Autor Tópico: Gasto Público  (Lida 1727 vezes)

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Offline Luiz Souto

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Gasto Público
« Online: 17 de Junho de 2008, 16:43:05 »
Gasto público: onde está o real problema?
Por Flávio Riani
14/11/2007


Indiscutivelmente, o Brasil tem dado demonstrações inequívocas de má utilização dos recursos públicos. Isto ocorre não somente devido a desvios fraudulentos, mas também em função da expansão das atividades de governo, nem sempre compatível com as reais necessidades da grande parte da população. Porém, os recursos financeiros relacionados a estes fatos são residuais frente ao volume gasto pelo governo, e não são as causas principais dos problemas do país.
Na realidade, a questão do gasto público no Brasil vem sendo mal discutida e a percepção que a sociedade tem sobre ele é falaciosa.
Por exemplo, as despesas com a Previdência têm sido apontadas, de forma viesada, como fator principal dos desequilíbrios fiscais do governo. De fato, a Previdência incorpora hoje uma série de beneficiários que não contribuíram para seu financiamento. Porém, e em função disso, o governo criou uma série de contribuições com o objetivo de financiar os eventuais descompassos entre as arrecadações oriundas das contribuições e os pagamentos dos benefícios. Entretanto, os recursos oriundos dessas fontes de financiamento se agregam aos demais recursos arrecadados pelo governo e financiam outros gastos que não os previdenciários.
Uma análise da evolução dos gastos do governo nos últimos anos, e para surpresa de muitos, principalmente no atual governo, mostra que os aumentos observados nas funções essenciais de governo - saúde, educação, segurança, infra-estrutura etc - são bem menores do que o da real necessidade da grande massa da população. Essas despesas e apresentam índices de crescimento menores ou bem próximos da inflação.
Feitas essas ponderações é importante destacar que a questão central das dificuldades e dos aumentos dos gastos do governo têm uma causa, inexplicavelmente desconsiderada ou pouco destacada por aqueles que discutem o tema, que se refere aos encargos da dívida pública.
Nos últimos 12 anos, o estoque da dívida pública líquida do país elevou-se de um patamar de R$ 70 bilhões (equivalente a 31% do PIB) para mais de R$ 1,2 trilhão (quase 44% do PIB). Ressalte-se que nestas relações estão embutidas fórmulas diferentes de cálculo do PIB, recentemente alterada e não consideradas nas relações de 12 anos atrás. Neste mesmo período, o país pagou aproximadamente R$ 1,2 trilhão com juros da dívida. Estes dados evidenciam que pagamos ao longo desse tempo um montante de juros quase que equivalente ao estoque atual de nossa dívida pública líquida (interna).
Deve-se, ainda, ressaltar que as avaliações da dívida mencionam, na maioria dos casos, a dívida líquida. Porém, o estoque bruto da dívida, sobre o qual incidem os encargos, superam hoje a R$ 1,6 trilhão, ou seja, 66,9% do PIB.
Dados disponíveis do Banco Central mostram que os juros anuais da dívida aumentaram de R$ 68 bilhões para R$ 160 bilhões, entre 1998 e 2006.
Apenas para se ter uma idéia da magnitude desses gastos, o valor de R$ 168 bilhões pagos em 2006 corresponde a aproximadamente 5,5 orçamentos do Estado de Minas, que é o segundo ou terceiro maior orçamento entre os Estados brasileiros. Minas tem hoje mais de 500 mil funcionários (ativos e inativos), sendo desses 60% na área da educação.
Os números dos juros e encargos da dívida (ver tabela) são alarmantes. Como pode um país com as desigualdades e pobreza como o Brasil ignorar o fato de que se gasta com juros da dívida sete vezes mais do que com educação e com saúde, vinte vezes mais do que se gasta com segurança, 156 vezes mais do que com ciência e tecnologia etc ?
Seguramente, a quase totalidade da sociedade brasileira não tem conhecimento desses números. A imprensa, de uma maneira geral, não os divulga. Não existem debates sobre eles. Assim, o desvio da informação faz com que a sociedade tenha uma visão equivocada sobre os gastos do governo.
Na realidade, o engessamento dos gastos do governo está na questão da dívida. Ela é a causa principal da elevada carga tributária e não a Previdência ou os demais gastos do governo. Como pode num país como o Brasil passar despercebido que estamos com uma carga tributária de 34% , sendo que 30% dela destinam-se a pagamentos dos juros da dívida?
Quando constatamos a deterioração de nossas rodovias, do sistema de geração de energia, da precariedade das nossas instituições de ensino, das nossas condições de saúde, do sucateamento do sistema de segurança, de nosso atraso tecnológico etc, podemos também perceber que os recursos hoje canalizados para pagamento dos encargos da dívida seriam mais do que suficientes para efetivamente provocarmos uma revolução nas condições das prestações de serviços públicos por parte do governo.
Porém, deixa-nos desesperançosos ver que não existe, no rol dos prováveis candidatos a presidente em 2010, nenhuma perspectiva de mudança desse quadro. E o mercado financeiro dorme feliz e tranqüilo obtendo lucros exorbitantes. O risco Brasil então não se fala.

