Autor Tópico: A guerra contra a recessão  (Lida 864 vezes)

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Rhyan

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A guerra contra a recessão
« Online: 11 de Junho de 2008, 00:10:15 »
A guerra contra a recessão



Por Llewellyn H. Rockwell, Jr.

 

Todos nós queremos viver bem e ninguém quer ter seu padrão de vida diminuído. Isso faz sentido, certo? Simplesmente é assim que fomos feitos.

Mas o que não faz qualquer sentido é a estranha profissão de fé que invadiu Washington, DC, dizendo que não se deve permitir jamais que qualquer preço diminua devido a pressões recessivas. Todos os recursos do Tesouro nacional, toda e qualquer manipulação monetária imaginável, todos os esforços de cada corpo regulador devem ser dispostos para se atingir o grande objetivo nacional: estimular a economia, a qual não deve jamais ser permitida que encolha um mínimo sequer.

Seja bem-vindo à Guerra contra a Recessão, que vem sendo executada com a mesma veemência e insensatez que a Guerra contra o Terror, e que vai se mostrar tão espetacularmente destrutiva para as suas próprias metas como para a liberdade em si. Talvez precisemos de músicas, pendões e faixas ornamentais também.

Vamos pensar no conjunto maior. A economia foi super-inflacionada devido a uma imprudente política monetária e a agências governamentais que trataram setores críticos da economia - como o setor imobiliário - como se eles fossem um direito natural e democrático; portanto, muito grandes para se permitir que falhassem. Essa tendência vem ocorrendo há décadas, mas a bolha só se tornou insanamente grande nos últimos 5, 10 anos. Alguma coisa tinha de acontecer. E ocorre que isso é só o começo. Todos os setores foram inchados e inflacionados.

Podemos concordar que havia um problema, que tudo não estava bem, apesar das aparências? Acho que sim, podemos. Então, o que fazer neste caso? Entender que tem de haver uma correção descendente, recessiva, mas que também não há razão para pânico. Uma boa correção é algo absolutamente necessário para que haja uma recuperação sólida. Tal é a natureza dos ciclos econômicos criados pelo Fed (o banco central americano).

Portanto, qual seria o significado de se alegar que jamais se deve deixar que a economia entre em recessão? Estou pensando em asserções similares:

"O bêbado está ficando sóbrio. Rápido, dêem a ele uma dose de tequila!"
"O drogado está acordando de sua alucinação. Tragam a seringa!"
"Não olhem agora, mas o insone está indo dormir. Alguém o acorde!"

Agora, é justo dizer que a pessoa que está gritando a solução de cada um dos cenários acima descritos não entende verdadeiramente a natureza do problema.

O mesmo ocorre com o Fed. Ele vê as ações caindo, o mercado de crédito sob pressão, o desemprego subindo, os investimentos diminuindo. Mas ao invés de concluir que todos esses fatores representam o estouro da bolha, ele apresenta a resposta inversa: manter a bolha inflada a todo o custo!

Já é hora de questionarmos os motivos reais dessa guerra contra a recessão. A recessão é uma conseqüência lamentável, porém inevitável, de uma expansão econômica que não foi baseada em fundamentos sólidos.

Essa última frase é o ponto principal. Não estou dizendo que a recessão é o preço a se pagar pelo crescimento econômico. Os momentos de expansão econômica são fabulosos, desde que a expansão seja arraigada em fundamentos sólidos. E quais são esses fundamentos? Essencialmente um: o período de tempo do investimento deve se equiparar ao da sociedade em geral. Se as pessoas tiverem uma orientação voltada para o longo prazo e, portanto, forem adeptas da poupança, haverá recursos disponíveis para investimentos futuros. Quando a produção for completada, haverá consumidores para comprá-la. Mas se ninguém estiver poupando dinheiro e não houver um estoque sadio de capital, não haverá recursos para investir - a menos, é claro, que o Fed crie dinheiro. O dinheiro criado pelo Fed é totalmente ilusório, uma ficção da imaginação dos investidores. Ele irá desaparecer assim que a economia acordar para a realidade.

Esse é um exemplo de investimento não justificado pelos fundamentos. O que fazer nesse caso? Tem de haver uma correção. Não há nada que o Fed e os políticos possam fazer a respeito. Eles certamente não devem tentar impedi-la. Tentar impedir essa correção é como inverter um deslizador de esqui: só piora as coisas.

Toda essa tolice sobre sair rapidamente de uma recessão através de uma intervenção governamental começou com o New Deal. Antes dele, o governo não fazia muito para tentar evitar o aspecto negativo do ciclo econômico. E adivinhe só? As recessões eram curtas e pouco devastadoras para a saúde econômica. De fato, elas eram o alicerce essencial para a recuperação futura. Mas tudo isso mudou com Franklin D. Roosevelt, que utilizou o declínio econômico como a grande desculpa para fazer de si próprio o führer econômico da América.

Mas aqui vai o surpreendente fato: nem uma única vez essa estratégia funcionou.

Nem no New Deal, nem na década de 1970, nem na de 80 e nem na de 90. Em nenhuma vez o governo fez algo capaz de restaurar a prosperidade durante uma depressão econômica. O que sempre acontece é que o governo gasta, o Fed inflaciona, os reguladores punem, há lamúrias e ranger de dentes, e então, em um dado momento, atinge-se o fundo do poço - e aí a normalidade começa a retornar novamente. A única coisa que o governo pode fazer eficientemente é prolongar o período em que a economia fica em seu ponto mais baixo. Fora isso, ele está apenas desperdiçando recursos.

