconhecido.

Leiamos Kardec In O Livro dos Espíritos (9):

25. O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?
- "São distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria."

26. Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
- "Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento."

Cabe lembrar que os físicos, a partir das pesquisas do norte-americno Murray Gel Mann nos aceleradores de partícula, já admitem a existência de um domínio externo ao mundo cósmico dito material onde provavelmente existam agentes activos também chamados frameworkers, capazes de actuar sobre a energia do Universo, modulando-a e dando-lhe formas de partícula atómica, ou seja por outras palavras - o espírito, chamado também "Agente Estruturador"por vários físicos teóricos.

Retomemos novamente o mestre lionês In O Livro dos Espíritos (9):

76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
- "Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material."

536. São devidos a causas fortuitas, ou, ao contrário, têm todos um fim providencial, os grandes fenómenos da Natureza, os que se consideram como perturbação dos elementos?
- '"Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus."

b) - Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem acção sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
- "Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce acção directa sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos."

A Teoria das Supercordas e a Dimensão Psi
Outra teoria quântica, que vem de encontro a existência de uma "partícula divina consciêncial" no final da escala das partículas subatómicas, é a teoria das supercordas. Essa teoria foi melhorada e é defendida por um dos físicos teóricos mais respeitados da actualidade Edward Witten, professor do Institute for Advanced Study em Princeton, EUA. De maneira bastante simples e resumida, a teoria das supercordas postula que os quarks, mais ínfima partícula subatómica conhecida até o momento, estariam ligados entre si por "supercordas" que, de acordo com sua vibração, dariam a "tonalidade" específica ao núcleo atómico a que pertencem, dando assim as qualidades físico-químicas da partícula em questão.

Querer imaginá-las é como tentar conceber um ponto matemático: é impossível, por enquanto. Além disso, são inimaginavelmente pequenas. Para termos uma ideia: o planeta Terra é dez a vinte ordens grandeza mais pequeno do que o universo, e o núcleo atómico é dez a vinte ordens de grandeza mais pequeno do que a Terra. Pois bem, uma supercorda é dez a vinte ordens mais pequena do que o núcleo atómico.

O professor Rivail, esclarece In O Livro dos Espíritos (9):

30. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?
- "De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva."

Ou seja, é a vibração dessas infinitesimais "cordinhas" que seria responsável pelas características do átomo a que pertencem. Conforme vibrem essas "cordinhas" dariam origem a um átomo de hidrogénio, hélio e assim por diante, que por sua vez, agregados em moléculas, dão origem a compostos específicos e cada vez mais complexos, levando-nos a pelo menos 11 dimensões.

Corrobora Allan Kardec In O Livro dos Espíritos (9):

79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?
- "Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material.."

64. Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital será um terceiro?
- "É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do Universo, mas que também tem sua origem na matéria universal modificada. É, para vós, um elemento, como o oxigénio e o hidrogénio, que, entretanto, não são elementos primitivos, pois que tudo isso deriva de um só princípio."

Essa teoria traz a ilação de que tal tonalidade vibratória fundamenta é dada por algo ou alguém, de onde abstraímos a ?consciência? como factor propulsor dessas cordas quânticas. Assim sendo, isso ainda mais nos faz pensar numa unidade consciencial vibrando a partir de cada objecto, de cada ser.

Complementa Kardec In O Livro dos Espíritos (9):

615. É eterna a lei de Deus?
- "Eterna e imutável como o próprio Deus."

621. Onde está escrita a lei de Deus?
- "Na consciência."

Seguindo esta teoria e embarcando na ideia lançada por André Luiz In Evolução em Dois Mundos (11), onde somos co-criadores dessa consciência universal, e cada vez mais responsáveis por gerir o estado vibracional das nossas próprias "cordinhas" - a chamada dimensão Psi por vários investigadores espiritas -, à medida que delas nos conscientizemos, chegaremos a harmonia perfeita quando realmente entrarmos em sintonia com a consciência geradora que está em nós, e também no todo, vulgarmente conhecida por Deus, ou como alguns físicos teóricos sustentam "O Supremo Agente Estruturador".

Leiamos o Codificador In O Livro dos Espíritos (9):

5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?
- "A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio - não há efeito sem causa."