Flávio Riani, economista, mestre em Economia pelo Cedeplar/UFMG e pela University of Leicester, Inglaterra, Professor da FACE PUC/MG e da Universidade de Itaúna/MG.

http://www.desempregozero.org.br/artigos/real_problema.pdf
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Re: Gasto Público
« Resposta #1 Online: 11 de Maio de 2009, 18:54:29 »
Debate sobre gasto público é pau para toda obra – para pouca obra, muito custeio e nenhum futuro

Nem o governo é transparente nos propósitos do gasto nem a crítica se preocupa com o desenvolvimento

A discussão sobre os gastos públicos continua pau para toda obra – ou melhor, para pouca obra, muito custeio e pouca atenção com as gerações futuras. A expansão fiscal começa a vir forte, em parte porque o governo tomou os efeitos recessivos da crise global como álibe para justificar sua imprevidência ao contratar despesas no ano passado quando já eram evidentes os sinais do fim da bonança.

Esse debate, no entanto, é de péssima qualidade, e isso não é de hoje. Nem o governo o elabora com transparência dos propósitos do gasto nem a crítica o faz refletindo preocupações com um projeto de desenvolvimento de longo prazo. A conta nunca fecha.

Uns querem gastar pensando nas próximas eleições. Outros se dão por satisfeitos quando veem garantidos os juros creditados no giro da dívida pública e os subsídios e incentivos fiscais para as suas atividades.

Pede-se ao Banco Central Selic de 3%; ao Tesouro, taxa real da dívida pública; ao BNDES, taxa de juros menor que o custo de captação; ao Banco do Brasil, crédito subsidiado, com o serviço da dívida não paga rolado de tempos em tempos; à Receita Federal, menos impostos; à Previdência, correção da aposentadoria com ganho acima da inflação. E assim se vai garfando o futuro.

Problema não é a carga tributária elevada, a maior do mundo entre países com renda per capita assemelhada, mas a aplicação de toda a dinheirama arrecadada pelo Estado - 38% do PIB, na conta oficial.

Entre as economias emergentes, aqui é onde mais se direciona para o custeio do Estado, entre salários e gastos correntes, a receita arrecadada. Custa mais manter serviços de saúde e educação medidos sobre o Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, que propriamente o serviço oferecido à população com qualidade.

Em relação às novas potências econômicas em ascenção, como China e Índia, no Brasil é onde menos se investe com recursos fiscais. Há anos o investimento público está estagnado em torno de 1% do PIB, chegando a 4% incluindo as empresas estatais. Quase nada.

Com o capital privado, deve fechar este ano em 17% do PIB, contra cerca de 40% na China e 27% na Índia. Esse é o cerne da questão, o que faz a política do governo ser “desenvolvimentista” só da boca para fora – com o PAC, o pré-sal e tudo mais. A crítica ao gasto público tem consistência somente se considerados tais fatores.

Preocupação rasteira

Os mais críticos do aumento dos gastos públicos, em sua maioria, não se preocupam com o destino dos recursos captados à sociedade pelo Estado e geridos pelo governo e o Congresso. Mas, sobretudo, com os indicadores de solvência do Tesouro Nacional, lato sensu.

O que lhes importa é a capacidade de pagamento dos juros. É por isso que o resultado nominal do orçamento federal, que incorpora gastos com juros pagos pelo Tesouro – em contraponto ao superávit primário, que os exclui - e a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB são as variáveis críticas que monitoram.

Balanço satisfatório

Tais dados são relevantes, mas não estão ameaçados, apesar da deterioração das contas públicas devido à recessão, com queda da arrecadação tributária e aumento das despesas.

As despesas com os salários do funcionalismo federal cresceram 24,8% no 1º trimestre, comparadas a igual período de 2008, enquanto a fatia da receita gasta com investimento cresceu apenas 13% - e o superávit primário decresceu 71,2% como proporção do PIB.

Mas, como demonstra uma análise do economista Amir Khair, mesmo com queda de 0,5 ponto de percentagem do PIB do resultado primário a cada ano, considerados diversos cenários, a relação dívida/PIB, que foi de 36% no fim de 2008, continuaria encolhendo.

Aumento só num quadro prolongado de recessão e estagnação, quando chegaria a 2012 no nivel de 37,2% do PIB. Ainda assim, segundo Kahir, muito “satisfatório”. Nos EUA, Inglaterra, se aproxima de 70% já agora.

Lula está equivocado

A situação fiscal não ameaça a solvência nacional, mas é medíocre quanto ao esforço tributário vis-à-vis a criação de um cenário de progresso econômico com qualidade de vida. Desperdiça-se muito com o presente.

O presidente Lula discorda. Acha que “para melhorar a máquina pública é preciso ter gente qualificada”, o que é certo, e que o “servidor público é mal remunerado”. Bagrinhos, professores, talvez. Mas não há no Estado categoria com salários médios menores que em funções equivalentes no setor privado. A FGV já demonstrou.

A prova da farinha

A maneira de dirimir a questão se o servidor federal, na média, é mal ou bem remunerado se resolve comparando os salários com os das empresas privadas. Foi o que fez a FGV, e encontrou, tempos atrás, o contrário do que Lula acredita.