Dê uma olhada no livro de Murray Rothbard, The Panic of 1819. Este livro relata o primeiro grande pânico financeiro da América. O público estava ficando louco, exigindo respostas. O Congresso propôs todo tipo de coisa. Os debates nos jornais eram intensos. Mas o governo, no final, não tomou qualquer atitude. Como esperado, o pânico se esvaiu por conta própria. E também foi assim em 1920-1921. O governo não interveio e, voilà!, a normalidade retornou rapidamente.

Aqui vai mais uma coisa estranha sobre essa mania anti-recessão: por anos temos ouvido dos ambientalistas que precisamos viver de maneira mais simples, sem muitas posses, suprimindo o consumo e guiando bicicletas ao invés de carros. Ou seja: temos de diminuir largamente nosso padrão de vida e cuidar do bem-estar de plantas, lagartos e outras coisas. Acontece que os americanos não se dão muito com essa mensagem. Uma ligeira queda nos preços das casas já causa histeria.

Portanto, enquanto aguardamos ansiosamente a recessão, ao menos ainda temos esse consolo: os ambientalistas não irão muito longe com sua mensagem de que devemos abraçar a pobreza e chamá-la de nossa.


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Llewellyn H. Rockwell, Jr. é o presidente do Ludwig von Mises Institute em Auburn, Alabama, editor do site LewRockwell.com, e autor do livro Speaking of Liberty.

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=109

Offline Tupac

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #1 Online: 11 de Junho de 2008, 00:49:32 »
Mas com o planeta "entrando em crise" ambiental, com o desmatamento, com extinções de animais, com os recursos em geral ficando escassos (existe aquele estudo de que seriam necessarios, acho que, 6 planetas Terra para fazer com todos tivessem o padrão medio de vida norte americano e tal), não seria o caso de repensarmos algumas coisinhas fundamentais? Adotarmos uma postura realmente sustentavel (a ciencia produz alternativas todos os dias), ser mais harmonioso em relação ao planeta???

No texto, só não gostei da critica aos ambientalistas.
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 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Rhyan

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #2 Online: 13 de Junho de 2008, 18:34:01 »
Engraçado isso não, as recessões que não tiveram intervenção foram leves. Ou seja, a melhor coisa que o governo pode fazer durante uma recessão é... nada... O papel do estado na economia é esse, nenhum!

Offline HSette

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #3 Online: 13 de Junho de 2008, 20:21:20 »
Engraçado isso não, as recessões que não tiveram intervenção foram leves.

Não há como verificar isso. Fé, pura fé.
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Chaves

Rhyan

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #4 Online: 14 de Junho de 2008, 00:19:07 »
Fé é achar que o estado pode impedir a crise de forma saudável.

Rhyan

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #5 Online: 14 de Junho de 2008, 00:24:19 »
O New Deal ridicularizado (novamente)
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=97

Offline HSette

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #6 Online: 14 de Junho de 2008, 04:52:14 »
Fé é achar que o estado pode impedir a crise de forma saudável.

Não sei de ninguém, incluindo eu, que acredite que "o estado pode impedir a crise....".
Portanto essa fé que você cita carece de seguidores.

Já a fé na "mão invisívél"... :-)
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Rhyan

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #7 Online: 14 de Junho de 2008, 19:49:09 »
Já tentou ler Adam Smith?

Offline HSette

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #8 Online: 14 de Junho de 2008, 19:51:22 »
Já tentou ler Adam Smith?


Se tentei???

Li bastante quando cursei as disciplinas de História Econômica, na faculdade de Economia (que infelizmente não concluí, por pouco).
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Offline HSette

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #9 Online: 14 de Junho de 2008, 19:54:29 »
Engraçado isso não, as recessões que não tiveram intervenção foram leves.

Não há como verificar isso. Fé, pura fé.

O que quero dizer é que essa situação é inverificável, a não ser que tenhamos uma situação de uma sociedade em que não exista a figura do Estado. Isso ainda não ocorreu no mundo moderno.

Quem sabe no futuro...
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Rhyan

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #10 Online: 14 de Junho de 2008, 20:07:52 »
O texto fala do livro The Panic of 1819 de Rothbard. O que demostra que não é inverificável.

Imagina uma época que todos prevem uma grande crise, o governo não faz nada e a crise desaparece mais facilmente. Por que isso não seria verificável?

Offline HSette

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Re: A guerra contra a recessão
« Resposta #11 Online: 14 de Junho de 2008, 20:12:09 »
O texto fala do livro The Panic of 1819 de Rothbard. O que demostra que não é inverificável.

Imagina uma época que todos prevem uma grande crise, o governo não faz nada e a crise desaparece mais facilmente. Por que isso não seria verificável?

Há um enorme problema em tentar se compartimentar uma sociedade em seus aspectos econômicos, aspectos políticos, etc.

O Estado, quer se queira ou não, é um agente de peso. Qualquer atitude sua irá impactar todos os aspectos da vida da sociedade, se espraiando por todos eles, de forma extremamente complexa, incluindo-se os econômicos.

É sim, inverificável, essa história de o Estado "não fazer nada", a não ser que ele não exista.
E como disse, no mundo moderno ainda não vimos uma sociedade sem a presença da figura do Estado.

Mais uma vez: talvez no futuro....
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Chaves

 

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