Tópico: Junta Militar é de grande ajuda em votação, dizem birmaneses

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Junta Militar é de grande ajuda em votação, dizem birmaneses

LAUNG KWIN, Mianmar – Sábado, enquanto o pescador posava remendando as redes danificadas pelo ciclone numa cabana às margens do rio, ele dizia não saber que aquele era o dia em que eles e os outros moradores do delta Irrawaddy deveriam votar na constituição apoiada pelos militares
Mas o pescador se lembra do líder da vila, afiliado à junta governante, dizendo a ele e seus vizinhos alguns dias antes que as cédulas de votação já estavam marcadas e já haviam sido enviadas às autoridades regionais.

"Ele disse que fez a decisão correta para nós,” disse o pescador encolhendo os ombros. “Então concordamos, sem contestar.”

Em Yangon, um funcionário público de uma companhia estatal disse que mil trabalhadores ou mais tampouco haviam votado: a empresa assinalou as cédulas de votação para eles também. “Essa era a minha primeira chance de exercer meu direito de voto, mas o governo fez isso por nós, sem o nosso conhecimento,” disse o funcionário. “Ninguém do nosso pessoal ousou dizer que nós queríamos votar sozinhos. Esse é o estado em que se encontra Mianmar.” A mesma situação aconteceu na empresa dirigida pelos militares em que sua mulher trabalha, contou.

Ao menos, 135 mil pessoas estão mortas ou desaparecidas desde a passagem do ciclone em Mianmar no último dia 3. Para a junta que administra o país, entretanto, as ações políticas ultrapassaram a ajuda, disseram residentes locais e alguns funcionários do governo.

Durante o fim de semana, líderes militares pressionaram com a votação da nova constituição que pode prolongar regras como a reserva de 25% dos assentos da câmara legislativa para os militares.

O referendo de sábado em Yangon, maior cidade de Mianmar e do delta Irrawaddy, a região mais afetada pelo ciclone, foi realizado com duas semanas de atraso. O restante do país votou no dia 10 de maio, como programado, apenas uma semana depois do desastre.

O jornal produzido pelo Estado reportou terça-feira que os eleitores de Yangon e do delta Irrawaddy aceitaram a constituição. Críticos dizem que o referendo foi trapaceado.

Em quatro vilas no delta, os moradores disseram que o governo votou por eles no sábado; eles nem chegaram a ver as cédulas de votação.

“Nós não estamos interessados em votar; nós estamos morrendo de fome,” disse um morador de Zee Phyu Chaung, vilarejo no delta onde os moradores entrevistados tinham conhecimento de que sábado era o dia do referendo. “Nosso líder votou por nós dois dias antes, e não sabemos como ele votou.”

http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york_times/2008/05/28/_junta_governante_e_de_grande_ajuda_dizem_birmaneses_1329757.html