O diretor da Escola de Economia da FGV-São Paulo, Yoshiaki Nakano, fez tal conta quando secretário da Fazenda paulista. Chegou ao mesmo resultado, revelado em vários artigos publicados.

O aumento da folha federal este ano foi orçado em R$ 23 bilhões, o que representa per capita, incluindo inativos, mais R$ 912/mês por contracheque. Ou Lula está mal informado ou já esqueceu a realidade salarial que aprendeu quando sindicalista.

http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/48001_49000/48170-1.html

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Re: Gasto Público
« Resposta #2 Online: 11 de Maio de 2009, 21:36:48 »
A culpa não é dos juros da dívida. A culpa é que nossa, que gastamos mal.

Falo isso para não aparecer nenhum gênio aqui e falar para cancelar o pagamento, pois seria um tiro no pé. A questão é: pare de roubar, não pense em coisas estúpidas como 4BI/ano para aumento de despesas com vereadores, comece e termine os projetos, pare com cunhadismos, e... fazendo isso, advinha, a dívida não será problema. E sem isso, advinha, mesmo se a dívida sumir vamos continuar tendo problemas.
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Offline JJ

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Re: Gasto Público
« Resposta #3 Online: 12 de Maio de 2009, 12:34:20 »
Notas sobre a dívida pública no novo período de acumulação brasileiro


Introdução

O novo período de acumulação brasileiro iniciado em 1990, moldado pela abertura financeira, comercial e privatizações, reincorporou, após a crise da dívida externa da década de 1980, o sistema financeiro nacional aos mercados financeiros globalizados. Isto permitiu um intenso processo de integração econômica pela troca de investimentos diretos e de portifólio (ações e títulos) entre a burguesia local e a internacional, que não só ampliou a aliança entre elas, mas também consolidou a fração ligada diretamente às finanças como o setor hegemônico da burguesia local.

O objetivo desta reflexão é apontar alguns elementos que permitam entender como a dívida pública tornou-se um dos pilares da dominação burguesa no novo período de acumulação brasileiro.
Para tanto, esboçaremos alguns traços da evolução e do papel do sistema financeiro no capitalismo. Em seguida, analisaremos a trajetória, a composição e a ordem de transferência de recursos da dívida pública brasileira. Passaremos então a analisar mais detidamente o perfil dos detentores da dívida pública e algumas modificações que a administração da dívida provocou no Estado brasileiro. Finalizaremos apontando as estratégias usadas pela burguesia para a ampliação do apoio político à manutenção da dívida púbica.

Globalização e o capital portador de juro

Se um capitalista empresta dinheiro para colocar em curso um processo de produção que extrairá mais-valia da mão-de-obra empregada, passa a ter que destinar parte desta mais-valia ao capitalista que emprestou o dinheiro, a título de pagamento de juro.

A possibilidade de se apropriar de parte da mais-valia por meio do juro passa, com o desenvolvimento do sistema financeiro, a dar o parâmetro básico para as decisões da forma de valorização do capital.

As decisões de investimento e produção, segundo KEYNES (1982), são tomadas ao se comparar a chamada eficiência marginal do capital (expectativa de receita da produção de um bem durante um período de tempo) com a taxa de juros (expectativa de recebimento de juros de uma aplicação financeira durante o mesmo período de tempo). Com isso, o capitalista valorizaria seu capital na forma produtiva, colocando suas máquinas e mão-de-obra em funcionamento, apenas se a eficiência marginal daquela produção superasse a taxa de juros a ser recebida da aplicação financeira comparada [1].

A forte influência no estabelecimento deste parâmetro básico para o funcionamento do capitalismo confere, por si só, grande poder à fração da burguesia que negocia o próprio dinheiro. Historicamente este poder foi reforçado pelo volume de recursos que passa a controlar com a expansão internacional dos mercados financeiros (títulos) e das Bolsas de Valores (ações); pelas relações políticas advindas de empréstimo aos Estados nacionais (POLANYI,1996) e a todo o sistema produtivo capitalista; e, por fim, pelo aumento da participação de títulos e ações na composição da riqueza das famílias e empresas, processo conhecido por financeirização (BRAGA,1993 e 2000) , envolvendo outros segmentos da sociedade nos ganhos financeiros.

Na estruturação e desenvolvimento do capitalismo, a dívida pública assume especial importância (NAKATANI, 1999 e 2006). Para os estados nacionais emissores, a exemplo da dominação imperialista inglesa e norte-americana (BELLUZZO, 1995), a dívida pública torna-se uma fonte de poder político quando conseguem impor internacionalmente sua moeda como referência de toda e qualquer forma de riqueza. Já para os detentores da dívida, esta assume o papel de uma inesgotável fonte de acumulação privada e de pressão política sobre os emissores. É sobre a ótica dos detentores que passaremos a analisar a importância da dívida pública brasileira para a burguesia local e internacional.

Trajetória e composição da dívida pública no Brasil no novo período de acumulação
Qual foi o comportamento da dívida pública brasileira no período de acumulação iniciado em 1990? Quem foram seus emissores e qual foi a ordem de valores envolvidos?

Tomando como referência o conceito de Dívida Líquida do Setor Público  [2] (DLSP), constatamos que a dívida pública brasileira saltou de US$ 144 bi, em 1991, para US$ 428 bi em 2005 [3]. Este extraordinário crescimento é derivado da constante elevação da dívida interna.

