Autor Tópico: Ok Keynesianos, onde estais vós?  (Lida 449 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Rhyan

  • Visitante
Ok Keynesianos, onde estais vós?
« Online: 15 de Maio de 2008, 20:12:23 »
Ok Keynesianos, onde estais vós?
 
Há poucos dias recebi um artigo do economista polonês Mateusz Machaj, com o título shakespeareano “Oh Keynesian, Where Art Thou?” referindo-se, ironicamente, à incapacidade de os economistas keynesianos explicarem as causas e a cura das crises mundiais. Machaj é seguidor da escola econômica austríaca, cujos expoentes são Ludwig Von Mises, Murray Rothbard e Henry Hazlitt. A Escola destaca-se por adotar um enfoque econômico filosófico nos seus ensinamentos, com princípios permanentes, válidos no tempo e espaço. E Hazlitt foi o primeiro deles a mostrar, de forma ampla e apodítica, no seu “The Failure of the ‘New Economics’ - An Analysis of the Keynesian Fallacies”, as falsidades dos ensinamentos keynesianos, como a de que “não se precisava mais preocupar com as crises econômicas: o governo já saberia como curá-las”. Bem ao contrário, o autor demonstra que além de o governo não ser a cura para os males econômicos, ele é a própria doença.
Os economistas da Escola Austríaca, ainda que considerem Keynes uma pessoa carismática e inteligente, mostram um pensador falacioso no campo teórico. De fato, sua Teoria Geral é cheia de falhas axiomáticas, de termos vagos e imprecisos, legítima mixórdia conceitual, pobre de conteúdo científico. Em seus ensaios biográficos sobre Marshall e Edgeworth Keynes condena o método matemático na economia, mas a sua teoria geral usa e abusa desse método. E de “forma fraudulenta”, complementa Hazlitt, dando ênfase que as suas equações da demanda e da oferta agregada “confundem e misturam fatos reais com expectativas”. Nela os juros são um “prêmio pela ausência deliberada da liquidez”, conceito no mínimo impreciso, já que todo sistema de trocas monetárias é uma renúncia à liquidez. As falácias se agigantam quando tenta, com o conceito dos juros, validar dois neologismos econômicos: a) o da “preferência por liquidez” (percentual da renda que os indivíduos vão manter na forma de dinheiro, em função dos juros); e o da b) “propensão a consumir” (percentual da renda que vão gastar em bens e serviços). A idéia era explicar outro neologismo, o da demanda efetiva “insuficiente”, responsável, segundo ele, pelos desequilíbrios entre oferta e demanda que derivariam da “superprodução de bens e serviços”, da “preferência pela liquidez” ou da baixa “propensão a consumir”, fenômenos que julgava, erradamente, serem as causas das crises econômicas.
No curso dessas diatribes econômicas revogou a Lei de Say (a “oferta gera a sua própria demanda”), teoria que demonstra, categoricamente, que a Oferta sempre tenderá a se igualar à Demanda, desviando-se de maneira sistemática apenas por interferência governamental. No mercado, o excesso de produção de uma mercadoria é localizado e se compensa com a menor produção de outra, levando, inclusive, a de maior produção a cair de preço. O fato é que mesmo o “entesouramento especulativo de moeda”, hipótese aventada por ele, não causa desequilíbrio entre oferta e demanda: a redução da quantidade de moeda aumenta o poder de compra do dinheiro.
Mas será que o keynesianismo desapareceu como apregoa Machaj? Infelizmente, não! No Brasil criou-se, inclusive, uma associação com o fim precípuo de difundir seus princípios, atitude no mínimo anacrônica: trata-se de uma teoria hoje relegada à categoria de ideologia nas melhores escolas do mundo, justamente pela falta de embasamento científico.

http://professorperinger.blogspot.com/

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re: Ok Keynesianos, onde estais vós?
« Resposta #1 Online: 02 de Junho de 2008, 16:18:22 »
Essa questão da Lei de Say é interessante. A maior parte da teoria clássica (ou "liberal") se assenta tendo a Lei de Say como pressuposto firme, enquanto a maior parte do keynesianismo se baseia na negação da validade geral dessa lei.


A Lei de Say afirma que "a oferta cria sua própria demanda", ou seja, quando uma determinada quantidade de produtos ou serviços é produzida, todos os fatores envolvidos na produção (em última instância os trabalhadores e empresários) são remunerados, ou seja, recebem uma determinada renda. A soma total dessa renda será igual ao valor total dos bens e serviços produzidos, ou seja, as pessoas envolvidas na produção terão uma renda total que permite comprar toda essa produção. Olhando o mercado como um todo, concluimos que nunca haverá superprodução ou sub-produção, pois a quantidade de bens disponíveis será sempre igual à renda total recebida por todos os fatores de produção envolvidos na produção dos mesmos.

Essa é a Lei de Say. Keynes a contesta, argumentando do seguinte modo:

Da renda recebida pelos fatores de produção (trabalhadores e empresários, em última instância), uma parte será usada para comprar os produtos e serviços que foram produzidos no mercado, ou seja, para consumo. Uma outra parte será poupada. Daí, uma parte dos bens e serviços produzidos terá que necessariamente não ser bens de consumo, mas investimentos; caso contrário, uma parte dos bens e serviços não será comprada e portanto sua produção terá que ser diminuída, acarretando desemprego dos fatores que estiveram envolvidos na produção dessa parte.
Normalmente, a quantidade de investimentos feitos tende a cobrir esse hiato que fica entre o total de bens produzidos e o total consumido, ou seja, uma parte dos fatores de produção não produz bens de consumo,mas de capital.

 Quando a renda é baixa, ela tende a ser gasta toda em bens de consumo. À medida que a renda vai aumentando, uma parte da mesma vai progressivamente sendo destinada à poupança, e assim sucessivamente. Acompanhando esse incremento na poupança, há incremento nos investimentos. Porém, à partir de um certo ponto, a quantidade de poupança e capital disponíveis é tão grande que a "eficiência marginal do capital" (grosso modo, a perspectiva de lucratividade dos investimentos) vai diminuindo, fazendo com que a quantidade de investimentos não aumente o suficiente para cobrir o hiato provocado pela crescente poupança. Nesse momento, ocorre desequilíbrio entre oferta e demanda, ou seja,a Lei de Say não atua.

A consequência disso, segundo Keynes, é que parte da produção não será comprada, fazendo com que a produção seja diminuída, desempregando-se fatores de produção. Esse desemprego tende a diminuir mais ainda a demanda efetiva, criando um círculo vicioso. É a recessão. 

Keynes considera a recessão algo inevitável, e ele defende que o Estado pode atuar para retardar a sua chegada, ou para acelerar a recuperação. A receita básica é cobrir o máximo possível o hiato entre produção e consumo com investimentos estatais. Ele também diz que qualquer tipo de gasto em bens de consumo, mesmo suntuários (bens de luxo, obras faraônicas, etc) tende a retardar a chegada da recessão, por manter os fatores de produção "ocupados" funcionando, mantendo os bens e "valores" em circulação, sem ociosidade.

 






Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!