O Dodo relacionou o caso aos camelôs, o DBhor aos motoristas de vans... tá, concordo. Estes são outros problemas a serem resolvidos, mas a questão deles é só de desordem urbana, pelo menos a priori. O camelô vende produtos (algumas vezes contrabandeado, muitas outras não) e não obriga ninguém a comprar qualquer produto. O motorista de van ou o mototaxista também prestam serviços de fato e não exigem que ninguém vá de mototaxi ou de kombi. Muitas vezes se aproveitam de brechas deixadas pela própria administração e pelas empresas(passagens de ônibus exorbitantes, bairros vizinhos sem ter qualquer linha regular que os ligue, poucos ônibus cobrindo determinadas linhas)
Não, eu não estou absolvendo nem um nem outro; os mototaxistas, então, eu abomino: andam a 70, 100 por hora nas calçadas, fazem bandalha, cortam caminho por passarelas quando estas têm rampa e não escadaria... os motoristas de van avançam os sinais... os vendedores de churrasquinho armam barracas imensas que tomam calçadas inteiras e não dão espaço para o pedestre passar... os vendedores de balas nos ônibus entram em coletivos lotados dando cotoveladas nos passageiros, berram tornando a viagem extremamente incômoda, largam os ganchos nos balaústres deixando-os bater nos pobres coitados dos passageiros e por vezes até causando acidentes, chingam os motoristas que se negam a deixá-los vender¹.
Ocorre que todos estes casos são de pessoas que realmente estão de alguma forma trabalhando. Se esforçar por organizar a baderna e deixar que elas continuem vendendo churrasco, pipoca ou refrigerante; ou que transportem pessoas em locais onde ônibus não chega talvez seja realmente uma boa idéia numa cidade com tanta gente e tão pouco emprego.
Mas o problema dos flanelinhas é muito pior, ao meu ver. É roubo! Eu até acho que dê para regularizar e organizar a venda de pipoca e cerveja na frente do estádio. Regularizar e organizar as kombis é mais complicado, mas tá... vejamos. Mototaxistas regularizados? Deus nos livre, mas va lá...
Agora, regularizar a extorsão? Tornar lícito que entidades privadas (não é o Estado! não é o Estado!) cobrem taxas (=impostos) de um cidadão para estacionar num local que já tinha sido definido (sim, pelo Estado!) como de estacionamento permitido? E sem ao menos exigir que tal entidade privada ofereça serviços e garantias em troca do valor cobrado arbitrariamente? Putas que parrola!!!! Isto realmente parece piada de português; se contarmos essa em Lisboa os lusos vão falar que estamos a caçoar deles, o pá!
¹Nota: há menos de um ano eu era um deles (camelôs de ônibus). Jamais entrava em coletivos cheios; nunca berrava; de jeito algum largava o meu gancho solto (o carregava no braço para que não esbarrasse em ninguém), nunca reclamei dos motoristas que me negavam carona para vender. Mas sou obrigado a admitir que este tipo de comportamento definitivamente não é a regra.