A dívida externa cai de US$ 91 bilhões, em 1991, para apenas US$ 21 bi em 2005. Sua trajetória é marcada pela brusca elevação de patamar em 1998, devido ao programa de ajuda do FMI, e pela diminuição em 2005 com o pagamento antecipado do mesmo.

Já a dívida interna salta de US$ 53 bilhões, em 1991, para nada menos que US$ 407 bilhões em 2005. Sua trajetória apresenta três sub períodos: o primeiro é o do aumento constante entre 1991 e 1998, devido ao elevado patamar de juros internos; o segundo, de relativa estabilização, vai de 1999 a 2002; o terceiro inicia-se em 2003, onde a manutenção de elevado patamar de juros volta a imprimir uma trajetória de crescimento à dívida interna.

Neste ponto cabe analisarmos quais foram as instâncias públicas responsáveis pela crescente elevação do patamar da DLSP.

Analisando a composição da dívida interna pela ótica de seus emissores, notamos que, em 1991, as estatais e os governos subnacionais (estados e municípios) tinham maior participação no estoque da dívida pública, reflexo dos ajustes da política econômica recessiva da década de 1980.

A partir de 1995, o âmbito federal passa a liderar e elevar sua participação na dívida pública interna. Seu estoque decresce entre 1998 e 2002, devido a desvalorização cambial, e volta a se elevar a partir de 2003. Estados e municípios mantiveram, em menor grau, a mesma trajetória do âmbito federal (a despeito da transferência de suas dívidas para o governo federal na renegociação que envolveu a aprovação da emenda constitucional para a reeleição em 1997). Já as empresas estatais apresentaram uma trajetória decrescente durante todo o período, fruto de seus ajustes patrimoniais decorrentes do processo das privatizações.
Portanto, a análise da trajetória da dívida pública mostra a determinação da dívida interna, cujo principal componente foi a dívida emitida pelo governo federal.

Transferência de recursos pela dívida pública

Se partirmos do fato de que a dívida pública é paga com a arrecadação de impostos e tributos que o Estado faz sobre toda a sociedade (sem entrar no mérito de quais classes ou extratos de renda são mais intensamente atingidos pela tributação), surgem imediatamente dois importantes questionamentos. O primeiro seria sobre a dimensão da transferência de renda que a dívida pública no Brasil promoveu. O segundo seria sobre quem se beneficiou do aumento e da transferência de renda da dívida pública. Neste tópico abordaremos o primeiro questionamento.

Ao analisarmos o pagamento de juros nominais acrescidos da variação cambial pelo conceito de Necessidade de Financiamento do Setor Público [4] (NFSP), constata-se que, a partir de 1998, o pagamento de juros assume um patamar anual acima de R$ 100 bilhões, com os picos de 1999 (R$ 144 bilhões), 2002 (R$ 224 bilhões) e 2005 (R$ 153 bilhões). Somados, os pagamentos de juros entre 1995 e 2005 passam de um trilhão de reais (mais precisamente R$ 1,20 trilhões).

Outro método de dimensionarmos a intensidade da transferência de recursos através da dívida pública é analisar o pagamento de juros como proporção do PIB. Entre 1995 e 2005, pagou-se uma média anual de 8,56% do PIB brasileiro para os detentores da dívida pública. Nos anos de pico da dívida pública, 1999 e 2002, o pagamento de juros chegou à estratosférica cifra de 13,76% e 14,25% do PIB, respectivamente.
Portanto, a dívida pública brasileira desempenhou o papel de um mecanismo que promoveu uma gigantesca transferência de recursos para os detentores da dívida. Passemos a abordar a questão de quem controla e se beneficia da dívida pública no Brasil.

Perfil dos detentores da Dívida Pública

Quem são os detentores da dívida pública brasileira? Qual a importância ou participação relativa desta última no ativo total de seus detentores?

Uma primeira aproximação para identificar aqueles que se beneficiam da dívida pública pode ser feita analisando o perfil dos compradores dos títulos federais em ofertas públicas. Tomando o critério de nacionalidade, percebemos a predominância das instituições financeiras nacionais diante das internacionais. Entre novembro de 2000 e agosto de 2006, as instituições financeiras nacionais responderam por uma média de compra da ordem de 67,6% das ofertas públicas.

Na análise dos compradores nacionais de títulos, percebe-se a esmagadora participação dos bancos comerciais (responsáveis pela média de compra de 55,3% do total das ofertas públicas de títulos), seguido ao longe pelas corretoras (média de 7,84%) e pelos bancos de investimentos (média de 4,46%).

Entretanto, apesar da análise dos compradores em oferta pública ser uma boa indicação de quem detêm a dívida, faz-se necessário debruçarmo-nos sobre os dados disponíveis de estoque, já que um agente pode adquirir um título na oferta pública e negociá-lo no mercado secundário.

Os dados do Banco Central (Bacen) sobre o estoque da dívida pública federal em poder do público, maior componente da DLSP, mostram um salto de R$ 537,5 bilhões, em junho de 2001, para a casa de R$ 1 trilhão, em agosto de 2006.

