Eu tenho algumas idéias interessantes, com base no que andei lendo por aí.
Vida à base de silício:
Temperatura em torno de -150°C a -200°C;
Nitrogênio líquido ou metano em alta pressão (N2 com pressão de 100 atm evapora a -107°C) permitindo maior oscilação de temperatura para a vida. A atmosfera predominantemente feita de hidrogênio e hélio, com vapor de nitrogênio, ou predominantemente de nitrogênio com vapor de metano. Um mundo de gravidade similar à Terra ou com maior gravidade, sendo extremamente frio, é capaz de reter grande quantidade de gases voláteis em sua atmosfera. A gravidade de Titã é ligeiramente menor que a da Lua, mas mesmo assim possui uma atmosfera mais densa que a nossa, devido à baixa temperatura. Se Titã fosse tão quente quanto a Terra, seria como as demais luas, sem ar;
Um mundo assim, com densa atmosfera de hidrogênio e hélio, não deveria ser muito massivo, senão se transformaria num gigante gasoso. Mas se tivesse massa similar à Terra ou ligeiramente maior, ainda seria um mundo rochoso, com oceanos e tudo o mais, apenas com uma densa atmosfera, mas ainda bem menos pressurizada que, por exemplo, a de Netuno. Seria apenas como Vênus, com a única diferença de ser gelado e possuir atmosfera de hidrogênio;
A estas temperaturas, a vida poderia usar propriedades supercondutoras em certos materiais (silício?);
O silício é semicondutor e se haver ampla fonte de eletricidade (relâmpagos), a vida poderia usar eletricidade como uma fonte metabólica, ao invés do calor que move átomos, neste caso, reações químicas movidas a eletricidade. A eletricidade + alta reatividade de substâncias mais voláteis provocaria movimento molecular;
A vida baseada no silício usaria substâncias baseadas nos silanos (...Si-Si-Si...), que são solúveis no metano ou nitrogênio líquido e que a estas temperaturas seriam suficientemente reativas (ao contrário das baseadas no carbono, que por ter ligação mais estável, seriam menos reativas). Substâncias mais reativas, para serem estáveis, necessitam estar sob baixa temperatura, neste caso, propiciando mais a vida baseada no silício, ou até mesmo no enxofre, também reativo;
Em planetas de carbono frios, se haver quantidade suficiente de silício, pode ser que este último pripicie mais a vida do que moléculas de carbono mais estáveis. Em nosso planeta, temos silicones (...Si-O-Si...), que são estáveis demais à nossa temperatura. Se a Terra fosse um inferno de lava, pode ser que neste caso, houvesse vida baseada em silicones, e não silanos, sob temperaturas elevadíssimas. Aí os silicones seriam bem mais maleáveis e reativos para permitir metabolismo;
Vida baseada em silício sob baixa temperatura (baseada em silanos) poderia usar hidrogênio para respiração (ou eletricidade mesmo) e sob alta temperatura (baseada em silicones) poderia usar processos de oxidação e redução de metais.
Solventes:
A água pode não ser a única substância necessária à vida. Amônia é outra interessante e possui algumas propriedades que a água não tem, principalmente em relação a melhor diluir metais que a água. Assim, organismos que usam amônia como solvente poderiam melhor aproveitar o uso de metais que nosso organismo não seria capaz de absorver ou metabolizar. Seria ainda mais interessante um meio de água com percentagem relevante de amônia misturada, assim, as duas substâncias em conjunto permitiriam o organismo aproveitar as propriedades de ambas. Aí, a amônia seria usada também como um anticongelante em relação à água.
Ainda dentro deste tema, acredito sim que moléculas complexas, sob alta pressão, resistiriam a uma maior temperatura. Assim sendo, se for verdade, as proteínas e o DNA, sob pressões mais altas, poderiam suportar temperaturas mais extremas.
Poderíamos, assim, ter um planeta mais quente que a Terra, não tanto quanto Vênus, com temperatura de 150° sob uma pressão de 60 atm (a água evaporaria a 256°C), em que formas de vida usariam substâncias similares as que os organismos de nosso mundo usam, mas que devido às altas pressões, suportam um clima mais quente. Ou até mesmo outras substâncias que tivessem papel similar às proteínas e DNA mais adequadas a estas condições de pressão e temperatura. Eu mesmo estou criando uma série fictícea (um livro) em que há um mundo que pertence a um sistema trinário de estrelas, em que um dos planetas (e não o central da história), é mais ou menos como descrevi aqui. Assim como uma espécie de Vênus gelado.
Um planeta para ter clima como o da Terra não precisa necessariamente estar na tal zona habitável.
Se a Terra estivesse à distância de Marte ou do cinturão de asteróides, se tivesse maior pressão atmosférica ou maior concentração de gases efeito estufa, não seria um mundo gelado, pelo contrário, poderia até mesmo ser mais ainda mais quente que é como tal. Já se estivesse mais próxima do sol, se tivesse uma atmosfera mais coberta por nuvens, assim refletindo mais radiação ao espaço, poderia não ser tão quente, permitindo um clima mais ameno. Não depende só da distância do planeta à estrela, mas acredito, principalmente, de sua constituição. Se Marte fosse bem maior, seria bem mais quente, tenho certeza disso. Já se a Terra fosse menor e tivesse ar mais rarefeiro, estaria fora da zona habitável, não?
Para mim, essa história de zona habitável tem apenas como base a atual constituição terrestre, nada mais.
Se a Terra fosse diferente, tenho certeza de que essa zona habitável teria que mudar.