7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?
- "Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária."

Interpretemos Allan Kardec In A Génese (10) Cap. II - A Providência:

20. - A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que consiste a acção providencial.
«Como pode Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, imiscuir-se em pormenores ínfimos, preocupar-se com os menores actos e os menores pensamentos de cada indivíduo?» Esta a interrogação que a si mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua acção, que ela se exerça sobre as leis gerais do Universo; que este funcione de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha submetida na esfera de suas actividades, sem que haja mister a intervenção incessante da Providência.

Esta consciência única do raciocínio quântico, transforma-se em dois elementos: um objectivo e outro subjectivo. O subjectivo chamamos de ser quântico, universal, indivisível. A individualização desse ser é consequência de um condicionamento. Esse ser quântico é a maneira como pensamos em Deus, que é o ser criador dentro de nós.

Voltemos ao génio de Lyon In A Génese (10) Cap. II - A Providência:

34. - Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber. Pelo facto de não o verem, não se segue que os Espíritos imperfeitos estejam mais distantes dele do que os outros; esses Espíritos, como os demais, como todos os seres da Natureza, se encontram mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz.

Geralmente, nós interpretamos Deus como algo unicamente externo. Pensamos em Deus como um ser separado de nós. Isso é a causa dos conflitos. Se Deus também está dentro de nós, podemos mudar por nossa própria vontade. Mas se acreditamos que Deus está exclusivamente do lado de fora, então supomos que só Ele pode nos mudar e não nos transformamos pela nossa própria vontade. Não podemos excluir a nossa vontade, dizendo que tudo ocorre pela vontade de Deus. Temos de reconhecer o deus que há em nós, como afirmou o Doce Amigo há 2000 anos. Então seremos livres.

Allan Kardec atesta In A Génese (10) Cap. II - A Providência:

24. - (...) Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade; nenhuma das nossas acções lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contacto ininterrupto com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos nele, como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo.

Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus lançar o olhar do Alto da imensidade. As nossas preces, para que ele as ouça, não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante, pois que, estando de contínuo ao nosso lado, os nossos pensamentos repercutem nele.

O Livro dos Espíritos: uma obra actual e de referência
A Física continua a dar ao Espiritismo, ainda que os físicos de tal não se apercebam, ou melhor, não queiram por enquanto se aperceber, uma contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro dos Espíritos (9) - uma obra actual - um manancial para a Física Moderna. Trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica de Deus (ao defini-Lo como "a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas") do Espírito e da Matéria propriamente dita.

Concluímos com Allan Kardec In O Livro dos Espíritos (9) resumindo toda esta teoria da Física Moderna de forma magistral, simplesmente espantoso, acreditem...:

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?
- "Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer acção sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e susceptível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a acção do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá."

Luís de Almeida é Dirigente do Centro Espírita Caridade por Amor, da cidade do Porto, com pagina na Internet http://www.terravista.pt/PortoSanto/1391
Email: electronico ceca@sapo.pt

Bibliografia:
(1) Dyson, Freeman em INFINITO EM TODAS AS DIRECÇÕES - Edições Gradiva - 1990 - Portugal.
(2) Greene, Brian em O UNIVERSO ELEGANTE - Edições Gradiva - 2000 - Portugal.
(3) Hawking, Stephen em BREVE HISTÓRIA DO TEMPO (Edição actualizada e aumentada, comemorativa do 1º Aniversário) - Edições Gradiva - 2000 - Portugal.
(4) Hawking, Stephen em O FIM DA FÍSICA - Edições Gradiva - 1994 - Portugal.
(5) Homepage, CERN - ORGANISATION EUROPEENNE POUR LA RECHERCHE NUCLEAIRE -http://welcome.cern.ch/welcome/gateway.html
(6) Homepage, ESA - EUROPEAN SPACE AGENCY - http://www.esa.int/export/esaCP/index.html
(7) Homepage, FERMILAB - FERMI NATIONAL ACCELERATOR LABORATORY - http://www.fnal.gov/
(8) Homepage, NASA - NATIONAL AERONAUTICS & SPACE ADMINISTRATION -http://www.nasa.gov/
(9) Kardec, Allan em O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Edições FEB 76ª edição
(10) Kardec, Allan em A GÉNESE - Edições FEB 36ª edição.
(11) Luiz, André em EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS - Edições FEB 12ª edição
(12) Reeves, Hubert em O PRIMEIRO SEGUNDO - Edições Gradiva - 1996 - Portugal.
(13) Sagan, Carl em UM MUNDO INFESTADO DE DEMÓNIOS - Edições Gradiva - 1997 - Portugal.