Para nossa análise, reagruparemos os detentores dos títulos públicos federais em poder do público em cinco categorias: Bancos (carteira própria), Fundos de Investimento Financeiro [5] (FIF), Demais Clientes (pessoas físicas, pessoas jurídicas não financeiras, etc.), Títulos Vinculados e Títulos Extra-Mercados.

Constatamos que entre junho de 2001 a fevereiro de 2003, Bancos e Fundos de Investimento não só eram os maiores detentores da dívida pública federal, como o eram em montantes similares, na ordem de R$ 213 bilhões cada. A partir de março de 2003, ambos elevam seus estoques de títulos, para R$ 317 bilhões, no caso dos Bancos, e para R$ 497 bilhões, no caso dos Fundos de Investimento.

Mas qual a importância e o peso da dívida pública para a valorização dos maiores detentores da dívida pública brasileira?

Analisando a composição dos ativos dos Bancos brasileiros [6], constatamos que a categoria que engloba os títulos da dívida pública (Títulos de Valores Mobiliários – TVM e derivativos), segundo dados do Bacen, salta de R$ 76 bilhões em 1995 para 413 bilhões em 2005, perdendo, em termos absolutos, apenas para as de créditos e arrendamentos mercantis.

Em termos relativos, a categoria que abarca os títulos públicos passa de 16,4% do ativo total dos bancos para nada menos que 26,5%, um salto de 10 pontos percentuais entre 1995 e 2006, a única categoria relevante de seus ativos que aumentou a participação relativa, sugerindo uma importância razoável da dívida pública nos ganhos do sistema bancário.

Tabela 1 – Fundos de Investimento - Composição da carteira como % do PL - anual

Já análise da distribuição das aplicações dos Fundos de Investimento, a partir de dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento – ANBID (Tabela 1), mostra que a soma da participação de todas as categorias de aplicações que envolvam títulos da dívida pública (operações compromissadas lastreadas em títulos públicos, títulos públicos federais, estaduais e municipais) representam, em média, mais de 73% do total de suas aplicações como proporção de seu Patrimônio Líquido entre 2000 e 2007.

Portanto, os dois maiores detentores da dívida pública brasileira são o sistema bancário nacional e os Fundos de Investimento, sendo que a participação relativa nos ativos dos Fundos de Investimento é muito mais acentuada (média de 73% entre 2000 e 2006) do que a do sistema bancário (média de 27% entre 1995 e 2006).
Estratégia de ampliação de apoio político e o direcionamento do Estado brasileiro

Após apontarmos que o crescimento da dívida pública federal se deu a favor do sistema bancário e dos Fundos de Investimentos, podemos nos debruçar na análise de algumas das estratégias desta fração da burguesia local na ampliação do apoio político na sociedade e na modelagem do Estado para garantir o crescimento e pagamento da dívida pública.

No que cabe às mudanças sofridas pelo Estado brasileiro, a fim de atender aos interesses da fração burguesa que controla a dívida pública, a primeira estratégia implementada foi a mudança no perfil dos quadros dirigentes da instituição chave na administração da dívida pública, o Banco Central. Nos últimos 15 anos, seus presidentes passaram de eminentes acadêmicos (Pedro Malan, Pérsio Arida e Gustavo Franco) para grandes operadores do mercado financeiro internacional, como foi o caso de Armínio Fraga (03/1999 a 12/2002), durante seis anos Diretor Gerente do Soros Fund Management LLC em Nova York, e Henrique Meirelles (2003 até a atualidade), ex-presidente do FleetBoston Global Bank e ex-presidente mundial do BankBoston entre 1996 e 2002.

A segunda estratégia de modificação estatal foi a definição da administração da dívida pública (trajetória como proporção do PIB [7]) como parâmetro para a definição da política econômica brasileira (BUENO, 2006). O superávit primário é institucionalizado no processo orçamentário do Governo Federal, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a qual passa a definir os gastos sociais somente após separar a parcela que será usada para o pagamento da dívida pública. Além disso, a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2000, aponta no mesmo sentido, ameaçando estados e municípios, bem como seus responsáveis, com penalidades que vão da retenção de repasses federais à prisão, caso não produzam superávits.

Uma mescla de mudança no Estado e ampliação do apoio político à dívida pública veio da questão inflacionária. Na década de 1980 e início da de 1990, o processo inflacionário acarretava a transferência de renda dos trabalhadores (salários não convenientemente indexados) para a burguesia que aumentava constantemente os preços de seus produtos e serviços.

O Plano Real, grande trunfo da eleição de FHC em 1994, controlou a inflação pela estabilização da taxa de câmbio (cuja variação até então se transmitia ao conjunto dos preços internos), apoiada na atração de capitais internacionais com o pagamento de elevadas taxas de juros que aumentou o estoque da dívida pública. Esta arquitetura alterou o mecanismo de transferência de renda da inflação para o pagamento vultuoso de juros  [8].
No que tange à estratégia da burguesia local para ampliar a sustentação política do crescimento e centralidade da dívida pública, destaca-se a incorporação de parte da sociedade na dependência do bom funcionamento do mercado financeiro e dos ganhos com a dívida pública.

