Tópico: [NPR] Seriam diplomas um desperdício de dinheiro?

[Buckaroo Banzai]

Nessa entrevista da NPR o autor e "treinador" de carreiras Marty Nemko argumenta que muitas vezes podem ser. Ele diz que as taxas de sucesso na faculdade são muito baixas, comparando com um longo e custoso tratamento médico, com poucas chances de funcionar, ou com um produto que não tem na embalagem todas as devidas ressalvas como pode não funcionar direito. Diz que há uma enorme quantidade de gente, e cada vez mais, com diploma empregado em algum trabalho que poderia realizar mesmo se tivesse largado o colegial.

http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=90374583&ft=2&f=5139316


Há quem defenda que o governo devesse investir em mais faculdades, vender essa promessa de realização de "alto status", que seria o melhor para o país, em oposição a coisas como cursos profissionalizantes. Ainda que não seja uma oposição "absoluta", se pode fazer os dois, mas acho que é uma discussão interessante quanto a qual deve ser prioritário e com que tipo de promoção, talvez com a importância subestimada, levando em conta os anos de investimento e os nichos disponíveis para cada tipo de formação, e como isso pode impactar na economia/desenvolvimento.

Qual seria o melhor resultado, tirando-se subjetividades como "crescimento pessoal", um taxista-bacharel ou um taxista-taxista? Sem falar que, como o autor argumenta, esse "crescimento pessoal" é mais uma visão irrealmente otimista, que na verdade, a maior parte das pessoas que falha em completar o curso superior tem um abalo considerável na auto-estima (e possivelmente deve ter algum também em investir anos da vida para depois trabalhar em algo que não tem nada a ver).

[Orbe]

Faculdade nunca foi garantia de "sucesso". Esse nem é o objetivo de uma instituição de ensino. Quem entra com o objetivo de pegar diploma para subir na vida, tem grandes chances de não chegar a lugar algum.

Além disso, cursar uma boa faculdade NUNCA é disperdício de dinheiro. Amplia os horizontes, proporciona formas de pensar muito mais complexas, permite uma melhor compreensão do ambiente ao nosso redor...

Só vejo vantagens em cursar uma faculdade quando a pessoa realmente quer. Mesmo que seja para depois virar taxista, lixeiro, mecânico, cozinheira...

[FxF]

Amplia os horizontes, proporciona formas de pensar muito mais complexas, permite uma melhor compreensão do ambiente ao nosso redor

Essa era sempre a justificativa que meus professores davam para matérias que nunca seriam usadas na vida...

[Orbe]

O valor de um determinado conhecimento não está na sua utilidade prática.

[FxF]

Está na iluminação espiritual.

[Orbe]

Se é isso que você acredita...

[FxF]

Não, mas os nerds viciados em Jornada nas Estrelas devem de concordar com você.

[Orbe]

O que uma coisa tem a ver com a outra?

[FxF]

Ué? Não é porque não tem utilidade prática que quer dizer que seja inútil né?

Tá bom, péssimo exemplo, Star Trek inspirou cientistas. Inclua qualquer coisa de nerd nisso, animes, o que for.

[Orbe]

Entretenimento não é inútil. De onde você tirou essa idéia?

[FxF]

Entretenimento? Você acha divertido ver alguém ficar falando os nomes decorados de personagens de RPG? Eu acho, mas a maioria das pessoas parece não gostar.

[Orbe]

Não sei de quem exatamente você está falando, mas as pessoas não ficam falando "nomes decorados de personagens de RPG" assim do nada. A não ser que sofra de algum problema mental.

RPG, bem como tantas outras formas de entretenimento, serve para relachar e se divertir. Ninguem "decora" nomes de personagens. O nome fica na memória porque a pessoa gostou da brincadeira. E se a pessoa se põe a falar disso, é porque alguem perguntou ou porque ela quer compartilhar uma experiência agradável que ela teve.

Além disso, se algum nerd investiu seu tempo nisso, há grandes chances que isso signifique mais um livro de RPG vendido (nem vou falar dos lanchinhos que acompanham as partidas). Quem trabalha na livraria e na editora tem seu emprego garantido, em parte, graças ao nerd.

Enquanto o dito cujo é feliz "decorando" seus nomezinhos. Mais feliz ele produz mais, gera mais riqueza e cria menos distúrbios, contribuindo para nossa sociedade capitalista continuar funcionando.

Sem falar que RPGs podem servir como fonte de inspiração tanto quanto Star Trek. E são bem interessantes quando usados para fins educacionais.

[FxF]

Você não conhece nenhum nerd, e você tem esperança demais nesse gênero de conhecimento.

Tá bom, você pediu: ler Marx tem valor? Nota: não é preciso ler para saber que é besteira.

[Peezah]

Você não conhece nenhum nerd, e você tem esperança demais nesse gênero de conhecimento.

Tá bom, você pediu: ler Marx tem valor? Nota: não é preciso ler para saber que é besteira.

Belo estilo de dedução, você vai longe assim.

[Orbe]

Você não conhece nenhum nerd, e você tem esperança demais nesse gênero de conhecimento.

Tá bom, você pediu: ler Marx tem valor? Nota: não é preciso ler para saber que é besteira.

Claro que tem valor e precisa ler para criticar.

Até as teorias que não refletem a realidade são importantes. Sabendo da existência delas, em seus mínimos detalhes, você não comete os mesmos erros.

