Mas isso não impede a indústria de entretenimento de tentar se tornar aliada da tecnologia, em vez de inimiga dela. Imagine se uma "indústria do teatro" se sentisse ameaçada no começo do século XX pela nascente tecnologia do cinama e fizesse tudo para destruí-la? É mais ou menos a atitude que estão tendo hoje com relação à Internet. Talvez se as empresas fizessem algo como o que eu mencionei acima em conjunto com esforços do governo em conter a pirataria todos saíssem ganhando.
A analogia não procede. Digo, a indústria do cinema não representaria, neste cenário, nenhuma ameaça à propriedade intelectual da "indústria do teatro". As empresas de hoje apenas estão fazendo de tudo para que seja garantido o direito de que os bens intelectuais que produzem ou possuem (por comprar os direitos dos autores), dos quais sobrevivem, sejam produzidos e transmitidos apenas por elas, isto é, as empresas estão lutando para que seja respeitada a propriedade intelectual que têm sobre eles. (Uma analogia mais adequada seria um cenário onde grupos teatrais clandestinos não encenassem peças teatrais próprias, mas sim encenassem peças que copiaram de outros grupos sem a autorização dos seus autores... hehehe).
Sobre o tema. Como se sabe, um ponto-chave nessa polêmica toda é a grande difusão da tecnologia atualmente. É ridiculamente fácil para qualquer um que disponha de um computador e uma conexão à internet burlar qualquer restrição de propriedade intelectual e baixar um filme, game, uma música ou um livro, usá-lo e distribuir para os amigos. Mas o fato de estar fácil passar por cima da propriedade intelectual não significa que isso seja algo menos condenável, ou sim? Burlar a propriedade intelectual era algo pior nos tempos em que isso não era algo tão fácil para tanta gente como hoje?
Eu até concordo que não tem outro jeito para a indústria "intelectual" que não seja se adequar a essa realidade. Mas eu não consigo condenar a indústria por tentar ir contra essa realidade, como se ela fosse a grande vilã da história, "agindo contra a difusão do conhecimento democrático etc" (algum forista usava essa retórica em um tópico antigo sobre pirataria),
como se ela estivesse tentando obter algum privilégio às custas de todo mundo. O caramba! A indústria só está tentando proteger aquilo que é de seu direito, aquilo que é de sua criação. Coisas que não existiriam sem seus esforços criativos e, principalmente, rios de investimentos.
(Aliás, costuma-se aceitar a cópia de uma música/filme/livro/game se a intenção é o uso próprio e mesmo distribuir aos amigos, mas condena-se a cópia ilegal se a intenção é o lucro. Eu sou o único que não vê diferença moral entre as duas?)