A mais abrangente forma de solidariedade imposta aos trabalhadores para com a dívida pública foi o desenvolvimento do sistema privado de previdência complementar, na figura dos chamados Fundos de Pensão. Atualmente, segundo dados da Secretaria de Previdência Complementar do Ministério da Previdência Social, mais de seis milhões de pessoas têm suas aposentadorias ligadas diretamente ao desempenho financeiro dos Fundos. Estes, por sua vez, ligam-se à dívida pública, diretamente, com mais de 12% de seus ativos totais nestes títulos e, indiretamente, com mais 10% de seus ativos em Fundos de Investimentos. Ademais, em torno de 47% das aplicações encontram-se em instituições financeiras, as quais também se valem da dívida pública.

Outra estratégia ainda incipiente em número de participantes, mas com grande potencial de ampliação, devido a seus baixos custos, é a venda direta de títulos da dívida a pessoas físicas, iniciada no ano de 2002, quando o Tesouro Nacional, em conjunto com a Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), implementaram o programa Tesouro Direto.

Em setembro de 2006, segundo dados do próprio Tesouro Nacional, haviam 67.613 pessoas cadastradas para a compra de títulos via Internet, sendo que de janeiro de 2002 a agosto de 2006 os mesmo adquiriram um total de R$ 1,92 bilhões em títulos, com vendas concentradas (49,1% em setembro de 2006) na faixa de até R$ 2000 por operação. Se dentro do estoque da dívida pública, os títulos pertencentes à pessoa física são irrelevantes, no plano político abre uma sólida base de solidariedade com os interesses do mercado financeiro.

Conclusão

O governo federal foi o maior responsável pela ampliação da dívida pública brasileira, sendo que Bancos e Fundos de Investimento foram aqueles que mais participaram (com elevada dependência na composição de seus ativos) da aquisição e da transferência de recursos da dívida pública.

A considerável elevação do estoque da dívida púbica e o perfil de seus credores permitem explicar como e porque as políticas públicas foram direcionadas pelos interesses da fração burguesa que controla a dívida interna pública, bem como nos dá elementos para analisar as mudanças institucionais no Estado brasileiro dos últimos anos, a expansão dos Fundos de Pensão e a venda direta de títulos a pessoas físicas.
Qualquer perspectiva de mudança na ordem política brasileira implicará no enfrentamento direto dos interesses desta fração da burguesia local, e mudanças de prazo, remuneração e garantia de pagamento da dívida pública se colocam como itens obrigatórios neste enfrentamento político.


http://www.espacoacademico.com.br/074/74buenofabio.htm#_ftnref2



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O aumento explosivo da dívida pública interna no período de 1993 a 2002  foi seguido por um grande aumento da carga tributária !


O custo de rolagem da dívida  pública é o principal responsável pela alta carga tributária que os brasileiros pagam.



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Offline Moro

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Re: Gasto Público
« Resposta #4 Online: 12 de Maio de 2009, 20:28:51 »
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O objetivo desta reflexão é apontar alguns elementos que permitam entender como a dívida pública tornou-se um dos pilares da dominação burguesa no novo período de acumulação brasileiro.

parei de ler aqui... esse JJ
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Re: Gasto Público
« Resposta #5 Online: 12 de Maio de 2009, 23:35:44 »
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O presidente Lula discorda. Acha que “para melhorar a máquina pública é preciso ter gente qualificada”, o que é certo, e que o “servidor público é mal remunerado”. Bagrinhos, professores, talvez.

Bom, na universidade privada que eu dava aula eu ganhava como especialista, não como doutor. Se recebesse como doutor, certamente ganharia mais do que entrei ganhando na federal. Sem falar que o salário era reajustado todos os anos; sem falar que tinha o FGTS; sem falar que eu tinha uma restituição do IR maior; sem falar que na federal tenho um teto salarial que não vai subir da maneira como o tempo e experiência fazem com que um salário suba em universidades privadas; definitivamente, em se tratando de professores isso não é um talvez, é fato.

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Re: Gasto Público
« Resposta #6 Online: 28 de Maio de 2009, 02:51:42 »
Lula sanciona lei para divulgação das contas públicas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou no início da noite desta quarta-feira a lei que determina que a União, Estados e municípios passem a divulgar, em tempo real, na internet, suas contas.

O texto, no entanto, não define qual meio deve ser usado. A lei é um complemento à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A lei sancionada por Lula prevê que a União, Estados, o Distrito Federal e municípios com mais de 100 mil habitantes terão um ano para se adequar à nova regra.

Os municípios que tenham entre 50 mil e 100 mil habitantes terão dois anos de prazo. Já para os municípios com até 50 mil, o prazo será de quatro anos, a partir da publicação da lei no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer nesta quinta-feira.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2009/05/27/lula+sanciona+lei+para+divulgacao+das+contas+publicas+6382940.html

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Re: Gasto Público
« Resposta #7 Online: 28 de Maio de 2009, 21:36:35 »
excelente lei
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Offline DDV

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Re: Gasto Público
« Resposta #8 Online: 28 de Maio de 2009, 21:42:35 »
Citação de: JJ
Se um capitalista empresta dinheiro para colocar em curso um processo de produção que extrairá mais-valia da mão-de-obra empregada, passa a ter que destinar parte desta mais-valia ao capitalista que emprestou o dinheiro, a título de pagamento de juro.