[FxF]

Tá bom, vamos dizer que eu concorde que possua algum valor, até jogos de RPG como entretenimento, mas porque isso serve como desculpa para algo com algumas exigências de qualidade como um diploma?

Belo estilo de dedução, você vai longe assim.

Foi uma piada hã...

[Orbe]

Tá bom, vamos dizer que eu concorde que possua algum valor, até jogos de RPG como entretenimento, mas porque isso serve como desculpa para algo com algumas exigências de qualidade como um diploma?

Não acho que alguem precise de "desculpa" para cursar o ensino superior. Basta interesse.

As coisas não precisam ter objetivo o tempo todo.

Se não vai prejudicar, qual o problema?

[FxF]

O stress, o tempo, muitos colegas meus desistem de "vida social" como eles dizem ao ir a faculdade...


Eu gosto da maneira que países como os EUA lidam, é tudo uma oferta e procura competitiva:
- Se uma pessoa se dá bem em um emprego, o empregador vai valorizar a faculdade dessa pessoa.
- Logo as faculdades se focam em criar bons profissionais, livre para qualquer método de ensino que preferir.
- O governo investe nas melhores faculdades, como incentivo para as piores serem como elas.

Agora, o Brasil é mais ou menos assim:
- Inclusão social. O mais burrinho, menos capacidade e etc tem que ter uma porta dos fundos para receber diploma.
- Acredita que há um método X de ensino pré-estipulado, e que não pode haver qualquer tipo de discriminação (porra, diploma não é para discriminar mesmo??).
- O governo investe nas piores faculdades, pois estas são mais "necessitadas".

E agora compara o resultado...

[Orbe]

Pergunte aos seus colegas se eles são felizes fazendo faculdade. Se não são, aconselhe-os a largar o ensino superior e recuperar suas vidas sociais. Simples assim. Tudo tem consequências. Eles que arquem com as consequências de suas escolhas. Se estão fazendo o que querem, não terão do que reclamar.

Quanto as diferenças EUA - Brasil, paciência... Eu não posso mudar isso. Nem você. O jeito é viver sua vida e deixar esse tipo de coisa para lá. Eu só posso dizer que cursei faculdade porque queria, aprendendo muito mais do que o curso exigia, e me sinto bem com isso. Principalmente quando comparo o raciocínio de pessoas que pararam no ensino médio (ou menos) com o meu.

[FxF]

Eu acho que ensino médio ou superior não ensina ninguém a raciocinar.
Seja como for, eu tive um professor ultra-exigente de biologia no segundo grau (inteiro) que odiou minha turma o primeiro ano inteiro. Tinha alguns colegas meus que faziam perguntas do gênero (note que era primeiro ano já) "planta é ser vivo", "já existiu alguém que morreu de fome" e "água se reproduz" (todas perguntas reais). Para ver como o Brasil anda em propor ensino, todo mundo passa nas provas, mas não se aprende muita coisa.

[Orbe]

Eu acho que ensino médio ou superior não ensina ninguém a raciocinar.
Seja como for, eu tive um professor ultra-exigente de biologia no segundo grau (inteiro) que odiou minha turma o primeiro ano inteiro. Tinha alguns colegas meus que faziam perguntas do gênero (note que era primeiro ano já) "planta é ser vivo", "já existiu alguém que morreu de fome" e "água se reproduz (todas perguntas reais). Para ver como o Brasil anda em propor ensino, todo mundo passa nas provas, mas não se aprende muita coisa.

Teoricamente a pessoa devia chegar ao ensino superior sabendo organizar minimamente seu raciocínio de forma lógica... Nem sempre isso acontece. Com as cotas, isso acontece ainda menos... Mas não é que o ensino superior se proponha a ensinar alguem a raciocinar. Isso acontece naturalmente devido às exigências das atividades de cada curso. Se a pessoa não desenvolver sua capacidade de raciocínio, não conseguirá terminar o curso.

Quanto ao seu ex-professor, se ele é tão exigente não devia ter ido dar aulas na APAE.  (desculpa, não resisti a fazer essa piadinha de mal gosto...)

[FxF]

Mas até onde eu sei, faculdades costumam exigir mais decorebas, com provas de 200 páginas e trabalhos de 300, do que algo que exija raciocínio. Só requer tempo e suor, ou dinheiro.

[Orbe]

Não estou sabendo disso não. "Decoreba" deve ser em faculdades da área médica e exatas, por tradição. Em humanas nunca vi reclamarem disso.

[Biro]

Em area exatas não. De longe não, talvez em quimica...
Mas, pelo ao menos nas federais, se exige que o aluno saiba pensar. O assunto de fisica basica ou calculo por exemplo, é bem curto, com poucas formulas, dificil é so assimilar e saber usar o que aprendeu.
Tem gente que lê o conceito e fica decorando as tabelas de integral. Esse daí vai dar um otimo caixa de banco.
O fato é que existe mais faculdades do que empregos que exijam nivel superior.
Mas lembrem do tempo de vocês no ensino medio, quantos colegas não faziam ideia do que estavam fazendo alí sem relacionar o que "aprendiam" na aula com o mundo real? E o pior que alguns desses ainda vão para faculdade. Desse jeito a faculdade não passa de um curso tecnico para aprender um profissão, muito longe do conceito original de formar seres pensantes da sociedade.