Países fecham acordo para banir bombas de fragmentação Representantes de 109 países, reunidos em Dublin, na Irlanda, aprovaram por unanimidade nesta quarta-feira o esboço de um tratado que prevê a proibição do uso de bombas de fragmentação.
Além de terem se comprometido a não usar esse tipo de armamento, os países presentes à reunião em Dublin concordaram em destruir os arsenais dessas bombas nos próximos oito anos.
Alguns dos países que mais produzem e têm bombas de fragmentação – como Estados Unidos, Rússia e China – se opõem a uma resolução que proíba essas bombas e não enviaram representantes à reunião.
O Brasil, que produz, exporta e estoca esse tipo de armamento, também não participou do encontro.
A posição brasileira, alinhada com a dos Estados Unidos, é de que um tratado internacional deve ser negociado dentro da Convenção da ONU sobre Armas Convencionais (CCW, na sigla em inglês), que busca restringir o uso de armamentos que infligem danos indiscriminados ou excessivos, como minas terrestres, armas de fragmentação e incendiárias.
Leia mais na BBC Brasil sobre a posição brasileiraPontos polêmicosAs bombas de fragmentação são bastante criticadas pelo potencial de vitimar inocentes. Depois de lançada, ela se abre, dispersando dezenas de minibombas por uma vasta área – e muitas delas não explodem, continuando perigosas por décadas.
Segundo um porta-voz do Ministério do Exterior da Grã-Bretanha, um dos países que apóiam a convenção, um dos pontos de debate na conferência foi como lidar com uma situação em que um país signatário estiver envolvido em operações militares com um país não signatário.
O acordo alcançado nesta quinta-feira autoriza os signatários a participarem de coalizões com não-signatários, o que acontece, por exemplo, nas operações da Otan no Afeganistão.
Outro item do tratado autoriza o uso de novas gerações de bombas de fragmentação de tecnologia mais avançada, mais precisas e que não deixem minibombas sem detonar.
Mesmo antes que o consenso sobre o tratado fosse anunciado, a Grã-Bretanha anunciou que iria eliminar todo o seu arsenal de bombas de fragmentação.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que a aprovação da convenção, que será submetida a uma votação em plenário na sexta-feira, foi "um grande passo para fazer do mundo um lugar mais seguro".
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080528_fragmentacao_conferenciarg.shtml---------------------
Entenda como funcionam as bombas de fragmentação
Há diversos tipos de bombas de fragmentação. Em geral, elas são formadas por diversas bombas menores, que são espalhadas e detonadas na hora de atingir o chão ou ainda do céu.
As bombas de fragmentação podem ser jogadas de vários tipos de avião. O tipo de explosivo contido nas bombas menores e a área atingida também variam.
Neste exemplo, a bomba ilustrada é a CBU-87/B, usada pelos Estados Unidos, que pesa 430 quilos e carrega 202 bombas menores.

Quando a bomba-mãe cai, as abas da cauda fazem com que ela comece a girar. Há seis estágios de rotação diferentes, que podem chegar a 2,5 mil rpm.
O cilindro se abre em uma das dez alturas pré-programadas, de cem a mil metros de altitude. A combinação de altura e rotação determina a área coberta pelas bombas secundárias.

As 202 bombas secundárias são amarelas e têm o formato e o tamanho aproximado de latas de cerveja: 20 centímetros de comprimento e 6 centímetros de diâmetro.
Quando elas caem, bolsas de ar se inflam na cauda para melhorar a estabilidade e garantir que elas caiam com o lado certo para baixo.

As bombas menores, as BLU-97/B, têm:
1. carga explosiva planejada para perfurar blindagem;
2. um invólucro que se parte em cerca de 300 fragmentos;
3. um anel de zircônio com objetivo de iniciar incêndios.

A área coberta pelas bombas varia de acordo com a taxa de rotação e a altura em que a bomba-mãe se abre.
Normalmente elas podem cobrir uma área de 200 por 400 metros, o equivalente a cerca de oito campos de futebol.

Quando explodem, as bombas de fragmentação provocam danos em uma grande área. A carga explosiva é capaz de perfurar a blindagem de tanques com até 17 centímetros de espessura. O raio da explosão pode ser de até 76 metros.
Alguns tipos de bombas são equipados com dispositivos que as dirigem automaticamente para fontes de calor - como motores de tanques e de outros veículos. Outras chegam ao solo, onde se transformam em minas terrestres.