O desemprego está alto! Há milhões de pessoas ansiosas para terem suas mais-valias extraídas!

O que estão esperando capitalistas burros?! Aproveitem!

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Offline Zeichner

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Re: Gasto Público
« Resposta #9 Online: 28 de Maio de 2009, 21:56:23 »
Citar
O objetivo desta reflexão é apontar alguns elementos que permitam entender como a dívida pública tornou-se um dos pilares da dominação burguesa no novo período de acumulação brasileiro.

parei de ler aqui... esse JJ

putz... tudo é culpa da dominação burguesa. mesmo quando elegemos um presiMente para resolver isso. Mas os burgueses não deixam, mesmo tendo milhares de sindicalistas em postos chave do governo, fundos de pensão, bancos, ptrobrás...

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Re: Gasto Público
« Resposta #10 Online: 28 de Maio de 2009, 21:58:01 »
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O presidente Lula discorda. Acha que “para melhorar a máquina pública é preciso ter gente qualificada”, o que é certo, e que o “servidor público é mal remunerado”. Bagrinhos, professores, talvez.

Bom, na universidade privada que eu dava aula eu ganhava como especialista, não como doutor. Se recebesse como doutor, certamente ganharia mais do que entrei ganhando na federal. Sem falar que o salário era reajustado todos os anos; sem falar que tinha o FGTS; sem falar que eu tinha uma restituição do IR maior; sem falar que na federal tenho um teto salarial que não vai subir da maneira como o tempo e experiência fazem com que um salário suba em universidades privadas; definitivamente, em se tratando de professores isso não é um talvez, é fato.

Putaquepariu... está difícil até pra doutor, imagina para um bagrinho pós-graduado como eu.


Offline DDV

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Re: Gasto Público
« Resposta #11 Online: 28 de Maio de 2009, 22:01:43 »
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O objetivo desta reflexão é apontar alguns elementos que permitam entender como a dívida pública tornou-se um dos pilares da dominação burguesa no novo período de acumulação brasileiro.

parei de ler aqui... esse JJ

putz... tudo é culpa da dominação burguesa. mesmo quando elegemos um presiMente para resolver isso. Mas os burgueses não deixam, mesmo tendo milhares de sindicalistas em postos chave do governo, fundos de pensão, bancos, ptrobrás...

a velha desculpa pra tudo


Zeichner, para as pessoas que realmente levam a sério essas idéias de burguesia exploradora, mais-valia, imperialismo como causa dos nossos problemas e soma zero, Lula e o PT seriam "traidores", sendo também partes da burguesia e do imperialismo agora.  :)
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline Zeichner

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Re: Gasto Público
« Resposta #12 Online: 29 de Maio de 2009, 09:06:11 »
Síndrome de João Gordo. São traidores do movimento que não existe.

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Re: Gasto Público
« Resposta #13 Online: 03 de Junho de 2009, 21:33:18 »
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Os municípios que tenham entre 50 mil e 100 mil habitantes terão dois anos de prazo. Já para os municípios com até 50 mil, o prazo será de quatro anos, a partir da publicação da lei no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer nesta quinta-feira.

Não entendo o motivo da demora... Municípios menores tecnicamente podem apresentar a prestação de contas mais rápido. Eu daria 6 meses, no máximo.

Offline Zeichner

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Re: Gasto Público
« Resposta #14 Online: 03 de Junho de 2009, 22:39:52 »
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Os municípios que tenham entre 50 mil e 100 mil habitantes terão dois anos de prazo. Já para os municípios com até 50 mil, o prazo será de quatro anos, a partir da publicação da lei no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer nesta quinta-feira.

Não entendo o motivo da demora... Municípios menores tecnicamente podem apresentar a prestação de contas mais rápido. Eu daria 6 meses, no máximo.

Hahahahaha precisa. Como vão poder explicar o dinheiro com as festas, com as amantes, com a construção da mansão... Acha que conseguir nota pra tanta coisa é fácil?

Offline Spitfire

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Re: Gasto Público
« Resposta #15 Online: 04 de Junho de 2009, 00:10:49 »
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Os municípios que tenham entre 50 mil e 100 mil habitantes terão dois anos de prazo. Já para os municípios com até 50 mil, o prazo será de quatro anos, a partir da publicação da lei no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer nesta quinta-feira.

Não entendo o motivo da demora... Municípios menores tecnicamente podem apresentar a prestação de contas mais rápido. Eu daria 6 meses, no máximo.

Tem que esperar primeiro a farra das eleições presidenciais.

Offline JJ

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Re: Gasto Público
« Resposta #16 Online: 09 de Junho de 2009, 13:48:57 »
02/05/2009 - 06h00
Brasil poderia gastar com juros menos do que o governo pretende, diz S&P

Sílvio Crespo
Em São Paulo

Um ano depois de alçar o Brasil ao grupo dos países conhecidos como grau de investimento, a agência de classificação de risco Standard & Poor's vê espaço para o país diminuir a fatia de seu Orçamento que é gasta com juros, afirmou, em entrevista ao UOL, Sebastián Briozzo, diretor de Rating Soberano e responsável pela avaliação dos títulos brasileiros.

