"O Globo" 29/05/08
Preconceito em nome da fé
BRASÍLIA. Enquanto os ministros do Supremo discutiam a filosofia da essência e potencialidade da vida humana, uma discussão mais vulgar e preconceituosa acirrou os ânimos entre militantes do lado de fora do tribunal depois que um jovem advogado insultou três cadeirantes.
Em tom agressivo, ele desafiou os três a ir à Igreja Evangélica para serem “curados pela fé” e poderem caminhar, sem que seja necessário “matar” embriões para realizar pesquisas com células-tronco.
A briga começou quando Matheus Sathler interferiu em uma entrevista para acusar três portadores de deficiência de receber dinheiro para militar a favor da Lei de Biossegurança. O jovem se apresentou como advogado voluntário da Frente Parlamentar Evangélica. O deputado João Campos (PSDB-GO), confirmou que Sathler colabora de forma voluntária, mas condenou seu comportamento.
— Se quiser andar, é só botar fé em Deus. Não é o pastor que cura, é Jesus Cristo — pregou Sathler.
Alvos dos ataques, os três representantes da Associação de Deficientes do Gama e Entorno (DF) tentaram argumentar que tratamentos não deveriam depender da fé ou religião dos pacientes.