Primeiro, vamos ao conceito de virtude (que se enquadra neste caso, excluindo as virtudes teológicas): uma qualidade moral particular que reforça o bem geral.
Em que contexto o medo e a cobiça poderiam ser virtudes?
No simples contexto de que sem o medo, nós nem estaríamos aqui tendo este debate. Ora, sem o sentimento de medo, não haveria seres humanos, sendo ele parte principal da força motriz do ser humano e que gera todas as outras virtudes, ou seja, a vontade de potência – a propriedade que toda entidade que sofre evolução possui inconscientemente, mas que já adquirimos até racionalmente. A evolução tende a gerar organismos que tenham a capacidade de se reproduzir e de permanecer vivos um certo tempo para tal, e posso dizer sem medo de errar que sem o medo, pelo menos o nosso ramo evolutivo não teria se desenvolvido. Por este conceito, considero o medo como propriedade humana muito mais importante do que por exemplo a generosidade, justiça, e outras.
Se o medo manifesta a propriedade de manutenção do ser humano, a cobiça é uma das ferramentas que trata da expansão. A cobiça gerou e ainda gera toda a gama de melhoramentos tecnológicos que temos a nossa disposição. Não se engane, não foi a generosidade humana que impeliu o nosso avanço; sem a cobiça, creio que nem mesmo a nossa sobrevivência como espécie estaria garantida.
Para finalizar; como em um “pool” genético, é muito difícil que uma propriedade se mantenha em uma população sem que ela tenha ou pelo menos já tenha tido utilidade. O ódio existe porque já foi muito útil e ainda possui potencial de utilidade, como várias outras qualidades. Não há virtudes definitivamente importantes, todas elas são variáveis selecionáveis pelo ambiente.