O governo reduziu sua meta de superávit primário para 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no dia 15 de abril, uma semana depois de a S&P reafirmar a nota de grau de investimento ao Brasil. Na prática, o superávit primário é o total de recursos que o poder público poupa para pagar juros.

Para Briozzo, essa meta fiscal não apenas não coloca em risco a credibilidade da dívida brasileira, como poderia ser ainda menos rígida: "Nós trabalhamos com um cenário em que o superávit primário (do Brasil) pode ser ainda um pouco menor do que o governo pensa para este ano". A projeção da S&P é de superávit de 2%.

O importante, segundo o diretor da S&P, é o compromisso do governo no longo prazo. Em 2010 e 2011, a meta de superávit subirá para 3,3% do PIB. No ano passado, era de 3,8%, com a diferença que a Petrobras participava desse esforço fiscal.


De outro lado, a situação fiscal ainda precisa melhorar se for considerada a fatia do orçamento que a dívida consome. Hoje, o setor público gasta cerca de 14% de sua receita com juros; em outros países com grau de investimento, essa proporção fica em torno de 8%, segundo Briozzo.


Ele considera "muito boa" a notícia de que o Brasil manteve-se como grau de investimento, uma vez que, desde setembro, 20 países tiveram sua classificação rebaixada pela S&P.



http://economia.uol.com.br/ultnot/2009/05/02/ult4294u2538.jhtm


---------------------


A rolagem da dívida  pública  não é algo insigificante nem tampouco sagrado  como alguns dão a entender.


Até este analista da S&P, que certamente não é marxista  (rótulo sacado rapidamente por alguns), concorda que o que o Brasil paga está acima da média de outros países.



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« Última modificação: 09 de Junho de 2009, 14:21:26 por JJ »

Offline JJ

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Re: Gasto Público
« Resposta #17 Online: 09 de Junho de 2009, 13:50:16 »
30/04/2009 - 13h25
Superávit primário do Brasil cai 25% em março


Por Isabel Versiani

BRASÍLIA (Reuters) - O setor público consolidado brasileiro registrou superávit primário de 11,614 bilhões de reais em março, acima das expectativas do mercado, mas 25 por cento inferior ao superávit de 15,403 bilhões de reais registrado no mesmo período de 2008.

Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira e refletem a queda da arrecadação de impostos, em meio à desaceleração econômica, e uma elevação dos gastos públicos.

Em 12 meses encerrados em março, o superávit primário foi equivalente a 3,29 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante 3,43 por cento do PIB em 12 meses até fevereiro.

O governo anunciou este mês que pretende dispensar a Petrobras da obrigação de contribuir para o resultado primário do setor público, mas os últimos dados do BC ainda computam os números da estatal.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirmou que os resultados da Petrobras só serão expurgados após a aprovação da alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias pelo Congresso, o que ele acredita ocorrer em maio. Ele esclareceu que, quando isso ocorrer, o resultado apurado pela empresa no ano até então será desconsiderado.

O governo também anunciou a redução da meta fiscal dos governos federal e regionais por conta dos efeitos da crise sobre as contas. Com isso, a meta geral do setor público em 2009 passou a 2,5 por cento do PIB, frente ao alvo anterior de 3,8 por cento do PIB.

O resultado primário do mês passado foi o pior para março desde 2006 (5,494 bilhões de reais). Analistas projetavam superávit de 10,4 bilhões de reais no mês passado, segundo mediana das estimativas colhidas pela Reuters.


O vencimento de juros no mês passado somou 14,103 bilhões de reais e, com isso, o país teve déficit nominal de 2,489 bilhões de reais.


O BC informou ainda que a dívida líquida total do setor público aumentou para 37,6 por cento do PIB em março, frente a 37,1 por cento do PIB em fevereiro.

A alta, segundo Lopes, refletiu a apreciação cambial verificada no mês, que depreciou em cerca de 10 bilhões de reais os ativos cambiais do setor público. Para abril, a projeção do BC é que a dívida aumente para 37,8 por cento do PIB.


http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/04/30/ult27u71318.jhtm


14,103 bilhões de reais num mês, é dinheiro que daria para construir  6-7 Ferrovias Norte-Sul em um único mês (faz 20 anos que começou e até hoje não concluiu , uma obra super importante para o desenvolvimento do Centro-Oeste !).

Entretanto tem gente que acha que mencionar o problema da dívida é um grande sacrilégio, afinal de contas para estes ela é sagrada !

Ave Dívida ! 


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« Última modificação: 09 de Junho de 2009, 14:41:42 por JJ »

Offline Moro

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Re: Gasto Público
« Resposta #18 Online: 15 de Junho de 2009, 23:48:34 »

14,103 bilhões de reais num mês, é dinheiro que daria para construir  6-7 Ferrovias Norte-Sul em um único mês (faz 20 anos que começou e até hoje não concluiu , uma obra super importante para o desenvolvimento do Centro-Oeste !).

Entretanto tem gente que acha que mencionar o problema da dívida é um grande sacrilégio, afinal de contas para estes ela é sagrada !

Ave Dívida ! 


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e o que o garotão indica?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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