(Publicado no Boletim GEAE Número 430 de 19 de fevereiro de 2002)
 

Que merda.
MSN: fabulous3700@hotmail.com

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Re: A Física Quântica em Busca da Partícula Divina
« Resposta #1 Online: 10 de Maio de 2008, 23:37:59 »
E esse outro...

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A Física Quântica seria necessária
para explicar a Consciência?


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Osvaldo Pessoa Jr.<!--[if !supportFootnotes]--><!--[endif]-->

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<!--[if !supportEmptyParas]--> Esta palestra foi ministrada no encontro Questões Metodológicas  em Ciências Cognitivas realizado no Insttituo de Estudos Avançados da USP em 1994, a convite de Henrique del Nero, tendo sido publicada na Coleção Doucmentos - Série Ciência Cognitiva - 20, pp. 184-9.

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1.Introdução
 

 
Seria a consciência um fenômeno quântico? Por mais forçada que tal especulação possa parecer, ela tem sido seriamente considerada por vários pesquisadores nos últimos cinco anos.A motivação para essa abordagem, grosso modo, é que como a consciência é uma coisa misteriosa, e os fenômenos quânticos também o são, então esses dois mistérios poderiam estar ligados. O presente trabalho, ainda em fase preliminar, é um estudo dos diferentes argumentos utilizados para defender tal ligação, e das diferentes linhas de pesquisa em neurociência que fazem uso de considerações da física quântica.Veremos que a questão de se a consciência é um fenômeno quântico é basicamente uma questão empírica, ainda em aberto, mas que uma formulação precisa desta questão requer esclarecimentos filosóficos relativos às definições de "consciência" e de "fenômeno quântico".

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2.A quem interessa tal Tese? 


Vamos nos colocar dentro do contexto do materialismo, e supor que estados e processos conscientes são idênticos a certos estados e processos fisiológicos.Neste contexto, existe um debate em psicologia que gira em torno do funciona­lismo ("strong AI"), que defende que a mente depende apenas da estrutura dos processos cerebrais, e não de sua realização física. Assim, em princípio, um computador poderia ter consciência, ou mesmo uma sociedade poderia ter uma consciência própria, desde que os elementos destes sistemas satisfizessem certas propriedades estruturais, ainda não conhecidas pela ciência. A mente seria como um programa de computador.


A tese de que o problema mente-corpo só poderá ser esclarecido quando for levado em conta a natureza quântica do cérebro tem sido usada como um argumento anti-funcionalista. Esta posição defende que existe algo nos detalhes dos processos fisiológicos da mente que é essencial para a consciência. Talvez esse "algo" seja um processo quântico! Se isto for verdade, então computadores feitos com chips convencionais e sociedades humanas não poderão ter consciência.

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3. O que é a Consciência?


Boa pergunta!Não sei bem! Espero aprender nesta conferência!


Mas tem algo a ver com eu (ou você) estar aqui agora, tendo acesso a impressões sensoriais que possuem uma qualidade fenomênica (os "qualia", a qualidade branca neste branco, etc.), tendo acesso a memórias que são sempre relativas às experiências minhas, tendo desejos e pensamentos que parecem ter sempre uma intencionalidade, tendo uma noção de unidade de minha consciência, tendo uma noção de tempo e um terrível pavor ao representar adequadamente a minha morte.

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4. O que é um Fenômeno Quântico? 


Um ponto filosofico crucial a ser esclarecido se refere ao significado da expressão "fenômeno quântico", em oposição a um fenômeno "clássico". A física quântica é a teoria científica que descreve os objetos microscópicos, como átomos, e sua interação com a radiação (luz, etc.). Como ela é uma teoria muito bem sucedida, pode-se dizer que qualquer fenômeno microscópico é um fenômeno quântico. Assim, como nosso cérebro é constituído de entidades microscópicas, num sentido trivial nosso cérebro é quântico, assim como nossa consciência (supondo o materialismo).


