Eu usei em outra ocasião esse outro caso que você citou como exemplo do sentido contrário. Acho que a exposição que teve o caso não é condizente com a idéia de que as pessoas estão pouco se lixando para o que acontece com os mais pobres e são condescendentes com criminosos ricos. A criminosa era empresária e a menina era pobre.
Tudo bem que o caso da menina jogada do prédio roubou a atenção, mas como o Orbe colocou, e como eu coloquei quando falei disso na outra ocasião, a cobertura da mídia e a repercussão na sociedade não se reduzem à classe social; tortura, ainda mais por "pais adotivos" é mais ou menos banal, corriqueiro, enquanto que o próprio pai jogar uma menina de um prédio e simular que teria sido uma terceira pessoa é inusitado.
Acho que se o mesmo caso ocorresse num prédio do Cingapura todo encardido, com a mãe, pai e padrasta sendo todos feios, banguelas, com roupas sujas e esfarrapadas que falassem gritando que "depois que a minha 'fia' morreu a gente 'véve' sem a 'mema' alegria", não deveria ter uma repercussão muito diferente, e menos diferente ainda se em vez de feios e banguelas parecessem coadjuvantes de "nucleos favelados" das novelas novas da globo. (Ao mesmo tempo a repercussão possivelmente seria menor se a filha fosse feia (a menos que talvez tivesse algum tipo de retardamento) e a mãe também não fosse jovem e bonita).
Como depois tive que ressaltar, não quer dizer que o mesmo crime vai ter a mesma repercussão em qualquer classe; tem crimes/mortes que são banais para diferentes classes; de um lado, talvez acidentes de trânsito ocasionados por bêbados, em que só se comenta quantos morreram e não se fala mais nisso, e do outro, mais ou menos equivalente, tiroteios na favela ou em bairros pobres, e o número de mortos.
Esse caso em particular, como o do menino arrastado por um carro, são mais excepcionais, não é como se acontecesse todos os meses com crianças da favela mas ninguém desse bola. Ainda que morram crianças das favelas de outras formas, também morrem crianças de classe média para cima de formas banais que não recebem atenção da mídia.