Sem querer simplificar demais o tema continuo acreditando que o "virus da fé" é fundamentado no DESEJO.
Inicialmente ( como alega R. Dawnkins ) a criança está propensa a "crer" que existem crocodilos no rio pois seu pai ou um adulto DE QUEM É DEPENDENTE lhe diz isto.
Mas temos de levar em consideração que esta criança também quer AGRADAR este adulto E SER AMADA por ele. ( Formação do SUPEREGO Freudiano ).
O processo subsequente da fé continua contaminado pelo DESEJO em todos os seus componentes.
a) DESEJO de ser amado por Deus.
b) DESEJO que Deus o ame como "filho eleito".
c) DESEJO que Deus lhe "prove" este amor através dos milagres.
d) Etc.
Este DESEJO deve ser alimentado por algum tipo de " Evidência" na vida real, para que seja "reforçado" na vida psíquica. Este reforço está na observação das "Evidências" e/ou na expectativa delas.
Uma vez racionalizadas as "evidências" através da lógica o "vírus" perderá sua força.
Ninguém discute que a ciência atual REDUZ os efeitos da fé nas pessoas.
Pelo menos parece-me que cremos menos do que naIdade Média.
Abraços
Sobre o papel da psicologia infantil/desenvolvimento psicológico nas crenças sobrenaturais, o psicólogo Paul Bloom tem pontos bem interessantes. Há motivos para se crer que temos dois tipos de "raciocínios instintivos", ou intuições instintivas, bem fundamentalmente distintas: uma sobre a "realidade material", intuições básicas sobre como funcionam as coisas físicas, a mecânica das coisas, algo muito provavelmente muito antigo, há muito nossos ancestrais se beneficiariam de intuições desses "conceitos", ou de uma capacidade avançada de aprendê-los; e outro conjunto de intuições instintivas sobre a "realidade
social", e interações entre outros seres, geralmente da mesma espécie, com mentes. Isso poderia dar as bases do dualismo das religiões, ao conceito de vida independente do corpo físico.
Isso fica ainda mais evidente quando perceberam que as crianças bem pequenas não tem para com as pessoas as mesmas expectativas que tem para com objetos físicos; acham que elas podem violar as leis da física e não se surpreendem com algo como um ser humano aparentemente se teletransportar, como se fosse um fantasma, ao passo que se surpreendem com algo como uma bola de bilhar bater na outra e haver uma espera que seria na verdade inexistente para reação, para a outra bola se mover com o choque.
Esses instintos relacionados à vida social também parecem ter causado como subproduto um senso de teleologia, de que as coisas são feitas para funções. As pessoas são "criacionistas" natas. As crianças costumam achar que tudo foi feito para alguma coisa, não só animais, como montanhas nuvens, vulcões. Para animais sociais ainda em estágio selvagem, é uma generalização bastante útil supor que as coisas tem por trás delas sempre intenções de alguém. Não precisam, para sobreviver e se reproduzir, de uma distinção mais clara sobre as coisas, de uma noção de como algumas coisas podem ser fenômenos puramente naturais/materiais, sem nenhuma intenção de uma mente por trás.
E mesmo crianças não muito pequenas, podem acabar pensando que algumas figuras de autoridade (no caso, eram as professoras do pré-escolar) eram onicientes.
Tudo isso, e mais algumas coisas, é praticamente um tipo de "kit para fé".