Mas não é essa a nossa pergunta. Queremos saber se a física quântica é necessária para explicar a consciência, ou seja, se a física clássica é incapaz de explicá-la. Mas afinal, o que é a teoria quântica? Em poucas palavras, podemos dizer que o que a física quântica tem de essencial é que ela é uma teoria que atribui propriedades ondulatórias para partículas individuais. Na década de 1920, comprovou-se que toda radiação é absorvida em quantidades discretas de energia ou massa, chamados de "quanta", e que todas as partículas ou quanta podem exibir propriedades ondulatórias, como interferência, difração, etc. Esta constatação é uma versão fraca do princípio da "dualidade onda-partícula".


A física clássica incluia a mecânica de partículas e a mecânica ondula­tória, mas cada qual tinha um domínio de aplicação exclusivo. Partículas seguiam trajetórias bem definidas e não se dividiam em espelhos semi-refletores. Ondas se espalhavam pelo espaço, se dividiam, interferiam consigo mesmas, eram limitadas pelo princípio de incerteza (por exemplo, um pulso de luz emitido em um intervalo de tempo curto não podia ter uma freqüência bem definida), sofriam tunela­mento, e exibiam flutuações em sua intensidade. A física quântica é justamente a teoria que atribui todas essas propriedades ondulatórias a partículas individuais.


Considere agora um determinado tipo de objeto, como um elétron, e o conjunto de suas manifestações (ou seja, os diferentes tipos de experimentos que podem ser feitas com esse elétron). Em geral, a cada um destes experimentos pode-se atribuir ou uma descrição corpuscular, ou uma ondulatória (esta é uma versão forte da dualidade onda-partícula, conhecida como complementaridade, mas que parece ter exceções). Se este conjunto de manifestações do objeto contiver os dois tipos de comportamento (onda e partícula), então somos forçados a dizer que só a física quântica é capaz de descrever o objeto.Caso isso não aconteça (ou seja, todas as manifestações são de apenas um tipo), dizemos que o objeto se comporta classicamente.


Considere a absorção de luz pela retina. A física quântica é necessária para descrever este processo?Bem, sabe-se que certos animais são sensíveis a apenas um fóton, e assim este processo é corpuscular.No entanto, acredita-se que nenhuma das propriedades ondulatórias da luz são relevantes para o processo de absorção em si. As propriedades ondulatórias afetam a distribuição espacial dos fótons, mas a absorção em cada célula da retina independe do que está acontecendo em outras células (ou estarei enganado?).Assim, a física clássica seria suficiente para explicar a absorção de luz pela retina.


Existiria algum processo em nosso cérebro, essencial para a nossa consciência, que só pode ser explicado pela física quântica?

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5.O Papel da Consciência na Física Quântica 


A ligação entre consciência e física quântica foi estabelecida na década de 1930, mas em um sentido diferente do que estamos examinando aqui.Para expli­car como que uma frente de onda espalhada podia ser detectada em uma chapa foto­gráfica como uma trajetória quase linear, elaborou-se a noção de um colapso do pacote de onda que seria causado pela ato da observação (Heisenberg, 1927).Ora, qual é a essência de tal ato?Para alguns físicos importantes da época, era a presença de uma ser consciente.A consciência humana seria causadora de uma transição quântica! Após a Guerra, o consenso passou a ser que uma observação se caracterizaria pela presença de um aparelho macroscópico de medição, elimi­nando assim o papel legislador da consciência (ver Pessoa, 1992). Ainda hoje, porém, alguns físicos e filósofos respeitáveis aderem à tese subjetivista.

