PF prende deputado do Rio; policiais e familiares também foram alvo
LUISA BELCHIOR
da Folha Online, no Rio
O superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio, Valdinho Jacinto Caetano, disse que quatro policiais civis, o ex-sogro e a ex-mulher do deputado e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins (PMDB), estão entre as sete pessoas presas durante a operação Segurança Pública S/A, realizada nesta quinta.
Lins também foi preso, mas em flagrante.
Segundo Caetano, o flagrante da prisão de Lins foi configurado porque, no cumprimento de mandado de busca e apreensão no apartamento dele, na zona sul do Rio, foram localizados documentos que comprovariam o envolvimento dele no suposto esquema. Lins não poderia ser preso por mandado pois tem imunidade parlamentar.
Foram presos hoje, além de Lins, o ex-sogro dele, o vereador de Barra Mansa (RJ) Francis Bullos; a ex-mulher, Luciana Gouveia dos Santos; um homem chamado Marcílio Freitas; e os policiais Alcides Campos Sodré Ferreira, Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho, Fábio Menezes de Leão e Jorge Luiz Fernandes.
O também ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Ricardo Hallack, e os também policiais civis Helio Machado da Conceição e Luiz Carlos dos Santos permanecem foragidos.
Embora o TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região tenha decretado a prisão de dez pessoas, no total, o Ministério Público Federal denunciou 16, incluindo o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PMDB).
Corrupção
Para a PF e o Ministério Público Federal, Lins e Garotinho mantiveram um esquema com policiais corruptos que protegia contraventores Rogério Andrade e Fernando Iggnácio na guerra pelo controle de caça-níqueis no Rio. Segundo a PF, o grupo utilizava delegacias estratégicas, principalmente a de Proteção ao Meio Ambiente, para as ações.
Para lavar o dinheiro supostamente recebido dos contraventores, ainda conforme denúncia do Ministério Público, Lins adquiria bens em nome de familiares e conhecidos --daí a prisão do ex-sogro e da ex-mulher dele. Os bens de Lins supostamente adquiridos de maneira ilegal, foram seqüestrados.
Os trabalhos desta quinta, segundo a PF, são desdobramentos das operações Gladiador e Hurricane e da quebra do sigilo fiscal de Lins. O nome da operação, Segurança Pública S/A, vem do fato de o esquema investigado funcionar dentro da estrutura das forças de segurança pública do Estado do Rio.
Lins foi chefe da Polícia Civil do Rio durante os governos de Garotinho e da mulher, Rosinha. Lins foi denunciado (acusado formalmente) pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, corrupção passiva e facilitação de contrabando e Garotinho, por formação de quadrilha armada.
Outro lado
Por telefone, a reportagem tentou entrar em contato com os assessores de imprensa de Lins e de Garotinho, sem sucesso; e entrou em contato com o advogado de Lins, Sergio Mazzillo, mas foi informada pela secretária de que ele estava em reunião e não podia atender
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u406677.shtml
Eu sempre achei que dentre todos os chefes de polícia que tivemos nos últimos anos aqui no Rio nenhum deles representava melhor ambas as
quadrilhas corporações do que este Álvaro Lins. A felicidade como ele anunciava as chacinas executadas sob seu comando; a irritação explícita que tinha em responder a qualquer denúncia (por mais bem fundamentada) sobre
comparsas comandados seus, parecendo estar a ponto de enfiar um balaço nas fuças de qualquer repórter que cobrasse esclarecimentos ou questionasse sobre quais medidas seriam tomadas.Tudo me indicava que a Polícia Civil do Rio não podia ter chefia mais compatível (na verdade, se fosse por critério de compatibilidade quadro-chefia ele ter sido nomeado para Secretário de Segurança que teria feito uma "bela presença" no cargo).
Sabê-lo preso foi das notícias mais felizes que tive nos últimos dias. Pena que eu sei que daqui a pouco vem um juiz e concede um
habeas corpus e minha felicidade vai todinha pelo ralo.