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6. O Papel da Física Quântica na Consciência 
 

 
A tese que pretendemos examinar com maior cuidado não é o papel da consciência na teoria quântica, mas o papel da teoria quântica nas teorias materialistas da consciência. Apresentarei aqui os principais argumentos em favor da tese de que a física quântica é essencial para a consciência.


a) O cérebro seria um "computador quântico". Este conceito foi bastante trabalhado pelo físico David Deutsch (ver  Deutsch, 1992), que mostrou que tal computador seria mais eficiente do que um computador digital.Por seleção natural, essa vantagem computacional poderia ter favorecido um cérebro que fosse um computador quântico ( Lockwood, 1989, pp. 251-2). O problema com este argumento é que o cérebro é muito quente para que tal computação quântica pudesse ocorrer.


b) O cérebro computaria funções não-recursivas. Computadores clássicos e quânticos só podem computar funções recursivas, mas o pensamento humano (por exemplo, a intuição matemática) extrapolaria esta limitação. Uma solução inovadora ao problema do colapso na mecânica quântica talvez solucionasse também esse problema da consciência (Penrose, 1989, pp. 403-4). O problema aqui é que não se mostrou rigorosa­mente que o pensamento humano é capaz de computar funções não-recursivas.


c) Um fenômeno quântico semelhante à "condensação de Bose" poderia ocorrer no cérebro ( Marshall, 1989).Este fenômeno é observado a baixas temperaturas, quando um grande número de partículas se comporta identicamente. Fröhlich (1968) propôs um modelo biológico deste fenômeno de "coerência" à temperatura ambiente, envolvendo moléculas dipolares.Alguns pesquisadores afirmam ter encontrado evidência de que tal fenômeno ocorreria no cérebro (ver  Hameroff et al., 1993, p. 340). Preciso estudar esta questão um pouco mais a fundo para poder avaliar sua plausabilidade.
 

 
d) O cérebro seria regido por leis análogas às da mecânica quântica. Existe uma abordagem em neurociência que supõe que a convencional dinâmica do neurônio e da sinapse não é fundamental, e que as funções cerebrais podem ser descritas por um "campo dendrítico" que obedeceria a equações da teoria quântica de campos (Stuart et al., 1979; Jibu & Yasue, 1991).Esta abordagem matemática foi inspirada na proposta de Karl Pribram, nos anos 60, de um modelo "holonômico" para o cérebro (ver  Pribram, 1991).Conforme notado por Werbos (1993, pp. 301-3), o fato de leis análogas às da mecânica quântica descreverem funções cerebrais não implica que tais funções constituam um fenômeno quântico. Além disso, em tais modelos não se introduzem medições que causam colapsos, o que sugere que a descrição destes autores é meramente ondulatória.


e) A liberação de neurotransmissores é um processo probabilístico, que seria descrito apenas pela física quântica. Tal liberação, chamada de "exocitose", ocorreria com uma probabilidade relativamente baixa (de cada 5 impulsos nervosos chegando à vesícula sináptica de células piramidais do neocórtex, apenas 1 liberaria o neurotransmissor).De acordo com John Eccles, a mente (que em sua visão dualista existe independentemente do cérebro) pode alterar levemente essas probabilidades de exocitose, o que constituiria um mecanismo para a ação da mente sobre o cérebro.Rejeitamos aqui, por motivos filosóficos, esse dualismo de Eccles. Agora, se ele estiver correto e a exocitose puder ser descrita pela teoria quântica (Beck & Eccles , 1992), faltaria mostrar que a mecânica quântica é necessária para decrever este fenômeno, conforme explicado na seção 4, e de que forma este fenômeno está ligado com a emergência da consciência.

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f) A nível subneuronal ocorreria processamento de informação. Nos anos 70 descobriu-se que as células possuem uma delicada estrutura formada por "micro­túbulos" de proteína, formando um "citoesqueleto". Hameroff et al. (1993, p. 330) citam alguma evidência experimental de que o citoesqueleto tem de fato uma função cognitiva, ligada à memória. Como tais microtúbulos são cilindros com diâmetro de apenas 25 nanometros (10-9 m), é provável que eles só possam ser adequadamente descritos pela física quântica. Resta saber se de fato o cito­esqueleto tem uma função cognitiva, além de sua função estrutural e de trans­porte. Em um recente relato irônico a respeito deste programa de pesquisa (Horgan, 1994, p. 77), anuncia-se que Penrose aderiu a ele.


7) A mecânica quântica explicaria fenômenos de percepção extrasensorial.Alguns autores partem do princípio de que a consciência pode exercer influência direta sobre processos naturais, e procuram mostrar como um modelo quântico da consciência daria conta deste e de outros tipos de fenômenos (Jahn & Dunne, 1986). Marshall (citado por Horgan , 1994, p. 78) defende que a performance mental de seres humanos é alterada quando um eletroencefalograma é feito, já que este aparelho de medição estaria provocando colapsos no cérebro. Não creio que tais propostas devam ser levadas a sério em nossa discussão.

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8. Conclusão 


Não existe evidência concreta, ainda, de que a física quântica seja necessária para explicar a consciência. O modelo de Fröhlich e a hipótese de que os microtúbulos tenham uma função cognitiva são bastante interessantes, e merecem ser investigados mais a fundo. Mas quanto às declarações de que tais hipóteses foram confirmadas, conhecemos bem a dinâmica da ciência para não nos deixarmos levar facilmente por tais promessas. Este é um campo em que os pré-julgamentos filosóficos possuem bastante peso.E mesmo que tais hipóteses se confirmem, permaneceria a questão de se a consciência, a ser caracterizada de maneira precisa, faria uso de maneira essencial das características quânticas dos processos cerebrais. Como saldo positivo, espero ter definido de maneira adequada um critério para caracterizar um fenômeno quântico (seção 4), que preciso ainda estender de maneira precisa para a condensação de Bose.
 

 
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Bibliografia

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Beck, F. & Eccles, J.C. (1992): "Quantum Aspects of Brain Activity and the Role  of Consciousness", Proceedings of the National Academy of Sciences U.S.A. 89, 11357-61.

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Deutsch, D. (1992): "Quantum Computation", Physics World 5(6), 57-61.

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Fröhlich, H. (1968): "Long-Range Coherence and Energy Storage in Biological  Systems", International

Journal of Quantum Chemistry 2, 641-649.

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Hameroff, S. et al. (1993): "Nanoneurology and the Cytoskeleton: Quantum Signaling and Protein Conformational Dynamics as Cognitive Substructure", in Pribram (1993), pp. 317-376.

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Horgan, J. (1994): "Can Science Explain Consciousness?", Scientific American , julho, 72-78.

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Jahn, R.G. & Dunne, B.J. (1986): "On the Quantum Mechanics of Consciousness, with  Application to Anomalous Phenomena", Foundations of Physics 16, 721-772.

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Jibu, M. & Yasue, K. (1993): "The Basics of Quantum Brain Dynamics", in  Pribram(1993), pp. 121-145.

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Lockwood, M. (1989): Mind, Brain, and the Quantum - The Compound "I", Blackwell,  Oxford.

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Marshall, I.N. (1989): "Consciousness and Bose-Einstein Condensates", New Ideas  in Psychology 7, 73-83.

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Re: A Física Quântica em Busca da Partícula Divina
« Resposta #2 Online: 11 de Maio de 2008, 12:07:08 »
Longo demais, não li.

A "partícula de deus", também chamada por alguns de "Papainoélion", é o bóson de Higgs[1,2], Partícula que seria responsável pela massa de algumas partículas que poderiam ser sem massa. Por exemplo: o fóton, partícula responsável pra interação eletromagnética, não tem massa, o que faz com que a itneraçào eletromagnética tenha alcance infinito. Já os bósons W e Z, responsáveis pela interação fraca (envolvida no decaimento %5Cbeta e por isso na radioatividade), têm massa considerável, o que faz com que a interação fraca seja de curto alcance (devido à relação de incerteza entre energia e tempo, juntamente com o fato de a velocidade da luz ser finita).

O bóson de Higgs então seria a partícula responsável por essas diferenças de comportamento. Uma analogia interessante envolve um cooquetel em que as pessoas estão espalhadas, conversando. Quando chega alguém famoso, as pessoas se aglomeram em torno dele, dificultando sua locomoção. Pode-se dizer que as pessoas do coquetel foram responsáveis pelo aumento de massa do VIP, assim como os bósons de Higgs são responsáveis pelo aumento de massa de outras partículas.

Só que o bóson de Higgs interage tão fortemente com as partículas que é necessária muita energia para separá-lo de lá. É por isso que o LhC se faz necessário para isso.

[1] http://public.web.cern.ch/public/en/Science/Higgs-en.html
[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Higgs_boson
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

 

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